sexta-feira, dezembro 11

OS MÍNIMOS SENHORES, OS MÍNIMOS!


Patti Levey

Não quero acreditar que, na nossa política doméstica, possa ser tudo tão mesquinho, sem rasgo nem medida, a caminho de um desentendimento que fica aquém do mínimo de realismo e decência no combate democrático. Camus cita, e comenta, Vigny (correspondência): "A ordem social é sempre má: de tempos a tempos é apenas suportável. Para se ir do mau ao suportável, a disputa não vale uma gota de sangue." Não, o suportável merece, se não o sangue, pelo menos o esforço de uma vida inteira.
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quinta-feira, dezembro 10

OBAMA - NOBEL DA PAZ


Digam o que disserem, diga o que disser, Obama é uma personalidade que merece toda a sorte do mundo. Com seus erros e desvios, dúvidas e certezas, o seu rosto, e o sorriso que dele se desprende, dizem-me tudo acerca dele: um homem de confiança. É como se fora o meu Presidente!
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quarta-feira, dezembro 9

Sublinhados da leitura de juventude dos Cadernos de Albert Camus (III)



























Albert Camus. Excertos que mereceram os meus sublinhados, por sinal escassos, na leitura inaugural do Caderno nº 2 escrito entre 22 de Setembro de 1937 e Abril de 1939.

Huxley."No fim de contas, vale mais ser um bom burguês como os outros que um mau boémio ou um falso aristocrata, ou um intelectual de segunda ordem…"
(Deveria eu ter acabado de ler "O Admirável Mundo Novo" e uma enorme emoção resultou dessa leitura.)

Aquele que ama neste mundo e aquela que o ama com a certeza de se lhe juntar na eternidade. Os seus amores não estão no mesmo plano.

O parzinho no comboio. Ambos feios. Ela agarra-se a ele, ri, excitada, seduzindo-o. Ele, de olhar sombrio, sente-se embaraçado por ser amado diante de toda a gente por uma mulher da qual não se orgulha.

A Argélia, país ao mesmo tempo medido e desmedido. Medido nas suas linhas, desmedido na sua luz.

Esta manhã cheia de sol: as ruas quentes e cheias de mulheres. Vendem-se flores por todas as esquinas. E estes rostos de raparigas que sorriem.
(Esta frase, como outras que constam neste Caderno, e que não sublinhei, manteve-se sempre muito viva na minha memória. Desperta fortes ressonâncias afectivas da minha infância no campo, e na pequena cidade de Faro, na distante província que era o Algarve rural dos anos 50.)

Extractos, in "Cadernos" (1962-Editions Gallimard), Colecção Miniatura das Edições "Livros do Brasil", Caderno nº2 ( Setembro de 1937/ Abril de 1939).
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terça-feira, dezembro 8

CO-INCINERAÇÃO - MILIONÉSIMO EPISÓDIO

Esta é uma questão antiga. Daquelas que ocuparam o espaço mediático, por muito tempo, desde há muitos anos. Chamo o assunto por ter ouvido, minutos atrás, num canal da TV alguém, com ar de advogado, lançar acusações (graves!) contra o Supremo Tribunal Administrativo por ter proferido um acórdão favorável à co-incineração na cimenteira de Souselas. Mas o mais extraordinário deste caso talvez venha a ser a tentativa de desacreditar a decisão judicial – e a própria justiça, não é? Nos tempos que correm parece fácil: os mesmos que proclamam a defesa urgentíssima da credibilização da justiça tornam a co-incineração numa questão política – pois tudo é político, já foi ou será político – e perdida a batalha na justiça, sujeitam à consideração da maioria negativa da Assembleia da República a proibição do que a justiça autorizou. Por aí adiante – e que viva o Poder Popular!

segunda-feira, dezembro 7

Sublinhados da leitura de juventude dos Cadernos de Albert Camus (II)


Albert Camus. Releio o Caderno nº 1 (Maio de 1935/Setembro de 1937), edição portuguesa da Livros do Brasil. Anoto, uma vez mais, os sublinhados da minha primeira leitura pela segunda metade dos anos 60. Acrescento breves notas pessoais e, desta vez, corrijo, pontualmente, a tradução. Os sublinhados surgem sempre em itálico. O último fragmento sublinhado, no Caderno nº 1, foi escrito em Julho de 1937.


Jovem eu pedia às pessoas mais do que elas me podiam dar: uma amizade contínua, uma emoção permanente.
Hoje sei pedir-lhes menos do que podem dar: uma companhia sem palavras. E as suas emoções, a sua amizade, os seus gestos nobres mantêm a meus olhos o autêntico valor de milagre: um absoluto resultado da graça. [pág. 12]

(Tenho dificuldade em interpretar as razões que me levaram, com 20 anos, a escolher este excerto mas seria capaz, hoje, de o sublinhar de novo com acrescidas razões.)

