terça-feira, julho 20

A administração das coisas



A administração das coisas e a direcção dos homens haviam-lhe ensinado muito, mas sobretudo, aparentemente, que uma pessoa sabia pouco das coisas.

ALBERT CAMUS - "O PRIMEIRO HOMEM" (Sublinhados de leitura)
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segunda-feira, julho 19

"UM FORTE MOVIMENTO ASCENDENTE"


Nick Brandt

Ah desgraça! Procurai as razões para esta nefasta notícia. Os tremendistas estão de férias e não comentam. Um efeito passageiro? Um engano? Só ascende o que voltará a cair! Só cai o que alguma vez subiu. “Um forte movimento ascendente”, é o que dizem as estatísticas!
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domingo, julho 18

Camus - A visita ao pai morto



No átrio, encontrou de novo a empregada, perguntou-lhe onde era o cemitério, recebeu um excesso de explicações, que escutou polidamente, e afastou-se na direcção indicada. (…)

O viajante pediu a lista dos mortos da guerra de 1914. “Sim”, disse o outro. “Isto chama-se a lista da Recordação Francesa. Que nome procura?”. “Henri Cormery”, respondeu o viajante.

O guarda abriu um livro grande forrado com papel de embrulho e procurou com o dedo grosseiro numa relação de nomes. De súbito, o dedo imobilizou-se. “Cormery, Henry”, leu, “ferido mortalmente na batalha de Marne, falecido em Saint-Brieuc a 11 de Outubro de 1914. “É isso”, disse o viajante. O guarda fechou o livro e indicou: “Venha.” Procedeu-o em direcção às primeiras fiadas de sepulturas, umas modestas, outras pretensiosas e feias, todas cobertas de arabescos de mármore que desonrariam qualquer lugar do mundo. “É um familiar?”, perguntou o guarda, distraidamente. “O meu pai.” “É sempre triste.” “Eu tinha apenas um ano, quando ele morreu. Deve, pois compreender …” “Sim, claro”, concordou o guarda. “Houve muitos mortos, nessa época.” Jacques Cormery não respondeu. (…)

“É aqui”, indicou o guarda. Encontravam-se diante de um rectângulo de terra rodeado de pequenos marcos de pedra cinzenta unidos por uma grossa corrente pintada de preto. (…)

“A Recordação Francesa encarrega-se da conservação há quarenta anos. Olhe, ele está aí.” (…)

Foi então que leu na sepultura a data de nascimento do pai e descobriu ao mesmo tempo que até agora ignorara. Em seguida, leu as duas datas, “1885-1914” e procedeu a um cálculo mental: vinte e nove anos. Surgiu-lhe de súbito uma ideia que o fez estremecer. Tinha quarenta anos. O homem sepultado sob aquela pedra, e que fora seu pai, era mais jovem do que ele. (…)

A tarde chegava ao fim. O ruído de uma saia perto dele, uma sombra negra, fê-lo regressar à paisagem das sepulturas e do céu que o rodeava. Mas não podia isolar-se daquele nome, daquelas datas. Já só havia cinzas e pó debaixo daquela pedra. Mas, para ele, o pai voltava a viver, uma estranha vida taciturna, e dava-lhe a impressão de que ia abandoná-lo de novo, deixá-lo continuar em mais aquela noite na solidão interminável em que o tinham lançado e depois abandonado. O céu deserto ressoou com uma detonação intensa e brusca. Um avião invisível acabava de transpor a barreira do som. Jacques Cormery voltou as costas à sepultura e abandonou o pai.

[Do segundo capítulo Saint-Brieuc, pequeno em número de páginas, mas relevante para o conhecimento da história pessoal da Camus, no qual descreve a visita à campa de seu pai.]

sábado, julho 17

Catalunya y España en la encrucijada


Pero más allá de la voluntad de recuperar el Estatuto, tenemos ante nosotros la cuestión de fondo, el problema secular de la relación entre Catalunya y el resto de España, que atraviesa nuestra historia contemporánea y que, a mi juicio, se trata más de un problema español que de un problema catalán.

