sábado, junho 24

RÚSSIA

Conhecemos alguma coisa da história da Europa e das guerras travadas no passado. Sabemos que a Rússia não é conquistável pois é um continente, a que corresponde uma potência continental; nem Napoleão nem Hitler, apesar de terem tentado foram capazes de ocupar a Rússia. Mas hoje em dia a questão é outra: a Rússia, após as vicissitudes da queda da URSS, mostra vontade de reconquistar os territórios perdidos que na sua grande maioria correspondem a Nações com sua história própria, várias vezes retalhadas e invadidas por potências imperiais. Não há guerra que não termine com um tratado de paz. Não há paz que não seja negociada. Todos o sabemos. Mas antes da paz a guerra destrói e mata os justos. Encobre negócios milionários e ideologias. Para mim é suficiente saber onde está a predominância da democracia e da liberdade para escolher o meu campo, tanto dá ser a ocidente como a oriente, a leste ou a oeste. Hoje, aqui e agora, o meu campo está a ocidente pois apesar de todos os defeitos das democracias liberais elas são garantia maior da liberdade de escolha, da plena expressão do pensamento e da inicitiva livre dos cidadãos, sem donos nem tutelas. Por tudo uma guerra pode justificar-se para salvar a liberdade contra os arautos das virtudes das tiranias. Essa guerra hoje, com todas as suas consequências, sendo urgente escolher, é contra a Rússia até que mude de rumo ou caso persista até ser levada de vencida

sexta-feira, junho 23

CALOR

Calor abrasador. Quando sinto este bafo quente na rua, em lisboa, sei que podem arder os campos de arvoredo por esse país fora. Além do desastre da destruição da natureza, seja qual for a sua estrutura física, os incêndios florestais põem a nu a pobreza que a longura dos campos, por vezes tão perto das cidades, em vão dá a ilusão de esconder. O desastre situa-se de ambos os lados da barricada, tal como nas guerras, pois um incêndio, afinal, não é mais do que uma batalha perdida de que sobram os escombros que o tempo removerá. Nem todos podemos ter acesso direto ao inferno na terra, nem sequer a encarar o diabo feito labareda vociferante. Como já tem sido dito, e escrito, por quem sabe o país paga, com regular falta de parcimónia, o preço pelo desprezo a que vota o tempo e pela gula endeusada do sucesso (lucro) imediato. Haja saúde!

quarta-feira, junho 21

SOLSTÍCIO DE VERÃO

O solstício de verão ocorreu hoje, dia 21 de junho. O dia mais longo do ano carregado de simbolismo que se perde na profundidade do tempo. Caminhamos sobre uma pelicula fina que separa uma civilização fundada nos valores da liberdade, da democracia e da paz e uma deriva populista que, se não for travada a tempo, nos conduzirá para a tirania e a guerra. Os homens, no tempo que é o seu, cada um individualmente considerado, e todos, enquanto comunidade, são os responsáveis pela escolha do modelo de sociedade em que querem viver. Fotografia de Hélder Gonçalves

terça-feira, junho 20

FUTEBOL II

Ao amante do futebol é muito dificil suportar a sensação de manipulação da informação acerca de assuntos do futebol. E ainda mais quando crescem os indícios de as fontes estarem contaminadas por redes criminosas.

domingo, junho 18

FUTEBOL

Gosto muito de futebol, do jogo pelo jogo e nada do que se passa fora do jogo. O futebol parece ter-se transformado num veiculo que, de forma paradoxal, legitima a propaganda de alguns métodos da criminalidade pura que, noutros domínios da vida em sociedade, é perseguida, de forma implacável, em nome da justiça.

terça-feira, junho 13

FERNANDO PESSOA - NASCIDO EM 13 JUNHO 1888

“Saber não ter ilusões é absolutamente necessário para se poder ter sonhos. Atingirás assim o ponto supremo da abstenção sonhadora, onde os sentidos se mesclam, os sentimentos se extravasam, as ideias se interpenetram. Assim como as cores e os sons sabem uns a outros, os ódios sabem a amores, e as coisas concretas a abstractas, e as abstractas a concretas. Quebram-se os laços que, ao mesmo tempo que ligavam tudo, separavam tudo, isolando cada elemento. Tudo se funde e confunde.” “Livro do Desassossego” – Fernando Pessoa, aliás, Bernardo Soares, Ajudante de Guarda-Livros na Cidade de Lisboa

segunda-feira, junho 12

PR

Se bem entendi as declarações do PR acerca da manifestação dos professores em Peso da Régua vão no sentido da desvalorização da gravidade do acontecimento. Trata-se de uma manifestação racista (não intereesa o número de manifestantes) que não sendo condenada é incentivada. O PR atua na mesma linha de declarações passadas quando desvalorizou os crimes de assédio sexual praticados por membros igreja católica (suponho que também uma minoria). O PR parece um pouco confuso na compaginação da função com as suas convições profundas. A acompanhar os próximos episódios...

