Este é o tempo frio invernal e faz tempo que não escrevo aqui direto na tela branca como gosto. A questão do tempo fez-me lembrar um excerto magnifico do texto do Papa Francisco na EXORTAÇÃO
APOSTÓLICA - EVANGELII GAUDIUM:
O tempo é superior ao espaço
222. Existe uma tensão bipolar entre a plenitude e o limite.
A plenitude gera a vontade de possuir tudo, e o limite é o muro que nos aparece
pela frente. O «tempo», considerado em sentido amplo, faz referimento à
plenitude como expressão do horizonte que se abre diante de nós, e o momento é
expressão do limite que se vive num espaço circunscrito. Os
cidadãos vivem em tensão entre a conjuntura do momento e a luz do tempo, do
horizonte maior, da utopia que nos abre ao futuro como causa final que atrai.
Daqui surge um primeiro princípio para progredir na construção de um povo: o
tempo é superior ao espaço.
223. Este princípio permite trabalhar a longo
prazo, sem a obsessão pelos resultados imediatos. Ajuda a suportar, com
paciência, situações difíceis e hostis ou as mudanças de planos que o dinamismo
da realidade impõe. É um
convite a assumir a tensão entre plenitude e limite, dando prioridade ao tempo.
Um dos pecados que, às vezes, se nota na atividade sociopolítica é privilegiar
os espaços de poder em vez dos tempos dos processos. Dar prioridade ao espaço
leva-nos a proceder como loucos para resolver tudo no momento presente, para
tentar tomar posse de todos os espaços de poder e autoafirmação. É cristalizar
os processos e pretender pará-los. Dar prioridade ao tempo é ocupar-se mais com
iniciar processos do que possuir espaços. O tempo ordena os espaços, ilumina-os
e transforma-os em elos de uma cadeia em constante crescimento, sem marcha
atrás. Trata-se de privilegiar
as ações que geram novos dinamismos na sociedade e comprometem outras pessoas e
grupos que os desenvolverão até frutificarem em acontecimentos históricos
importantes. Sem ansiedade, mas com convicções claras e tenazes.
Hoje, finalmente, decorreu, em Portugal, um debate acerca deste texto programático do papa Francisco. Haja Deus!
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