José Montilla - presidente da Generalitat de Cataluña

quinta-feira, julho 15

O mistério do nascimento



Havia uma porta embutida na parte de argamassa na qual se podia ler: “Cantina agrícola Mme. Jacques.” Filtrava-se luz pela frincha inferior. O homem imobilizou o cavalo junto dela e, sem descer, bateu. Acto contínuo, uma voz sonora e decidida inquiriu: “Quem é?” “Sou o novo gerente da propriedade do Santo Apóstolo. A minha mulher vai dar à luz. Preciso de ajuda.” Ninguém respondeu. Passado um momento, foram levantados ferrolhos e a porta entreabriu-se. Descortinou-se a cabeça negra e ondulada de uma europeia de faces cheias e nariz um pouco abaulado acima dos lábios grossos. “Chamo-me Henri Carmery. Pode ir junto de minha mulher? Tenho de chamar o médico.” (…) O médico olhou-o com curiosidade. “Não tenha medo, que tudo há-de correr bem.” Cormery volveu para ele os olhos claros, fitou-o calmamente e declarou com uma ponta de cordialidade: “Não tenho medo. Estou habituado aos golpes duros do destino.” (…) A chuva tombava com mais intensidade no telhado antigo e velho. O médico procedeu a um exame sob os cobertores. Em seguida, endireitou-se e pareceu sacudir algo na sua frente. Soou um pequeno grito. “É um rapaz”, anunciou. “E bem constituído.” “Começa bem”, disse a dona da cantina. “Com uma mudança de casa.” A mulher árabe riu no canto e bateu as palmas duas vezes.

ALBERT CAMUS - "O PRIMEIRO HOMEM" (Sublinhados de leitura)

quarta-feira, julho 14

COMO ACREDITAR?


Mitch Dobrowner

Verdade? Mentira? Realidade? Ficção? Se for verdade desejaria que fosse mentira. Se corresponder à realidade gostaria que fosse ficção. Em qualquer caso a notícia é construída a partir de testemunhos dos protagonistas. Hoje antes de dar de caras com esta notícia escrevi: O que dizer do cansaço, das decisões que nos contrariam, do caminho difícil da modernidade, da ineficiência, da recusa em caminhar adiante, em fazer melhor, em vencer as dificuldades, em nos ultrapassarmos a nós mesmos; o que dizer da recusa em cumprir o dever, em pensar no melhor caminho, em nos sentarmos a reflectir em comum, em partilhar a felicidade e o destino infeliz; o que dizer de tudo o que nos faz sofrer; o que dizer da nossa vida mergulhada na incerteza, ou na certeza de que a nossa reputação pode cair na rua de um momento para o outro; tanta gente a tratar da justiça, e nós acreditamos? Dêem-nos razões para acreditar na justiça …

SÉRGIO PAULINHO


segunda-feira, julho 12

ALBERT CAMUS - "O PRIMEIRO HOMEM" (Sublinhados de leitura)


[Mais aqui]

Já publiquei sublinhados de leitura de obras de Albert Camus mas nunca, na íntegra, os meus sublinhados leitura do livro póstumo, e único assumidamente autobiográfico, “O Primeiro Homem” - edição portuguesa, 1994, Livros do Brasil, tradução de Eduardo Saló. No fim talvez transcreva um Anexo, muito interessante, intitulado “Notas e Planos” que diz tudo acerca da sua natureza. Pelo meio algumas anotações que escrevi no próprio livro.

“A mulher tinha um rosto terno e regular, os cabelos de espanhola bem ondulados e negros, nariz pequeno e direito e um belo e quente olhar castanho. Mas havia algo naquele semblante que atraía a atenção. Não era apenas uma espécie de máscara que o cansaço ou o que quer que fosse de parecido escrevia provisoriamente nos traços fisionómicos; não, antes um ar de ausência e de distracção suave, como o que exibem perpetuamente alguns inocentes, mas que aqui aflorava de um modo fugidio na beleza das feições.” [Descrição da mãe na viagem que antecede o seu próprio nascimento “numa noite do Outono de 1913” – Camus nasceu no dia 7 de Novembro de 1913 em Mondovi, Constantine, na Argélia.]
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domingo, julho 11

MUNDIAL (finito)
























