quinta-feira, março 7

AS RAZÕES DO MEU VOTO NO PS (4)

No presente poucos se referem à situação económico financeira alcançada após oito anos de governo do PS (com ou sem maioria absoluta). É um enigma que nem o PS em campanha arvore esses indicadores como bandeira. Mas a realidade é mais forte do que o esquecimento. O deficit e a divida pública situam-se em níveis de assinalável dimensão positiva. Ainda hoje foi noticidao que a França e a Alemanha entraram em crise orçamental e não se antevê, mantendo-se a politica adotada em Portugal, que possamos cair de novo em crise. O mesmo com o emprego que continua em alta, com a inflação em baixa, ou seja, nada aconselha a mudanças que ponham em causa esta trajetória. O PS, através dos seus governos, tem sido uma garantia de estabilidade orçamental e de crescimento económico que nada fica a dever à maioria dos países da UE.

quarta-feira, março 6

AS RAZÕES DO MEU VOTO NO PS (3)

É pela política que o PS vai lá! É pela política que o PS pode aspirar a ganhar eleições! Uma das linhas distintivas do PS em relação aos restantes partidos é a questão da liberdade. A defesa da liberdade pode ser penosa para outros partidos, menos para o PS. É a bandeira da liberdade que o PS não pode, em circunstância alguma, deixar de levantar porque é ela que distingue o PS, pela história e pela acção quotidiana, dos restantes partidos, à sua esquerda e à sua direita. Albert Camus, no conturbado período do pós guerra (1945) escreveu: “Finalmente, escolho a liberdade. Pois que, mesmo se a justiça não for realizada, a liberdade preserva o poder de protesto contra a injustiça e salva a comunidade.” (…) [In Cadernos nº 4]. E Jorge de Sena, nos alvores da Revolução de Abril, em 4 de Junho de 1974, escreveu no magnífico poema “Cantiga de Maio” este verso emblemático: “Liberdade, liberdade, tem cuidado que te matam.” Será o eleitorado de esquerda capaz de compreender o que está em jogo nestas eleições?

terça-feira, março 5

AS RAZÕES DO MEU VOTO NO PS (2)

Todos sabem o que vai acontecer. As mulheres são maioritárias na sociedade. É certo que nem todas as maiorias geram diferenças de qualidade. Muito menos garantem a conquista do poder. Mas no caso das mulheres, no mundo ocidental, há um detalhe decisivo: o fenómeno crescente da feminização do trabalho. Vai longe o tempo heróico das utopias feministas que, em Portugal, foram protagonizadas por Maria Veleda ou Carolina Beatriz Ângelo. As mulheres são já maioritárias num conjunto alargado de profissões e exercem uma forte influência social. Toda a gente sabe quais são essas profissões. Com quotas, ou sem quotas, hoje, é a sociedade que “empurra” as mulheres para a ocupação de lugares no topo das instâncias de decisão política. Este movimento, salvo qualquer cataclismo imprevisível, é irreversível. As mulheres vão ocupar o poder. Não é por serem mulheres nem sequer por serem mais ou menos competentes que os homens. Não é por uma questão de beleza física ou de sedução mediática. Pois se a maioria do eleitorado é constituído por mulheres … É por encarnarem uma forma diferente de olhar os problemas da sociedade. É por abrirem um espaço vital para a esperança na reabilitação da política. (O PS apresenta no territorio nacional, pela primeira vez, listas para as eleições legislativas de 10 de março, com dez cabeça de lista mulheres em vinte.) Fotografia de minha mãe.

segunda-feira, março 4

AS RAZÕES DO MEU VOTO NO PS (1)

A democracia mede-se pelo grau de respeito pelas liberdades fundamentais que radicam no direito de escolha. Escolher é o contrário de ser forçado. Escolher é poder, perante várias alternativas, decidir qual é a que se adequa aos interesses e valores de cada um. O direito de escolha não limita ninguém. A sua impossibilidade condiciona. A ausência do direito de escolha contraria a liberdade, legitimando ditaduras e discriminações. Os cidadãos têm direito de escolher entre casar ou viver em união de facto; têm direito a decidir, perante a sua consciência, divorciar-se ou sujeitar-se à violência de uma relação insatisfatória; têm direito a escolher a pessoa com quem querem viver e a forma como o querem fazer, sem discriminações em função do sexo, da etnia, da orientação sexual, da deficiência ou da religião; têm direito a decidir se querem ou não ter filhos; têm direito de errar e de não ser condenados a viver ou a condenar outrem a viver os efeitos desse erro. Ajudar os cidadãos a ter a liberdade de escolher (o casamento, a união de facto, o aborto, o divórcio, a transmissão dos bens) é uma das funções mais nobres do Estado Democrático. Não o compreender, não o aceitar e não o defender deixa dúvidas sobre o grau de tolerância e de respeito pela dignidade dos seres humanos.

