Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
quinta-feira, fevereiro 3
Apontamentos políticos pós eleições (3)
Para qualquer observador atenta tornam-se pungentes as dificuldades dos OCS, comentadores e quejandos, para encontrarem um novo registo pós eleitoral face ao resultado das legislativas antecipadas. Desorientados, espera-se o pior quando acordarem do pesadelo.
"Os números de cirurgias programadas e de consultas hospitalares do Serviço Nacional de Saúde (SNS) voltaram aos níveis da pré-pandemia." (In Público")
quarta-feira, fevereiro 2
NEVE A SUL
Na madrugada do dia 1 para 2 de fevereiro de 1954 a meteorologia fez uma surpresa ao sul de Portugal. Para surpresa de todos - pois as previsões não seriam tão meticulosas e divulgadas - nevou a sul. Da janela da casa onde nasci, em Faro, na manhã de dia 2 de fevereiro de 1954, pude ver pela primeira vez neve ainda assim abundante. Foi uma festa que nunca mais esqueci, nem se repetiu pelo menos com aquela intensidade. Vejam só como as surpresas do clima são coisa antiga.
Apontamentos políticos pós eleições (2) - "O CDS já foi …"
Reproduzo o que escrevi em dezembro passado:
Outro acontecimento relevante do dia politico foi a decisão do PSD de não fazer uma coligação pré eleitoral com o CDS. Não é dificil alcançar o resultado desta decisão: o CDS, partido histórico da nossa democracia pluripartidária, terá um resultado desastroso ficando reduzido à insignificãncia. Assim a última barreira à extrema direita será o próprio PSD correndo o risco de, no final das contas, ficar prisioneiro dela. A ver vamos.
terça-feira, fevereiro 1
Apontamentos políticos pós eleições (1)
O posicionamento politco do BE e do PCP chumbando a proposta de OE para 2022 mostrou uma incompetência politica das respetivas direções confrangedora. Todos os argumentos justificativos para aquele chumbo sabem a falso. Costa joga na politica como um judoca de alto nível no judo.
segunda-feira, janeiro 31
PS - UMA VITÓRIA HISTÓRICA
Extraordinária vitória do PS nas eleições legislativas. Um feito daqueles que fica para a história alcançado nas mais dificeis condições de crise pandémica, económico social, ainda para mais por maioria absoluta. Deixo, por hoje, simplesmente o registo que correspondeu ao meu anseio e também ao meu voto. Que no próximo futuro Costa, como primeiro ministro e a equipa que venha a escolher, sejam dignos da confiança que o povo poturguês, sábio como sempre, lhes concedeu.
domingo, janeiro 30
NUNO TEOTÓNIO PEREIRA - EM MEMÓRIA NO DIA DO SEU 100º ANIVERSÁRIO
O Arquitecto Nuno Teotónio Pereira foi uma daquelas personalidades raras na qual se juntavam um notável curriculum profissional e uma postura de intervenção cívica, persistente e pertinente, assumida desde os tempos da oposição à ditadura. Ele foi, na verdade, um dos arquitectos portugueses contemporâneos capaz, como poucos, de integrar, sem cedências à facilidade, as preocupações sociais e a arte de «arquitectar». Há por esse país muitas obras de sua autoria, ou co-autoria, que testemunham esta simbiose.
Nos tempos de brasa do 25 de Abril foi um dos mais proeminentes dirigentes do MES, posição que saiu reforçada aquando da ruptura do grupo de Jorge Sampaio, ocorrida no 1º Congresso de Dezembro de 1974. O MES, na sua curta existência, só participou, de parte inteira, nas duas primeiras eleições da nossa III República: as eleições para a Assembleia Constituinte, disputadas em 25 de Abril de 1975, e as primeiras eleições para a Assembleia da República disputadas em 25 de Abril de 1976.
As nossas esperanças iniciais eram muitas elevadas. A lista do MES, pelo círculo de Lisboa, às eleições para a Assembleia Constituinte, foi encabeçada pelo Afonso de Barros a que se seguiram o Eduardo Ferro Rodrigues, o Augusto Mateus e o Luís Martins (padre, ainda a exercer…). A lista candidata às primeiras eleições legislativas, realizadas em 25 de Abril de 1976, foi encabeçada pelo Nuno Teotónio Pereira, seguido do subscritor destas linhas.