Para colocar um ponto final no Mundial de Futebol: já perceberam a verdadeira razão da eliminação de Portugal? A selecção de Espanha sagrou-se campeã do mundo vencendo todos os jogos, a eliminar, por 1-0. Portugal foi uma das selecções que perdeu com a Espanha tal como a Alemanha e a Holanda. No meio de tudo vejo uma notícia que me alegra: Uruguay's Diego Forlan has been named the best player of the 2010 World Cup, taking home the Golden Ball in the process.
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POST 5000




                                      Douglas Prince

Ontem assisti a um fragmento do programa de Mário Crespo - Plano Inclinado - que só me interessou pela presença de Alexandre Soares dos Santos, líder do Grupo Jerónimo Martins. A certo passo com o ar de mestre tremendista que o caracteriza Medina Carreira, falando-se a propósito da Polónia, mão-de-obra, legislação do trabalho e o mais que pode desafiar um grande empresário português a falar mal do seu país, lançou a pergunta: também tem o programa Novas Oportunidades? Um sorriso aflorou ao rosto de Alexandre Soares dos Santos: que sim senhor tinha tal programa na sua empresa – em horário de trabalho – e fora dele, frequentado por milhares de trabalhadores e que era daqueles programas que o fazia sentir orgulho do seu país. Desconcertados os tremendistas presentes, onde se inclui um Duque, presidente da minha escola, que me fez sentir vergonha dela, balbuciaram uns apartes dando conta de um pseudo desprestígio de tal programa. Mas o sorriso não desapareceu do rosto do grande empresário que prosseguiu dando testemunho pessoal da importância do programa Novas Oportunidades para desespero da turma residente que deu uma cabal demonstração dos seus preconceitos políticos e da ignorância acerca do empenhamento dos seus convidados nos temas que trazem à liça.
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quarta-feira, julho 7

JORGE FAGUNDES

Terri Weifenbach

À hora de almoço, chegou-me a notícia: morreu ontem o Jorge Fagundes. A última vez que estivemos juntos foi, com o seu grande amigo José Vera Jardim e o Eduardo Graça, à volta de umas cervejas, numa esplanada, na tarde quente do fim de Julho de 2009, depois do funeral de Palma Inácio. Em Dezembro, porque tinha acabado de sair do hospital, já o não consegui "convocar" para o jantar do Procópio, onde era visitante incerto mas sempre muito saudado.

O Jorge Fagundes era um "bom gigante", uma figura amável e bem disposta, que conheci através do Nuno Brederode de Santos, com quem sempre o ouvi cruzar velhas e divertidas histórias de Campo de Ourique. Advogado de causas, defendeu presos políticos durante a ditadura, como Saldanha Sanches, Carlos Antunes ou Isabel do Carmo. Pertenceu à CDE de Lisboa, nas eleições de 1969. Após abril, veio a andar por áreas políticas bem à esquerda, tendo sido diretor do jornal "Página Um", um jornal próximo do PRP. Sportinguista sem quaisquer limites de tolerância, foi presidente da Federação Portuguesa de Futebol, numa direção a que, se não me engano, pertenceu também Marcelo Rebelo de Sousa. Não esqueço uma chamada telefónica de solidariedade que dele recebi,num momento especial da minha vida.

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domingo, julho 4

POLÍTICA A SÉRIO




Para além das trivialidades dos ataques de carácter aqui está uma questão política a sério. É por este lado, o da política que envolve os interesses da comunidade e orienta a estratégia do Estado, que vale a pena avaliar os políticos, as suas ideas e tomadas de posição. Eis como, de súbito, o longe se faz perto, o fraco se faz forte, o futuro se faz presente. Aconteça o que acontecer. 
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quinta-feira, julho 1

