Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sexta-feira, maio 19
CONTAS E CRISE POLITICA
Ainda na sequência dos bons números nas previsões para a nossa economia. A coisa é dificil de lidar para as oposições como sempre foi lembrando-me da vitória de Clinton e da exclamção posterior "É a economia, estúpido!". Qual a pressa em derrubar o governo? Quais as razões para as hesitações de Marcelo? Ao contrário de todas as aparências o tempo jogo em desfavor das oposições. Com deficit 0, inflação a planar para baixo, dívida em queda, o governo dentro de pouco tempo tomará medidas que trarão os bons números macro para a vida quotidiana das famílias e das empresas. Criar uma crise politica agora será interromper não só a legislatura como lançar desconfiança sobre os bons resultados alcançados. Quem o fizer pagará a fatura ao contrário de todas as aparências, o tempo conta a favor do governo.
segunda-feira, maio 15
BONS NÚMEROS
A Comissão Europeia (depois do FMI) apresentou hoje a previsão dos grandes números da nossa economia(e das outras) para 2023. Quem dera a qualquer governo dispor de tais previsões. Crescimento económico robusto no contexto contrariando as previsões pessimistas de alguns meses atrás, inflação contida com previsão de queda aos longo dos próximos meses, deficit 0, que é o que vai ser, divida pública a declinar ... Os criticos cépticos dirão que são aparências sem impacto nas condições de vida dos cidadãos, mas o pior para eles, caso a tendência se confirme e consolide, é que dentro de meses o governo terá condições para tomar medidas de alívio fiscal a juntar a acréscimos das remuneração da função pública, digo eu ...
Não é fácil ser oposição com boa economia, sempre foi assim e será, ...
domingo, maio 14
INCURSÃO FUTEBOLISITICA
Uma incursão futebolisitica nesta época de desencanto face ao fenómeno do futebol profissional. Não vem agora ao caso as razões desse desencantopra dizer que os lubes que sempre forma do meu coração estão à beira do sucesso. O Farense está bem posicionado para subir à divisão de topo e o Benfica à beira de se sagrar campião nacional. Ficarei contente se as previsões de realizarem.
PS
A ideia de cercar o PS tem uma longa tradição de insucessos. Quem conheça um pouco da história contemporânea portuguesa reconhece facilmente episódios demonstrativos do fracasso dessa ideia. Não vou enumerar os episódios que tiveram protagonistas vários sendo o mais notável Mário Soares. O que esteve, e está, sempre em questão é o modelo escolhido em 1975/76 da democracia representativa. O insucesso deste cerco sempre se deveu à recusa da maioria dos portugueses ao regresso de um regime autoritário seja qual for a forma que assuma. O cerco ao PS virar-se-à sempre contra os seus promotores porque o PS é o centro do nosso regime democrático. Centro no sentido mais geral que se quiser entender. Quem não perceber isto ...
sábado, maio 13
FRANCISCO CONTRA "LEI DA EUTANÁSIA" - A IGREJA CATÓLICA MUDA DEVAGAR ...
"56. Enquanto os lucros de poucos crescem exponencialmente, os da maioria situam-se cada vez mais longe do bem-estar daquela minoria feliz. Tal desequilíbrio provém de ideologias que defendem a autonomia absoluta dos mercados e a especulação financeira. Por isso, negam o direito de controlo dos Estados, encarregados de velar pela tutela do bem comum. Instaura-se uma nova tirania invisível, às vezes virtual, que impõe, de forma unilateral e implacável, as suas leis e as suas regras. Além disso, a dívida e os respetivos juros afastam os países das possibilidades viáveis da sua economia, e os cidadãos do seu real poder de compra. A tudo isto vem juntar-se uma corrupção ramificada e uma evasão fiscal egoísta, que assumiram dimensões mundiais. A ambição do poder e do ter não conhece limites. Neste sistema que tende a devorar tudo para aumentar os benefícios, qualquer realidade que seja frágil, como o meio ambiente, fica indefesa perante aos interesses do mercado divinizado, transformados em regra absoluta." In EXORTAÇÃO APOSTÓLICA - EVANGELII GAUDIUM DO PAPA FRANCISCO - 24 de novembro de 2013
terça-feira, maio 9
Pelo aniversário da morte do Agostinho Roseta - 9 maio 1995
“A virtude é meritória, hoje. Os grandes sacrifícios não são continuados. Os mártires são esquecidos. Eles erguem-se. As pessoas olham-nos. Uma vez tombados, os jornais continuam.”
