sábado, janeiro 21

MÁRIO SOARES

Posted by Picasa Tomei partido por Mário Soares só após a sua decisão de se candidatar. Era um candidato possível que, durante muito tempo, foi dado como “acabado” para este tipo de lides.

Nos últimos dias de campanha, em particular, mesmo no último, mostrou uma capacidade física e uma jovialidade discursiva notáveis.

Muitas vezes aventei a viabilidade da sua candidatura mas ninguém me levava a sério. Outros foram mais audazes.

Já o escrevi, expliquei e repliquei: sempre votei em Mário Soares. Amanhã, de novo, serei fiel a mim próprio: Mário Soares.

Aconteça o que acontecer, bem-haja.

"Não sou moderno"

Posted by Picasa “Pequena baía antes de Tenés, na base de uma cadeia de montanhas. Semicírculo perfeito. Ao cair da noite uma plenitude angustiada plana sobre as águas silenciosas. Compreende-se então porque é que os Gregos formaram a ideia do desespero e da tragédia sempre através da beleza e do que nela há de opressivo. É uma tragédia que culmina. Ao passo que o espírito moderno produz o seu desespero a partir da fealdade e do medíocre.

É o que Char quer dizer talvez. Para os Gregos, a beleza é o ponto de partida. Para um europeu, é um fim, raramente atingido. Não sou moderno.”

Albert Camus

Caderno nº5 (Setembro de 1945/ Abril de 1948) -1964-Editions Gallimard, tradução de
António Ramos Rosa, Colecção Miniatura das Edições “Livros do Brasil”.

sexta-feira, janeiro 20

ANOITECE

Posted by Picasa Fotografia de José Marafona

A noite anoitece, apuro o ouvido
É o búzio da infância doutro mar
O que me assobia e me entristece

Azenhas do Mar, 8 de Janeiro de 2006

quinta-feira, janeiro 19

DÁLIAS

Posted by Picasa Imagem daqui

(…)
nas dálias de um jardim deixámos resumida a infância
(…)

Ruy Belo

PRINCE CASPIAN
O Problema da Habitação

O PREDADOR DOS TEMPOS DE ANTENA

Posted by Picasa Para quem ainda tivesse dúvidas acerca da desigualdade da exposição mediática dos candidatos presidenciais a marktest esclarece:

Na primeira semana de 2006, foi Cavaco Silva o candidato presidencial que protagonizou mais tempo de informação televisiva, de acordo com os dados do serviço Telenews da MediaMonitor.

Cavaco – por artes mágicas – é tratado como se fosse candidato único. Jerónimo, no extremo oposto, é tratado como se fosse representante de um grupúsculo político.

Uma vergonha! Mas aqui d´el rei quem a denuncie!

Um Edifício do Futuro

Posted by Picasa O Primeiro-ministro de Portugal, inaugurou hoje, no INETI, um edifício denominado de Edifício Solar XXI.

É um edifício projectado e construído por Portugueses, por uma nova geração de Arquitectos e Engenheiros que acredita que o “caminho se faz caminhando” e construindo, pensando no futuro e daí o nome Edifício Solar XXI.

Primeiro porque é um edifício que usa o SOL, como fonte de energia, os painéis na sua fachada produzem energia eléctrica que é consumida pelo próprio edifício e, no futuro, os edifícios serão assim construídos.

Em segundo lugar é um edifício que pensou no ambiente, pois pouco consome em termos de energia e pouco emite em termos dos denominados Gases de Efeito de Estufa.

E, em terceiro lugar, é um edifício que pensa no cidadão utilizador; reduzindo o consumo energético a factura é mais pequena e finalmente permite um conforto térmico, no seu interior, maior do que em qualquer outro edifício.

O plano tecnológico pode ser também isto, o somatório de iniciativas e projectos, grandes ou pequenos, mas marcantes em determinado momento histórico.