Abril.
Primeiros dias de calor. Sufocante. Todos os animais estão deitados. Quando o dia começa a declinar, a natureza estranha da atmosfera por cima da cidade. Os ruídos que nela se elevam e se perdem como balões. Imobilidade das árvores e dos homens. Pelas esplanadas, mouros à conversa na espera da noite. Café torrado, cujo aroma também se eleva. Hora suave e desesperada. Nada para abraçar. Nada onde ajoelhar, louco de reconhecimento. [pág. 25]

(Nesta página escrevi à mão em frente a Abril: "3-1968-Faro-Cais".
O ambiente da Argélia natal de Camus tem algo a ver com o ambiente de Faro, a minha cidade natal. Devia ser o período das Férias de Páscoa. Curiosamente nas vésperas do "Maio de 68")

Os sentidos e o mundo – Os desejos confundem-se. E neste corpo que aperto contra o meu, aperto também essa alegria estranha que vem do céu em direcção ao mar. [pág. 25]

Perna partida do carregador. A um canto, um homem novo que ri silenciosamente. [pág.26]

Maio.
Estes fins de tarde em Argel em que as mulheres são tão belas. [pág.27]

Intelectual? Sim. E nunca renegar. Intelectual = aquele que se desdobra. Isto agrada-me. Sinto-me contente por ser ambos. "Se isto se adapta?" Questão prática. É preciso meter mãos à obra. "Eu desprezo a inteligência" significa na realidade: "não posso suportar as minhas dúvidas". Prefiro manter os olhos abertos. [pág. 35]

Fevereiro. (de 1936)
A civilização não reside num grau mais ou menos elevado de requinte. Mas numa consciência comum a todo um povo. E essa consciência nunca é requintada. Ela é mesmo completamente sincera. Fazer da civilização a obra de uma elite, é identificá-la à cultura, que é uma coisa diferente. Há uma cultura mediterrânea. Mas há também uma civilização mediterrânea. Pelo contrário, não confundir civilização e povo. [pág. 32]

Narrativa – o homem que não se quer justificar. A ideia que se faz dele é a preferida. Ele morre, único a guardar consciência da sua verdade. Futilidade dessa consolação. [pág.33]
(Com uma nota: "Prefiguração do tema chave de “O Estrangeiro”.)

Maio.
Erro de uma psicologia de pormenor. Os homens que se procuram, que se analisam. Para nos conhecermos bem, temos que nos afirmar. A psicologia é acção - não reflexão sobre si próprio. Definimo-nos ao longo da vida. Conhecermo-nos perfeitamente, é morrer. [pág.34]

As filosofias valem aquilo que valem os filósofos. Maior é o homem, mais a filosofia é verdadeira. [pág. 36]

Combate trágico do mundo sofredor. Futilidade do problema da imortalidade. Aquilo que nos interessa, é de facto o nosso destino. Mas não "depois", "antes". [pág. 37]

Regra lógica. O singular tem valor de universal.
-ilógica: o trágico é contraditório.
-prática: um homem inteligente em certo plano pode ser um imbecil noutros. [pág. 37]

Os casais: o homem tenta brilhar diante de terceiros. A mulher imediatamente: "Mas tu também…", e tenta diminui-lo, torná-lo solidário da sua mediocridade. [pág. 41]

Mulheres na rua. A besta arrebatada do desejo que trazemos enroscada na cavidade dos rins e que se agita com uma suavidade estranha. [pág. 43]

Extractos, in "Cadernos" (1962-Editions Gallimard), Colecção Miniatura das Edições "Livros do Brasil", Caderno nº1 (Maio de 1935/Setembro de 1937).
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domingo, dezembro 6

CASA DO PÁTEO - UMA VISITA

Ontem por entre o verde dos campos do Alentejo a caminho da nova casa do António Pais e da Carmo, ali perto do Vimieiro, uma peça de arquitectura e design, pensei nos amigos, companheiros e camaradas (como se dizia, e diz?) que, noutros tempos, calcorrearam os mesmos caminhos na perseguição de um sonho irrealizável. Hoje este caminho real, com sonhos dentro, faz-se em cerca de uma hora, tão longe e tão perto, como se o Alentejo profundo, tão diferente, fosse um arredor de Lisboa. E todos os reencontros e conhecimentos são possíveis, gerações, filhos e netos, amigos e conhecidos, desde que nos reste o prazer do reencontro. Por entre as dificuldades do quotidiano, que sempre as houve, mesmo as despedidas me soam a promessas de novas aventuras crentes no futuro.

sexta-feira, dezembro 4

MUNDIAL DE FUTEBOL - A SORTE
























Segue dentro de minutos o sorteio do Mundial de Futebol. Que nos calhem em sorte as selecções consideradas mais difíceis.
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O TEMPO NÃO VOLTA P´RA TRÁS