A PT/VIVO

Fez bem o governo, surpreendendo muitos dos seus críticos, ao arrepio da lógica selvagem do mercado que muitos criticam mas poucos têm a coragem de contrariar, em se opor à operação de compra da Vivo. Se todos são unânimes em considerar um mau negócio a venda da Vivo qual a razão para o Estado a não contrariar com os instrumentos legítimos de que dispõe? Que faria o Estado Espanhol no nosso lugar? E os outros estados da UE? O que têm feito ao longo dos anos os outros estados e, em particular, o estado espanhol para proteger os seus interesses nacionais? O que fazem todos? São medidas que demonstram as derivas nacionalistas que entram pelos olhos adentro de todos nós. Provavelmente! Mas o que diriam do governo português aqueles que o criticam se não tivesse impedido a venda da Vivo? Vamos ser penalizados mais tarde, vem aí uma OPA hostil, e tudo o mais, mas a melhor defesa é o ataque e, apesar de pequeno, Portugal, suponho, também tem os seus argumentos e as suas “armas” nesta luta desigual. Que as usemos então sem perder a Europa como aliada mas também sem nos ajoelharmos aos ditames das politicas ultraliberais que sendo afinal apontadas como a raiz de todos os males, com que a presente crise nos ameaça, renascem em cada esquina, a propósito de todo e qualquer debate, e em reacção a toda e qualquer medida legítima dos governos.
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terça-feira, junho 29

MUNDIAL (XX)



A mim também me pareceu.
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A TERCEIRA DEPRESSÃO

Elliott Erwitt

Todas as ortodoxias são perigosas porque, em regra, conduzem a soluções radicais. A política de austeridade sem freio pode conduzir ao desastre. Julgo que é esta a mensagem de Paul Krugman no seu tão glosado artigo A Terceira Depressão.
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segunda-feira, junho 28

SULSCRITO


Saiu o nº 3 da Revista Sulscrito, excelente a todos os títulos, na qual tive a honra de colaborar. Direcção editorial de Fernando Esteves Pinto, capa e paginação do atelier de Inês Ramos, imagens da capa e outras de Adão Contreiras.
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domingo, junho 27

MUNDIAL (XIX)



É curioso como, na chamada fase de grupos, a actuação dos árbitros auxiliares, fiscais de linha, ou como lhe quisermos chamar, foi de uma eficácia fora do comum. Mas, hoje, quando entraram em campo  candidatos ao título, Alemanha e Argentina, tudo se alterou: dois erros grosseiros, um em cada jogo, em favor dos mais candidatos dos candidatos. Cuidado para o Portugal-Espanha. Aposto que vão chover amarelos para o nosso lado e o mais que se verá!
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sábado, junho 26

Bombay Bicycle Club




Bombay Bicycle Club - Dust On The Ground
Enviado por WeeRezZ. - Buscar outros videos de Musica.

Se ainda não deu por nada a RTP-N transmite todos os dias, pelas 22 horas, um programa intitulado À Noite, o Mundial que é uma pérola no panorama da comunicação social portuguesa. Vale a pena!
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sexta-feira, junho 25

HINO À ALEGRIA

DIPLOMACIA

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MUNDIAL (XVIII)





Foi a 19 de Julho 1966, em Liverpool, no Goodison Park, que Portugal afastou o Brasil do Campeonato do Mundo. Os “magriços” ganharam por 3-1 com golos de Simões (15′) e Eusébio (27′ e 85′). Pelo Brasil marcou Rildo (70′).
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quarta-feira, junho 23

AUSTERIDADE: TUDO O QUE É DEMAIS ...



Darryl Baird

Estão profundamente errados, neste momento, aqueles que apostam em políticas radicais de austeridade. Na Alemanha, aqui e em qualquer lugar. Podem estar a ser guiados pela ideia de salvar a economia mas contribuem, pelo contrário, para a afundar e, pior, muito pior, contribuem para libertar todos os demónios que minam a credibilidade da democracia aos olhos do povo. Que se não calem as vozes do bom senso, as vozes daqueles que compreendem que, face às dificuldades de uma época de grandes mudanças, a política, por maioria de razão, está em primeiro lugar.

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ANTÓNIO MANUEL COUTO VIANA

Subscrevo e assino por baixo.
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domingo, junho 20

MUNDIAL (XIV) - Portugal versus Coreia do Norte



Na véspera do jogo com a Coreia do Norte lembro-me de ter visto pela TV, a preto e branco, o jogo do Mundial de 1966 que amanhã se repete. Um jogo raro. Por todas as razões. A Coreia do Norte era, e ainda é, um país que vive isolado do mundo. O isolamento próprio das ditaduras. Eu sei que as ditaduras têm, entre nós, admiradores mas nem por isso deixam de ser abomináveis. Tão abomináveis como os seus admiradores.