Poder-se-ia pensar que o MES havia encontrado o seu líder. Puro engano. Ao contrário dos restantes partidos, sem excepção, a personalidade que encabeçava a lista por Lisboa nunca foi, no caso do MES, o líder do partido pela simples razão de que no MES nunca existiu um líder. O que hoje penso é que, por incrível que pareça, sempre assumimos, do princípio ao fim, o que poderia designar-se como uma obsessão pelo colectivo.
Estávamos perante as primeiras eleições, verdadeiramente, livres e democráticas, após quase 50 anos de ditadura. Ainda hoje me interrogo como foi possível que tenhamos, no MES, encarado essas eleições, cuja transcendência política era inegável, como meros actos de pedagogia, mais do que actos destinados à disputa do poder. Ainda hoje me questiono acerca das raízes da concepção que permitiram à UDP (com o BE ainda tão longe!) ter obtido, nas eleições para a Assembleia Constituinte, menos votos do que o MES, a nível nacional, e feito eleger um deputado.
Existem muitas evidências dessa atitude de participação «não interesseira» do MES, desde o discurso anti-eleitoralista, que emanava de uma desconfiança, de raiz ideológica, acerca da verdadeira natureza da democracia representativa que, na verdade, aceitávamos como um mal menor, até à ausência de sinais de personalização nas campanhas eleitorais nas quais nunca foram utilizadas sequer fotografias dos cabeças de lista pelo círculo de Lisboa. A participação nas campanhas, embora tenha utilizado todos os meios, à época disponíveis, nunca cedeu um milímetro à personalização.
Após o fracasso da candidatura do MES à constituinte, ainda mais me parece estranho, a tão grande distância, a abdicação de personalizar na figura do Nuno Teotónio Pereira a campanha para as eleições destinadas a eleger a 1ª Assembleia da República. A sua participação como cabeça de lista pode ser interpretada, não me lembrando dos detalhes do processo decisório, como uma tentativa de credibilizar o MES jogando na refrega eleitoral a figura do seu mais proeminente dirigente.
Mas, ao contrário do que aconselharia a mais elementar lógica eleitoral, a campanha não valorizou a figura do Nuno Teotónio Pereira o que acabou por constituir o haraquiri político eleitoral do MES. Lembro-me de ter ocupado o segundo lugar nessa lista e do desconforto que senti quando, chegada a hora de votar, numa secção de Benfica, no meio da multidão, comovido até às lágrimas, sozinho, pressenti a derrota inevitável. E essa derrota foi ainda mais pesada do que aquela que averbámos nas eleições para a Assembleia Constituinte.
O Nuno Teotónio Pereira não merecia sair derrotado da aventura política do MES a quem, como escrevi, em 2004 , devemos todos, os jovens quadros dos anos 60 e 70, uma imensidade de ensinamentos, gestos de desprendida solidariedade e humanidade que jamais pudemos retribuir com a mesma intensidade e sentido de dádiva.
Que viva!
(Texto escrito pelo seu 93º aniversário com ligeiras alterações).
sábado, janeiro 29
CANADÁ
Canadá um país que é lider mundial em tantos indicadores de bem estar .... a contas com os negacionistas - a que se juntam toda a qualidade de arruaceiross - e nós num pacato dia de reflexão antes de umas pacíficas eleições legislativas que espero não levem os arruaceiros cá da terra para a área do poder... .
"O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, bem como a respetiva família, foram deslocados da residência oficial para um local não revelado devido a receios relacionados com os protestos antivacinas para a covid-19, segundo a agência Efe." (Dos jornais).
sexta-feira, janeiro 28
VOTAR
O apelo ao voto é algo de natural em regime democrático. Ou, não é? Votar é a posição mais natural em regime democrático. Ou, não é?
Está na moda escarnecer os políticos, cavar a desilusão, enegrecer o quadro da descrença. Mas as eleições vão ditar vencedores e vencidos. Se nós não votarmos, alguém vai "votar por nós".
