Valham o que valham os prémios … uma justiça feita a tempo.
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sexta-feira, maio 19
"O meu país ..."
Fotografia de Angèle
(…)
O meu país são todos os amigos
que conquisto e que perco a cada instante
(…)
Ruy Belo
PEREGRINO E HÓSPEDE SOBRE A TERRA
Transporte no Tempo
(…)
O meu país são todos os amigos
que conquisto e que perco a cada instante
(…)
Ruy Belo
PEREGRINO E HÓSPEDE SOBRE A TERRA
Transporte no Tempo
COLECÇÃO DE CONCEIÇÃO NEUPARTH
Esta fotografia foi obtida, certamente, aquando da campanha para as eleições legislativas de 25 de Abril 1976. O MES, de forma autónoma, só participou nas eleições para a Assembleia Constituinte, realizadas a 25 de Abril de 1975, e nas primeiras eleições legislativas realizadas exactamente um ano depois.
A sua extinção foi o resultado de uma dura luta entre duas correntes que se confrontaram no 4º Congresso e ocorreu, como tenho vindo a documentar, através de um jantar/festa, no dia 7 de Novembro de 1981. É esta a data exacta, confirmada pelo António Pais através da sua agenda e das fotografias, de sua autoria, que testemunham as presenças nesse evento.
A revista “Sábado”, na sua edição de 11 de Março, publicou a fotografia de grupo, que deu início a esta série, sem referir a fonte o que é lamentável e não abona acerca da deontologia profissional dos autores de uma reportagem acerca da carreira política de um dos fotografados, José António Vieira da Silva, actual Ministro da Trabalho.
Outras fotografias do jantar de extinção do MES se seguirão para surpresa de alguns dos próprios fotografados.
quinta-feira, maio 18
sem título XXIX
Fotografia de Philippe Pache
Nas pedras irregulares do chão da infância
luminosas as sombras que acolhem os corpos
15 de Maio de 2004
Nas pedras irregulares do chão da infância
luminosas as sombras que acolhem os corpos
15 de Maio de 2004
JOÃO CRAVINHO NO JANTAR DE EXTINÇÃO DO MES
Fotografia de António Pais
(Clicar na imagem para ampliar)
Da esquerda para a direita: José Manuel Galvão Teles, Francisco Soares, César de Oliveira e João Cravinho
(Clicar na imagem para ampliar)
Da esquerda para a direita: José Manuel Galvão Teles, Francisco Soares, César de Oliveira e João Cravinho
quarta-feira, maio 17
PALAVRA
Praia de Faro
Amor amizade lua
salto loucura morte
o gesto que não amua
uma palavra tão doce
Hoje pela primeira vez
me apeteceu dizer-te
aquela palavra mágica
que não esquece nunca
E de cor vou dizê-la
amo amor amores
em direcção ao norte
sobem rios de rumores
25 de Novembro de 1980
(Segundo poema antigo, inédito, dedicado à Guida ainda a propósito do seu aniversário. A fotografia e o poema são da mesma época sendo este um dos primeiros que escrevi, datei e guardei, com intencionalidade poética e dedicatória.)
Amor amizade lua
salto loucura morte
o gesto que não amua
uma palavra tão doce
Hoje pela primeira vez
me apeteceu dizer-te
aquela palavra mágica
que não esquece nunca
E de cor vou dizê-la
amo amor amores
em direcção ao norte
sobem rios de rumores
25 de Novembro de 1980
(Segundo poema antigo, inédito, dedicado à Guida ainda a propósito do seu aniversário. A fotografia e o poema são da mesma época sendo este um dos primeiros que escrevi, datei e guardei, com intencionalidade poética e dedicatória.)
"...sur la mer la plus vieille ..."
Fotografia de Jérôme Sevrette (Le désordre des masses noires)
«Sur tous les chemins du monde des millions d´hommes nous ont précédés et leurs traces sont visibles. Mais sur la mer la plus vieille, notre silence est toujours le premier.»
