quinta-feira, abril 30

1º de maio

Amanhã é 1º de maio, dia do trabalhador, que no campo se festejava (e festeja) com um sentido diferente do movimento operário nascido da revolução industrial. Mas é por todo o mundo, com diferentes formas, um dia de festa (e de luta) tomando como certo que há dias que não são de luta. No nosso tempo, hoje, aqui e agora, é o arranque definitivo de um processo politico que vai durar 5 meses, até às eleições legislativas, ou um pouco mais de 8 meses até às eleições presidenciais. Campanha a toda a brisa... o que, afinal, é próprio da democracia. Tomemos, no entanto, os nossos cuidados, em particular,com as promessas que não trazem futuro dentro e com as não promessas que são todo um programa. Em qualquer caso festejemos ....

quarta-feira, abril 29

3 FOTOGRAFIAS

O Hélder Gonçalves, amigo, fotografo de mérito, ofertou-me pelo aniversário três fotografias recuperadas do baú da nossa história de vida. Pelos idos dos anos 80 em Tavira, e arredores, com a Xica Moura e a Guida Ramos, sendo o fotógrafo, certamente, o próprio Hélder.

terça-feira, abril 28

ANIVERSÁRIO

Aniversário, sempre igual, sempre diferente, um ano mais de caminhada, sempre com os olhos postos no futuro, a vida, o trabalho, o gesto comum que se aprecia, um olhar, uma palavra, nada mais simples do que festejar, o mais, o menos, o que se deseja, olhos abertos ao céu que ilumina o mundo, ao mar que reflete o sonho, ir mais além, de cabeça levantada sem temor de nada, a não ser nunca ter agradecido o suficiente aos que sempre nos amaram. Haja saúde!

segunda-feira, abril 27

Thomas Piketty (II)

Depois de assistir à conferência de Thomas Piketty, uma figura simpática de académico preocupado com a sua tarefa, na FCG, cheia de gente reunida em torno de uma sã expetativa em partilhar o debate aberto na descoberta de novos caminhos.
O exercício da democracia é complexo na sociedade e nas esferas dos poderes – todos os poderes – e no quotidiano das nossas vidas de cidadãos comuns. O que me sugeriu a conferência de Piketty: a defesa e o debate de ideias, exercício hoje tão depreciado, prevenir, antes de tudo prevenir, arriscando e persistindo no exercício paciente da pedagogia da liberdade, exercendo-a, ouvindo para que outros nos ouçam, podendo de nós discordar. É tudo uma questão de equilíbrio para não nos tornarmos assassinos.

Thomas Piketty

“Para que a democracia consiga um dia retomar o domínio do capitalismo, é preciso primeiro partir do princípio de que as formas concretas da democracia e do capital estão ainda e sempre por reinventar.”

Thomas Piketty, in “O Capital no Século XXI”

Thomas Piketty deverá hoje visitar Lisboa. Espero que os seus interlocutores privilegiados nesta visita tenham lido o livro que lhe deu notável notoriedade. E se quiserem ser seguidores de algumas das suas ideias não se esqueçam do que ele próprio afirma acerca do seu livro: “Todas as conclusões a que cheguei são, por natureza, frágeis e merecem ser questionadas e levadas a debate. A investigação em ciências sociais não tem por vocação produzir certezas matemáticas e inquestionáveis e substituir-se ao debate público, democrático e sujeito a contraditório.”


sábado, abril 25

25 de abril - 41 anos

A memória tem um lugar no presente mesmo que não sejamos saudosistas. Na história das Nações, além do ruminar dos dias,há datas marcantes. Neste dia faz 41 anos deu-se inicio a um novo regime. Que viva!

Na porta de armas com o meu amigo João Mario Mascarenhas

quinta-feira, abril 23

A politica tem que ser feita por políticos ...

A política tem que ser feita por políticos/cidadãos, insuspeitos de se deixarem capturar por interesses particulares, ou pelo seu próprio interesse de perpetuação no poder, sendo certo que se os titulares do poder tendem a perpetuar-se, os das oposições não lhes ficam atrás! Com a usura do tempo, à semelhança do capital financeiro, muitos políticos – de todos os quadrantes - descolam da realidade da vida em sociedade. Deixam de ser capazes de apreciar, com peso e medida, as necessidades da comunidade e de percecionar as expetativas dos cidadãos. O regime democrático, através de eleições livres, realizadas quando a lei, ou circunstâncias excecionais, o determinam, é o espaço para as escolhas políticas. A democracia é simples mas deu um trabalhão, à custa de muitas vidas, até ser reconhecida, e adotada, em Portugal. Sejamos capazes de cuidar dela, a par da liberdade, como um bem precioso.

quarta-feira, abril 22

A política em democracia ... (2)

A política em democracia é feita por mulheres e homens comuns, longe dos heróis que a história consagrou, pois vemo-los de perto, e nada ao escrutínio público escapa. São os políticos. Gosto da coisa politica e acho irónico quando os políticos recriminam, a mor das vezes sem nunca o revelar, os defeitos do homem comum que eles próprios encarnam. Envolvidos na disputa do poder resta saber se sabem o que fazer com ele. E quando sabem o que fazer com o poder que lhes cai nas mãos – traçando metas e objetivos – resta o mais importante: como lidar com os cidadãos comuns que somos todos e cada um de nós. Em democracia a disputa do poder não dispensa, antes exige, a consideração do mérito e a humildade na compaixão.

terça-feira, abril 21

A política em democracia ...