Se não votarmos o "buraco negro" do não dito, ou do "não inscrito", vai crescer. É a via indolor para a autocracia mediática ou para a autocracia ela própria. Mais vale prevenir que remediar. Mais vale que as sondagens sejam menos promissoras para o PS. Para estimular o voto no PS.
quinta-feira, janeiro 27
VACINAR, VACINAR
Coisas importantes a quem já ninguém liga coisa nenhuma
Mais de 4,629 milhões de pessoas já receberam a dose de reforço da vacina contra a Covid-19, mais de 71 mil das quais esta quarta-feira, anunciou hoje a Direção-Geral da Saúde.
Segundo o relatório diário da vacinação, 94% das faixas etárias dos idosos entre os 70 e 79 anos (910 mil) e com mais de 80 anos (609 mil) já foram vacinados com o reforço da imunização contra o coronavírus SARS-CoV-2.
Mais de 1,099 milhões (87%) das pessoas entre os 60 e 69 também já levaram a dose de reforço, número que baixa para mais de um milhão no grupo etário dos 50 aos 59 anos (71%).
Os dados da DGS indicam ainda que mais de 301 mil crianças entre os 5 e os 11 anos já iniciaram a vacinação contra a Covid-19 e que mais de 8,785 milhões de pessoas têm a vacinação primária completa em Portugal.
No que se refere à gripe sazonal, o relatório refere que estão vacinadas perto de 2,552 milhões de pessoas, 3.978 das quais receberam a vacina na quarta-feira.
“Relativamente ao dia anterior, foram registadas um total de 78.464 inoculações de vacinas contra a Covid-19 (esquema primário completo e reforço) e contra a gripe”, avançou a DGS.
DIA DA MEMÓRIA DAS VITIMAS DO HOLOCAUSTO
A 27 de janeiro de 1945 as tropas soviéticas chegaram ao campo de concentração de Auschwit e libertaram os sobreviventes.
Tenho em casa uma brochura do meu velho professor de liceu Elviro Rocha Gomes, intitulada “Hitler – Quem foi e como chegou ao poder”, um libelo acusatório implacável do nazismo e do seu chefe.
Essa brochura abre com os números do holocausto. Entre muitos outros: “250 mil ou talvez perto de 300 mil (mortos) só em 1944, em Auschwitz; 8 milhões de mártires, ao todo, em todos os campos de concentração.”
Para que conste neste dia..
COMBATER A EXTREMA DIREITA
Algumas notas finais acerca das eleições na fase derradeira da campanha eleitoral: um ponto tenho por adquirido, desde a juventude: não ser complacente, nem por ingenuidade, nem por interesse, com a extrema direita. Não como entidade politica abstrata que concorre a eleições democráticas, pois a tolerância (e a lei que lhe corresponde) é própria da natureza da democracia. Mas combater por todos os meios que a democracia coloca ao nosso dispor, desde logo com o voto livre, a intolerância, seja sob que forma for que é o cerne dos programas, e das práticas politicas, dos partidos populistas de extrema direita. A história está carregada de exemplos terríveis dos resultados nefastos da fraqueza dos democratas em enfrentar e combater as derivas radicais, em particular, de extrema direita populista e quantas vezes protofascista.
"Segundo António Costa, para o PS, o muro que o "separa da extrema-direita, não começa à porta do Conselho de Ministros".
"O muro começa nos valores fundamentais no qual assenta a dignidade humana. Já vimos bem que nos Açores não foi preciso que a extrema-direita estivesse sentada no Governo Regional para condicionar a política do PSD. Não queremos que na República aconteça aquilo que acontece nos Açores. E, tal como não há almoços grátis, também não há viabilizações grátis de Governo", acrescentou." (Dos jornais)
terça-feira, janeiro 25
BRINCANDO COM COISAS SÉRIAS
"O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, adiantou hoje algumas das propostas que quer realizar "quando for ministro da Defesa" e reclamou que o seu partido "sempre defendeu" os ex-combatentes, sendo "o original" e não a cópia." (Dos jornais).