Albert Camus
«Sur tous les chemins du monde des millions d´hommes nous ont précédés et leurs traces sont visibles. Mais sur la mer la plus vieille, notre silence est toujours le premier.»
Albert Camus
“Carnets – III” - Cahier nº VII (Mars 1951/Juillet 1954)
Gallimard
VÍTOR WENGOROVIUS NO JANTAR DE EXTINÇÃO DO MES
(Clicar na imagem para ampliar)
O mais brilhante tribuno do movimento estudantil durante a crise académica de 1961/62. Eu não tinha idade para o conhecer nessa época mas os testemunhos dos seus contemporâneos são eloquentes. Só o conheci como veterano no processo de criação do MES bastante antes do 25 de Abril.
Era uma figura pujante de energia e criatividade, prolixo, solidário e desprendido. Era a personificação do excesso para seu prejuízo pessoal e benefício da comunidade. Um socialista católico impoluto, crente e destemido, desprendido do poder e amante da partilha.
Privei com ele, nele confiava em pleno, com ele aprendi a confiar, talvez a confiar demais. Não me arrependo de ter acreditado na luz que emanava da sua dedicação às causas utópicas que as suas palavras nunca eram capazes de desenhar até ao fim. As suas palavras perseguiam a realidade que se escapava como um permanente exercício de criação.
Com ele fui a encontros clandestinos com o Pedro Ramos de Almeida, representante do PCP, buscando as alianças necessárias ao sucesso da luta anti fascista e nunca fomos apanhados pela polícia política.
Ouvi horas das suas conversas, intervenções e discursos, aprendi a ouvir, aprendi a faceta fascinante do excesso da palavra (não só com ele) e sofri, em silêncio, o lancinante drama do seu percurso pessoal perdido no labirinto das rupturas intelectuais e sentimentais.
Fiquei feliz no dia – próximo da sua morte – em que ajudei a que pudesse assistir ao musical “ O Navio dos Rebeldes”, levado à cena no Teatro da Trindade, em homenagem aos estudantes que em 61/62 se revoltaram contra a ditadura. No fim da representação um dos actores pediu licença para, à boca de cena, assinalar a sua presença e lhe prestar homenagem.
As lágrimas correram-me pela cara quando, frente ao palco, na cadeira de rodas, o Vítor pegou no microfone e, parcimonioso nas palavras, exacto e conciso, fazendo soar o timbre inconfundível da sua voz, agradeceu elogiando o trabalho teatral a que tinha acabado de assistir.
Morreu a 27 de Fevereiro de 2005 mas viverá para sempre no coração daqueles que, verdadeiramente, o conheceram.
(Ler ainda aqui)
Era uma figura pujante de energia e criatividade, prolixo, solidário e desprendido. Era a personificação do excesso para seu prejuízo pessoal e benefício da comunidade. Um socialista católico impoluto, crente e destemido, desprendido do poder e amante da partilha.
Privei com ele, nele confiava em pleno, com ele aprendi a confiar, talvez a confiar demais. Não me arrependo de ter acreditado na luz que emanava da sua dedicação às causas utópicas que as suas palavras nunca eram capazes de desenhar até ao fim. As suas palavras perseguiam a realidade que se escapava como um permanente exercício de criação.
Com ele fui a encontros clandestinos com o Pedro Ramos de Almeida, representante do PCP, buscando as alianças necessárias ao sucesso da luta anti fascista e nunca fomos apanhados pela polícia política.
Ouvi horas das suas conversas, intervenções e discursos, aprendi a ouvir, aprendi a faceta fascinante do excesso da palavra (não só com ele) e sofri, em silêncio, o lancinante drama do seu percurso pessoal perdido no labirinto das rupturas intelectuais e sentimentais.
Fiquei feliz no dia – próximo da sua morte – em que ajudei a que pudesse assistir ao musical “ O Navio dos Rebeldes”, levado à cena no Teatro da Trindade, em homenagem aos estudantes que em 61/62 se revoltaram contra a ditadura. No fim da representação um dos actores pediu licença para, à boca de cena, assinalar a sua presença e lhe prestar homenagem.
