domingo, março 19

Meu pai na janela do mundo

O meu pai Dimas à janela da casa onde nasci. Foi através dela que conheci um mundo banhado pela claridade da luz do sul. Vivi debruçado nesta janela até aos oito anos. Todo o tempo necessário para aprender a natureza.

Paredes brancas de cal. Ladrilhos coloridos. Ruas de terra batida. Vistas de campos espraiados até ao mar. Recantos floridos. Sombras de árvores de frutos. Mãos carinhosas. Telhas de barro quente. O azul transparente do mar.

A família sobreviveu a todas as adversidades próprias das épocas de guerra. Razão mais que suficiente para, apesar da tirania, se sentir feliz. O meu pai era uma pessoa honrada e ensinou-me a liberdade. Honra e liberdade. Foi essa a herança que dele recebi. Fica-lhe bem a moldura daquela janela na qual aprendi a sonhar.

A casa permanece intacta e habitada e esta é uma das suas duas janelas térreas. O encanto que lhe encontrava estendia-se à vizinhança, aos corredores internos e às ruas circundantes.

2 comentários:

Luís Maia disse...

decidi ontem voltar a ser blogger, decidi voltar a visionar os blogs que sempre apreciei , aquele voragem do FB absorve em demasia damos por nós a perder horas num turbilhão inútil. Aqui estou de baraço ao pescoço para apreciar o que por aqui se faz e este foi sempre um blog que apreciei.
Um abraço

Eduardo Graça disse...

Obrigada pela atenção. Abraço.