Albert Camus - in Cadernos
segunda-feira, maio 8
CONTRA O IDADISMO
"O especialista em Direito fiscal e financeiro Eduardo Paz Ferreira celebrou este fim de semana 70 anos, idade em que é imposta a aposentação obrigatória na Administração Pública. Esta segunda-feira dá a sua última lição na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, mas recusa-se a parar de trabalhar. No livro que vai lançar este mês, com o título “Devo fechar a porta?”, escreve um manifesto contra o “idadismo”, a discriminação dos mais velhos, nomeadamente no trabalho. Em entrevista ao Expresso, diz que há uma guerra de gerações, lamenta a falta de voz e de representação política dos idosos", In "Expresso"
domingo, maio 7
MÃE
Reconheço o amor nos olhos que me olham com desmedida atenção enquanto durmo. Os olhos de minha mãe adoravam ter esperança no futuro no qual jogava a sua crença de ir mais longe. A primeira mulher da minha vida. A mais ousada na sua imprevisível arte de romper barreiras e chegar mais além. A fonte da força que me mantém de pé contra todas as adversidades. Uma mulher de um só homem que não era homem de uma só mulher. A fidelidade nascida da tradição que não da fraqueza ou da futilidade. A irreverência herdada da rudeza do campo, das agruras da natureza à força de puxar a besta e de encaminhar a água à raiz certa não fosse perder-se uma gota. A escola da escassez sonhando a fartura que havia de vir fruto do trabalho honrado. Não perder tempo chorando o tempo perdido. Fazer do tempo um passeio para espairecer e voltar ao arado da vida com sonhos lá dentro. A mulher que se fez a si própria descobrindo os outros e o que se pode e se não pode fazer com eles. Aceitar mudar e escolher o caminho da mudança. Tactear o caminho levando ao colo os seus amores. A primeira mulher que acreditou no caminho hesitante que me havia de fazer homem. Sem saber para onde ia ao certo. Nem ninguém sabia, ninguém nunca sabe, mas não duvidou que havia de chegar a um lugar onde brilharia o sol e sou capaz de a lembrar como a minha primeira mulher. Aquela que mais me amou, sempre me amou além do que a vida pode conter de riqueza material. Um dia ao fim de uma longa caminhada sem sequer saber dos meus males escolheu morrer nos meus braços. A mais sublime homenagem que alguém pode prestar a alguém. De súbito suavemente, na alegria da celebração da juventude, deixou para sempre a esfusiante tradição de me abraçar como se fosse a criança que para ela nunca deixara de ser. [21/1/2008]
.
quinta-feira, maio 4
MENSAGENS
A mensagem do PR parece anunciar a sua passagem à oposição. Veremos o que acontece nos próximos tempos. Não será a primeira vez que tal acontece pois me lembro bem de Soares presidente em oposição a Cavaco primeiro ministro. É um clássico sob diversas nuances no nosso regime. Como votei em Marcelo nas últimas eleições se ele passar à oposição passarei a opor-me a ele. Nada de importante mas somente pretendo sinalizar que os socialistas que nele votaram, pelo menos a sua grande maioria, deixarão de lhe dar importância. Como alguém hoje referiu nessa chuva de comentários nas TVs ganha, desde já, mais importância a escolha do próximo candidato presidencial a apoiar pelo PS.
NOJO
"Youtuber vai ao Parlamento a convite da Iniciativa Liberal e publica vídeo com ofensas ao primeiro-ministro" in "Expresso". Esta sim é uma ponta do iceberg populista com a IL no comando.
quarta-feira, maio 3
OUTRA VEZ - POLITICA
É um enigma a origem, e as razões, da crise politica. Está em funções um governo fundado numa maioria saída de eleições; apesar da guerra, da crise energética e da inflação, os indicadores económicos são bons; a contestação social é moderada e focada em setores públicos - professores ... O que será que conduz aos sinais de crise politica? O governo está em funções faz um ano e pouco, a perspetiva de evolução da economia é encorajadora, as medidas sociais já tomadas, e outras que virão, atenuam as perdas dos setores mais vulneráveis. Será a gestão dos vultuosos fundos europeus? Os tempos e os prazos da sua gestão? Apertados, com fim em 2026 ou pouco depois se houver renegociação! Coincidente com o tempo do mandato do PR e do governo na sua fórmula atual.
