sexta-feira, janeiro 21

Renée Fleming

PRIMEIROS POEMAS

É um livro artesanal que esgotou na sua edição em papel. A Isabel Espinheira concebeu um livro/objecto muito interessante nos finais de 2007 com os primeiros poemas que escrevi, com intencionalidade poética, nos inícios da década de 80. Era para ter sido uma prenda de Natal para os amigos mas só saíu jé em 2008. Passado todo este tempo a Isabel criou uma edição em formato digital do mesmo livro. Depois de entrar neste LINK encontra em baixo uma setinha que permite folhear. Ele há dias felizes. Horas e momentos também. Mas é preciso que o link funcione e só funciona, para já, quando lhe apetece.

sábado, janeiro 1

DILMA

Uma mulher da minha geração alcança o poder, por via democrátrica, no maior país de língua portuguesa, uma potência emergente que, no futuro próximo, influenciará, de forma decisiva, o futuro do mundo. Quando Lula foi reeleito, apesar de toda a demagogia, era bastante perceptível o sentido sua política. Dilma vai, mais coisa menos coisa, trilhar um caminho de continuidade. Tenho esperança no futuro.    

CONCERTOS DE ANO NOVO



quinta-feira, dezembro 30

1963. UMA SURPRESA DE FIM DE ANO


1963 - Equipa de Juniores do Farense
De pé (da esquerda para a direita): Vitor Passos, Cavaco, Eduardo Graça, Silvino Octávio Rosa Santos e Mariano; em baixo: Bastardinho, Leonardo e José Maria.

Uma boa surpresa de fim de ano que me foi enviada pelo Silvino via facebook. No campo da Alameda, em Faro, a equipa de júniores de basquetebol do Farense na qual eu alinhava com a camisola nº4. Guardei a camisola que é linda e está como nova. Esta é uma actividade de que guardo uma memória bem viva no centro da qual vivem os meus companheiros de equipa. E que dizer do campo da Alameda, assim como do público que, nos jogos com o Olhanense, em regra, se envolvia à pancada e eu, lá dentro, sem perceber nada. Afinal rivalidade exacerbada. A mim só me interessava o jogo pelo jogo. A equipa era mediana em qualidade de jogo mas, apesar de tudo, tinha centrímetros para a época. Eu acrescentava 1,83 cm  mas o Silvino, se não erro, era o mais alto. O melhor, salvo melhor opinião, era o Bastardinho. Um abraço para todos. 
      

Coisas que nunca deverão mudar em Portugal




Portugueses: 2010 tem sido um ano difícil para muitos; incerteza, mudanças, ansiedade sobre o futuro. O espírito do momento e de pessimismo, não de alegria. Mas o ânimo certo para entrar na época natalícia deve ser diferente. Por isso permitam-me, em vésperas da minha partida pela segunda vez deste pequeno jardim, eleger dez coisas que espero bem que nunca mudem em Portugal.

1. A ligação intergeracional. Portugal é um país em que os jovens e os velhos conversam - normalmente dentro do contexto familiar. O estatuto de avô é altíssimo na sociedade portuguesa - e ainda bem. Os portugueses respeitam a primeira e a terceira idade, para o benefício de todos.

2. O lugar central da comida na vida diária. O almoço conta - não uma sandes comida com pressa e mal digerida, mas uma sopa, um prato quente etc., tudo comido à mesa e em companhia. Também aqui se reforça uma ligação com a família.

3. A variedade da paisagem. Não conheço outro pais onde seja possível ver tanta coisa num dia só, desde a imponência do rio Douro até à beleza das planícies do Alentejo, passando pelos planaltos e pela serra da Beira Interior.

4. A tolerância. Nunca vivi num país que aceita tão bem os estrangeiros. Não é por acaso que Portugal é considerado um dos países mais abertos aos emigrantes pelo estudo internacional MIPEX.

5. O café e os cafés. Os lugares são simples, acolhedores e agradáveis; a bebida é um pequeno prazer diário, especialmente quando acompanhado por um pastel de nata quente.

6. A inocência. É difícil descrever esta ideia em poucas palavras sem parecer paternalista; mas vi no meu primeiro fim de semana em Portugal, numa festa popular em Vila Real, adolescentes a dançar danças tradicionais com uma alegria e abertura que têm, na sua raiz, uma certa inocência.

7. Um profundo espírito de independência. Olhando para o mapa ibérico parece estranho que Portugal continue a ser um país independente. Mas é e não é por acaso. No fundo de cada português há um espírito profundamente autónomo e independentista.

8. As mulheres. O Adido de Defesa na Embaixada há quinze anos deu-me um conselho precioso: "Jovem, se quiser uma coisa para ser mesmo bem feita neste país, dê a tarefa a uma mulher". Concordei tanto que me casei com uma portuguesa.

9. A curiosidade sobre, e o conhecimento, do mundo. A influência de "lá" é evidente cá, na comida, nas artes, nos nomes. Portugal é um pais ligado, e que quer continuar ligado, aos outros continentes do mundo.

10. Que o dinheiro não é a coisa mais importante no mundo. As coisas boas de Portugal não são caras. Antes pelo contrário: não há nada melhor do que sair da praia ao fim da tarde e comer um peixe grelhado, acompanhado por um simples copo de vinho.

Então, terminaremos a contemplação do país não com miséria, mas com brindes e abraços. Feliz Natal.

Artigo do Embaixador do UK ao deixar Portugal: Expresso 18 Dez 2010

segunda-feira, dezembro 20

CAMUS, A POLTRONA E A HISTÓRIA - Ou três razões para ler Camus









Maria Luísa MALATO BORRALHO
Professora e ensaísta [1]

1944. Ouviam-se ainda os tiros dos combates nas ruas de Paris. A libertação da cidade fazia-se casa a casa, bairro a bairro. É preciso tomar a Comédie Française. Talvez Sartre. Mas ninguém sabe onde está. Será Albert Camus que o vai encontrar adormecido, numa sala de espectáculos vazia. Comenta com uma gargalhada: “Tu as mis ton fauteuil dans le sens de l’histoire!”

