terça-feira, outubro 12

Adélia Prado




Tenho dificuldade em comer folhas,
mesmo as que eu próprio lavo
com óculos de aumento e rios d´água.
Minha carne quer outra carne,
vermelha entre dourados
de gordura amarela gotejante.
Não me vale saber das excelências do verde,
meu lábio treme à vista de suculências.
Aos rigores da lei
- paulina ou não –
minha fortaleza é a da mostarda.
Um grão.

Na minha recente visita de trabalho a Porto Alegre entrei na tal livraria e encontrei, além do último livro de Ferreira Gullar, também o último de Adéla Prado: A Duração do Dia. O poema acima transcrito ostenta este título extraordinário: O Noviço e a Abstinência de Preceito.
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3 comentários:

Galeota disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Galeota disse...

" O poder humanizador da Arte"

Eduardo Graça disse...

Explicando um pouco melhor em homenagem a Galeota que me segue com uma atenção atenta (desculpem ...)um dia, em Lisboa, vi um livro de Adélia Prado numa livraria que é da editora que a edita (ou editava) a ela por cá. Por acaso estava lá o editor e perguntei-lhe a que se devia tal edição. Que sim, editavam, em Portugal, Adélia Prado, e comprei o livro disponível. Não conhecia a poesia de Adélia. Fiquei fascinado e comprei outros. Até comprei um para dar como prenda de anos a uma ilustre e amiga personagem da nossa política ... É um caso de amor à primeira vista ...