Tinha acabado de descobrir a “sissi” uma fotógrafa que retrata, entre muitas realidades, a paisagem das terras do sul e, em particular de Faro e da Ria Formosa. Tanto e tão bem que me sensibilizou. De repente saiu desta cena.
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
segunda-feira, março 27
domingo, março 26
HARTZ
Fóssil
A pedra
abriu
no flanco sombrio
o túmulo
e o céu
duma estrela-do-mar
para poder sonhar
a espuma
o vento
e me lembrar agora
que na pedra mais breve
do poema
a estrela
serei eu.
Carlos de Oliveira
In Ave Solar
Cantata
-------------------------------------------
Fósil
La piedra
La piedra
abrió
en el flanco sombrío
el túmulo
y el cielo
de una de estrella de
mar
para poder soñar
la espuma
y el viento
y recordarme ahora
que en la piedra más
breve
del poema
la estrella
seré yo.
INATEL - REFRESCAR A MEMÓRIA
Fotografia de Angèle
A nossa percepção inicial da situação do INATEL, nos inícios de 1996, foi confirmada por todos os estudos que demonstravam que a instituição carecia de ser dotada de um novo enquadramento estatutário que tomasse em consideração, entre outros aspectos, a nova realidade da prestação de serviços na área do “turismo social”, ou “turismo para todos”, a contratação de pessoal, a aquisição de bens e serviços e a gestão do património imobiliário e mobiliário.
Uma das perplexidades da situação herdada, aquando da minha assumpção de funções, 10 anos atrás(!), foi o facto de os estatutos, ainda hoje em vigor, não conterem uma única referência ao termo “turismo social” que é, no entanto, a actividade mais importante, em termos físicos e financeiros, do INATEL.
Se considerarmos os programas “Turismo Sénior”, criado em finais de 1995 e de “Saúde e Termalismo Sénior”, criado a partir de 1997, além de todos os restantes, tradicionalmente geridos pelo INATEL, estamos perante uma entidade pública que assume, de facto, natureza empresarial e que, no contexto nacional, ocupa um dos primeiros lugares entre os promotores, públicos e privados, de actividades de lazer e turismo.
Os programas de férias para idosos, só por si, cresceram, entre 1996 e 2002, de forma assinalável e o seu impacto socio-económico na sociedade portuguesa, comprovado por um estudo encomendado pelo INATEL, eram (e são) suficientemente relevante para aconselhar a profunda reforma institucional da entidade à qual o estado cometeu a sua gestão.
A natureza desta actividade e a sua importância foi relevada inúmeras vezes como, por exemplo, na intervenção que proferi aquando da apresentação do “Estudo de Impacto Sócio Económico dos Programas de Turismo Sénior e Saúde e Termalismo Sénior” (1995/2000) que, para benefício de estudiosos e interessados, assim como para refrescar a memória dos responsáveis do governo actual pela tutela do INATEL, reproduzo no IR AO FUNDO E VOLTAR.
(“A Verdade de Uma Reforma” - 3 de 10.)
A nossa percepção inicial da situação do INATEL, nos inícios de 1996, foi confirmada por todos os estudos que demonstravam que a instituição carecia de ser dotada de um novo enquadramento estatutário que tomasse em consideração, entre outros aspectos, a nova realidade da prestação de serviços na área do “turismo social”, ou “turismo para todos”, a contratação de pessoal, a aquisição de bens e serviços e a gestão do património imobiliário e mobiliário.
Uma das perplexidades da situação herdada, aquando da minha assumpção de funções, 10 anos atrás(!), foi o facto de os estatutos, ainda hoje em vigor, não conterem uma única referência ao termo “turismo social” que é, no entanto, a actividade mais importante, em termos físicos e financeiros, do INATEL.
Se considerarmos os programas “Turismo Sénior”, criado em finais de 1995 e de “Saúde e Termalismo Sénior”, criado a partir de 1997, além de todos os restantes, tradicionalmente geridos pelo INATEL, estamos perante uma entidade pública que assume, de facto, natureza empresarial e que, no contexto nacional, ocupa um dos primeiros lugares entre os promotores, públicos e privados, de actividades de lazer e turismo.
