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terça-feira, abril 24

25 DE ABRIL - SEMPRE (2)

Por esta hora neste dia, 24 de abril de 1974 (era uma 4ª feira), estaria no quartel, já informado que havia chegado o dia. Com os companheiros de armas mais chegados – António Cavalheiro Dias e João Mário Anjos – entramos em estado de prontidão para o que desse e viesse. Outros, por diversas vias, estariam também alerta. Já não me lembro com precisão quem terá sido o mensageiro, certamente, um oficial do quadro permanente. Conversas e contactos discretos, temperatura primaveril, tensão crescente sem contra ordens. Acertámos encontrarmo-nos, quando se aproximasse a noite, em casa do Cavalheiro Dias, em Benfica. Ao final da tarde saí do quartel, devo ter passado por casa e de seguida fui a casa do Ferro Rodrigues, na Travessa do Ferreiro, avisá-lo(s). O Sporting jogava para as competições europeias, se não erro, com uma equipa da Alemanha de Leste. Tudo parecia, apesar da tentativa falhada do 16 de março, bastante inverosímil. Um golpe de estado militar? Uma revolução? Regressei a Benfica, sempre em transportes públicos, para me juntar aos companheiros de armas. A espera valeu a pena. Seguiu-se a madrugada mais longa, e inesperada, da minha vida. Muitos haviam lutado, sem sucesso, pelo advento da liberdade e, finalmente, fez-se-lhes justiça. Lembro o General Humberto Delgado.

Fotografias de Carlos Gil

sábado, abril 25

25 de abril - 41 anos

A memória tem um lugar no presente mesmo que não sejamos saudosistas. Na história das Nações, além do ruminar dos dias,há datas marcantes. Neste dia faz 41 anos deu-se inicio a um novo regime. Que viva!

Na porta de armas com o meu amigo João Mario Mascarenhas

domingo, abril 19

sábado, abril 18

quinta-feira, abril 16

quarta-feira, abril 15

25 de abril (III)

                  A minha memória dos que viveram os acontecimentos:
                                       Nuno Teotónio Pereira.

25 de abril (II)

A minha memória dos que viveram os acontecimentos: Victor Wengorovius (no jantar de extinção do MES).

segunda-feira, abril 13

25 de abril (I)

A minha memória do 25 de abril de 1974 através de imagens: João Mário Anjos (à esquerda) .

sábado, janeiro 4

Emídio Guerreiro (25 de abril - 40 anos,1)

Este é o ano do 40º aniversário do 25 de abril sobre o qual muito se falará (assim espero que seja) numa celebração de um acontecimento já longínquo daquelas que começam a ressoar a liturgia morta. É a realidade pois o tempo não perdoa. Mas a memória carece de ser avivada sempre que  estiver em causa a questão da liberdade. Coloquei neste blogue a etiqueta "25 de abril" em 160 posts sendo certo que só bastante  tarde comecei a utilizar etiquetas por assuntos. Vou voltar a postar diariamente, ou quase, uma seleção desses posts para lembrar o regresso à liberdade e à democracia, após 48 anos de ditadura.  

Na época de todas as mortes. Emídio Guerreiro um lutador pela democracia e pela liberdade. Morreu aos 105 anos. Bem haja.

Biografia Breve - Uma vida em três séculos


Ao longo da sua longa vida, que atravessou três séculos, Emídio Guerreiro assistiu à implantação da República, viu nascer e morrer a ditadura, de que foi um dos mais destacados combatentes, atravessou duas guerras mundiais e participou na construção do regime democrático em Portugal.

Emídio Guerreiro nasceu a 6 de Setembro de 1899, em Guimarães, numa família de ideais republicanos, que acolheria como seus durante toda a vida. Frequentou a Universidade do Porto, onde cursou Matemática, depois de ter lutado como voluntário na I Guerra Mundial - o seu primeiro encontro com a conturbada história do século XX.

Em 1926, um golpe de Estado impõe a ditadura em Portugal, mas a 3 de Fevereiro do ano seguinte Emídio Guerreiro junta-se aos revoltosos que, em vão, tentaram derrubar os golpistas.Em 1928, funda no Porto a loja maçónica "A Comuna", do Grande Oriente Lusitano Unido.

Em 1932, escreve um panfleto contra o então presidente Óscar Carmona, acabando por ser detido, mas um ano depois conseguiria evadir-se, iniciando um exílio que se prolongaria por mais de 40 anos. A primeira paragem é em Espanha, onde dá aulas, mas o início da guerra civil leva-o a combater ao lado das forças republicanas.

Em 1939, com a vitória dos franquistas, fixa-se em França, passando à clandestinidade quando os nazis invadem o país, durante a II Guerra Mundial, tendo sido membro activo da resistência à ocupação alemã. Findo o conflito, Emídio Guerreiro voltou ao ensino de Matemática, desta vez na Academia de Paris.