As lágrimas correram-me pela cara quando, frente ao palco, na cadeira de rodas, o Vítor pegou no microfone e, parcimonioso nas palavras, exacto e conciso, fazendo soar o timbre inconfundível da sua voz, agradeceu elogiando o trabalho teatral a que tinha acabado de assistir.
Morreu a 27 de Fevereiro de 2005 mas viverá para sempre no coração daqueles que, verdadeiramente, o conheceram.
(Ler ainda aqui)
terça-feira, maio 16
PEREGRINO E HÓSPEDE SOBRE A TERRA
Almada Negreiros
Meu único país é sempre onde estou bem
(…)
Ruy Belo
PEREGRINO E HÓSPEDE SOBRE A TERRA
Transporte no Tempo
Meu único país é sempre onde estou bem
(…)
Ruy Belo
PEREGRINO E HÓSPEDE SOBRE A TERRA
Transporte no Tempo
PEDRO OOM
Fotografia daqui
O COELHINHO QUE NASCEU NUMA COUVE
Era uma vez um coelhinho que nasceu numa couve.
Como os pais do coelhinho nunca mais aparecessem a couve passou a cuidar dele como se do seu próprio filho se tratasse.Com ervinhas tenras que cresciam ao seu redor a couve foi criando o coelhinho dentro do seu seio até que este passou a procurar a sua própria alimentação.O coelhinho, que tinha um coração muito bondoso, retribuindo o afecto que a couve lhe dedicava considerava-a como sua verdadeira mãe.A mãe couve e o seu filhinho adoptivo foram vivendo muito felizes até que um dia uma praga de gafanhotos se abateu sobre aquelas terras.O coelhinho ao ver que aqueles insectos vorazes devoravam tudo o que era verde cobriu com o seu próprio corpo o corpo da mãe couve e assim conseguiu que os gafanhotos pouco dano lhe fizessem.Quando aqueles insectos daninhos levantaram voo os campos em volta passaram a ser um imenso deserto de areias e pedra.O pobre coelhinho, que sempre tinha vivido nas proximidades da sua mãe couve, teve de deslocar-se para muitos quilómetros de distância a fim de procurar comida.Mas já nada havia que se pudesse mastigar naquelas terras.Passaram muitos dias e o pobre coelhinho estava cada vez mais magro mais magro e faminto.Então a mãe couve disse-lhe assim: “Ouve meu filho: é a lei da vida que os velhos têm de dar o lugar aos novos, por isso só vejo uma solução: assim como tu viveste durante algum tempo no meu seio, passarei a ser eu agora a viver dentro do teu. Compreendes, meu filho, o que eu quero dizer?”O pobre coelhinho compreendeu e, embora com grande tristeza na alma não teve outro remédio, comeu a mãe.
Pedro Oom
IN “2 HISTÓRIAS PARA CRIANÇAS (EMANCIPADAS) QUE ILUSTRAM A DIFERENÇA ENTRE O AMOR FILIAL E O AMOR CONJUGAL” (Também magistralmente dito por Mário Viegas em Humores, 1980)
Actuação Escrita, edição & etc (1980)
----------------------------------------------------------------------------
PEDRO OOM [Antecipo a efeméride do seu nascimento.]
Francisco Pedro dos Santos Oom do Vale nasceu em Santarém, a 24 de Junho de 1926.
Aos 2 anos acompanha a família para Setúbal e a partir dos 11 fixa-se em Lisboa. A aspiração do pai a que ingressasse no Colégio Militar nunca foi cumprida pois Pedro Oom se recusou.
Ingressa na Escola António Arroio onde conheceu Júlio Pomar, Vespeira, Mário Cesariny, Cruzeiro Seixas e outros que viriam a aderir ao surrealismo.
Aos 24 anos, órfão de pais, ingressa no INE, como funcionário público, onde segue uma carreira desconcertante de disciplina em relação ao período anterior da sua vida e um “interregno”, afastando-se de toda a actividade artística e literária ligada ao surrealismo.