Os programas de férias para idosos, só por si, cresceram, entre 1996 e 2002, de forma assinalável e o seu impacto socio-económico na sociedade portuguesa, comprovado por um estudo encomendado pelo INATEL, eram (e são) suficientemente relevante para aconselhar a profunda reforma institucional da entidade à qual o estado cometeu a sua gestão.
A natureza desta actividade e a sua importância foi relevada inúmeras vezes como, por exemplo, na intervenção que proferi aquando da apresentação do “Estudo de Impacto Sócio Económico dos Programas de Turismo Sénior e Saúde e Termalismo Sénior” (1995/2000) que, para benefício de estudiosos e interessados, assim como para refrescar a memória dos responsáveis do governo actual pela tutela do INATEL, reproduzo no IR AO FUNDO E VOLTAR.
(“A Verdade de Uma Reforma” - 3 de 10.)
sábado, março 25
PALAVRAS DE JACOB DEPOIS DO SONHO
Jacob's Dream - Loggia di Raffaello
Amei a mulher amei a terra amei o mar
amei muitas coisas que hoje me é difícil enumerar
De muitas delas de resto falei
(…)
Ruy Belo
PALAVRAS DE JACOB DEPOIS DO SONHO
Homem de Palavra[s]
Amei a mulher amei a terra amei o mar
amei muitas coisas que hoje me é difícil enumerar
De muitas delas de resto falei
(…)
Ruy Belo
PALAVRAS DE JACOB DEPOIS DO SONHO
Homem de Palavra[s]
CARRAPATOSO AO PODER, JÁ!
Também já fiz, pelo menos, uma “reclamação graciosa”, para reaver uns dinheiros que o fisco me obrigou a pagar, apesar de não ter recebido os respectivos rendimentos, cujo reembolso só seria possível através da dita “graciosa”. Mas, no meu caso, o despacho da mesma, e o respectivo reembolso, demorou aí uns dois anos.
No caso em apreço o “esquema” é tão explícito que até faz impressão. Acho sinceramente que o António Carrapatoso que, ao que consta, é um gestor competente, tem o perfil mais que indicado para Director Geral das Contribuições e Impostos.
Ele já provou que sabe da matéria, pode auferir a mesma remuneração da privada, escusa de estar sujeito a estes incómodos e reforça o combate à ideia, sempre latente, do governo socialista nomear para cargos de confiança política gestores que possam ser suspeitos de professarem ideais socialistas.
Quando os gestores públicos forem todos competentes, como o Dr. Carrapatoso, e exclusivamente recrutados nas fileiras da oposição, o governo socialista pode gabar-se de não favorecer os amigos, e morrer em paz!
No caso em apreço o “esquema” é tão explícito que até faz impressão. Acho sinceramente que o António Carrapatoso que, ao que consta, é um gestor competente, tem o perfil mais que indicado para Director Geral das Contribuições e Impostos.
Ele já provou que sabe da matéria, pode auferir a mesma remuneração da privada, escusa de estar sujeito a estes incómodos e reforça o combate à ideia, sempre latente, do governo socialista nomear para cargos de confiança política gestores que possam ser suspeitos de professarem ideais socialistas.
Quando os gestores públicos forem todos competentes, como o Dr. Carrapatoso, e exclusivamente recrutados nas fileiras da oposição, o governo socialista pode gabar-se de não favorecer os amigos, e morrer em paz!
sexta-feira, março 24
sem título (XIII)
Fotografia de Philippe Pache
Enroscada ao côncavo do corpo a solidão
incendeia o desejo no alvor da primavera
21 de Março de 2006
Enroscada ao côncavo do corpo a solidão
incendeia o desejo no alvor da primavera
21 de Março de 2006
"À partir de Colomb..."
Fotografia de Philippe Pache
«À partir de Colomb, la civilisation horizontale, celle de l´espace et de la quantité, remplace la civilisation verticale de la qualité. Colomb tue la civilisation méditerranéenne.»
Albert Camus
«À partir de Colomb, la civilisation horizontale, celle de l´espace et de la quantité, remplace la civilisation verticale de la qualité. Colomb tue la civilisation méditerranéenne.»