Hélder Gonçalves

quarta-feira, janeiro 18

INVESTIDA FINAL: AS URNAS

Posted by Picasa Fotografia de Angèle

Quando o debate na política é diabolizado algo vai mal no reino da democracia. Assim foi desde o início desta campanha presidencial. Cavaco não é, certamente, um aspirante a ditador mas colocou, até ao fim, o debate como uma realidade, no mínimo, excêntrica à política quando, afinal, é a sua essência.

A comunicação social replica os diálogos dos cidadãos com Soares, e vice-versa, como a evidência de uma rejeição do candidato que se expõe à opinião crítica. A frontalidade política de Soares, em campanha eleitoral, passa para a opinião pública como acto descortês, senão mesmo de soberba, ou malcriado.

Cavaco, no debate político, faz o género do touro manso, que encosta às tábuas, não investe quando citado a preceito, mas que, à falsa fé, é capaz de uma cornada fatal que perfura o intestino do lidador.

Elevado ao pedestal do vencedor antecipado os idólatras de Cavaco imaginam-no dando voltas à arena exibindo três orelhas e um rabo.

Aguardem, tranquilos, até ao fim, não vá o matador ser colhido, na derradeira sorte, pela única e verdadeira investida final: as urnas.

DIFERENÇAS

Posted by Picasa Camus Jovem

(…) «Les chrétiens ont commencé par être douze – les marxistes deux.»

Albert Camus

“Carnets – III” - Cahier nº VII (Mars 1951/Juillet 1954)
Gallimard

terça-feira, janeiro 17

PRESIDENCIAIS - POLÍTICA OU O QUÊ?

Posted by Picasa Paula Rego

"Mário Soares anuncia que Estaleiros Navais de Viana do Castelo não vão ser privatizados"

Soares afirmou algo que a maioria dos trabalhadores, dos Estaleiros de Viana, e não só, gostam de ouvir. Aqui d´el rei! Se apoiar as medidas do governo, aqui d´el rei! Se atacar as políticas do governo aqui d´el rei!

Hoje Soares colocou em cima da mesa a grande questão destas eleições presidenciais: o governo socialista e a sua política reformista. O que está para além do papel moderador do PR, o que está para além dos poderes formais, positivos ou negativos, do PR, os poderes da chamada “magistratura de influência”.

Não são os arautos da candidatura de Cavaco que defendem a tese do reforço dos poderes do PR? Que possa até presidir a conselhos de ministros? Que tenha um papel mais activo nas área da economia e finanças? Não é disso que muitos comentadores dizem que o povo gosta e o país precisa?

Soares não pode anunciar as boas notícias aos trabalhadores mesmo quando o governo confirma nunca ter anunciado as más?

A campanha para as eleições presidenciais é um acto político ou uma romagem de saudade ao país ancestral do beija-mão?

PRINCE CASPIAN

Posted by Picasa Fotografia de Philippe Pache

(…)
Quantas vezes descemos nós do sóbrio tronco ou provámos a água
que de uns primeiros olhos para nós se erguia
sobre o rugir oceânico das árvores despertas
e as lágrimas na face das palavras primitivas?
(…)

Ruy Belo
PRINCE CASPIAN
Problema da Habitação

segunda-feira, janeiro 16

HAJA RESPEITO!

Posted by Picasa Um dia numa instituição na qual trabalhei num alto cargo de chefia reparei que alguém tinha tomada iniciativa administrativa de pedir facturas detalhadas das chamadas feitas através dos telemóveis dos dirigentes.

Nada de extraordinário até ao dia em que confirmei que a sua leitura fazia o gáudio de alguns que se dedicavam a espreitar os fluxos telefónicos e a tentar reconstruir as vidas dos seus titulares.

Na hora tomei a decisão de fazer com que se solicitassem, como regra, facturas simples e, como excepção, caso fosse necessário, facturas detalhadas. Os portugueses têm uma atracção doentia para espreitar para dentro da vida dos outros.

Não me espanta o caso do “envelope 9”, nem os excessos nas escutas telefónicas, é a bisbilhotice, arreigada no quotidiano dos portugueses, elevada à dignidade de instituição para a defesa do ordem e dos bons costumes.