Dedicou-se, entretanto, com entusiasmo, ao xadrez modalidade na qual se distinguiu.
Em 1962 dá por finda a sua vida de funcionário público, sai do INE, reingressando, dois anos passados, desta vez, no Ministério da Educação onde se dedicou a estudos de estatística sobre o ensino.
A sua obra literária, poética e panfletária, ficou dispersa sendo impregnada de uma ironia que vai dos tons mais violentos da contestação à mordacidade pessoal.
Morreu no dia 26 de Abril de 1974, pelas duas e trinta da tarde, no Restaurante “13” quando, com alguns amigos, festejava os acontecimentos que então se viviam apaixonadamente.
A sua obra foi publicada em dois volumes sob o título “Actuação Escrita” pelas Edições & etc de cujas “notas biográficas” se respigou o presente texto.
O COELHINHO QUE NASCEU NUMA COUVE
Era uma vez um coelhinho que nasceu numa couve.
Como os pais do coelhinho nunca mais aparecessem a couve passou a cuidar dele como se do seu próprio filho se tratasse.Com ervinhas tenras que cresciam ao seu redor a couve foi criando o coelhinho dentro do seu seio até que este passou a procurar a sua própria alimentação.O coelhinho, que tinha um coração muito bondoso, retribuindo o afecto que a couve lhe dedicava considerava-a como sua verdadeira mãe.A mãe couve e o seu filhinho adoptivo foram vivendo muito felizes até que um dia uma praga de gafanhotos se abateu sobre aquelas terras.O coelhinho ao ver que aqueles insectos vorazes devoravam tudo o que era verde cobriu com o seu próprio corpo o corpo da mãe couve e assim conseguiu que os gafanhotos pouco dano lhe fizessem.Quando aqueles insectos daninhos levantaram voo os campos em volta passaram a ser um imenso deserto de areias e pedra.O pobre coelhinho, que sempre tinha vivido nas proximidades da sua mãe couve, teve de deslocar-se para muitos quilómetros de distância a fim de procurar comida.Mas já nada havia que se pudesse mastigar naquelas terras.Passaram muitos dias e o pobre coelhinho estava cada vez mais magro mais magro e faminto.Então a mãe couve disse-lhe assim: “Ouve meu filho: é a lei da vida que os velhos têm de dar o lugar aos novos, por isso só vejo uma solução: assim como tu viveste durante algum tempo no meu seio, passarei a ser eu agora a viver dentro do teu. Compreendes, meu filho, o que eu quero dizer?”O pobre coelhinho compreendeu e, embora com grande tristeza na alma não teve outro remédio, comeu a mãe.
Pedro Oom
IN “2 HISTÓRIAS PARA CRIANÇAS (EMANCIPADAS) QUE ILUSTRAM A DIFERENÇA ENTRE O AMOR FILIAL E O AMOR CONJUGAL” (Também magistralmente dito por Mário Viegas em Humores, 1980)
Actuação Escrita, edição & etc (1980)
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PEDRO OOM [Antecipo a efeméride do seu nascimento.]
Francisco Pedro dos Santos Oom do Vale nasceu em Santarém, a 24 de Junho de 1926.
Aos 2 anos acompanha a família para Setúbal e a partir dos 11 fixa-se em Lisboa. A aspiração do pai a que ingressasse no Colégio Militar nunca foi cumprida pois Pedro Oom se recusou.
Ingressa na Escola António Arroio onde conheceu Júlio Pomar, Vespeira, Mário Cesariny, Cruzeiro Seixas e outros que viriam a aderir ao surrealismo.
Aos 24 anos, órfão de pais, ingressa no INE, como funcionário público, onde segue uma carreira desconcertante de disciplina em relação ao período anterior da sua vida e um “interregno”, afastando-se de toda a actividade artística e literária ligada ao surrealismo.
Dedicou-se, entretanto, com entusiasmo, ao xadrez modalidade na qual se distinguiu.
Em 1962 dá por finda a sua vida de funcionário público, sai do INE, reingressando, dois anos passados, desta vez, no Ministério da Educação onde se dedicou a estudos de estatística sobre o ensino.