Albert Camus
“Carnets – III” - Cahier nº VII (Mars 1951/Juillet 1954)
Gallimard
O FENÓMENO MAIS DEPRIMENTE
Uma vantagem do primeiro-ministro Sócrates – além de todos os inevitáveis defeitos – é que sabe colocar o acento tónico, com merediana clareza, nas questões verdadeiramente relevantes.
Pode ler aqui a notícia intitulada pela Lusa: “UE/Cimeira: Abandono escolar é o fenómeno mais deprimente em Portugal – Sócrates”, que revela essa faceta da sua liderança.
A IDEIA QUE PRESIDIU À REFORMA DO INATEL
Ron Mueck
Na sequência do que antes afirmei, enquanto Presidente da Direcção do INATEL, entre 21 de Fevereiro de 1996 a 4 de Fevereiro de 2003, sempre considerei prioritária, nas opções de gestão, o processo de elaboração do que designamos por “Plano de Desenvolvimento Organizacional” e da “Reforma Estatutária”.
Qualquer destes processos ficou concluído ainda antes do fim do primeiro mandato que se concluiu em Fevereiro de 1999.
A importância daquela reforma institucional radicava (e radica), em síntese, na necessidade imperiosa de adequar a actual organização e regime jurídico do INATEL (Decreto-lei n.º 61/89, de 23 de Fevereiro) às profundas mudanças económicas e sociais que, desde 1989, ocorreram na sociedade portuguesa.
Numa breve síntese, que pode ser suportada por vasta documentação, a reforma dos estatutos do INATEL, foi alicerçada na ideia de promover o melhor aproveitamento dos recursos materiais e imateriais do INATEL, consolidando, progressivamente, a sua autonomia financeira, através do incremento das receitas próprias, dinamizando, em simultâneo, a modernização do INATEL assumindo a sua vocação de entidade pública empresarial.
Ao contrário do que muitos pensaram, escreveram e disseram, logo no primeiro dia da minha tomada de posse, assim como da equipa que me acompanhou, não se tratou de uma operação de “jobs for the boys”.
Tais acusações radicavam, como sempre, na ignorância ou má fé de gente da oposição ao governo socialista da época mas também, como se veio a tornar evidente com o passar do tempo, de alguns sectores socialistas que nunca se revêem na acção daqueles que, com transparência, autonomia e independência, assumem a gestão das instituição públicas no cumprimento estrito dos princípios republicanos do nosso regime democrático.
Ora aconteceu no INATEL que a gestão de rotina, que havia sido a regra nos anos anteriores a 1996, (a “política da enxovia”) que polvilhava, aqui e ali, a inércia com uns favores político-partidários (que deram origem a alguns investimentos ruinosos), foi substituída por uma política de modernização e revigoramento da instituição para cuja concretização plena a transformação do INATEL em fundação era, para nós, um pilar absolutamente essencial.
(“A Verdade de Uma Reforma” - 2 de 10.)
Na sequência do que antes afirmei, enquanto Presidente da Direcção do INATEL, entre 21 de Fevereiro de 1996 a 4 de Fevereiro de 2003, sempre considerei prioritária, nas opções de gestão, o processo de elaboração do que designamos por “Plano de Desenvolvimento Organizacional” e da “Reforma Estatutária”.
Qualquer destes processos ficou concluído ainda antes do fim do primeiro mandato que se concluiu em Fevereiro de 1999.
A importância daquela reforma institucional radicava (e radica), em síntese, na necessidade imperiosa de adequar a actual organização e regime jurídico do INATEL (Decreto-lei n.º 61/89, de 23 de Fevereiro) às profundas mudanças económicas e sociais que, desde 1989, ocorreram na sociedade portuguesa.
Numa breve síntese, que pode ser suportada por vasta documentação, a reforma dos estatutos do INATEL, foi alicerçada na ideia de promover o melhor aproveitamento dos recursos materiais e imateriais do INATEL, consolidando, progressivamente, a sua autonomia financeira, através do incremento das receitas próprias, dinamizando, em simultâneo, a modernização do INATEL assumindo a sua vocação de entidade pública empresarial.