Haruto Maeda

O meu computador pessoal está como novo. Em tempos de crise recorre-se cada vez mais à reparação e reciclagem dos equipamentos a que alguns – prudentes - nunca deixaram de recorrer. Suponho que muitos pequenos negócios, ao invés dos que morrem, tenham voltado a prosperar com a crise. Esperava por levantar o dito computador lado a lado com uma senhora que, vim a saber por ela, ser professora de matemática. Desabafou. Enquanto esperava o portátil – de alto gabarito - mostrou-me quanto se sentia desiludida com o facto de não poder apresentar os enunciados das provas, escritos à mão. Mais do que desilusão perpassava das suas palavras em certo ressentimento pela adopção imparável da informática nos processos de aprendizagem. E dessa forma tudo “empurrar” para mudanças inelutáveis (para ela irreparáveis) nas metodologias, nas atitudes, nos equipamentos… Lembrei-me de quando o meu pai me falava do belo cavalo que o levava à janela na qual (pelo lado de fora) namorava a minha mãe e vice-versa. E do ferrador. E do cheiro a forragem. A aveia. A bosta. E os sons dos relinchos e pinotes. E aquele fado do qual tanto gostava a minha mãe “Oh Tempo Volta P'ra Trás”! Mas não volta!
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quinta-feira, dezembro 3

PSD - "O SUICÍDIO"

























Nesta frase se contém toda uma filosofia política que privilegia a bisbilhotice ao cumprimento das regras do estado de direito democrático. Se há escutas ilegais que se dane a legalidade pois o que o povo quer é o mexerico. Há partidos que vendem o seu ideário por uma mão cheia de votos. Quer-me parecer que foi o que Balsemão quis dizer quando se referiu ao risco de suicídio do PSD.
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quarta-feira, dezembro 2

Sublinhados dos Cadernos de Albert Camus - uma leitura de juventude (I)


A propósito do 50º aniversário da morte de Albert Camus, ocorrida no dia 4 de Janeiro de 1960, retomo o conjunto de “sublinhados da leitura de juventude dos Cadernos”. Desta vez introduzo algumas correcções, desde o alinhamento cronológico à tradução, sem pretensões de atingir a perfeição a qual, nesta matéria, sendo sempre inalcançável ainda mais o seria para um “não estudioso” pois sou, tão-somente, um simples amante da obra do autor de “A Queda”.

Mas dói-me que esta efeméride passe em claro no nosso país, sem uma única reedição da obra de Camus, sem que um novo trabalho académico ganhe a luz do dia, porventura, sem uma única referência pública, perdendo-se uma oportunidade de ouro para levar ao conhecimento das novas gerações a obra de um autor que, para além de ter sido aureolado com o Nobel da Literatura em 1957, é um acérrimo defensor dos valores da liberdade contra todos os totalitarismos.

O projecto inicial de compilar os sublinhados da minha primeira leitura dos Cadernos de Albert Camus foi suscitado pela criação de um blogue intitulado CADERNOS DE CAMUS, uma iniciativa de José Pacheco Pereira, ao qual, desde a primeira hora, aderi e que, apesar de ter abortado pouco tempo depois, continua disponível na rede. Escrevi, à época da criação desse blogue, que um projecto semelhante, antes do surgimento do fenómeno dos blogues, já me tinha, por diversas vezes, assaltado a imaginação.

Esta primeira leitura dos Cadernos de Albert Camus aconteceu pela primavera de 1968, pelos meus 20 anos. Os sublinhados que agora se apresentam, na íntegra, sem algumas supressões da edição anterior, foram assinalados nos livros, de forma "assassina", a esferográfica que, no entanto, sobreviveram tendo sido, posteriormente, restaurados e encadernados, a capa dura, com a ajuda preciosa da Manuela Espírito Santo.

Esta é uma daquelas tarefas que me continua a dar um prazer autêntico, quer pelo facto de partilhar uma leitura de toda a vida, quer por me sentir, não raras vezes, surpreendido pela actualidade das referências contidas nos excertos que leio e volto a ler. E o que me apraz dizer é que, hoje, tal como aquando da leitura inaugural, sinto a mesma adesão de fundo às ideias e à filosofia de vida que, no essencial, Albert Camus defendeu e que, de forma fragmentada, como se fora um blogue “avant la lettre”, plasmou nos seus Cadernos.

A publicação desta série de posts decorrerá até ao dia 4 de Janeiro de 2010 e será acompanhada por um conjunto de links com notícias de actualidade acerca do autor que introduzo ao longo do texto.

terça-feira, dezembro 1

TRATADO DE LISBOA - PRIMEIRO DIA


No dia da entrada em vigor do Tratado de Lisboa que, apesar de todas as dúvidas, divergências e polémicas, é um dia grande para o futuro de uma Europa de Paz e Concórdia entre as Nações:

«[…] Acontece-me, por vezes, ao voltar de uma dessas curtas tréguas que nos deixa a luta comum, pensar em todos os recantos da Europa que conheço bem. É uma terra magnífica, feita de sacrifícios e de história. Revejo as peregrinações que fiz com todos os homens do Ocidente. As rosas nos claustros de Florença, as tulipas douradas de Cracóvia, o Hradschin com os seus paços mortos, as estátuas contorcidas da ponte Karl sobre Ultava, os delicados jardins de Salzburgo. Todas essas flores, essas pedras, essas colinas e essas paisagens onde o tempo dos homens e o tempo da natureza confundiram velhas árvores e monumentos! A minha memória fundiu essas imagens sobrepostas para delas formar um rosto único: o da minha pátria maior. Algo me oprime quando penso, então, que sobre esse rosto enérgico e atormentado paira, desde alguns anos, a vossa sombra. E no entanto, há alguns desses lugares que você visitou comigo. Eu não imaginava, nessa altura, que fosse um dia necessário defendê-los contra os vossos. E agora ainda, em certos momentos de raiva e desespero, lamento que as rosas possam ainda crescer no claustro de São Marcos, os pombos lançar-se em bandos da catedral de Salzburgo e os gerânios vermelhos germinarem incessantemente nos pequenos cemitérios da Silésia.