Um pouco mais de Portugal e um pouco menos de Europa, ficaria aberto o caminho para os arautos da tirania surgirem de peito descoberto. Por enquanto marcham, contrariados, em silêncio compungido, na sombra do chefe, pois nos países civilizados os debates se combinam antes das eleições e o chefe não faz nada “para descredibilizar a democracia ou faltar ao respeito aos portugueses”.

Haja Deus!

VILLA-LOBOS

Posted by Picasa Imagem daqui

«28 février 1952. La découverte du Brésil, de Villa-Lobos – avec lui la grandeur revient dans la musique. Chef-d´œuvre – je ne vois que Falla aussi grand.»

Albert Camus

“Carnets – III” - Cahier nº VII (Mars 1951/Juillet 1954)
Gallimard

CHILE - PRESIDENCIAIS

Posted by Picasa Fotografia de Hélder Gonçalves

"La socialista Bachelet gana las elecciones presidenciales de Chile

Con el 97,71% de los votos escrutados ha conseguido el 53,49% frente al 46,51% del conservador Piñera

La candidata socialista Michelle Bachelet ha ganado las elecciones presidenciales chilenas con una ventaja de casi siete puntos porcentuales sobre el derechista Sebastián Piñera, según el escrutinio oficial. Con el 97,71% de los votos escrutados, Bachelet ha obtenido el 53,49% frente al 46,51% de Piñera, quien ha reconocido su derrota.

En su primer discurso, de unos quince minutos, la presidenta electa ha afirmado que fue "víctima del odio" pero que ha dedicado su vida "a revertir ese odio". Ante medio millón de partidarios que la ovacionaban continuamente, Bachelet ha prometido trabajar incansablemente por Chile, "porque no hay tiempo que perder, son sólo cuatro años".

Ler no “El País”. A comunicação social portuguesa passa, no essencial, ao lado do assunto.

domingo, janeiro 15

"TENGO FE EN CHILE Y SU DESTINO"

Posted by Picasa Salvador Allende – Fotografia de Hélder Gonçalves

Eis um momento de grande regozijo para a democracia, para os socialistas chilenos, da América latina e de todo o mundo. Pela primeira vez uma mulher é eleita Presidente da República do Chile. Um caso raro e percursor. O povo chileno, massacrado por uma ditadura durante anos, merece a liberdade de escolher, em liberdade, os caminhos do futuro. Boa sorte.

Deixo, na íntegra, a notícia da Lusa assim como a fotografia original, de um conjunto de três, que o Hélder Gonçalves acabou de me enviar.

Santiago, 15 Jan (Lusa) – O empresário de direita Sebastian Pinera, candidato da Aliança pelo Chile, formada pelo partido Renovação Nacional e pela União Democrática Independente, dos nostálgicos do regime de Augusto Pinochet (1973-90), reconheceu hoje a derrota nas eleições presidenciais.

Quando estão escrutinados pouco mais de 67 por cento dos boletins dos oito milhões de recenseados, a pediatra socialista
Michelle Bachelet, candidata pela Concertação Democrática, coligação de democrata-cristãos e socialistas no poder há 16 anos arrebatou 53,2 por cento, contra 46,7 para Pinera.

"Felicito a minha oponente, a primeira Presidente do Chile, como os milhões de mulheres que lutaram por conquistar o seu lugar na sociedade", declarou à televisão.

JHM.

MEMÓRIAS (2)

Posted by Picasa Fotografia de Teodósio Dias dotempodaluz - "Edifício do Cinema Águia d´Ouro"

Era neste edifício degradado que se encontrava instalada a Delegação do INATEL, no Porto, até 12 de Julho de 2001.