Ao contrário do que muitos pensaram, escreveram e disseram, logo no primeiro dia da minha tomada de posse, assim como da equipa que me acompanhou, não se tratou de uma operação de “jobs for the boys”.
Tais acusações radicavam, como sempre, na ignorância ou má fé de gente da oposição ao governo socialista da época mas também, como se veio a tornar evidente com o passar do tempo, de alguns sectores socialistas que nunca se revêem na acção daqueles que, com transparência, autonomia e independência, assumem a gestão das instituição públicas no cumprimento estrito dos princípios republicanos do nosso regime democrático.
Ora aconteceu no INATEL que a gestão de rotina, que havia sido a regra nos anos anteriores a 1996, (a “política da enxovia”) que polvilhava, aqui e ali, a inércia com uns favores político-partidários (que deram origem a alguns investimentos ruinosos), foi substituída por uma política de modernização e revigoramento da instituição para cuja concretização plena a transformação do INATEL em fundação era, para nós, um pilar absolutamente essencial.
(“A Verdade de Uma Reforma” - 2 de 10.)
quinta-feira, março 23
JOSÉ BLANC DE PORTUGAL
Fotografia de José Marafona
“SUBMÚLTIPLOS”
Na escala convencional
Me vou microdividindo
Na velha base decimal.
Eis-me micro-eu
Nano-eu e pico-eu
Fento-eu e atto-eu…
Depois… acabou-se a convenção
Os eus mais pequenos
Já não têm nome…
Vou ver se lhes arranjo um pro-nome
Pois sim! Serão:
Nileus
Embora apercebíveis
E, sempre, até mais ver,
Sempre divisíveis.
Se nileus não é pronome
É lá com os gramáticos.
Mas, meus Senhores!
Sejamos práticos!!
“Descompasso”, Círculo de Poesia – Nova Série
Moraes Editores, Lisboa, 1986
---------------------------------------------------------------------------
JOSÉ BLANC DE PORTUGAL
(Lisboa, 1914 – 2000, Lisboa)
Licenciou-se em Ciências Geológicas pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tendo trabalhado, como meteorologista, no Serviço Meteorológico Nacional. A carreira científica levou-o de Lisboa às ilhas atlânticas (Açores, Madeira e Cabo Verde) e dali a Angola e Moçambique.
Poeta, ensaísta, crítico literário e musical, investigador. No campo da investigação científica, directamente relacionada com a profissão, publicou vários estudos, nomeadamente a monografia Introdução ao Estudo das Correntes de Jacto (1955). Como crítico musical, colaborou em diversas publicações, e foi crítico literário na Emissora Nacional.
Foi uma das figuras literárias portuguesas de mais vasta cultura (em vários domínios) tendo sido adido cultural no Rio de Janeiro (1973-78) e vice-presidente do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa (1978-82).
Mas foi sobretudo como poeta que a sua personalidade mais se destacou. Foi fundador e co-director dos Cadernos de Poesia, em todas as séries, entre 1940 e 1953, tendo publicado ali alguns dos seus mais importantes poemas.
Estreou-se com o volume “Parva Naturalia” (1960, Prémio Fernando Pessoa), a que se seguiram “O Espaço Prometido” (1960), “Anticrítico” (1960, obra de reflexão ensaística), “Odes Pedestres” (1965, Prémio Casa da Imprensa), “Descompasso” (1987) e “Enéadas (1989).
“SUBMÚLTIPLOS”
Na escala convencional
Me vou microdividindo
Na velha base decimal.
Eis-me micro-eu
Nano-eu e pico-eu
Fento-eu e atto-eu…
Depois… acabou-se a convenção
Os eus mais pequenos
Já não têm nome…
Vou ver se lhes arranjo um pro-nome
Pois sim! Serão:
Nileus
Embora apercebíveis
E, sempre, até mais ver,
Sempre divisíveis.
Se nileus não é pronome
É lá com os gramáticos.
Mas, meus Senhores!
Sejamos práticos!!
“Descompasso”, Círculo de Poesia – Nova Série
Moraes Editores, Lisboa, 1986
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JOSÉ BLANC DE PORTUGAL
(Lisboa, 1914 – 2000, Lisboa)
Licenciou-se em Ciências Geológicas pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tendo trabalhado, como meteorologista, no Serviço Meteorológico Nacional. A carreira científica levou-o de Lisboa às ilhas atlânticas (Açores, Madeira e Cabo Verde) e dali a Angola e Moçambique.