Na capital francesa, funda em 1967, juntamente com outros exilados políticos, a LUAR, Liga Unificada de Acção Revolucionária, para combater o regime salazarista.

De regresso a Portugal, depois do 25 de Abril, foi um dos fundadores do PPD. Em 1975 foi eleito secretário-geral, tendo liderando o partido durante o período de ausência de Sá Carneiro no estrangeiro, por doença. Deputado à Assembleia Constituinte, viria a afastar-se do PPD, descontente com o rumo que o partido estava a seguir, e nos últimos anos aproximou-se do PS.

Em entrevista ao "Expresso", por ocasião do centenário do seu nascimento, Emídio Guerreiro elegeu a dignidade humana como o ideal que norteou a sua vida.

"Como não pode haver dignidade se não houver liberdade, naturalmente que eu lutei pela liberdade. Lutei contra todos os regimes prepotentes, lutei contra todas as ditaduras", afirmou.

LUSA

quinta-feira, abril 25

25 de Abril

Deixo que a palavra
tão incerta
teça

a liberdade a meio
deste Abril
para que a memória em Portugal não esqueça

tomando da flor
o cravo na matriz

teimando que a paixão
a tudo vença

dizendo não àquilo
que não quis

Maria Teresa Horta

Março 99

quarta-feira, abril 24

25 de ABRIL


Neste mesmo dia, 39 anos passados, pela hora a que escrevo, devo ter passado pela casa do Ferro (Rodrigues) para o avisar de que algo de muito especial estava a ser preparado para o dia seguinte. Estava a decorrer a transmissão de um jogo de futebol na Alemanha de Leste – Magdeburgo-Sporting (para a Taça das Taças?), não me lembro já das palavras, mas retenho a memória viva do ambiente. Saí para me juntar ao João Mário Anjos (que será feito dele!) e do António Dias, na casa deste, em Benfica, de onde haveríamos de sair (se tudo, desta vez, corresse conforme as nossos desejos), a caminho do quartel do Campo Grande onde, como milicianos, prestávamos serviço militar. Era, se não erro uma quarta-feira, primavera em flor, e esperámos pacientemente pelos sinais em forma de canções. Deixei-me dormir enquanto esperava. De súbito alguém me acordou dando-me a notícia de que havia tocado a canção/senha. Devemos ter-nos apressado a sair tomando lugar no Datsun branco, conduzido pelo António Dias, o João Mário Anjos e eu próprio a caminho do Campo Grande mas antes ainda demos umas voltas para medir o pulso ao ambiente nas ruas e no quartel do Lumiar. Prevalecia a quietude, nada mexia, receamos um falso arranque e mais um fracasso. Após algumas voltas reentramos na 2ª circular e, chegados perto do quartel, demos de frente com uma coluna militar da qual não sabíamos mais do que nos era dado ver. Voltamos a acreditar e em lugar de cumprir com o plano decidimos seguir a coluna – já sem o João Mário que deixamos no quartel – descendo a caminho da baixa. Já antes contei este episódio improvável que fez com que tivéssemos sido os únicos civis que, como mais tarde soubemos, fizeram parte da coluna de Salgueiro Maia. Depois da coluna militar ter estacionado na Ribeira das Naus seguimos em frente retomando o plano inicial e, de caminho, cruzou-se connosco, em sentido contrário, uma coluna de tanques pesados. A desproporção das forças em presença era brutal e pensamos, caso se tratassem, como se tratavam, de forças de campos opostos esta última coluna destruiria sem esforço a que havíamos seguido. Afinal tudo se passou ao contrário: a fraca força militar, comandada pelo capitão Salgueiro Maia, venceu a forte força militar, comandada pelo brigadeiro Junqueira dos Reis. Ali, naquele preciso momento, a coragem serena de Salgueiro Maia, olhando de frente o soldado que se recusou a premir o gatilho, desobedecendo às ordens de fogo, decidiu a sorte da revolução. Honra à sua memória!
Com o meu amigo João Mário Mascarenhas, na porta de armas do Quartel do Campo Grande, num dos dias de fogo da revolução.  

quarta-feira, abril 25

25 DE ABRIL

No 38º aniversário do 25 de Abril lembro-me dos passos que dei nesse dia distante. Era uma 4ª feira. Basta consultar o calendário. Estava no tropa e devo ter frequentado, nesse dia, o quartel do Campo Grande. O chamado, na gíria, 2º Grupo (de Companhias de Administração Militar).

