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domingo, dezembro 29

REVOLTA


"Revolta

Finalmente, escolho a liberdade. Pois que, mesmo se a justiça não for realizada, a liberdade preserva o poder de protesto contra a injustiça e salva a comunidade.

A justiça num mundo silencioso, a justiça dos mundos destrói a cumplicidade, nega a revolta e devolve o consentimento, mas desta vez sob a mais baixa das formas. É aqui que se vê o primado que o valor da liberdade pouco a pouco recebe. Mas o difícil é nunca perder de vista que ele deve exigir ao mesmo tempo a justiça, como foi dito.

Dito isto, há também uma justiça, ainda que muito diferente, fundando o único valor constante na história dos homens que só morreram bem, quando o fizeram pela liberdade.

A liberdade é poder defender o que não penso, mesmo num regime ou num mundo que aprovo. É poder dar razão ao adversário."

Albert Camus, Caderno n.º 4 (janeiro 1942/setembro 1945)

(Mesmo perto do fim do Caderno nº 4, esta releitura, leva-me a retomar uma das citações que melhor explicita uma das preocupações dominantes em todo o pensamento e obra de Camus: a relação entre liberdade e justiça. Quando, nos nossos dias, na vida quotidiana e nos combates cívicos e políticos, se menospreza, ou subalterniza, o valor da liberdade sempre me vem à memória o primeiro parágrafo desta citação: “Finalmente, escolho a liberdade …”)

sábado, dezembro 28

ALBERT CAMUS


Ainda neste ano do centenário de Albert Camus publico uma série de sublinhados de leitura com inevitáveis repetições e algumas novidades a partir de um trabalho que preparei e que, por uma qualquer razão, não foi publicado. Mas, ao mesmo tempo, prossigo nas releituras de onde surgirão, certamente, novos posts. 

Entre muitos modelos possíveis de testemunho acerca do centenário do nascimento de Albert Camus, nascido em 7/11/1913, escolho um entretecido de citações dos “Carnets”, a leitura inaugural da sua obra, pelos meus 20 anos, com breves notas. A biografia e bibliografia de Camus, pelo centenário, foram, de forma surpreendente para mim, razoavelmente divulgadas e o seu estilo de escrita, concisa, fragmentável, “excessivamente perfeita”, segundo os seus detractores, suporta a minha ousadia. As citações são retiradas da edição portuguesa dos Cadernos nº 1 (maio de 1935/setembro de 1937); nº2 (setembro de 1937/abril de 1939); nº3 (abril de 1939/fevereiro 1942); nº4 (janeiro 1942/setembro 1945) e nº 5 (setembro 1945/abril 1948) e não obedecem a ordem cronológica; as citações da edição francesa são acompanhadas pela indicação da fonte.

"O prazer que se encontra nas relações entre homens. Aquele, subtil, que consiste em dar ou pedir lume- uma cumplicidade, uma franco-maçonaria do cigarro."
Caderno n.º 2 (setembro de 1937/abril de 1939)