A política em democracia é feita de propostas, contrapropostas, debates e combates de ideias, confronto de estilos e de personalidades, afirmação das diferenças para que possam ser feitas escolhas, encontro de ideias para que possam ser feitos consensos; nunca nada, nem programa nem ação, na política, a não ser em tirania, é definitivo, fechado, imune à influência da opinião pública (e publicada). Nada se perde em que os programas políticos marquem as diferenças, mas ganha-se, apesar das diferenças, em manter a capacidade de conviver com elas. Como escreveu Camus: “A liberdade é poder defender o que não penso, mesmo num regime ou num mundo que aprovo. É poder dar razão ao adversário.”

segunda-feira, abril 20

Fenómeno curioso ....

Fenómeno curioso na nossa politica, e não só. Cansamo-nos dos “velhos políticos”, daqueles cujas vozes e rostos ocupam o palco anos a fio. Alguns são poupados a essa erosão da imagem, como é o caso de Mariano Gago, pois poucos o identificavam com o político que, na verdade, foi. Mas quando surgem “políticos novos” exige-se-lhes como que uma patine, misto de reconhecimento e notoriedade, que é próprio dos “velhos políticos” que se rejeitam. Procura-se o modelo de político que esteja no lugar da bissetriz entre a novidade aceitável (suportável) e a experiência suportável (aceitável). Difícil!

domingo, abril 19

25 de abril (VII)

A minha memória dos que viveram os acontecimentos: Com Eduardo Ferro Rodrigues e Diomar Santos.

25 de abril (VI)


A minha memória dos que viveram os acontecimentos: Robin Fior.

Um paradoxo interessante ...

Um paradoxo interessante este que o falecimento do Mariano Gago suscita. Num tempo em que meio mundo fala mal dos politicos, ou pensa mal deles mas não fala, súbito, surge a unanimidade na apreciação pública das virtudes de um politico morto. Pois Mariano Gago, além de cientista, exerceu funções politicas de topo - ministro de vários governos socialistas - durante muitos anos. Estranha polifonia de extremos: da diabolização dos politicos, de forma indiscriminada, à elevação ao altar das virtudes de um politico depois de morto. Não o conheci o suficiente enquanto politico, na ação governativa, mas antes disso, certamente, desde o Liceu de Faro, às direções das associações de estudantes, nos tempos de brasa dos finais dos anos 60, inicios dos de 70. Nada a apontar a não ser uma sensação de bem estar, de plenitude civica, no cumprimento de um dever sagrado de nos opormos à tirania. Desde os tempos da escola, discretamente, o Mariano Gago quebrou o conformismo que o seu estatuto de estudante e profissional de exceção lhe estava destinado. Honra à sua memória! 

quinta-feira, abril 16

25 de abril (IV)


     A minha memória dos que viveram os acontecimentos: Agostinho Roseta.  

16 de abril - 2015


Felizmente não sabemos tudo sobre todos e cada um dos que nos rodeiam e ainda menos sabemos acerca daqueles que adivinhamos viver longe do nosso estreito círculo; pior quando alguém se esforça mesmo que com sincero esforço por se convencer que entende o que determina cada opção daqueles que não conhece nem nunca conhecerá porque nunca de verdade seremos capazes de conhecer os outros; ainda pior quando nos convencemos que nos conhecemos a nós próprios dispensando o que os outros de nós pensam que conhecem; ainda pior, muito pior, quando todos se convencem que a verdade de alguém pode ser a nossa verdade e nos tornamos crentes numa verdade comum que nos transcende.

quarta-feira, abril 15

25 de abril (III)

                  A minha memória dos que viveram os acontecimentos:
                                       Nuno Teotónio Pereira.

25 de abril (II)

A minha memória dos que viveram os acontecimentos: Victor Wengorovius (no jantar de extinção do MES).

segunda-feira, abril 13

25 de abril (I)

A minha memória do 25 de abril de 1974 através de imagens: João Mário Anjos (à esquerda) .

sábado, abril 11

Não há vida sem diálogo ...