domingo, março 3

PALPITES XXXLVI

A direita - a extrema e não só - promove o ambiente propício para a violência e o PR promove ações inintelegíveis como o voto antecipado do próprio. A verdade é que, no final do seu magistério, vai deixar o país mergulhado em divisão e instabilidade.

sábado, março 2

COISAS DA VIDA

"Standard & Poor's sobe a notação do risco de crédito de Portugal: 13 anos depois, a dívida pública regressa à primeira divisão. S&P alinha, agora, a avaliação com as outras três principais agências internacionais de notação financeira, que no ano passado tiraram o país dos níveis 'B', colocando-o novamente nos níveis ‘A’, onde se agrupam os emitentes de dívida de menor risco." (in EXPRESSO)

sexta-feira, março 1

10 março

Tenho duas certezas acerca das eleições de 10 de março próximo: serão nesse dia (auguro) e votarei no PS. De resto não há nenhuma novidade especial salvo a emergência da extrema direita às portas do poder. Digo sem novidade pois o sentido de tais desenvolvimentos já ocorrem por todo o lado. ( A extrema direita está nos governos de Itália, Eslováquia, Hungria, Países Baixos - ainda sem governo - e pode seguir-se a França ... o coração da Europa sem falar da Argentina, USA ...). Os mais experientes nestas coisas já passaram por muitas experiências duras e, como sempre, o mais relevante é separarem-se as águas e salvaguardar-se a democracia, a liberdade de escolher. ( Na fotografia eu próprio e o João Mário Mascarenhas na porta de armas do quartel do Campo Grande - 2º GCAM - entre os dias 25 de abril e 1 de maio de 1974.)

quarta-feira, fevereiro 28

terça-feira, fevereiro 27

VÍTOR WENGOROVIUS

No dia 27 de fevereiro de 2005 morreu Vítor Wengorovius. Ele merece ser evocado sempre, correndo todos os riscos, pois fez da sua própria vida um risco. Aqui deixo, em sua memória, um texto antigo. O mais brilhante tribuno do movimento estudantil durante a crise académica de 1961/62. Eu não tinha idade para o conhecer nessa época mas os testemunhos dos seus contemporâneos são eloquentes. Só o conheci como veterano no processo de criação do MES bastante antes do 25 de Abril. Era uma figura pujante de energia e criatividade, prolixo, solidário e desprendido. Era a personificação do excesso para seu prejuízo pessoal e benefício da comunidade. Um socialista católico puro e impoluto, crente e destemido, desprendido do poder e amante da partilha. Privei com ele, nele confiava em pleno, com ele aprendi a confiar, talvez a confiar demais. Não me arrependo de ter acreditado na luz que emanava da sua dedicação às causas utópicas que as suas palavras nunca eram capazes de desenhar até ao fim. As suas palavras perseguiam a realidade que se escapava como um permanente exercício de criação. Com ele fui a encontros clandestinos com o Pedro Ramos de Almeida, representante do PCP, buscando as alianças necessárias ao sucesso da luta anti fascista e nunca fomos apanhados pela polícia política. Ouvi horas das suas conversas, intervenções e discursos, aprendi a ouvir, aprendi a faceta fascinante do excesso da palavra (não só com ele) e sofri, em silêncio, o lancinante drama do seu percurso pessoal perdido no labirinto das rupturas intelectuais e sentimentais. Fiquei feliz no dia – próximo da sua morte – em que ajudei a que pudesse assistir ao musical “ O Navio dos Rebeldes”, levado à cena no Teatro da Trindade, em homenagem aos estudantes que em 61/62 se revoltaram contra a ditadura. No fim da representação um dos actores pediu licença para, à boca de cena, assinalar a sua presença e lhe prestar homenagem. As lágrimas correram-me pela cara quando, frente ao palco, na cadeira de rodas, o Vítor pegou no microfone e, parcimonioso nas palavras, exacto e conciso, fazendo soar o timbre inconfundível da sua voz, agradeceu elogiando o trabalho teatral a que tinha acabado de assistir. Morreu a 27 de Fevereiro de 2005 mas viverá para sempre no coração daqueles que, verdadeiramente, o conheceram.

segunda-feira, fevereiro 26

Autárquicas 2017: Pedro Passos Coelho na apresentação da candidatura de ...