Mas, noutros momentos, e são esses os verdadeiros, sinto-me feliz que assim seja. Porque todas as paisagens, todas as flores e todos os trabalhos, a mais antiga das terras, vos demonstram, em cada Primavera, que há coisas que não podereis abafar no sangue. […] Sei assim que tudo na Europa, a paisagem e a alma, vos rejeitam serenamente, sem ódios desordenados, mas com a força calma das vitórias. As armas de que dispõe o espírito europeu contra as vossas são as mesmas que nesta terra sempre renascente fazem crescer as searas e as corolas. O combate em que nos empenhamos possui a certeza da vitória, porque é teimoso como a Primavera. […] » - pp. 68-71



segunda-feira, novembro 30

PREPAREMO-NOS PARA O PIOR!


O que me preocupa além da saúde - que vai andando bem graças a deus – não é tanto o equilíbrio das contas públicas – poucos países do ocidente apresentarão melhor resultado que Portugal em 2009 – mas a continuação,  quiçá, o aprofundamento, da crise [vide situação financeira do Dubai] e o facto insólito de nenhum partido em Portugal – salvo o partido do governo – apresentar ao país um líder que possa aspirar a ser primeiro-ministro. Na verdade todos os líderes dos partidos da oposição são, com nuances, “anti-poder” (Portas, Louçã e Jerónimo), salvo a Dr.ª Manuela que está de saída mais dia, menos dia (era de toda a conveniência definir, com urgência, o dia!). Ora como o Presidente da República também está em fim de mandato – as eleições presidenciais são já em Janeiro de 2011 – resta o 1º Ministro, líder do PS, para aguentar, contra ventos e marés, a governabilidade. O orçamento rectificativo, a debate em 11 de Dezembro e/ou o Orçamento de Estado para 2010, a debate lá para os finais de Janeiro, podem não ser chumbados, mas ninguém sabe se não serão alvo de uma tentativa de captura – ver-se-á o seu grau de virulência - em favor dos programas dos partidos da oposição, ou seja adulterados, sem remissão, pela maioria negativa resultante das eleições de 27 de Setembro passado. Se as tentativas de captura das propostas do PS, em matéria orçamental, forem bem sucedidas, como o parlamento não pode ser dissolvido nos seis meses seguintes à realização de eleições, passaremos, com muita probabilidade, a dispor de um governo de gestão. A não ser que a maioria negativa encontre uma fórmula alternativa ao governo do PS, com base num programa comum que lhe dê suporte, e teríamos, pela primeira vez na história da III República, um governo maioritário com um programa sob o lema: “todos contra o partido socialista”. Um governo com um programa anti-socialista democrático que criaria os condimentos para uma crise do regime ou que, pelo menos, fizesse pairar a ameaça da instabilidade política permanente abrindo, paradoxalmente, caminho para o acesso ao poder dos partidos “anti-poder”. É o que está em marcha e à vista de todos. Quem sabe se não será este o cenário que preside às sucessivas encenações justicialistas! É uma realidade que já esteve mais longe da mera ficção. Excesso de pessimismo? Espero que sim! Mas preparemo-nos para o pior!
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FRIVOLIDADES

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sexta-feira, novembro 27

GUILHERME D´OLIVEIRA MARTINS (2)
























Num tempo de grandes proclamações éticas dos partidos da oposição, entremeadas por denúncias, suspeitas, informação e contra informação, PSD, PCP e PP não têm nada a dizer acerca desta notícia: O Presidente da República conferiu posse ao Presidente do Tribunal de Contas, Juiz-Conselheiro Guilherme d’Oliveira Martins.

Não têm a hombridade de vir a público reconhecer que, em 2005, se enganaram e que o Governo tomou, em 2009, uma justa decisão ao propor ao Presidente da República a nomeação, para um novo mandato, de Guilherme d´Oliveira Martins como Presidente do Tribunal de Contas?

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quarta-feira, novembro 25

UMA NOTÍCIA DA CRISE














A propósito desta notícia, um dia destes, pelo pequeno-almoço, encontrei um amigo, dos antigos, que raramente vejo, mas no qual me revejo (não sei explicar porquê!) e, lado a lado, mesa com mesa, entre um sumo de laranja natural e mais umas coisas de comer, sabendo-o principal responsável pela gestão de uma empresa que constrói equipamentos pesados, e se dedica também à reparação, atirei-lhe a pergunta do tempo: “então como vai a crise?”. A resposta não poderia ter sido mais a contracorrente. Não faltam encomendas, para Janeiro terá que contratar mais uns 60 trabalhadores (não indiferenciados, suponho), nos indicadores de gestão predomina o sinal verde do equilíbrio. Em resumo, até 2011, inclusive, naquela empresa não haverá crise! É tal a maré de notícias ruins que me senti estremecer. Sem desdenhar da crise tenho que passar a ver ainda menos telejornais e, dê lá para onde der, falar mais com os meus amigos que trabalham paredes meias com a ferrugem!