POLITICA
Neste tempo cinzento de incertezas, no qual sobressae o calculismo, eis que Costa dá um murro na mesa, evidenciando a importância do risco e da coragem na politica.
segunda-feira, maio 1
1º de maio
1º de maio de 1974. O dia da afirmação da reconquista da liberdade. Nesse dia o MES saiu à rua pela primeira vez, foi o seu dia inaugural. As fotografias de autoria da Rosário Belmar da Costa chegaram-me às mãos, anos atrás, através do António Pais. 49 anos depois saúdo os presentes e ausentes.
domingo, abril 30
VIDA
Este domingo a sul, perto da casa onde nasci, reina o silêncio quente como sempre o conheci. Lembro a familia que me acolheu e moldou para a vida. (Nesta fotografia, a do lado paterno.)
sexta-feira, abril 28
ANIVERSÁRIO
Dia de aniversário, a vida celebra-se a si própria, sem parança, com os olhos sempre postos no futuro.
quarta-feira, abril 26
26 ABRIL - 1 DE MAIO 1974
Entre a madrugada do dia 25 de Abril e o 1º de Maio de 1974 vivi enclausurado no Quartel do Campo Grande, em Lisboa, onde hoje funciona uma universidade privada e naquela época estava sedeado o 2º Grupo de Companhias de Administração Militar. Lá entrei já a madrugada ia alta, tal conjurado, com o António Dias, após termos perseguido, de carro, a coluna do Salgueiro Maia desde a sua entrada no Campo Grande até ao Terreiro do Passo.
Já contei essa história. De todas as imagens que guardo na memória a mais impressiva é a da fragilidade da coluna revoltosa. Não sabia quem a comandava mas o impensável viria a tornar-se realidade. E a vitória dos mais fracos deveu-se, tão-somente, à justeza das suas razões e à coragem do seu líder. Aos leitores mais ortodoxos do colectivismo assinalo que falo num símbolo. Também sei que, desde sempre, reinou a desconfiança, entre os “donos” da mudança, a respeito de Salgueiro Maia, como hoje reina a desconfiança a respeito de tantos que ousam tomar toda e qualquer iniciativa de mudança (o que é a mudança, hoje?).
Para os “donos” da revolução nem todos devem desfilar na Avenida da Liberdade mas quis o destino – ou a ordem de operações – que quem primeiro nela desfilou fosse Salgueiro Maia que, oferecendo o peito às balas, fez estalar o click que mudou o rumo da história. Olhem com atenção para as imagens que, por vezes, passam na TV. Esse comandante, Salgueiro Maia, era um entre muitos e quem dirigia as operações era um comando com a seguinte constituição: Amadeu Garcia dos Santos, Hugo dos Santos, José Eduardo Sanches Osório, Nuno Fisher Lopes Pires, Otelo Saraiva de Carvalho e Vítor Crespo. O coordenador era Otelo por decisão do Movimento das Forças Armadas. [Ver a “Fita do Tempo da Revolução - A noite que mudou Portugal”.]
O tempo faz esquecer. O tempo é malicioso. O tempo mata a memória. Salgueiro Maia não era um oficial crente nos amanhãs que cantam, dizem até que era conservador mas, perdoem-me o plebeísmo, “tinha-os no sítio”, estão a compreender! Para dar lume a uma revolução mais vale um conservador com “eles no sítio” do que um revolucionário desertor da coragem no momento da verdade.
Quem fez triunfar a revolução não foi Ramalho Eanes, nem Spínola, nem Costa Gomes, não foi nenhum General estrelado pelo Antigo Regime, ou promovido administrativamente pelo novo, quem decidiu o triunfo da revolução foram os “capitães” e o povo, que alargaram à rua o posto de comando e que tomando a rua para si tudo decidiram. Não cito mais nomes, pois todos sabem os nomes, e em nome do povo sempre, à distância de tantos anos, podem caber todos os nomes.
