sexta-feira, agosto 19

MANOBRAS PERIGOSAS

"Depois de ter passado pela relação fria com Pedro Passos Coelho e pela falta de química com Rui Rio, o Presidente da República quer “puxar” agora por Luís Montenegro e apoiar o novo líder do PSD para ver se é desta que tem um líder do PSD a “colar-se” a si como no entender presidencial faz o primeiro-ministro, para ainda “assistir ao nascimento da alternativa de direita” de que falou na entrevista da semana passada à CNN Portugal." (In "Expresso"). Compreendo a importância para o regime democrático de um partido forte de centro direita, a vocação inaugural do PPD/PSD, mas duvido da viabilidade do seu regresso às origens. Os partidos populistas emergentes tendem a secar o centro direita. Das duas uma: ou o PSD inflete para o populismo e descola do centro, deixando-o à mercê do PS, ou assume um programa social democrata e confunde-se com o PS, deixando aos partidos populistas de extrema direita o lugar da alternativa. O PR, Marcelo exlider do PSD, não tem tempo (os plenos poderes de Marcelo acabam no verão de 2025), nem discurso politico mobilizador (com viço e novidade), nem espaço politico (a qualidade de PR é um entrave a combater o governo de maioria absoluta do PS). Torna-se muito dificil fazer o milagre de criar um espaço novo para o PSD de Montenegro que o torne num grande partido democrático alternativo ao PS, social democrata, ou seja, que não necessite para formar governo do apoio de partidos populistas de extrema direita. Se Marcelo, PR, abrir o espaço para a ascensão da extrema direita ao governo ficará para a história como aqueles democratas que acreditaram nas virtualidades regenadoras do golpe de 1926 que levou Salazar ao poder, instaurando uma ditadura em Portugal. Tudo hoje parece muitas vezes ser um cenário remoto até que subitamente se torna real. Todos os cuidados são pucos na defesa da democracia e da liberdade.

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