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terça-feira, novembro 24

Respuesta de Barack Obama a Yoani Sánchez

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BOLO DE GILA E AMÊNDOA















Para a Bel


No outro dia num pequeno café/restaurante aqui para os lados de Campolide serviram-me um doce de sobremesa. Senti o sabor da gila e da amêndoa, uma textura que me reenviou para o “bolo de gila” da minha mãe. Uma especialidade. São os momentos em que nos reencontramos, de verdade, com a vida. Lembrei-me de uma história que ela contava. Já tarde, decidiu tirar a carta de condução. Fez o que tinha que fazer. Código, lições de condução, exames. Em todos passou. Aprovada. Carta na mão. Alegria. Era mais um passo na afirmação da sua autonomia. O examinador, segundo ela, era muito simpático. Vai daí minha mãe, como sempre fazia, sem falsos pudores, preparou, com esmero, um bolo de gila para lhe oferecer. Dirigiu-se a ele e o Eng.º não quis receber a prenda. A minha mãe tomou-se de uma indignação sem limites. Insistiu. Voltou a insistir. Não compreendia os problemas do homem que, finalmente, se deu por vencido e aceitou o bolo. Cedência a uma manifestação de regozijo? Ou aceitação do pagamento de um favor? O que a minha mãe queria era festejar!
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segunda-feira, novembro 23

CAMUS AO PANTEÃO?
























Já me questionaram acerca da ideia de, a propósito da passagem do 50º aniversário da morte de Albert Camus (4/1/1960), levá-lo ao Panteão. O Presidente de França lançou a ideia, certamente com intencionalidade política, mas é preciso não esquecer que ele é, tal como Camus, um “imigrante”. Os filhos gémeos de Camus, embaraçados, terão a última palavra.

A este propósito, concluída a leitura da versão portuguesa de “Com Camus”, de Jean Daniel, uma raridade editorial, deparei-me com a saborosa descrição de um episódio que desencoraja qualquer tentação de apoiar a celebração imaginada por Sarkozi:

Num 14 de Julho, que deveria ser o de 1951, tínhamos assistido a um baile, na Place Saint-Sulpice, Albert Camus, a sua mãe, alguns amigos e eu. Estávamos sentados a uma mesa e, de vez em quando, Camus levantava-se para dançar com uma das mulheres que nos acompanhava. Em seguida, voltou para junto da mãe. Sentou-se, inclinou-se para ela e, bem alto, para se sobrepor à sua surdez, à música, e para que os outros pudessem ouvir, disse: “Mãe, fui convidado para o Eliseu.” Ela pediu-lhe que repetisse pelo menos três vezes a frase e, sobretudo, a palavra “Eliseu”. Ficou silenciosa um longo momento. Depois, pediu ao filho que aproximasse a orelha e disse-lhe muito alto: “Essas coisas não são para nós. Não vás, meu filho, desconfia. Essas coisas não são para nós.”

Camus olhou para nós. Não disse nada, mas pareceu-me orgulhoso da sua mãe. Em qualquer dos casos, nunca foi ao Eliseu. O único palácio oficial onde esse filho de uma criada alguma vez entrou foi, segundo creio, no do rei da Suécia, para receber o Prémio Nobel.

GERAÇÕES

Clique na fotografia para aumentar

Aqui deixo uma curiosidade que o JP Castanheira revelou na última edição do Expresso. É reveladora, além da prova de vida, que a geração em apreço ainda “está para as curvas”.
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sexta-feira, novembro 20

FUTEBOL - O CRIME COMPENSA





Sabemos como as autoridades que superintendem no futebol (nacional e internacional) espalham pelos quatro cantos do mundo o sentido da justiça. Não há, nos nossos dias, outra máquina mais poderosa de banalização da mentira, da injustiça e da violência como o futebol. É revoltante para um amante do futebol, que permite o milagre do apuramento da Argélia para a fase final do mundial (como Camus ficaria contente!) num ambiente hostil de quase guerra, ter que denunciar as suas misérias. A França foi beneficiária de um roubo “regulamentar” e não há maneira de fazer justiça pois as novas tecnologias, utilizadas em tantas modalidades desportivas, para salvar a justiça, são vistas como o inferno na terra pela nomenclatura dirigente do futebol! Portugal que ocupa, a partir de hoje, o 5º lugar no ranking da FIFA, ou seja, um lugar de grande potência do futebol mundial, apesar do sentimento nacional de quase-pesar pelo apuramento, não será “cabeça de série” no sorteio da fase final do mundial. Com futebóis destes, fenómeno global ultra-mediatizado, as novas gerações confrontam-se com uma estreita margem para a aceitação social dos sucessos, obtidos, através do mérito, pelos cidadãos honrados! O futebol parece ter-se transformado num veiculo que, de forma paradoxal, legitima a propaganda de alguns métodos da criminalidade pura que, noutros domínios da vida em sociedade, é perseguida, de forma implacável, em nome da justiça.