Poeta, ensaísta, crítico literário e musical, investigador. No campo da investigação científica, directamente relacionada com a profissão, publicou vários estudos, nomeadamente a monografia Introdução ao Estudo das Correntes de Jacto (1955). Como crítico musical, colaborou em diversas publicações, e foi crítico literário na Emissora Nacional.
Foi uma das figuras literárias portuguesas de mais vasta cultura (em vários domínios) tendo sido adido cultural no Rio de Janeiro (1973-78) e vice-presidente do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa (1978-82).
Mas foi sobretudo como poeta que a sua personalidade mais se destacou. Foi fundador e co-director dos Cadernos de Poesia, em todas as séries, entre 1940 e 1953, tendo publicado ali alguns dos seus mais importantes poemas.
Estreou-se com o volume “Parva Naturalia” (1960, Prémio Fernando Pessoa), a que se seguiram “O Espaço Prometido” (1960), “Anticrítico” (1960, obra de reflexão ensaística), “Odes Pedestres” (1965, Prémio Casa da Imprensa), “Descompasso” (1987) e “Enéadas (1989).
“GOTA DE ÁGUA”
não choro eu.
Chora aquilo que nos homens
em todo o tempo sofreu.
As lágrimas são as minhas
mas o choro não é meu.
Movimento Perpétuo [1956]
Movimento Perpétuo [1956]
“Obra Poética”, Edições João Sá da Costa
Lisboa, 1ª Edição, 2001
---------------------------------------------
ANTÓNIO GEDEÃO
(1906-Lisboa 1997-Lisboa)
Pseudónimo de Rómulo Vasco da Gama de Carvalho, licenciou-se em Ciências Físico-Químicas pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, em 1931. Um ano depois forma-se em Ciências Pedagógicas pela Faculdade de Letras da cidade invicta, prenunciando qual será a sua actividade principal daí para a frente e durante 40 anos – professor e pedagogo, para quem ensinar era uma paixão. Traduziu como ninguém, a ciência para os leigos, desvendando segredos científicos com a mesma simplicidade com que os exemplificava.
Só em 1956, com 50 anos, publica o primeiro livro de poemas Movimento Perpétuo. A este viriam juntar-se Teatro do Mundo (1958), Máquina de Fogo (1961), Poema para Galileu (1964), Linhas de Força (1967) e ainda Poemas Póstumos (1983) e Novos Poemas Póstumos (1990).
A sua obra une, de forma exemplar, a ciência e a poesia, a vida e o sonho. Uma poesia comunicativa que marca toda uma geração reprimida por um regime ditatorial e atormentada por uma guerra, cujo fim não se adivinhava. E é deste modo que Pedra Filosofal, musicada por Manuel Freire, se torna num hino à liberdade e ao sonho.
Incapaz de ficar parado, nos anos seguintes dedica-se por inteiro à investigação publicando numerosos livros, tanto de divulgação científica, como de história da ciência. Em 1990, já com 83 anos, Rómulo de Carvalho assume a direcção do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa.
ANTÓNIO GEDEÃO
(1906-Lisboa 1997-Lisboa)
Pseudónimo de Rómulo Vasco da Gama de Carvalho, licenciou-se em Ciências Físico-Químicas pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, em 1931. Um ano depois forma-se em Ciências Pedagógicas pela Faculdade de Letras da cidade invicta, prenunciando qual será a sua actividade principal daí para a frente e durante 40 anos – professor e pedagogo, para quem ensinar era uma paixão. Traduziu como ninguém, a ciência para os leigos, desvendando segredos científicos com a mesma simplicidade com que os exemplificava.
Só em 1956, com 50 anos, publica o primeiro livro de poemas Movimento Perpétuo. A este viriam juntar-se Teatro do Mundo (1958), Máquina de Fogo (1961), Poema para Galileu (1964), Linhas de Força (1967) e ainda Poemas Póstumos (1983) e Novos Poemas Póstumos (1990).
