Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
terça-feira, abril 16
25 DE ABRIL (23) - Finalmente sinais de ação
Retenho muito viva na memória a imagem do carro de combate que encabeçava a coluna irrompendo diante de nós. Tinha surgido da escuridão uma coluna militar que tomaria a direcção do centro da cidade. Vislumbramos um carro «nívea» da polícia na penumbra que não esboçou qualquer movimento.
O Campo Grande não era como hoje. Havia um desnível e o carro de combate que vinha na nossa direcção deu um salto rápido para tomar contacto de novo com o chão. Foi uma espécie de salto mágico que desde esse momento, com frequência, me assalta a memória. A emoção que senti é indescritível. Era um sonho que se tornara realidade. Fomos, certamente, os únicos que assistimos, ao vivo, a esse momento.
Soubemos, mais tarde, que aquela era a coluna, oriunda de Santarém, comandada pelo Capitão Salgueiro Maia. Naquele momento colocava-se a opção de cumprir o nosso objectivo e entrar no quartel ou seguir atrás daquela surpresa entusiasmante. (Fotografia de Alfredo Cunha.)
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