quinta-feira, novembro 19

GUILHERME D´OLIVEIRA MARTINS


A escolha de Guilherme Oliveira Martins para presidente do Tribunal de Contas é pouco prudente, prejudica a imagem daquele tribunal e coloca dúvidas à isenção do órgão responsável pela fiscalização da legalidade das contas públicas. Esta é a opinião geral que PSD, CDS e PCP têm da escolha feita pelo Governo de José Sócrates. O BE prefere, por enquanto, não comentar. [Público – 13/9/2005]

Pelas 23,20 horas, de hoje, não encontrei, na edição on-line do Público, qualquer referência à nomeação, pelo Presidente da República, por proposta do governo, de Guilherme d´Oliveira Martins para novo mandato como Presidente do Tribunal de Contas! Esperam-se as reacções do PSD, CDS e PCP!

Les sept axes prioritaires d'investissement définis par la Commission Juppé-Rocard



[Também no ir ao fundo e voltar.]
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QUANDO A REALIDADE ULTRAPASSA A FICÇÃO













PSD retira confiança a autarca: "Vou contestar a nível nacional porque para já não há comissão política concelhia em Monção desde antes das eleições autárquicas. Quem estava à frente era o candidato PSD à Câmara, que é do PS e que não gosta de mim e, por isso, tentou tudo para me retirar a confiança política"
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quarta-feira, novembro 18

BÓSNIA - GUERRA E PAZ


Voltando ao futebol. Hoje, à semelhança de sábado passado, durante 90 minutos, não se falará de escutas nem sequer do estado da justiça. Estamos na Bósnia com um contingente de paz, formado por militares, e com uma equipa de guerra, formada por jogadores de futebol. Curiosa contradição. Estamos com medo, apesar das palavras de Queiroz (estranho nome para um cabo de guerra!), mas eles também, apesar das palavras do propagandista croata da Bósnia (também já tivemos um, mas era brasileiro). “Vamos para cima deles”, diz o nosso! “Vamos pô-los de joelhos”, diz o outro! Mas o que se poderia esperar de um jogo de vida ou de morte disputado num cenário de guerra? [Entretanto Ronaldo (Cristiano) já treina, ao que parece, sem queixas no tornozelo!]
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Uma nota de rodapé, em escrita directa: afinal não houve batalha campal no batatal. Portugal cumpriu os mínimos e qualificou-se para a fase final do Mundial de futebol da África do Sul. Fico contente. Notem que tal feito foi obtido sem Ronaldo (Cristiano)! Mas o El Pais titula que Cristiano Ronaldo estará na África do Sul! A França qualificou-se, como seria de esperar, através de um "roubo": um golo descaradamente irregular, preparado com a mão!
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terça-feira, novembro 17

DOIS LIVROS


Dois livros do género “diário” que, por razões diferentes, devem ser muito interessantes. O de Roland Barthes, que lerei o mais breve possível, é uma boa novidade editorial em Portugal.


Os Diários de Claretta Petacci, amante de Mussolini, revelam um Duce racista, cínico e violento

DIÁRIO DE LUTO, de Roland Barthes
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domingo, novembro 15

CAMUS - O MARXISMO



















Pelo contrário, (Camus) pensa que o marxismo não resiste à reflexão, e contradiz-se quando é posto em prática. Os seus adeptos parecem viver do seu servilismo inconsciente, mal informados sobre a ideologia que professam tão vigorosamente, vivendo somente da sedução:

“Contar-se-iam pelos dedos da mão os comunistas que chegaram à revolução pelo estudo do marxismo. Convertem-se primeiro e só depois lêem as Escrituras". (“O Homem Revoltado”)

São os participantes ideais de um estado baseado no anonimato e na alegada eficiência dos seus funcionários. A burocracia inunda toda a forma de totalitarismo mesmo a que se diz democrática. É a Secretária da Peste que em Estado de Sítio se assume como revolucionariamente justa – e, na verdade, que haveria mais justo que a morte que a todos abraça? – e assim fala sobre a revolução:

“As revoluções não falam de insurrectos. A polícia, hoje, serve para tudo, mesmo para derrubar o governo. E não será melhor assim, de resto? O povo pode descansar enquanto os bons espíritos pensam por ele e decidem em seu lugar sobre a quantidade de felicidade que lhe é favorável”

In CAMUS, M. Luiza Borralho – Rés, 1984 (Um livro raro acerca de Camus, editado em Portugal, que encontrei, por acaso, numa livraria de Lisboa – muito interessante.)

Para A Regra do Jogo


sábado, novembro 14

UMA PEQUENA LUZ ...