Nesse ano longínquo de 1966, o Mundial de futebol decorreu na Inglaterra e Portugal dispunha de uma grande equipa. O jogo com a Coreia do Norte era considerado fácil e julgo que se disputou em Manchester. Aí pelos 23 minutos da primeira parte já estávamos a perder por 3-0. O público rejubilava de admiração e espanto. Era impensável o que se estava a passar. Lembro-me que fiquei gelado na sala da sociedade onde havia televisão que em casa de meus pais ainda não.

Mas Eusébio resolveu transformar a tragédia em glória. Eusébio corria como uma gazela e lutava como um leão. Nesse jogo marcou 4 dos 5 golos de Portugal. Não esqueço aquela sua característica de ir sempre buscar a bola ao fundo da baliza do adversário e de a levar à mão para o centro do campo. Nem esqueço a sua gentileza para com os adversários cuja cabeça acariciava quando lhe parecia tê-los magoado.

Nunca vi ninguém como Eusébio. O jogador, o homem e o desportista. Que mais não seja em sua homenagem os jogadores da selecção de Portugal deviam, amanhã, vencer e convencer. Com todo o respeito pelos jogadores norte coreanos que nada têm a ver com a ditadura que impera no seu país como em 1966 Eusébio, e os jogadores portugueses, nada tinham a ver com a ditadura salazarista.
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O FUNERAL DO NOBEL ALBERT CAMUS


Ronald Cowie

Le 6 janvier 1960, une foule d´anonymes et quelques amis se retrouvent devant la grande maison de Lourmarin où le corps d´Albert Camus a été transporté dans la nuit. Quatre villageois portent le cercueil que suivent son épouse, son frère Lucien, René Char, Jules Roy, Emmanuel Roblès, Louis Guilloux, Gaston Gallimard et quelques amis moins connu, parmi lesquels les jeunes footballeurs du village. Le cortège avance lentement dans cette journée un peut froide et atone de ce « pays solennel et austère – malgré sa beauté bouleversante ».

Devant le caveau, Francine Camus jette une rose sur le cercueil. Le maire prononce une courte allocution et le silence n´est troublé que par le bruit de la terre sur le bois de la bière.

L´heure est de recueillement. Les communiqués officiels, les télégrammes affluent. Tous unanimes dans l´hommage et l´affliction conjugués.

Les temps ont changé, et ils sont nombreux, les détracteurs d´hier qui saluent aujourd´hui la disparition de celui aux côtés duquel ils avaient obstinément refusé de marcher. Celui qui, au terme de tant d´attaques et de malveillance, avait choisi de s´enfermer dans un douloureux silence.

Les premiers tirs étaient venus de gauche, et plus particulièrement du parti communiste qui ne pardonnait pas à cet ex-compagnon de route de prendre du recul, de regarder en face certaines réalités. De dire l´intolérable : le stalinisme, les camps, les idéaux mis au pas par des tyrans de l´histoire.

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quinta-feira, junho 17

Pena de morte, revoltante ...


Revoltante. Contra a pena de morte, sempre. Seja qual for o instrumento, o modo, o país, o credo, a raça, o género, o crime, seja por bala, por injecção, por forca, por palavra, … é revoltante, a pena de morte.
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quarta-feira, junho 16

MUNDIAL (XIII)

O empate com a Costa do Marfim pode não ter sido um resultado assim tão mau. As contas fazem-se no fim. Afinal a Espanha acaba de perder com a Suiça. Aqui deixo um comentário respigado do El País:

Dos frases de despedida: "La desdicha, como la piedad, puede convertirse en un hábito" (La Fontaine). Para los optimistas: "Siempre deja la ventura una puerta abierta en las desdichas para remediarlas" (La Bruyère). Un saudo. Me voy a fumar. No por nervios, por hábito.
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Amanhã há Baile Popular
























DAQUI
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terça-feira, junho 15

MUNDIAL(XII)


MUNDIAL (XI)



The goalkeeper is a man apart. He stands alone. "All that I know most surely about morality and obligations," wrote Albert Camus, "I owe to football." Camus was a goalkeeper himself and knew a thing or two about the existential anguish that is the goalie's lot in life and football. As the last line of defense, the goalkeeper is also first in the firing line when blame and retribution are meted out.
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domingo, junho 13