SUMAR

"Agustín Santos Maraver, embajador de España ante la ONU, será el número dos de Yolanda Díaz en las listas de Sumar por Madrid." (In El Pais) Por cá inexiste informação credível acera das eleições legislativas de julho em Espanha. A emergência do partido SUMAR, reunindo todos os partidos e forças à esquerda do PSOE, é um fato novo que será determinante para travar a extrema direita. E atenção que é muito redutor apelidar este espaço politico como de extrema esquerda. Veremos.

domingo, junho 11

CRIME PÚBLICO

RACISMO

Um dia faz anos, deve ter sido por volta de 2015, num restaurante pela hora do pós almoço passava na TV reportagem na qual apareceu António Costa. Dois sujeitos ao balcão vociferaram "monhé". Tomei a inicitiva de lhes chamar a atenção que as suas palavras era uma manifestação racista. Ripostaram e ripostei, veio à baila o 25 de abril. No meio da guerra de palavras não sei a razão disse-lhes que no 25 de abril tinha participado como militar. Aí baixaram de tom e desistiram. No dia seguinte percebi a razão. O gerente informou-me que eram policias. Neste dia 10 de junho lembrei-me deste episódio para dizer que há mesmo muitos racistas na nossa sociedade. Talvez levar o racismo ao Conselho de Estado!

sexta-feira, junho 9

ALAIN TOURAINE - RIP

Alain Touraine (n. 1925) é, ao mesmo tempo, um sociólogo do terreno, professor e pensador "com discípulos espalhados pelo mundo", disse, ao apresentá-lo esta quinta-feira, no ICS, Marinús Pires de Lima, seu antigo aluno em Paris, como outros sociólogos portugueses de renome, alguns deles ali na sala. Tem 23 livros publicados, quatro dos quais de 2005 para cá (o último, Penser Autrement, saiu em Outubro, na Fayard). Vários encontram-se traduzidos em português. Director da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, desde 1960, professor, entre 1960 e 1969, na Universidade de Paris X - Nanterre, fundador do CADIS (Centro de Análise e de Intervenção Social), a sua obra desenvolve-se em torno da noção de "sociologia da acção", de que o sujeito (indivíduo) é a figura central. Os grandes objectos de estudo de Touraine, segundo Marinús Pires de Lima, podem dividir-se em quatro períodos: Sociedade do Trabalho, em que pesquisou junto de operários das minas de carvão e da siderurgia, no Chile, e das fábricas da Renault, em França, centrando a sua atenção na sociologia da consciência operária e na sociedade pós-industrial; Maio de 68, queda das ditaduras na Europa, iniciada em Portugal em 1974, e o sindicato Solidariedade, na Polónia, período em que passou a usar o seu "método de intervenção sociológica", que viria a conservar até hoje; o regresso da noção do "actor", central nas pesquisas a que procede, nas quais considera o sujeito o princípio central da acção dos movimentos sociais; e, por fim, o mundo das mulheres. Apesar de uma atenção constante - e pioneira, nalguns casos - a novos problemas, críticos apontam-lhe uma escassa atenção a questões essenciais, hoje, como, por exemplo, o impacte das novas tecnologias e da globalização na educação e na democracia. (in Público)

quarta-feira, junho 7

Françoise Gilot - RIP

Um dia dei-me conta que tinha perdido este livro que muito prazer me deu ler. Procurei-o tempos sem fim em alfarrabistas. Por fim um deles foi ao fundo da loja e apareceu-me com o livro da mão. Fiquei feliz.