A sua obra une, de forma exemplar, a ciência e a poesia, a vida e o sonho. Uma poesia comunicativa que marca toda uma geração reprimida por um regime ditatorial e atormentada por uma guerra, cujo fim não se adivinhava. E é deste modo que Pedra Filosofal, musicada por Manuel Freire, se torna num hino à liberdade e ao sonho.
Incapaz de ficar parado, nos anos seguintes dedica-se por inteiro à investigação publicando numerosos livros, tanto de divulgação científica, como de história da ciência. Em 1990, já com 83 anos, Rómulo de Carvalho assume a direcção do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa.
quarta-feira, março 22
FARENSE - ANOS 50
Armando, Vinagre; Tarro, Rialito e Queimado de pé: Reina, Bentinho, Ventura, José Maria, Vieirinha e Isaurindo - equipa campeã da Zona Sul
terça-feira, março 21
"...le repos sans remords"
Fotografia de Philippe Pache
Ferrero (*) «Cueillir enfin sur l´arbre de la vie ce petit fruit exquis et désormais si rare qui, en bien des années, ne fleurit qu´une fois : le repos sans remords.»
(*) Guglielmo Ferrero (1871-1943), Les Deux Révolution françaises 1789-1796 (La Baconnière, 1951)
Albert Camus
Ferrero (*) «Cueillir enfin sur l´arbre de la vie ce petit fruit exquis et désormais si rare qui, en bien des années, ne fleurit qu´une fois : le repos sans remords.»
(*) Guglielmo Ferrero (1871-1943), Les Deux Révolution françaises 1789-1796 (La Baconnière, 1951)
Albert Camus
“Carnets – III” - Cahier nº VII (Mars 1951/Juillet 1954)
Gallimard
UMA PEQUENINA LUZ
Uma pequenina luz bruxuleante
não na distância brilhando no extremo da estrada
aqui no meio de nós e a multidão em volta
une toute petite lumière
just a little light
una piccola... em todas as línguas do mundo
uma pequena luz bruxuleante
brilhando incerta mas brilhando
aqui no meio de nós
entre o bafo quente da multidão
a ventania dos cerros e a brisa dos mares
e o sopro azedo dos que a não vêem
só a adivinham e raivosamente assopram.
Uma pequena luz
que vacila exacta
que bruxuleia firme
que não ilumina apenas brilha.
Chamaram-lhe voz ouviram-na e é muda.
Muda como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Brilhando indefectível.
Silenciosa não crepita
não consome não custa dinheiro.
Não é ela que custa dinheiro.
Não aquece também os que de frio se juntam.
Não ilumina também os rostos que se curvam.
Apenas brilha bruxuleia ondeia
indefectível próxima dourada.
Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha.
Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha.
Tudo é pensamento realidade sensação saber: brilha.
Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva: brilha.
Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não: brilha.
Uma pequenina luz bruxuleante e muda
como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Apenas como elas.
Mas brilha.
Não na distância. Aqui
no meio de nós.
Brilha.
25/9/1949
Jorge de Sena
Fidelidade [1958], In “Obras de Jorge de Sena – Antologia Poética”
25/9/1949
Jorge de Sena
Fidelidade [1958], In “Obras de Jorge de Sena – Antologia Poética”
Asa Editores, 2ª Edição, Junho, 2001
sem título (XII)
Fotografia de Philippe Pache
Sofre-se devagar lentamente as palavras malditas
dos lamentos ecoam nos vagos silêncios do destino
21 de Março de 2006
Sofre-se devagar lentamente as palavras malditas
dos lamentos ecoam nos vagos silêncios do destino
21 de Março de 2006
segunda-feira, março 20
DIA MUNDIAL DA POESIA
Amanhã no “Espaço Noesis” vai celebrar-se o Dia Mundial da Poesia. Coube-me a felicidade de seleccionar os poetas que integram a exposição que, nesse espaço, contribuirá para a celebração desse dia.
São eles os dos “Cadernos de Poesia”+António Gedeão, quais sejam, além deste: Tomaz Kim, José Blanc de Portugal, Ruy Cinatti e Jorge de Sena.