A sua obra literária, poética e panfletária, ficou dispersa sendo impregnada de uma ironia que vai dos tons mais violentos da contestação à mordacidade pessoal.
Morreu no dia 26 de Abril de 1974, pelas duas e trinta da tarde, no Restaurante “13” quando, com alguns amigos, festejava os acontecimentos que então se viviam apaixonadamente.
A sua obra foi publicada em dois volumes sob o título “Actuação Escrita” pelas Edições & etc de cujas “notas biográficas” se respigou o presente texto.
segunda-feira, maio 15
MANUEL LOPES NO JANTAR DE EXTINÇÃO DO MES
Clicar na Imagem para Ampliar
Da esquerda para a direita – em baixo: César de Oliveira, Eduardo Ferro Rodrigues, Vítor Wengorovius, José Dias e Carlos Pratas. Em cima: Agostinho Roseta, Edilberto Moço (apoiado em César de Oliveira), José Manuel Galvão Teles, António Machado, Francisco Farrica, Afonso de Barros, José Galamba de Oliveira, Rogério de Jesus, Manuel Lopes e António Rosas.
Este é um grupo representativo dos fundadores do MES (Movimento de Esquerda Socialista) no jantar de extinção realizado, no antigo “Mercado do Povo”, em Outubro de 1981.
A novidade desta fotografia é a presença de Manuel Lopes, que haveria de ser um influente dirigente da CGTP, já falecido, cujo nome surgia em primeiro lugar como subscritor da declaração política inaugural do MES.
Da esquerda para a direita – em baixo: César de Oliveira, Eduardo Ferro Rodrigues, Vítor Wengorovius, José Dias e Carlos Pratas. Em cima: Agostinho Roseta, Edilberto Moço (apoiado em César de Oliveira), José Manuel Galvão Teles, António Machado, Francisco Farrica, Afonso de Barros, José Galamba de Oliveira, Rogério de Jesus, Manuel Lopes e António Rosas.
Este é um grupo representativo dos fundadores do MES (Movimento de Esquerda Socialista) no jantar de extinção realizado, no antigo “Mercado do Povo”, em Outubro de 1981.
A novidade desta fotografia é a presença de Manuel Lopes, que haveria de ser um influente dirigente da CGTP, já falecido, cujo nome surgia em primeiro lugar como subscritor da declaração política inaugural do MES.
MES
Mural de Alcântara
"A emancipação dos trabalhadores tem de ser obra dos próprios trabalhadores" Lema da primeira "Declaração do Movimento de Esquerda Socialista (M.E.S.)".
O tema do MES, apesar de reportar ao passado, suscita o interesse de muita gente, tem algumas facetas curiosas que merecem ser explicitadas e esclarecidas e envolve personagens que assumiram (e assumem) protagonismo na sociedade portuguesa contemporânea.
Surgiu a colaboração do António Pais, do Fim de Semana Alucinante, disponibilizando as fotografias que retratam os participantes do jantar de extinção do MES. Outras participações poderão surgir pelo que decidi manter aberto e vivo o tema. Ainda hoje publicarei uma nova fotografia com a respectiva legenda.
"A emancipação dos trabalhadores tem de ser obra dos próprios trabalhadores" Lema da primeira "Declaração do Movimento de Esquerda Socialista (M.E.S.)".
O tema do MES, apesar de reportar ao passado, suscita o interesse de muita gente, tem algumas facetas curiosas que merecem ser explicitadas e esclarecidas e envolve personagens que assumiram (e assumem) protagonismo na sociedade portuguesa contemporânea.