1952. Há alguns meses tinha sido publicado L’Homme Révolté. Ainda que contasse com a reacção crítica de Sartre e dos seus apóstolos, Camus não esperava a virulência do artigo que Sartre encomendara a Francis Jeanson, publicada em Les Temps Modernes. Pensa responder a Jeanson, mas acaba por escrever ao autor da encomenda: insurge-se no final contra a censura brutal daqueles que “n’ont jamais placé que leur fauteuil dans le sens de l’histoire”.

[Ler na íntegra AQUI.]

[1] Membro do Projecto U&D “Utopias literárias e pensamento utópico: a cultura portuguesa e a tradição intelectual do Ocidente – II”, financiado pela FCT e sedeado no Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, Faculdade de Letras da Universidade do Porto (POCTI/ELT/46201/2002).

domingo, dezembro 19

7 ANOS

Fotografia de Hélder Gonçalves

Este blogue faz hoje sete anos. Ao contrário de todas as aparências não deixei de escrever. As palavras encantam-me. Preciso delas para respirar. Os meus amigos estranham a recente escassez de palavras. Estou a poupá-las. Logo ressurgirão. Não entendam essa escassez como uma ausência de opinião. Este blogue sempre foi mais interessante para mim como espaço de memória e partilha de gostos do que de opinião. Um dia explicarei as razões da sua criação e persistência. Mas enquanto não chega esse dia agradeço a fidelidade daqueles que me seguem. Eu também os sigo. E a todos admiro por me seguirem. Em primeiro lugar, aquelas amigas, e amigos, que me conhecem e que conheço, com quem privo, privei e privarei. Mas também todos os outros, os chamados amigos virtuais, uma das mais extraordinárias criações deste tempo que é o nosso. Um blogue é, mais que tudo, um lugar de troca de afectos e paladares entre desconhecidos que se admiram. Eu quero que este continue a ser um pequeníssimo lugar de renovação de esperanças no futuro. Porque o que mais me encanta, apesar do tempo e da distância, são os outros que vivem em mim. Com memória e gratidão. Prossigamos …

sábado, dezembro 18

NATAL 2010


quando o vento bater nas arribas dir-te-ei
do mar a canção. e no grito da gaivota
ouvirás o murmurar cadenciado dos búzios
no meu ouvido. quando da tarde
te contar o embalo recordarás os passos cinzelados
numa cidade do interior. quando te soletrar na areia
o queixume das palavras por dizer,
sorrirás. e, então, amor, verei no teu olhar
o pôr do sol e toda a beleza dos infinitos.

Helena Faria Monteiro

[O belo poema que me foi enviado no postal de Natal pela Helena
que agradeço, e reproduzo, ilustrado por um desenho a tinta da china
de sua autoria.]

sábado, dezembro 11

domingo, novembro 21

Anne-Sophie Mutter



A cimeira da OTAN (NATO) chegou ao fim. Ao que dizem as notícias os resultados foram um sucesso. Só os protagonistas saberão, embora todos sejamos interessados. O povo de esquerda – os seus dirigentes - dão a entender, para público, não terem percebido que foi esta cimeira que colocou o ponto final na guerra fria. Imaginem, na cimeira de Lisboa! É a questão da guerra e da paz. Admito que, salvo algum caso anómalo, todos os dirigentes políticos, afinal aqueles que lidam com os poderes, estejam interessados na paz. Obama, certamente que sim. Se estão satisfeitos com o resultado final desta cimeira é um bom sinal. Portugal saiu a ganhar pois nem todos os dias se acolhe uma manifestação política desta dimensão. Nem todos os dias se ouvem, da boca de um presidente americano, palavras de sincero agradecimento pela excelência da organização e pela hospitalidade portuguesa. Detalhes!

sábado, novembro 20

RUBBERBANDance



A palavra de ordem é cortar mas nem tudo se pode cortar. Precisamos de cortar no acessório e investir no essencial. É necessário fazer essa pedagogia. Não ter medo de apostar em iniciativas de risco seja qual for a nossa posição na sociedade. O mundo não acaba amanhã nem agradece a inacção dos cobardes.
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quarta-feira, novembro 17

MÚSICA E PALAVRAS



Uma amiga leitora deste blogue escreveu-me expressando um sentimento que pressinto ser alargado a quase todas, e todos, que visitam, com assiduidade, este espaço. Interessante reclamar o jogo das palavras versus o dos sons. Jorge de Sena, como outros, escreveu alguns dos seus poemas mais belos sobre temas musicais ou acerca da música. Sabem que a única distinção pública verdadeiramente relevante que me foi conferida foi uma condecoração do Grão Ducado do Luxemburgo distinguindo a minha acção em prol da música aquando da minha passagem pelo INATEL. O que mais tenho para dizer no presente é que escrevo todos os dias, ou quase, mas que me repugna tanto o que escrevem (e falam, e dizem …) os comentadores encartadas, recebedores de honorários, assim como os comentários que tantos energúmenos escrevem e depositam na caixa dos ditos, que resolvi fazer uma dieta de escrita para público. Voltarei em breve à expressão escrita. Até lá partilho música, de quando em vez, temperada com palavras breves. O velho país que dá pelo nome de Portugal, um dos mais antigos do mundo com as mesmas fronteiras físicas, com suas mazelas, e virtudes, sobreviverá e com ele sobreviverão mesmo todos os sacripantas que de seus males se alimentam.