Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
quarta-feira, julho 15
Grécia . julho - dia 15
Não quero escrever da Grécia senão acerca de sentimentos pois sei que pouco, ou nada, sei acerca da realidade. A situação que nos é dada a conhecer através dos relatos, como sempre acontece nas mudanças verdadeiramente decisivas, é estranhamente original. Sinto-a como sinal de ameaça para a democracia e interrogo-me acerca das razões, e objectivos, de quem mexe os cordelinhos - não sejamos ingénuos - se uma qualquer máfia ou a pura incompetência de políticos sem alma. Sinto a Grécia e as suas circunstancias como uma semente de guerra, uma frincha que se abre à confrontação irracional ou ao surgimento de uma ditadura militar, ou ambas as coisas. Na Europa da paz e dos sonhos federais - da moeda à governação - alguém muito poderoso terá desistido de perseverar pela concórdia, pela aposta no diálogo, pela crença na superioridade da democracia. Sempre me lembra o desembarque na Normandia, a epopeia dos milhares de americanos, canadianos, australianos e dos resistentes europeus, que morreram, faz agora precisamente 70 anos que esse pesadelo terminou, para devolver a liberdade e a paz à Europa. Espero que seja somente um sonho mau.
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