Surgiu a colaboração do António Pais, do Fim de Semana Alucinante, disponibilizando as fotografias que retratam os participantes do jantar de extinção do MES. Outras participações poderão surgir pelo que decidi manter aberto e vivo o tema. Ainda hoje publicarei uma nova fotografia com a respectiva legenda.
domingo, maio 14
SOLIDÃO NA CIDADE
Fotografia de François Le Diascorn
(…)
e são longos os dias longe de nós próprios
(…)
Ruy Belo
SOLIDÃO NA CIDADE
Transporte no Tempo
(…)
e são longos os dias longe de nós próprios
(…)
Ruy Belo
SOLIDÃO NA CIDADE
Transporte no Tempo
sábado, maio 13
sexta-feira, maio 12
MES - FUNDADORES NO JANTAR DE EXTINÇÃO
Fotografia de António Pais
Da esquerda para a direita, Agostinho Roseta, Edilberto Moço, José Manuel Galvão Teles, António Machado, Francisco Farrica, Afonso de Barros e António Rosas. Desta vez fui capaz de os identificar a todos, sem necessidade de ajuda, como se fossem familiares próximos.
Esta é a segunda da série de fotografias, de autoria de António Pais, registando os convivas que participaram no jantar de extinção do MES em Outubro de 1981.
O grupo representado nesta fotografia tem uma característica singular: são todos fundadores do MES tendo subscrito as suas declarações inaugurais. Podem conferir aqui.
Assinalo a mistura de intelectuais licenciados com intelectuais operários. Do lado dos primeiros: J.M.Galvão Teles e Afonso de Barros; do lado dos segundos: E. Moço e A. Machado (operários da TAP), F. Farrica (operário electricista) e A. Rosas (técnico têxtil). Agostinho Roseta era o mediador perfeito.
Este é um grupo representativo para a compreensão da peculiar natureza política do MES originário: profissionais liberais, revelados pela crise estudantil de 1961, reunidos com activistas operários e sindicais, não comunistas, surgidos das lutas de base dos finais dos anos 60. Inteligência+força+rebeldia. Ainda hão-de surgir, em próximas fotografias, as restantes componentes.
Curiosamente, nenhuma destas figuras surge na fotografia de grupo, anteriormente publicada, sendo que Afonso de Barros, tal como Agostinho Roseta, morreu prematuramente. Nada sei do António Rosas que vive, em Budapeste, na Hungria.
Pela parte que me toca não subscrevi, publicamente, nenhum documento até aos finais de 1974 por estar a cumprir o serviço militar.
Da esquerda para a direita, Agostinho Roseta, Edilberto Moço, José Manuel Galvão Teles, António Machado, Francisco Farrica, Afonso de Barros e António Rosas. Desta vez fui capaz de os identificar a todos, sem necessidade de ajuda, como se fossem familiares próximos.
Esta é a segunda da série de fotografias, de autoria de António Pais, registando os convivas que participaram no jantar de extinção do MES em Outubro de 1981.
O grupo representado nesta fotografia tem uma característica singular: são todos fundadores do MES tendo subscrito as suas declarações inaugurais. Podem conferir aqui.
Assinalo a mistura de intelectuais licenciados com intelectuais operários. Do lado dos primeiros: J.M.Galvão Teles e Afonso de Barros; do lado dos segundos: E. Moço e A. Machado (operários da TAP), F. Farrica (operário electricista) e A. Rosas (técnico têxtil). Agostinho Roseta era o mediador perfeito.
Este é um grupo representativo para a compreensão da peculiar natureza política do MES originário: profissionais liberais, revelados pela crise estudantil de 1961, reunidos com activistas operários e sindicais, não comunistas, surgidos das lutas de base dos finais dos anos 60. Inteligência+força+rebeldia. Ainda hão-de surgir, em próximas fotografias, as restantes componentes.
Curiosamente, nenhuma destas figuras surge na fotografia de grupo, anteriormente publicada, sendo que Afonso de Barros, tal como Agostinho Roseta, morreu prematuramente. Nada sei do António Rosas que vive, em Budapeste, na Hungria.
Pela parte que me toca não subscrevi, publicamente, nenhum documento até aos finais de 1974 por estar a cumprir o serviço militar.
quinta-feira, maio 11
CASIMIRO DE BRITO
O primeiro livro de poesia que comprei foi “Jardins de Guerra”, de Casimiro de Brito, edição da Portugália Editora – Novembro de 1966. Foi comprado em Faro no mês de Março de 1967. O poeta é natural de Loulé mas sempre o considerei um poeta da minha terra: Faro.