Como o site do INATEL não permite a consulta à informação acerca dos “trabalhos de tratamento da Arquivo Histórico do INATEL”, elaborados em colaboração com a Fundação Mário Soares, uma síntese dos mesmos podem ser consultados mais adiante. Estes trabalhos foram realizados com a colaboração daquela Fundação, com custos insignificantes para o INATEL, e a sua referência, neste momento, é uma forma de homenagear a Dra. Manuela Espírito Santo (ex. Vice Presidente da Direcção do INATEL) e todos os técnicos que colaboraram naquele trabalho.

Como podem verificar, consultando as fontes, o trabalho mantém-se em condições de ser retomado a qualquer momento. Espero que, em breve, tal seja possível.

Documentos FNAT/ INATEL - Trabalhos de tratamento do Arquivo Histórico do INATEL - Apresentação Fotografias

Por sua vez também deixo o acesso para consulta da síntese de uma tese de mestrado, certamente, a mais completa e cientificamente correcta, escrita até hoje, acerca da história da FNAT até ao ano de 1958:

José Carlos Valente, Integração Política dos Lazeres Operários e Populares sob o Estado Novo (a Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho: 1935-1958)

TEMPO

Posted by Picasa O meu avô paterno Dimas Eduardo - Santos (Brasil)

Como dizer o vazio que lhe sobra do tempo
Em cujo correr se cozem as amarras da vida

Como medir o diâmetro do lento desespero
Em cujo centro ele perde de vista a margem

Como medir o tempo correndo à velocidade
Que lhe apraz e fora do nosso entendimento

Como dizer quem somos na verdade se nos
Vemos diferentes quando o tempo nos olha

Como não mudar de qualidade na passagem
Se mesmo sem nós o tempo não pára nunca

Como saber o momento certo exacto o nada
Em cujo silêncio absoluto se liberta o tempo

Como dizer tudo que não cabe inteiramente
No tempo de uma vida inteira que se perdeu

Como julgar o tempo se ele não passa afinal
De uma dor um sentimento que se não sente

Lisboa, 2 de Janeiro de 2006

ENGRENAGEM (2)

Posted by Picasa Fotografia de José Marafona

As datas são uma coisa terrível. A este propósito, curiosamente, hoje, no café, li o “24 Horas” que nunca comprei. Se já não compro o “Público”! Essa leitura permite-me fazer umas correcções e precisões a propósito da caso “envelope 9”: o número de telefones privados, cujas listagens das comunicações constam da informação fornecida pela PT, é 208; o período exacto compreendido pelas conversas constantes das ditas listagens é entre 10 de Dezembro de 2001 e 7 de Maio de 2002.

Quem quiser que se dê ao trabalho de fazer a comparação com as datas do calendário político: eleições autárquicas de Dezembro de 2001, eleições legislativas de Março de 2002, tomada de posse de Durão Barroso e tudo o que se passou, nesse período, no seio do PS.

Confirmei ainda a notícia de que o PGR diligenciou no sentido do adiamento da sua audição, na AR, de 3ª para 6ª feira, desta semana. O esclarecimento da situação tinha sido considerado urgentíssimo pelo PR. O pedido de adiamento foi feito por telefonema, realizado sábado, depois das 6 da tarde, para o presidente da Comissão parlamentar respectiva. Estranhas informalidades! …

As datas são uma coisa terrível. Têm significado, permitem mudar a natureza das coisas assim como o desenlace dos processos e condicionar os seus fins. O dia solicitado para a audição é exactamente o último dia da campanha eleitoral para as presidenciais.

Tudo o que se passar a partir de domingo próximo, neste domínio, será condicionado pelo resultado das eleições, em particular, se a eleição do futuro presidente ficar resolvida à primeira volta.

Das duas uma: ou o caso é simples de explicar e não justificaria o adiamento da audição na qual tudo ficaria cabalmente esclarecido; ou é difícil de explicar e/ou complexo de investigar, requerendo mais tempo, o que torna o adiamento para 6ª feira na mais estranha das escolhas.

Porventura nada disto tem importância nenhuma mas, caso seja uma mera manobra de diversão, sabe-se lá de quem, como se justifica o tom grave da comunicação ao país do PR?