Para além desta pertinente observação tenho a certeza que hoje, pelo menos durante noventa minutos, ninguém falará nas escutas …
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quarta-feira, novembro 11

ANA VIDIGAL


ANA VIDIGAL - Matar o Tempo 
INAUGURAÇÃO: 12 Novembro - 19:00

Na ocasião será lançado o livro/catálogo ANA VIDIGAL pela Galeria 111.
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segunda-feira, novembro 9

MES - 28 ANOS
















Há 28 anos o 7 de Novembro também foi um sábado


O António Pais não se esqueceu do 28º aniversário do jantar que celebrou a extinção do MES (Movimento de Esquerda Socialista). Eu também não me esqueci mas deixei passar ainda para mais porque uns dias atrás, no aniversário do Ferro Rodrigues, revisitei a memória desse tempo. Mas tantas fotografias juntas, imagens únicas desse acontecimento original, não podiam passar em claro.

O TORNOZELO DE RONALDO


Não sei se Ronaldo (Cristiano) está lesionado ou não, é provável que esteja, mas apetece-me saudar a sua convocatória para os jogos decisivos que a selecção nacional de futebol vai disputar na presente/próxima semana. Perdi o entusiasmo pelo futebol de clubes, tanto se me dá que o clube da minha predilecção ganhe ou perca, mas não perdi o entusiasmo pelos jogos da selecção. É talvez aquela réstia de nacionalismo sadio que guardamos connosco no tempo de todas as globalizações. Simplifico, claro está, aproveitando tratar-se de um assunto banal … mas que mexe com o fundo das nossas memórias (pelo menos das minhas). Na verdade, talvez não me sejam assim tão indiferentes os resultados dos clubes mas não sofro tanto com eles como sofro com os da selecção. É bem provável que Ronaldo (Cristiano) esteja lesionado o que na sua profissão, quer se queira, quer não, o impede de subir ao palco. Mas pode dar-se o caso de, pelo contrário, ter sido, simplesmente, escondido pelos investidores, para não se expor ao risco de se lesionar ao serviço de uma selecção de um pequeno país. Ora não jogando estes dois jogos com a Bósnia (Lisboa/Sarajevo, bonito!) e caso Portugal ganhe, apurando-se para a fase final do mundial da África do Sul, será que Ronaldo (Cristiano) estará disponível, e os que o mantêm sequestrado, o libertarão para a grande montra do futebol mundial? É que se Portugal ganha sempre que Ronaldo não joga pela selecção, o que todos perguntam, sem o dizer, é se ele faz falta à selecção! Talvez esta convocatória/provocação, como os espanhóis lhe chamam, e a sua mais que provável falta à chamada, faça os homens de negócios que condicionam o desporto-rei entender que os pequenos países não se medem aos Ronaldos….

MUROS




















Após o Muro de Berlim, agora o da Palestina
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domingo, novembro 8

USA - REFORMA DO SISTEMA DE SAÚDE VAI EM FRENTE















Sweeping Health Care Plan Passes House


Algo importante se passou na América. A reforma do sistema de saúde de Obama, vencendo obstáculos, faz o seu caminho. Ainda há quem diga que não diferenças entre a direita e a esquerda!


sexta-feira, novembro 6

EDGAR MORIN



A propósito de uma notícia e das tentativas de agendar um encontro (físico) entre os fazedores do blogue A Regra do Jogo.


A vida é, portanto, um processo de desordem permanente, de desorganização, de desintegração, inseparável da reintegração. A sociedade não é um rochedo num mar de desordem. É antes feita de esforços sempre recomeçados, por parte de indivíduos que, eles próprios, se reorganizam incessantemente. Tudo o que existe deve viver no risco permanente, no limiar da sua própria morte. Devemos adquirir uma concepção pela qual assumamos muito mais o risco, as potencialidades da existência. É esta uma concepção que deve romper totalmente com a visão burocrática e a falsa ideia de segurança contra todos os riscos. Isto não quer dizer que seja preciso suprimir os seguros, a segurança social … É preciso, antes pelo contrário, ter seguranças materiais, mas a nossa vida mental, psíquica, é uma vida decorrida no risco profundo. A criatividade constitui-se nas fronteiras da loucura e da morte. É preciso mudar de visão. Aceitar na vida o risco, o inevitável, porque isso é a oportunidade de criar, de se expandir, de comunicar e de amar.

Edgar Morin In “Pensar o Milénio com Edgar Morin” (excerto de uma entrevista de João Fatela.)
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quinta-feira, novembro 5

DEMOCRACIA, LIBERDADE, DEBATE ...