AMBIENTES
Fotografia do amistad de António José Alegria
Uma imagem, certamente de Marrocos, que me faz lembrar o ambiente da minha infância. Os ladrilhos cor de tijolo à vista do mar azul, os odores do mediterrâneo, os dias quentes, as gentes deambulando na azáfama compassada do quotidiano.
Albert Camus descrevia este ambiente da sua Argélia num texto que sublinhei e anotei na minha primeira leitura dos “Cadernos”:
“Abril.
Uma imagem, certamente de Marrocos, que me faz lembrar o ambiente da minha infância. Os ladrilhos cor de tijolo à vista do mar azul, os odores do mediterrâneo, os dias quentes, as gentes deambulando na azáfama compassada do quotidiano.
Albert Camus descrevia este ambiente da sua Argélia num texto que sublinhei e anotei na minha primeira leitura dos “Cadernos”:
“Abril.
Primeiros dias de calor. Sufocante. Todos os animais estão deitados. Quando o dia começa a declinar, a natureza estranha da atmosfera por cima da cidade. Os ruídos que nela se elevam e se perdem como balões. Imobilidade das árvores e dos homens. Pelas esplanadas, mouros de conversa à espera que venha a noite. Café torrado, cujo aroma também se eleva. Hora suave e desesperada. Nada para abraçar. Nada onde ajoelhar, louco de reconhecimento."
(Nesta página escrevi à mão em frente a Abril: “3-1968-Faro-Cais”. O ambiente da Argélia natal de Camus tem algo a ver com o ambiente de Faro, a minha cidade natal. Devia ser o período das Férias de Páscoa. Curiosamente nas vésperas do “Maio de 68”)
Extractos, in Cadernos (1962-Editions Gallimard), tradução de Gina de Freitas, Colecção Miniatura das Edições “Livros do Brasil”, Caderno nº1 (Maio de 1935/Setembro de 1937).
Extractos, in Cadernos (1962-Editions Gallimard), tradução de Gina de Freitas, Colecção Miniatura das Edições “Livros do Brasil”, Caderno nº1 (Maio de 1935/Setembro de 1937).
POESIA
Obras-primas de Margarida Delgado
(…)
Quente e humana embora na aparência fria
que a todos se destine a poesia
Ruy Belo
PRIMEIRO POEMA DE MADRID
Transporte no Tempo
(…)
Quente e humana embora na aparência fria
que a todos se destine a poesia
Ruy Belo
PRIMEIRO POEMA DE MADRID
Transporte no Tempo
quarta-feira, maio 10
MES - COM AGOSTINHO ROSETA NO JANTAR DE EXTINÇÃO
Fotografia de António Pais
Na sequência desta fotografia, do jantar de extinção do MES, o António Pais, surpresa das surpresas, enviou-me mais esta – e ameaça com outras – na qual surjo arengando aos convivas acompanhado pelo Agostinho Roseta. (Obrigado Helena).
Resplandece a Maria Olímpia (Pimpas) e, à direita, meio encoberto, o Francisco Soares. Continua por completar a legenda da foto colectiva, apesar da ajuda do Tugir e do Glória Fácil, que se refere ao MES aqui, aqui e aqui.
Na sequência desta fotografia, do jantar de extinção do MES, o António Pais, surpresa das surpresas, enviou-me mais esta – e ameaça com outras – na qual surjo arengando aos convivas acompanhado pelo Agostinho Roseta. (Obrigado Helena).
Resplandece a Maria Olímpia (Pimpas) e, à direita, meio encoberto, o Francisco Soares. Continua por completar a legenda da foto colectiva, apesar da ajuda do Tugir e do Glória Fácil, que se refere ao MES aqui, aqui e aqui.
terça-feira, maio 9
ANIVERSÁRIO
um poema simples
denso e cheio de paz
ficaria leve como uma pena ao vento
que volteia, dá mil pinos sem partir,
e na minha cabeça
criar-se-ia um silêncio raro
e crente na exactidão das coisas.