AS PALAVRAS
Tenho observado com frequência a pouca atenção que as pessoas dão às palavras. Explico-me. Um homem simples (com simples não quero dizer parvo, e sim não-eminente) tem uma opinião, critica uma instituição ou crença geral; sabendo que a maioria das pessoas não pensa assim, cala-se, na suposição de que não vale a pena falar, pois o que pudesse dizer não mudaria coisa alguma. Trata-se de um erro grave. Eu ajo de outro modo. Por exemplo, sou contra a pena de morte. Sempre que me aparece uma oportunidade, manifesto-me a respeito, não porque ache que, com isso, o Estado a vá abolir, mas porque estou convencido de que assim contribuo para o triunfo das minhas ideias. Pouco me importa que ninguém concorde comigo. O que eu disse não foi em pura perda. Talvez alguém repita minhas palavras e elas cheguem a ouvidos que as ouçam e as perfilhem. Quem sabe se futuramente algum daqueles que ora discordam de mim não se vai lembrar, numa ocasião propícia, daquilo que eu disse e convencer-se ou pelo menos sentir abalada sua opinião em contrário. - O mesmo vale para diversas outras questões sociais, das que exigem acção. Reconheço que sou tímido e não sei agir. Por isso limito-me a falar. Não acho, porém, que minhas palavras sejam em vão. Outro agirá, mas essas palavras – de mim, o tímido, - terão facilitado a acção e limpado o terreno.
KAVAFIS, K. Reflexões sobre Poesia e Ética. SP: Ática, 1998
segunda-feira, janeiro 24
O ABSTENCIONISTA
Faltam 8 dias para o voto nas eleições legislativas. Ao contrário do voto nos partidos nos quais não voto, nem nunca votei, o pior é o não voto, ou seja, a ausência voluntária nas urnas. Após quase meio século de ditadura, com um ou outro simulacro de eleições sempre falsificadas, o abstencionista é um cobarde cujo desinteresse esconde uma vontade do quanto pior melhor, no tempo que é o nosso, um facilitador da tirania, ou seja, da supressão da liberdade.
ELEIÇÕES - OS DEFEITOS DO PS
Os defeitos do PS, e do seu governo, são criticáveis mas, até ao presente, são suplantados pelo facto de as suas políticas enfrentarem com coragem e determinação, simplesmente, os desafios do que, no presente, “tem que ser feito”. E, quer queiramos quer não, já não é nada pouco.
domingo, janeiro 23
JÁ SE VOTA ...
Hoje vai haver o voto em mobilidade algo que apesar de todas as criticas ao imobilismo do sistema eleitoral é um grande progresso. O Dr. RR ironizou quando o Dr. AC anunciou que iria votar em mobilidade por se encontrar em campanha eleitoral no Porto. Se for possível legalmente fazer sondagens à boca das urnas hoje teremos então um verdadeiro e mais aproximado retrato das intenções de voto nestas eleições. A esta hora já muita gente votou ...
sexta-feira, janeiro 21
CHILE
Nós por cá andamos em campanha eleitoral e covid, sondagens e arruadas, proclamações e dichotes, o normal numa campanha eleitoral normal em legislativas anómalas. Se, entre nós, a direita ganhar estas legislativas será porque a esquerda as perdeu e ficaremos nas antípodas politicas do Chile.
"O Presidente eleito do Chile, Gabriel Boric, nomeou hoje um Governo com uma maioria de mulheres, um facto sem precedentes no continente americano." (Da imprensa)
quarta-feira, janeiro 19
EUGÉNIO DE ANDRADE NO DIA DO SEU ANIVERSÁRIO - um texto escrito aquando da sua morte
Tenho lá em casa um livro recente com uma dedicatória que lhe pediu a Manuela. Muitas vezes lhe pego, folheio e releio. Sei do peso das palavras mesmo quando as palavras na sua voz se tornam leves. Aprendi a fúria dos silêncios e a doçura das ausências. A amar quem nos ama e a fingir que se esquece quem nunca se esquece. Li há pouco os poemas que dedicou aos amigos mortos. Nunca desesperados, como que pacientes ralhetes, tão belos, sem rancores nem invejas. Eugénio de Andrade morreu. É a lei da vida. Vejo o mar desta janela. Toldado por nuvens ameaçadoras de chuva. O que me apetece dizer quando morrem em catadupa as velhas glórias do passado de todas as lutas mesmo que delas não partilhemos o sentido é o silêncio. Mas Eugénio de Andrade libertou as palavras das grilhetas que as prendiam, deixou que elas dissessem tudo o que entendessem, disse-nos, pacientemente, que as palavras não se querem aprisionadas pelo silêncio. Que viva!
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