quarta-feira, dezembro 12

MARCELO - 70º ANIVERSÁRIO

A Marcelo Rebelo de Sousa pelo seu 70º aniversário deixo um texto escrito, e publicado, logo no início do seu mandato presidencial. Que se mantenha fiel depositário de todas as esperanças e equilibrios que é o que na vida em sociedade e na politica cada vez mais falta faz, se anseia e se deseja. Parabéns!

Ainda à entrada do ano novo umas palavras acerca do Presidente Marcelo no qual, enquanto candidato, não votei. Desde o inicio a sua notoriedade pessoal era tamanha que lhe permitiu conduzir uma campanha sem os constrangimentos do propagandismo tradicional. Uma vantagem que se casou bem com a sua personalidade permitindo-lhe surgir aos olhos do povo como um cidadão igual aos outros - sendo tão diferente! Nos tempos que correm, propensos às mais variadas derivas populistas, eis que Marcelo inventa um discurso politico, e uma postura cidadã, apropriáveis pelo maior número, até ao presente, passando ao lado do populismo tendencialmente anti democrático. Ser popular não é ser populista. Qual o segredo? Ser capaz de manter um ritmo na ação muito além da que resulta da vulgar postura institucional/burocrática; dispor de sensibilidade para entender quão importante se torna, nos nossos dias, encurtar a distância entre os políticos e os cidadãos; manter viva a inteligência para não desprezar o valor do tempo, na vida e na politica, apesar de tudo parecer nele excessivamente rápido; ser capaz de prevenir nas relações institucionais para não ter que intervir; ser autêntico na busca de acordos, equilíbrios, diálogos e, se possível, consensos entre forças e tendências aparentemente inconciliáveis; entender a dimensão e o peso, no contexto internacional, do país (pequeno e muito dependente) redimensionando a esfera da ação externa a todos os níveis. É pouco, é muito? É circunstancial, é permanente? É tático, é estratégico? Nunca se sabe ao certo numa época tão excessiva em disrupções e ameaças estruturais em cada estado nação e na esfera supra nacional. Mas já lá vai o tempo em que era aceitável mantermo-nos impávidos, e serenos, nas nossas certezas para não aceitarmos olhar e ouvir, atentamente, as certezas dos nossos adversários. Na politica, como na vida, mais vale a abertura critica à mudança, que corre em todos os sentidos, do que o silêncio das certezas mortas.
Fotografia de Helder Gonçalves

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