Têm todos em comum uma formação de base cientifica-tecnológica, com excepção de Tomaz Kim, assim como todos, com excepção de Gedeão, uma forte influencia da cultura anglo saxónica ao contrário do que era comum nos poetas da sua geração (Gedeão o mais velho, e tardio a publicar,nasceu em 1906 e o mais novo, Sena, nasceu em 1919.)
De cada um destes poetas coube-me a espinhosa tarefa de seleccionar dois poemas que tomo a liberdade de divulgar nos próximos dias assim com as respectivas biografias. A escolha dos poemas e a elaboração das biografias (aqui apresentadas numa das suas variantes) foi, no essencial, o resultado do meu gosto próprio sob a influência do trabalho da equipa que organizou a exposição.
São eles os dos “Cadernos de Poesia”+António Gedeão, quais sejam, além deste: Tomaz Kim, José Blanc de Portugal, Ruy Cinatti e Jorge de Sena.
Têm todos em comum uma formação de base cientifica-tecnológica, com excepção de Tomaz Kim, assim como todos, com excepção de Gedeão, uma forte influencia da cultura anglo saxónica ao contrário do que era comum nos poetas da sua geração (Gedeão o mais velho, e tardio a publicar,nasceu em 1906 e o mais novo, Sena, nasceu em 1919.)
De cada um destes poetas coube-me a espinhosa tarefa de seleccionar dois poemas que tomo a liberdade de divulgar nos próximos dias assim com as respectivas biografias. A escolha dos poemas e a elaboração das biografias (aqui apresentadas numa das suas variantes) foi, no essencial, o resultado do meu gosto próprio sob a influência do trabalho da equipa que organizou a exposição.
“QUISERA ADORMECER”
Quisera adormecer
Quisera adormecer
como a criança acorda,
à beira de outro tempo, que é o nosso.
Só quero o que não posso.
8/4/53
Fidelidade [1958], Poesia II, Moraes Editores, 1978
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JORGE DE SENA
(Lisboa, 1919 – 1978, Santa Barbara - EUA)
Um dos grandes vultos da poesia e cultura portuguesas do século XX, tendo dedicado a sua vida à poesia, à ficção, à dramaturgia, ao ensaísmo, à investigação literária e à tradução.
Formou-se em Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia do Porto, trabalhou na Junta Autónoma de Estradas, até 1959, data em que se exila no Brasil, onde conclui o doutoramento em letras e rege as cadeiras de teoria da literatura e literatura portuguesa na Universidade de Araquara.
A partir de 1965 passa a viver nos E.U.A., sendo professor catedrático na Universidade de Winsconsin e, posteriormente, na Universidade da Califórnia – Santa Barbara (1970), onde dirigiu o departamento de literatura portuguesa e espanhola.
A sua estreia poética, “Perseguição” (1942), foi concretizada com a chancela dos Cadernos de Poesia cujas 2ª e 3ª edição, de 1951 a 1953, co-dirigirá. A sua trajectória intelectual, multifacetada, é marcada por um empenhamento de sentido humanista e responsabilidade ética, por vezes amargo, face às instituições politico-culturais portuguesas.
Publicou ainda, entre outras obras, “Coroa da Terra” (1946), “Pedra Filosofal” (1950), “As Evidências” (1955), “Metamorfoses seguido de Quatro Sonetos a Afrodite Anadiómena” (1963), “Arte da Música” (1968), “Conheço o Sal …E outros Poemas (1974). A obra poética completa foi reunida em sucessivos volumes – Poesia I (1961), Poesia II (1978) e Poesia III (1978).
Como ensaísta são fulcrais os seus estudos da vida e obra de Camões e de Fernando Pessoa. Recebeu ao longo da sua vida vários prémios dos quais se destaca, em 1977, o Prémio Internacional de Poesia Etna-Taormina pelo conjunto da sua obra poética.
RAÍNHA ACOLHE
Querem conhecer um projecto de enorme qualidade que decorre numa escola pública? O projecto "Raínha Acolhe" nasceu para dar resposta às necessidades suscitadas pela crescente presença de filhos de imigrantes nas nossas escolas.
Podem conhecê-lo aqui.
Podem conhecê-lo aqui.