Tal como os ruídos domésticos
fazem o à-vontade
deixaria então partir esta dor
no temporal direito
que quase me tolhe o braço
e com o espaço por ela deixado
faria na cabeça um barco
enorme e vazio
onde tomando o lugar
do tripulante solitário
rumaria em direcção à rua
do verão da minha infância
de regresso ao mar amado.
28 de Dezembro de 1981
28 de Dezembro de 1981
(Fotografia e poema, peças inéditas, respectivamente de Julho e Dezembro de 1981, em homenagem a minha mulher Guida no dia do seu aniversário.)
AGOSTINHO ROSETA
Agostinho Roseta morreu no dia 9 de Maio de 1995, na plena pujança das suas faculdades humanas, intelectuais e políticas. A sua morte prematura impediu que tivesse, muito provavelmente, exercido influência ainda mais marcante, a partir de 1995, no movimento sindical, no Partido Socialista e, quiçá, no governo.
Ele foi, no movimento operário e sindical, o activista mais importante do MES associando juventude (ou talvez melhor, jovialidade), capacidade teórica e sentido prático de organização sendo, ao mesmo tempo, persuasivo, sedutor e desprendido do poder.
Falar de pessoas é sempre muito delicado mas não receio cometer qualquer injustiça destacando a influência marcante de Agostinho Roseta na formação pessoal e política de um vasto e influente conjunto de dirigentes políticos e sindicais portugueses.
Lembro-o, além do mais, pela amizade sincera que sempre por ele nutri, aliás, retribuída, e porque foi ele o primeiro, entre todos nós, que mais cedo compreendeu o fracasso do projecto político do MES optando por dedicar as suas imensas capacidades de liderança ao movimento sindical.
O dia da sua morte coincide, ironicamente, com o dia de aniversário de minha mulher a quem pedi para reconstruir a última imagem que dele possuo: uma fotografia de grupo registada, certamente, em 27 de Outubro de 1994 na celebração do 4º aniversário de meu filho.
(Dedicado à sua mulher Helena e a seus filhos, reescrevendo um post de Março de 2004. Sem esquecer outro de Abril do mesmo ano.)
segunda-feira, maio 8
INATEL - FUNDAÇÃO
Laetitia Casta
A Resolução que identifico e reproduzo, na íntegra, no IR AO FUNDO E VOLTAR, no que respeita ao Ministério do Trabalho, confirma a decisão, a que me refiro no artigo “A Verdade de uma Reforma”, a propósito do INATEL. Para que conste e conhecimento de todos os interessados.
DR 79 – Série I – B – Presidência do Conselho de Ministros – Resolução do Conselho de Ministros nº 39/2006 de 21 de Abril de 2006 – Aprova o Programa para a Reestruturação da Administração Central do Estado.
A Resolução que identifico e reproduzo, na íntegra, no IR AO FUNDO E VOLTAR, no que respeita ao Ministério do Trabalho, confirma a decisão, a que me refiro no artigo “A Verdade de uma Reforma”, a propósito do INATEL. Para que conste e conhecimento de todos os interessados.
DR 79 – Série I – B – Presidência do Conselho de Ministros – Resolução do Conselho de Ministros nº 39/2006 de 21 de Abril de 2006 – Aprova o Programa para a Reestruturação da Administração Central do Estado.
“e) Deixarão de integrar o MTSS, saindo da administração central do Estado:
ii) O Instituto Nacional para Aproveitamento dos Tempos Livres dos Trabalhadores, I. P. - INATEL, sob a forma de fundação de direito privado e utilidade pública;”
(Agradecimentos ao TeoDias com ilustração para despistar a aridez do assunto.)
domingo, maio 7
SÉGOLÈNE ROYAL
Fotografia daqui
Ségolène Royal – mais que provável candidata às próximas eleições presidenciais francesas.
Ségolène Royal – mais que provável candidata às próximas eleições presidenciais francesas.
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