" Não há vida sem diálogo. Mas o diálogo foi, hoje, na maior parte do mundo, substituído pela polémica. O século XX é o século da polémica e do insulto. Eles ocupam, entre as nações e os indivíduos, e mesmo ao nível das disciplinas outrora desinteressadas, o lugar que tradicionalmente cabia ao diálogo reflectido. Dia e noite, milhares de vozes, empenhadas, cada uma por seu lado, num tumultuoso monólogo, lançam sobre os povos uma torrente de palavras mistificadoras, de ataques, de defesas, de exaltações. Mas qual é o mecanismo da polémica? Consiste em considerar o adversário como inimigo, por conseguinte a simplificá-lo e a recusar vê-lo. Aquele que insulto, já não sei de que cor são os seus olhos, ou se acaso sorri, e como o faz. Tornados quase cegos por obra e graça da polémica, já não vivemos entre os homens, mas num mundo de sombras." (…)


Albert Camus – alocução feita na sala Pleyel em Novembro de 1948, in Actualidades - Contexto 

quinta-feira, abril 9

dia 9 de abril - 2015


O romance das eleições presidenciais em Portugal - janeiro de 2016 - está no 1º capítulo, intróito ou prefácio que para alguns candidatos a candidatos será o último. Impressiona somente a voragem comunicacional em torno de algumas criaturas vagamanente irrelevantes. Mas é a lei da vida e a regra de uma sociedade livre em regime democrático. Se continuar a este ritmo a emergência pública de aspirantes a Belém lá para os idos do verão contar-se-ão por dezenas as irrelevâncias. Por mim não estando a pensar em anunciar candidatura, embora preencha os requisitos, espero pelo dia de reflexão para decidir o meu voto. Haja paciência!

sábado, abril 4

SALGUEIRO MAIA

Pelo 23º aniversário da morte de Salgueiro Maia

O tempo faz esquecer. O tempo é malicioso. O tempo mata a memória. Salgueiro Maia não era um oficial crente nos amanhãs que cantam, dizem até que era conservador mas, perdoem-me o plebeísmo, “tinha-os no sítio”, estão a compreender! Para dar lume a uma revolução mais vale um conservador com “eles no sítio” do que um revolucionário desertor da coragem no momento da verdade. Mas, na verdade, todos os testemunhos confirmam que não era um conservador.

Quem fez triunfar a revolução não foi Ramalho Eanes, nem Spínola, nem Costa Gomes, não foi nenhum General estrelado pelo Antigo Regime, ou promovido administrativamente pelo novo, quem decidiu o triunfo da revolução foram os “capitães” e o povo, que alargaram à rua o posto de comando e que tomando a rua para si tudo decidiram.

E entre todos os heróis anónimos, foi a coragem serena de Salgueiro Maia naquele momento breve, na Rua do Arsenal, enfrentando o atirador do tanque da coluna de Junqueira dos Reis, fazendo-o desobedecer às ordens, que decidiu a sorte da revolução. É prudente que, para preservar a liberdade, a democracia - seguindo o exemplo de Salgueiro Maia - não vacile no combate aos seus inimigos.

quarta-feira, abril 1

ALOCUÇÃO AOS SOCIALISTAS


"Na política, como sabeis, o comportamento rectilíneo, sem argúcia alguma, - sincero, aberto, desartificioso, claro, - usa ser censurado, como sendo ingénuo: e, nessa sua qualidade de comportamento ingénuo, como prejudicial, ou pateta. Paciência. Seja. (…) Os essencialmente habilidosos (não faço empenho em negá-lo) alcançam a sua hora de simulacro e de vista. Mas é uma hora e nada mais; mas é simulacro, e só vista. Logo a seguir a esse instante, comunica-se-lhes o fogo da sua iluminação de artifício, e fica tudo em fumaça, que pouco depois não é nada."

"Aos nossos socialistas, quanto a mim, compete-lhes resistirem ao tradicional costume de se empregarem espertezas e competições de pessoas para apressar o momento em que há-de chegar ao poder…"

"Antes de tudo, buscai prestigiar-vos ante a nação inteira pelo timbre moral da vossa alma cívica; porque (como acreditais, creio eu) não é indispensável conquistar o poder para se influir de facto na orientação do estado."

"Não tenhais a ânsia de vos alcandorar no poleiro com prejuízo das qualidades a que se tem chamado "ingénuas". As habilidades dissipam-se; os caracteres mantêm-se."

"Não existam ciúmes e invejas recíprocas entre os vários componentes da vossa grei socialista: nem tampouco os ciúmes, nem tampouco as invejas, para com os homens que compõem as outras facções da esquerda. Seja vosso lema a unidade. Por mim, quero trabalhar pela unidade, pelo entendimento recíproco, pela existência de convivência amável entre os homens políticos de orientações discordes. Incorrigivelmente "ingénuo", fraterno, cordial."
António Sérgio, In "Alocução aos Socialistas", No Banquete do Primeiro de Maio de 1947.

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