Regresso aqui para assinalar o sentido politico do discurso de PPC na sessão da AD em Faro. Preparar uma aliança com a extrema direita para aceder ao poder. Claro como a água contrariando a posição declarada por Montenegro.

domingo, fevereiro 25

O MEU IRMÃO DIMAS

Passam hoje 20 anos sobre a morte do meu irmão Dimas. Foi um empreendedor antes do tempo, íntegro e honrado, fez-se homem pelo trabalho duro. Morreu cedo e lembro-o sempre como um amante da liberdade.

sábado, fevereiro 24

TOMAR O PARTIDO DA UCRÂNIA

A Rússia de Putin passou da doutrina estratégica dos anúncios à ação mostrando ao mundo a sua faceta e ambição imperial. O assunto é sério e coloca frente a frente duas conceções do mundo e do governo dos povos: totalitarismo ou democracia. Uma contraposição antiga e que nos tempos modernos é nossa conhecida em muitos confrontos sangrentos. Até este dia não se devisam os caminhos do cessar fogo e da concórdia em direção à paz. Por ora as palavras e as ações são de guerra e por isso mesmo, além da interpretação da torrente das notícias, não podemos nem devemos, os democratas e pacifistas lúcidos, deixar de tomar partido. O totalitarismo é o modelo, proposto através da força e da chantagem nuclear, pela Rússia e seus aliados declarados ou acobertados no clássico abstencionismo. Se a guerra alastrar e tomar novas formas preparemos as nossas defesas para as suas consequências e sejamos honrados tomando o partido e lutando pela democracia e liberdade.

sexta-feira, fevereiro 23

CORRUPÇÃO

Após o debate entre lideres partidários de hoje na RTP apetece fazer um comentário acerca da questão da corrupção. Nunca ninguém refere a propósito de prevenção ou combate à corrupção a questão que é a mais importante: as pessoas. Quando predominam pessoas honradas nos lugares suscetiveis de gerar fenómenos de corrupção ela não tem lugar.

quarta-feira, fevereiro 21

O CERCO AO CAPITÓLIO

"Polícias no Capitólio: IGAI pede à PSP e GNR “para apurar o que aconteceu” na noite do debate entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro". Os acontecimentos a que assistimos são da maior gravidade. Estranho o silêncio do PR.

OS TRÊS ABSURDOS

“21 de Fevereiro de 1941. Terminado Sisyphe. Os três Absurdos estão acabados. Começos de liberdade.” Albert Camus, in Caderno” n.º 3 (Abril de 1939/Fevereiro 1942) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard). Camus refere-se à primeira trilogia constituída pelas obras reunidas em torno do conceito do absurdo: o romance “O Estrangeiro”, o ensaio “O Mito de Sísifo” e o drama “Calígula”.

segunda-feira, fevereiro 19

A BRINCAR AOS POLÍCIAS

"A PSP vai comunicar ao Ministério Público a marcha de hoje e a concentração de polícias junto ao Capitólio, em Lisboa, por o protesto não estar autorizado, disse à Lusa fonte da Direção Nacional."

domingo, fevereiro 18

PALPITES XXXLV

Amanhã vai ser divulgada uma sondagem que coloca o PS na frente das intenções de voto. Mas para as próximas eleições legislativas, no ano de todas as eleições, as únicas certezas são que se realizam a 10 de março de 2024 e que a extrema direita condicionará todas as soluções, salvo se a esquerda for maioritária.

sexta-feira, fevereiro 16

JUSTIÇA - 2

A justiça mediática, e da opinião pública, não perdoa nos juízos e condenações na praça pública. A justiça da república não pode contar com os rituais e as vestes, herdadas de outros tempos, para se impor na defesa do interesse público, os seja, dos cidadãos. Os rituais e as vestes formais da justiça valem o que valem mas não impedem que, um dia, se venha a confrontar, de forma brutal, com a triste realidade da sua insignificância face às sentenças dos tribunais de cada redacção e da mesa de cada café. Já está, aliás, confrontada com essa realidade. Na justiça, o que parece ser a regra, e não a excepção, é a ausência de prazos. Os processos correm, correm, correm, …e, no dia da sentença, do arquivamento, da prescrição … já ninguém se lembra de nada … é triste a justiça a que temos direito. Mas a justiça é uma questão política. São os políticos, eleitos pelo povo, os responsáveis pelos crimes que se consumam ao não se fazer justiça em tempo útil. A responsabilidade pelo colapso do sistema de justiça, em Portugal, recai, no essencial, nas costas dos políticos. Passaram, após o 25 de Abril, anos e anos de discursos pomposos, lado a lado com práticas lancinantes de incúria que abrem, de par em par, as portas às maiores injustiças. A corrupção é um caso paradigmático deste lamaçal.