“RETRATO CONVENCIONAL DO POETA”
Além, longe e sempre
Onde o sol e a lua e o céu
Vagos são
Como perfume pairando
Da flor desfolhada
Ou asa riscando
O azul que o céu prende
Rendido ao que o sonho ordena
E o sangue implora
Além, longe e sempre,
Lá,
Frio, lento, exangue,
Ei-lo:
Intérprete do que a flor
Nada promete
Sempre.
“Cadernos de Poesia”, 2ª Série, Lisboa, 1951,
In “Cadernos de Poesia”, Colecção Obras Clássicas da Literatura Portuguesa (118),
Campo das Letras, Porto, Novembro, 2004
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Onde o sol e a lua e o céu
Vagos são
Como perfume pairando
Da flor desfolhada
Ou asa riscando
O azul que o céu prende
Rendido ao que o sonho ordena
E o sangue implora
Além, longe e sempre,
Lá,
Frio, lento, exangue,
Ei-lo:
Intérprete do que a flor
Nada promete
Sempre.
“Cadernos de Poesia”, 2ª Série, Lisboa, 1951,
In “Cadernos de Poesia”, Colecção Obras Clássicas da Literatura Portuguesa (118),
Campo das Letras, Porto, Novembro, 2004
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Tomaz Kim
(Angola, 1915 - 1967-Lisboa)
Pseudónimo literário de Joaquim Fernandes Tomaz Monteiro-Grillo, professor universitário de profissão, poeta, tradutor e ensaísta.
O início de um curso de engenharia na Universidade de Londres apetrechou-o com um profundo conhecimento da língua inglesa, de largas repercussões para a sua futura carreira literária. Mas foi na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa que se licenciou em Filologia Germânica, sendo posteriormente convidado para leccionar na mesma instituição.
Jovem colaborador ainda nos últimos números da Presença, Tomaz Kim fundou, em 1940, com os seus amigos Ruy Cinatti e José Blanc de Portugal a primeira série da revista Cadernos de Poesia. No ano anterior estreara-se com um primeiro livro de poesia “Em Cada Dia Se Morre”, 1939 e escreveu ainda “Para a Nossa Iniciação”, 1940, “Os Quatro Cavaleiros”, 1943, “Dia da Promissão”, 1945, “Flora e Fauna”, 1958 e “Exercícios Temporais”, 1966.
Publicou ainda vários estudos e ensaios literários, além de ter traduzido diversos poetas e ficcionistas anglo-saxónicos, entre os quais T. S. Elliot.