MUNDIAL (X)


British GQ.       A imagem de um futebolista que corre muito, tornada imagem de um modelo que corre mundo. Com Figo já havia sido assim, mas numa fase tardia da sua carreira. Com esta imagem, que corre mundo, ganha o próprio, que não é amador de coisa nenhuma, mas ganha também o país de que é natural. Um fenómeno que exaspera o provincianismo e a inveja nacionais. Em frente Ronaldo! Quantas mais e melhores imagens tuas forem produzidas, e expostas, nos mais prestigiados meios, mais ganhamos todos. Espero que o teu contributo para os jogos da selecção faça justiça à tua imagem na qual todo o mundo verá a imagem de Portugal.   
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ENTRANDO NO ASSUNTO ...


quinta-feira, junho 10

MUNDIAL (VIII)


CRESPO POR CRESPO ...


Jane Alden Stevens

Há pouco vi, e ouvi, na SIC Notícias Mário Crespo, no papel de jornalista, dar uma notícia acerca de si próprio acerca de um processo em que se envolveu enquanto jornalista. Revolvo a memória e não me ocorre ter presenciado nada de semelhante. Crespo foi, de forma descarada, juiz em causa própria em directo e ao vivo. A isto chama-se o quê?

quarta-feira, junho 9

PORTUGAL, AFINAL ... SEGURO!


Fotografia antiga de Faro – Sede das comemorações do dia de Portugal

Jornalistas de um dos países mais pacíficos do mundo (13º), que dá pelo nome de Portugal, foram assaltados na África do Sul. Parem, pensem, e não se queixem!
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segunda-feira, junho 7

DOIS ANOS ATRÁS

                                                        
                                      Justine Reyes

A Europa e o mundo vivem sob o espectro de uma crise financeira, energética e alimentar. Três choques, em simultâneo, que põem em risco o equilíbrio em que assenta o mundo do pós guerra. Os chamados países emergentes, com a China à cabeça, estão no centro da crise. Esses países passaram de sociedades miseráveis a sociedades de consumo. A China é como uma fogueira gigante que consome crescentes recursos que afluem de todo o mundo e, ao mesmo tempo, alimenta outras fogueiras que, de igual modo, consomem mais do que a humanidade é capaz de produzir. Entramos numa nova fase da vida das nações que exigirá mudanças profundas também nas estruturas das instituições internacionais. A questão: como gerir essas mudanças sem guerra?

[7/5/2008]
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sábado, junho 5

quarta-feira, junho 2

MANUEL ALEGRE - HOJE


Não há vida sem diálogo. Mas o diálogo foi, hoje, na maior parte do mundo, substituído pela polémica. O século XX é o século da polémica e do insulto. Eles ocupam, entre as nações e os indivíduos, e mesmo ao nível das disciplinas outrora desinteressadas, o lugar que tradicionalmente cabia ao diálogo reflectido. Dia e noite, milhares de vozes, empenhadas, cada uma por seu lado, num tumultuoso monólogo, lançam sobre os povos uma torrente de palavras mistificadoras, de ataques, de defesas, de exaltações. Mas qual é o mecanismo da polémica? Consiste em considerar o adversário como inimigo, por conseguinte a simplificá-lo e a recusar vê-lo. Aquele que insulto, já não sei de que cor são os seus olhos, ou se acaso sorri, e como o faz. Tornados quase cegos por obra e graça da polémica, já não vivemos entre os homens, mas num mundo de sombras. (…)

Albert Camus – alocução feita na sala Pleyel em Novembro de 1948, in Actualidades - Contexto
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terça-feira, junho 1

MUNDIAL IV



Camarões fritos por um Portugal melhorzinho.
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FERREIRA GULLAR

Imagem daqui

Como vai longe o dia, Maninho,
em que a gente podia ser comum

Entre ervas burras, folhas molhadas de mamona
e salsa
a gente podia ser
simplesmente
nossas mãos nossos pés nossos cabelos
e o que queimava dentro
no escuro

Como vai longe o tempo como as águas
batendo na amurada
alegremente
como os peixes
vivendo no seu músculo
o mistério do mundo

Ferreira Gullar [Toda poesia /Dentro da noite veloz]

[Outros poemas de Ferreira Gullar.]
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