                                        Deborah Luster


A Assembleia da República debate o programa do governo – após a intervenção inicial do 1º Ministroum debate puro e duro dando início a uma longa batalha política da qual, espero, não saiamos todos vencidos. A grande vantagem da democracia parlamentar é acolher as mais diversas opiniões organizadas, mais ou menos virulentas, mais ou menos assertivas, mais ou menos coloridas, mais ou menos cínicas; a grande vantagem da democracia é servir de palco à liberdade, através da livre expressão de opiniões diversas, que se confrontam, e da afirmação dos espíritos críticos que, sem reserva mental, criam espaços de confluência mesmo quando no ruído imediato tudo parece ser divergência. É um labirinto que cada um de nós pode entender melhor se for capaz de reflectir um tempinho acerca da sua experiência pessoal, profissional ou familiar. Tudo se ganha, e nada se perde, com o exercício da liberdade. Essa liberdade que os mais jovens consideram natural e os mais velhos ostentam como uma conquista. Mas mesmo na democracia é preciso exercitá-la pois a democracia é um lugar que, por ausência do exercício da liberdade, se pode tornar a antecâmara da tirania. A história ensina-nos, com abundantes ilustrações de eventos trágicos, que não vale a pena citar, como a democracia é delicada.  Por isso, neste debate, como noutros, compreendo bem, e aprecio, a energia, e a plasticidade discursiva, aliás notáveis, do 1º ministro, e as réplicas não menos notáveis, e tenazes, de alguns dos tenores da actual oposição parlamentar. O debate político exige uma forte capacidade de argumentação, fundadas convicções, conhecimento dos detalhes, fina sensibilidade para passar no crivo do julgamento público, instantâneo, que a mediatização absoluta dos nossos dias,  impõe, de forma implacável, como uma espécie de ditadura que, paradoxalmente é, ao mesmo tempo, a última salvaguarda da liberdade.

quarta-feira, novembro 4

terça-feira, novembro 3

VAI COMEÇAR O JOGO!


                                      Rania Matar

Já li o suficiente do Programa do XVIII Governo, ontem entregue na Assembleia da República, para perceber que corresponde ao programa de governo do PS apresentado a sufrágio nas últimas eleições legislativas. Onde está o espanto? Como muitos outros já escreveram o contrário é que seria de espantar. A um governo de um só partido corresponde o programa apresentado a sufrágio por esse partido. Haveria lugar a negociação prévia do programa no caso de se tratar de um governo de coligação ou, de um só partido, resultante de acordo político com incidência parlamentar. Não é o caso. No entanto não está escrito nas estrelas, antes pelo contrário, que não venham a celebrar-se acordos parlamentares destinados a viabilizar o programa de governo. Não pode ser, aliás, de outra maneira. Chegou a hora das oposições “mostrarem a sua raça”. Estabilidade ou instabilidade? Governabilidade ou ingovernabilidade? Oposição de esquerda, oposição de direita. Iguais? Diferentes? … O governo tem um programa que ocupa o vértice de um triângulo: governo, oposições, presidente. Vai começar o jogo! A regra do jogo: a democracia! O lugar do jogo: o Parlamento!

segunda-feira, novembro 2

ESTÓRIA

David Torcoletti

SENA, JORGE


A minha homenagem a Jorge de Sena que, se fosse vivo, celebraria hoje o seu 90º aniversário.


Mais longe, o que é mais longe?
Ficar no lugar, que é ficar perto?

Sena, Jorge, o homem de letras
esse mesmo que a marinha expulsou,
pai de muitos filhos, emigrante, poeta
quase eterno, amante de várias
Pátrias, morreu longe da sua,
mas nunca a esqueceu, antes quis
ser amado por ela
e ela, ingrata, o renegou.

Este é o último dos “20 Poemas de Cuba”, manuscritos a lápis, entre 23 e 27 de Julho de 2007, nas páginas do livro “Poesia III”, de Jorge de Sena, nos dias de uma visita a Cuba.

domingo, novembro 1

Marcelo: o silêncio eterno dos sonhos adiados!
























O que é mais assinalável, e chocante, na luta de facções no PSD, como hoje lhe chamou Marcelo, é um dos protagonistas ser ele próprio tendo ao dispôs, como tribuna, o canal público de televisão. Ao que assistimos é a uma refrega partidária e, suponho, Marcelo recebe cachet! Queira-se, ou não, Marcelo promove-se à custa de um debate acerca da futura liderança do seu partido, gera expectativas, frustra expectativas, impulsiona a luta de facções e condena a luta de facções, encena a política espectáculo de que ele próprio é actor principal. O desfecho da trama é a própria incerteza do desfecho da trama. Fascinante mas, como dizem os mais entendidos, conhecedores dos bastidores e do personagem, Marcelo nunca virá a ser, de novo, líder do PSD. Marcelo nem chegará a ser candidato pois sabe que só sairia vencedor através de uma entronização. E os partidos, em regime democrático, escolhem os seus líderes por via de eleições internas que exigem o que Marcelo insiste em recusar: “ringue”, ou seja, o debate miúdo e o voto viscoso das bases que, no PSD, ele sabe que não mobiliza. O candidato que defrontará Passos Coelho afinal será outro! Então ao que vem Marcelo? Alimenta as luzes da ribalta para alumiar uma eventual futura candidatura presidencial. Mas para tornar esse sonho realidade, para as próximas presidenciais, teria que retirar Cavaco do caminho, ou beneficiar da sua falta de comparência, pois nas seguintes já tem Durão Barroso na fila de espera. Depois seguir-se-á o silêncio eterno dos sonhos adiados!

COM CAMUS



















A propósito da série “sublinhados de leitura” recomendo para uma iniciação a Albert Camus a edição portuguesa, recentemente lançada, de “Avec Camus” (“Com Camus”), de Jean Daniel.