FERNANDO GIL
«Cada coisa, para ser o que é, tem de estar em ligação com todas as outras. A identidade ideal é uma rede de conexões infinitas. Para se perceber o mínimo sobre o mínimo seria preciso conhecer-se tudo»
Fernando Gil, citado no Expresso on line
Fernando Gil, citado no Expresso on line
domingo, março 19
OS ESTIVADORES
Ruy Belo
(…)
Só nessas mãos enormes é que cabem
as coisas mais reais que a vida encerra
(…)
OS ESTIVADORES
Homem da Palavra[s]
(…)
Só nessas mãos enormes é que cabem
as coisas mais reais que a vida encerra
(…)
OS ESTIVADORES
Homem da Palavra[s]
A Verdade de Uma Reforma - Intróito
Fotografia de Angèle
Na sequência do prometido vou abordar um caso revelador do funcionamento do estado e dos meandros da sua máquina. Tem, o caso em apreço, a vantagem de ser relatado por quem o conhece por dentro já que foi o seu principal responsável.
O ponto de partida é a frase que colhi num jornal, entretanto repetida por outros, que anuncia: “ (…) a transformação do Inatel em fundação de direito privado e utilidade pública. (…)”
Na sequência do prometido vou abordar um caso revelador do funcionamento do estado e dos meandros da sua máquina. Tem, o caso em apreço, a vantagem de ser relatado por quem o conhece por dentro já que foi o seu principal responsável.
O ponto de partida é a frase que colhi num jornal, entretanto repetida por outros, que anuncia: “ (…) a transformação do Inatel em fundação de direito privado e utilidade pública. (…)”
Não conheço os detalhes deste projecto de reforma, na sua configuração actual, mas tudo me leva a crer que se trata, no essencial, do projecto de reforma estatutária do INATEL que foi elaborado e ultimado, em duas versões sucessivas, pela direcção a que presidi.
Espero para ver qual a verdadeira natureza da sua versão final, insistentemente anunciada, nos últimos tempos, no âmbito mais vasto da reforma da administração pública.
O projecto de reforma, proposto vai para 8 anos - imaginem! - não configurava a privatização do INATEL, ou seja, a criação de uma cortina de fumo por detrás da qual se pudesse promover o desmantelamento do INATEL cuja parte mais "saborosa" seria a “venda a retalho” a privados do seu vasto e valioso património, assim como dos projectos, com potencial lucrativo, cuja execução foi cometida ao INATEL, pelo estado, ao longo de décadas.
Bati-me, aliás, sempre, em todas as circunstâncias, para defender a manutenção na esfera pública desse património, material e imaterial, ideal que o projecto de reforma consagrava o que desagradou sobremaneira a alguns mas cuja defesa mereceu a dedicação de um conjunto de dirigentes da administração que foram humilhados e perseguidos em processos que ainda não chegaram ao fim.
O que me move, neste momento é, tão só, a necessidade de repor a verdade da história para que todos fiquemos a ganhar e ninguém fique a perder. Esta é apenas uma pequena alínea do grande romance da reforma da administração pública em Portugal e também da desilusão de algumas das suas vítimas inocentes.
Atenta a natureza e formato deste suporte de informação apresento um conjunto de posts curtos contendo somente uma síntese dos episódios principais todos fundamentados em factos, sustentados em documentos, nalguns casos extensos, que não reproduzo.
(“A Verdade de Uma Reforma” - 1 de 10.)
TOLSTOY (II)
Tolstoi, jeune homme «s´en va chercher le bonheur» à Saint-Pétersbourg. Résultat : les cartes, les tziganes, les dettes, etc. «je vis comme une bête.» (Tolstoi, correspondance – 1879.)
(…)
73. À un ami : «ne demeurez pas á Moscou. Deux dangers : le journalisme et la conversation.»
76. Achever sa vie sans respect pour elle est douloureux.»
(…)
Albert Camus
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73. À un ami : «ne demeurez pas á Moscou. Deux dangers : le journalisme et la conversation.»
76. Achever sa vie sans respect pour elle est douloureux.»
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Albert Camus
“Carnets – III” - Cahier nº VII (Mars 1951/Juillet 1954)
Gallimard
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