PESSOA - UMA BIOGRAFIA

Leitura finalizada. Pessoa- uma biografia, de Richard Zenith. As forças e fraquezas de um homem e uma obra fora do comum. Simplesmente uma curiosidade satisfeira.

terça-feira, maio 30

MAIO

Final de maio, o mês das flores, que muitas mãos acariciam - como a minha mãe gostava de rosas - e encantam em todos os canteiros vivos por esse mundo fora. Os homens, a mais das vezes, não são merecedores de apreciar a sua beleza que, para sorte da humanidade inteira, se espraia por fora deles. O mercantilismo, sem principios, tende a matar a justiça, capturando-a, tornando-a parte dos negócios. O desespero de muitos à mingua do pão exige um fortalecimento da justiça para defesa da liberdade. Muito mais além do que um valor abstrato a liberdade merece, tal como as flores, os maiores cuidados. Não como ornamento de uma sociedade injusta mas como garantia de ser possível lutar pela plenitude do exercício dela. A imprensa, em todas as suas formas, exige ser servida por cidadãos livres o que se mostra cada vez mais dificil à nossa observação. E, no tempo presente, o mais perigoso nem são os meios da imprensa tablóides que todos sabem do formato e dos fins que prosseguem, mas dos meios chamados de referência que lutam pelas audiências e cedem, em prol do que julgam ser a sua salvação económica, às facilidades do populismo.

segunda-feira, maio 29

MAIO 1945

Maio de 1945. A vitória das forças aliadas lançou uma onda de euforia em Portugal O povo saíu, em massa, à rua celebrando a derrota do nazi fascismo. Os rostos espelham a alegria de uma vitória para a qual Portugal, na verdade, não tinha contribuído. Muitos portugueses viveram a genuína esperança da iminente restauração da democracia. Mas a política ambígua de Salazar, a que se designou de neutralidade, deixou Portugal isolado no contexto da reconstrução material e política da Europa. Salazar assustou-se mas não caíu. Portugal perdeu 29 anos que é o tempo que mediou entre Maio de 1945 e Abril de 1974.

domingo, maio 28

JUÍZO

A terminar a leitura de uma notável biografia de Fernando Pessoa, dou-me conta que a sua vida adulta coincidiu com o tempo da primeira república. Em 1910 Pessoa tinha 22 anos. Retomo, através da leitura, o contato com muitos episódios desse tempo e mais me espanto com muitos dos episódios do nosso tempo. Alguns dirigentes politicos deste tempo que é o nosso proclamam as virtudes da instabilidade politica, apoucando uma maioria democrática, vociferando ameaças como se vivessemos em ambiente de guerra civil. Mas vivemos em ambiente de paz num tempo de guerra. Alguns, como os mais velhos do bloco, como que enlouqueceram tomando o PS como seu inimigo principal Tomai juizo!

sábado, maio 27

UM CÃO CHAMADO BENFICA

Já não vejo pelas ruas cães vadios como no outro tempo em que fazia a pé o caminho de casa até à escola. Vejo cães de companhia, pela trela, presos na perna da mesa da esplanada enquanto os seus donos tomam café. Ladram e assustam as crianças nas entradas dos estabelecimentos. Os cães vadios devem ter sido exterminados ou vejo-os com olhos diferentes de quando era criança. Numa das poucas fotografias na qual pouso, na época da minha adolescência, vejo-me acompanhado por um cão lá de casa que se chamava Benfica. Reconheço a roupa que me cobria o corpo magro. Faz, quase sempre, calor pelas terras do sul. E o Benfica, indiferente, acompanha-me mal sabendo que aquela é uma das poucas roupas daquele tempo do nada acontecer. Um dia os meus pais esqueceram-se, não sei a razão, do Benfica para os lados dos campos de meus avós maternos. Contaram-me que uns dias depois voltaram ao local e lá estava o Benfica, resistente, na paciente espera. Sempre me quis parecer que ficaram roídos de dores na consciência e que foram na busca do acaso ao reencontro. E tudo correu pelo melhor para felicidade de todos e, em particular, do Benfica. Um dia o Benfica morreu mas não me lembro os detalhes. Devem ter-me escondido o infausto evento ou fui eu que me escondi dele. Mas para mim o Benfica, mesmo perdendo-se na ganância de ganhar, nunca morre.

sexta-feira, maio 26

TOMAR POSIÇÃO

Uma tomada de posição perante tanto desvario politico em defesa da democracia e da liberdade deveria ser simplesmente uma tomada de posição. Mas no caso da tomada de posição de Ferro Rodrigues (hoje através do Público) é mais do que isso face ao silêncio de tantos dirigentes do PS que se mantêm mudos e quedos. "Há momentos em que a não intervenção pode ser confundida com neutralidade." Quem tem responsabilidades na vida pública, estando ou não no ativo, tem por obrigação ver a terreiro, tomando partido, dando opinião, intervindo pois essa é a tradição politica que se deve prezar numa sociedade que se quer aberta. Esta tomada de posição, clara e equilibrada, vale por si.