A revolução foi branda para com os seus inimigos, perdoou-lhes os crimes, ofereceu o seu sangue em troca da liberdade, ganhou a admiração do mundo e isso é o seu legado histórico mais valioso. Os antigos carrascos da liberdade: os PIDES, os censores, os legionários, todos os esbirros da ditadura, seus ajudantes e admiradores, ganharam o direito a viver em liberdade, ainda hoje se cruzam connosco nas ruas e nos locais de trabalho, emitem opinião, sendo detentores de todos os direitos cívicos e políticos.
Mas se a nossa revolução foi branda para com os carrascos da liberdade pode orgulhar-se da grandeza de lhes oferecer o bem mais precioso que eles sempre negavam aos seus benfeitores. Os verdadeiros comandantes da Revolução foram generosos. Mas que ninguém, verdadeiro amante da liberdade, espere que os aspirantes a tiranos lhes retribua tanta generosidade. Por isso é prudente que, para preservar a liberdade, a democracia não vacile no combate aos seus inimigos.
terça-feira, abril 25
A liberdade
Nos momentos de ruptura é necessário fazer escolhas. No período pós 25 de Abril as nossas escolhas resultaram, algumas vezes, de erros de avaliação resultantes de apressadas opções ideológicas e intelectuais.
Nunca duvidei, pessoalmente, da primazia que a liberdade deve tomar no confronto com a justiça. Mas, em todos os tempos, em épocas de crise, em períodos pós guerra ou pós revolução, se suscita a questão da relação entre a justiça e a liberdade.
Camus escreveu, no período pós 2ª guerra mundial, algo que sintetiza, com clareza, o alcance deste dilema: "Se me parecia necessário defender a conciliação entre a justiça e a liberdade, era porque aí residia em meu entender a última esperança do Ocidente. Mas essa conciliação apenas pode efectivar-se num certo clima que hoje é praticamente utópico. Será preciso sacrificar um ou outro destes valores? Que devemos pensar, neste caso? (...) Finalmente, escolho a liberdade. Pois que, mesmo se a justiça não for realizada, a liberdade preserva o poder de protesto contra a injustiça e salva a comunidade..."
Foi este, em síntese, também o nosso dilema. A nossa escolha, neste dilema histórico, foi a liberdade. Hoje não me interessam tanto as pessoas com as quais partilhei os acontecimentos do passado. Interessam-me mais aquelas com as quais possa partilhar os acontecimentos do futuro.
Mas não esqueço as marcas gravadas a fogo na minha memória pelo 25 de Abril de 1974 nem as pessoas admiráveis com as quais vivi esse sonho inigualável que foi a reconquista da liberdade. Se a nossa consciência de homens livres tem algum valor preservemos a capacidade de não nos deixarmos aprisionar pelo esquecimento e pelo medo. Para que nunca se cumpra o receio que Jorge de Sena, um dia, expressou nos seus versos: "Liberdade, liberdade, tem cuidado que te matam."
(A fotografia, de autor desconhecido, retrata-me a mim próprio com o João Mário Mascarenhas na porta de armas do quartel do Campo Grande num dos dias de 25 de abril a 1 de maio de 1974.)
segunda-feira, abril 24
Mário Viegas
O oficial miliciano mais fascinante do meu Quartel era o Mário Viegas. O seu estatuto no serviço militar era apropriado ao seu talento de actor.
Vivemos em comum aqueles momentos inesquecíveis em que a liberdade foi devolvida aos portugueses. Tinha por ele um natural fascínio que sempre me retribuiu até à sua morte prematura.
No dia 1 de Maio de 1974, se não erro, no Quartel do Campo Grande, assisti ao acontecimento mais extraordinário de toda a minha vida. Havia que festejar o que agora comemoramos com nostalgia. O refeitório foi transformado numa sala de espectáculos. Nele se reuniu toda a gente.
Imaginem o elenco daquela festa improvisada: Carlos Paredes, Zeca Afonso e Mário Viegas. Todos mestres geniais na sua arte. A certa altura o Mário Viegas subiu para o tampo de uma mesa e a poesia brotou, em palavras ditas, como se diante de nós se revelasse um novo mundo ou tivéssemos da vida renascido.
Subscrever:
Mensagens (Atom)