Há dois anos atrás o Leite Pereira contou-me que, estando lá colocado, viu a minha ficha de suspeito quando ela lá chegou antecedendo o meu ingresso. Uma notícia que me surpreendeu apesar de tudo mas que fazia parte da rotina da época. Fervilhavam os boatos. Sabia que um golpe estava preparado para a madrugada de 24 para 25. A fonte era credível. Acreditei. Fiz por acreditar. Temi um banho de sangue. Pensei nos meus pais. No meu irmão. Na minha namorada. Mas julgo que mantive a descrição.

Como já contei, outras vezes, avisei os amigos civis mais íntimos. Organizei-me com os amigos militares que se haviam tornado conjurados. Não imaginava o que viria a passar-se após a arrancada da operação, um golpe militar, tornado revolução pela adesão popular. Um daqueles raros momentos de fusão que mudam o curso da história. Curto e fulminante.

[Versão adaptada de um post anterior.]

sábado, abril 24

24 ABRIL




































À PORTA DE ARMAS

Na véspera do 36º aniversário do 25 de Abril tentei lembrar-me dos passos que terei dado nesse dia distante. Era uma 4ª feira. Basta consultar o calendário. Estava no tropa e devo ter frequentado, nesse dia, o quartel do Campo Grande. O chamado, na gíria, 2º Grupo (de Companhias de Administração Militar). Ontem, ao jantar, o Leite Pereira contou-me que, estando lá colocado, viu a minha ficha de suspeito quando ela lá chegou antecedendo o meu ingresso. Uma notícia nova acerca de uma rotina da época. Fervilhavam os boatos. Sabia que um golpe estava preparado para o dia seguinte. A fonte era credível. Acreditei. Fiz por acreditar. Temi um banho de sangue. Pensei nos meus pais. No meu irmão. Na minha namorada. Mas julgo que mantive a descrição. Como já contei, outras vezes, avisei os amigos civis mais íntimos. Organizei-me com os amigos militares que se haviam tornado conjurados. Não imaginava o que viria a passar-se após a arrancada da operação, um golpe militar, tornado revolução pela adesão popular. Um daqueles raros momentos de fusão que mudam o curso da história. Curto e fulminante. Hoje impressionam-me as notícias acerca das iniciativas e intervenções do Presidente da República pela celebração deste aniversário. Bem-haja. E ainda me impressiona mais não saber se terei em quem votar nas próximas eleições presidenciais.

sábado, abril 25

25 DE ABRIL

Não vi, nem ouvi, nada da cerimónia evocativa do 35º aniversário do 25 de Abril na Assembleia da República. Não se trata de esquecimento, nem de falta de tempo, muito menos de falta de respeito pela instituição parlamentar, mas porque me aborrece, desde há muito tempo, a dita cerimónia. Celebro o 25 de Abril à minha maneira, com acções que cabem na esfera da prática activa da cidadania, cujos detalhes não me apetece revelar. Acabo de ler o discurso que o Presidente da República proferiu, como sempre, a propósito da efeméride na casa mãe da democracia representativa. Devo ser uma das primeiras pessoas que ouviu a personalidade que exerce, hoje, as funções de Presidente da República falar em público. Devo ser uma das primeiras pessoas que, muito antes de Cavaco Silva exercer funções políticas, o contestou frontalmente. Mas o seu discurso de hoje é uma magnífica peça no exercício da função presidencial. Tiro-lhe o chapéu. O discurso, na íntegra, aqui e aqui.
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O QUE VALE A PENA

Fotografia de Hélder Gonçalves

Nestes dias de penumbra o que vale a pena é exercer a liberdade. Não ceder à tentação de renunciar ao exercício da liberdade. Somos um grão de areia na formação da opinião pública que conta com milhões de operadores.

Na sua esmagadora maioria são operadores individuais. O mundo dos blogues é um exemplo extraordinário desta explosão de "fazedores de opinião". Cada vez que perscruto esse mundo, fazendo uma ou outra viagem mais ousada, se me abre a boca de espanto.

Não sou um fanático, nem mesmo um especialista, mas a internet é mesmo muito mais forte do que cada um de nós possa imaginar.

Este é o terreno privilegiado, nos nossos dias, para o exercício da liberdade. Sublinho esta ideia, porventura, desnecessária para muitos daqueles que são mais afeiçoados a esta realidade.

Mas creio que o seu desenvolvimento ainda interessa a muitos mais que dela estão alheios. Não vale a pena tentar passar ao lado. Manuel Castells tem uma abundante reflexão acerca da relação entre Internet e Liberdade que se recomenda aqueles que pretendam aprofundar este tema.

O que vale a pena é desfrutar dos seus benefícios.

É o que me apetece re-dizer no dia em que se celebra o 35º aniversário do 25 de Abril. [In Abébia Vadia – 2004]. Ver ainda aqui.
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