domingo, janeiro 31

FARENSE


Fotografia de Hélder Gonçalves

Juv. Évora 1 - 2 Farense

Os meus amigos menos atentos que me desculpem a minudência: o clube do meu coração foi hoje ganhar “em casa” do primeiro classificado. Não sei mais nada acerca do jogo pois não há relatos acerca de jogos do campeonato da 3ª divisão. Assim como não há notícias, quanto mais relatos, acerca de um sem número de acontecimentos verdadeiramente importantes para cada um de nós. É preciso aprender a viver com a nossa própria ignorância, a ignorância dos outros e a do mundo, assumindo-a como um desafio na descoberta da sua imensa virtualidade. Uma coisa é certa. Se não erro o Farense pode vencer os jogos todos que, se não pagar as dívidas, não sobe de divisão. As dívidas do Farense são uma miséria comparadas com o valor de aquisição, por “clube grande”, de um jogador banal que todos os dias se compra e logo se despacha de empréstimo desde a abertura ao fecho do “mercado”. Será que os chamados clubes grandes já se libertaram de todas as dívidas?
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sábado, janeiro 23

O BE E MANUEL ALEGRE

Qualquer cidadão é livre de manifestar a sua intenção de se candidatar a Presidente da República. Qualquer partido é livre de manifestar apoio à intenção de qualquer cidadão em candidatar-se a Presidente da República. Mas esta dança de palavras do BE manifestando apoio à intenção de candidatura de Alegre embrulhada numa suposta superioridade supra partidária faz-me lembrar coisas tristes. Cada um é livre, em democracia, de afirmar as suas intenções e preferências mas não me venham, num regime de partidos, tentar “vender” a superioridade de candidaturas presidenciais supra partidárias quando todas nascendo da vontade livre dos candidatos são apoiadas pelos partidos. Deixemo-nos, pois, de brincadeiras que a coisa é séria.
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quarta-feira, janeiro 20

ALBERT CAMUS - Alguns apontamentos para Nemésis


Eis outro magnífico texto, acerca de Albert Camus, de autoria de Maria Luísa Malato Borralho, a propósito do cinquentenário da sua morte. Foi publicado, no passado dia 15 de Janeiro, em As Artes Entre as Letras e pode ser lido, na íntegra, AQUI.

Fez no dia 4 de Janeiro cinquenta anos que Albert Camus morreu. Tinha uns dias antes, terminado uns apontamentos sobre a forma de aforismos: um nunca fechado ensaio sobre o que não convém esquecer, sobre o que convém arrastar ao longo do tempo. Chamara-lhe “Para Nemésis” (Nemésis, a deusa filha da Noite e do Oceano), e dedicara-o a Cerésol, um amigo de longa data. Evocar Camus poderia ser mais um ritual literário. Não é ele que nos move. Mas o pretexto para não o deixar morrer. Porque um escritor morre quando não é lido. E a avaliar pelas leituras das novas gerações que chegam aos cursos universitários de Literatura, a crer nos inquéritos que preenchem, e nos modelos de literatura que incorporam, Albert Camus caiu num indiferente silêncio. Quem é Albert Camus? Um escritor que não queria esquecer em si a amálgama de raças de que todos somos feitos. Amarguravam-no os rótulos, sacudia-os muitas vezes debalde, sobretudo depois de ter recebido o Prémio Nobel. Sempre demasiado filósofo para entrar na cúria dos escritores, demasiado escritor para entrar na quinta dos filósofos, demasiado instintivo para o coro dos existencialistas, demasiado existencialista para o hino dos neo-realistas, demasiado materialista para ser religioso, demasiado religioso para ser materialista.

PENÉLOPE CRUZ


"Ganar dos 'oscars', imposible"
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terça-feira, janeiro 19

UM CÃO CHAMADO BENFICA


Já não vejo pelas ruas cães vadios como no outro tempo em que fazia a pé o caminho de casa até à escola. Vejo cães de companhia, pela trela, presos na perna da mesa da esplanada enquanto os seus donos tomam café. Ladram e assustam as crianças nas entradas dos estabelecimentos. Os cães vadios devem ter sido exterminados ou vejo-os com olhos diferentes de quando era criança. Numa das poucas fotografias na qual pouso, na época da minha adolescência, vejo-me acompanhado por um cão lá de casa que se chamava Benfica. Reconheço a roupa que me cobria o corpo magro. Faz, quase sempre, calor pelas terras do sul. E o Benfica, indiferente, acompanha-me mal sabendo que aquela é uma das poucas roupas daquele tempo do nada acontecer. Um dia os meus pais esqueceram-se, não sei a razão, do Benfica para os lados dos campos de meus avós maternos. Contaram-me que uns dias depois voltaram ao local e lá estava o Benfica, resistente, na paciente espera. Sempre me quis parecer que ficaram roídos de dores na consciência e que foram na busca do acaso ao reencontro. E tudo correu pelo melhor para felicidade de todos e, em particular, do Benfica. Um dia o Benfica morreu mas não me lembro os detalhes. Devem ter-me escondido o infausto evento ou fui eu que me escondi dele. Mas para mim o Benfica, mesmo perdendo-se na ganância de ganhar, nunca morre.

[Também aqui]
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segunda-feira, janeiro 18

NÃO PAGO


Por mim resolvo, de forma simples, a questão do preço cobrado pela leitura de informação on-line: não pago, logo não leio. Admito uma ou outra, rara, excepção por motivo de necessidade absoluta ou paixão incontornável. Na verdade existe informação em excesso, desnecessária e inútil, e já deu para entender que toda a informação verdadeiramente importante acabará por encontrar um caminho alternativo para se me tornar acessível. Os patrões dos media deviam reflectir melhor os caminhos da rentabilização do seu negócio. Também não aceito a publicidade sobreposta que se impõe à vontade do leitor nos sites de notícias. Mudo, de imediato, de sítio. Eu perco a notícia, o site perde um leitor. Haja saúde!

OS TEMPOS: A VIDA E A POLÍTICA


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domingo, janeiro 17

PS - NA FRENTE (POR VIA DAS DÚVIDAS ...)


John Delaney

No MARGENS DE ERRO as últimas sondagens divulgadas (1) (2). Subidas e descidas, as revelações têm o valor que têm, mas há uma que tem mais valor que todas as outras: o PS não quebra e está na frente em todas. A importância deste dado prende-se, além do mais, com a gestão das expectativas. Quem ousar derrubar o governo sairá a perder, ou seja, mais vale fazer acordos do que acirrar os ânimos buscando uma crise política.