Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
terça-feira, setembro 22
Notas políticas (2) - O discurso populista
O discurso populista, seja qual for o protoganista que o profere, não integra uma estratégia
estruturada. É uma espécie de câmara de eco do que a "voz da rua" proclama como verdade irrefutável e está sôfrega por ouvir.
Não há populistas bons e populistas maus, bem ou mal intencionados; no final o dircurso populista fica
refém da verdade única, totalitária, odiando o contraditório.
segunda-feira, setembro 21
Notas políticas (1)
Breves notas políticas até às eleições presidenciais. Hoje por hoje dão-se conta comentaristas e quejandos que o CDS/PP vai desaparecer
do mapa politico português. Qual a supresa?
A minha curiosidade está onde votarão nas próximas eleiçoes - regionais, presidenciais, autárquicas e legislativas - os seus mais notáveis dirigentes ainda vivos.
sexta-feira, setembro 4
PAI
Este é um dia que nunca esqueço ao contrário de tantos outros dias. O dia de aniversário de meu pai Dimas Franco Neto Graça (4/9/1910- 9/1/1991), Um homem bom que nunca me faltou, a mais das vezes sem palavras, mas cujos gestos me marcaram profundamente. Deve ter sofrido por mim, devo tê-lo feito sofrer, tantas vezes de forma desnecessária, pela irreverência de filho tardio que fui. Não sei explicar por palavras em texto corrido este sentimento de profunda gratidão pelo respeito que manteve até ao fim dos seus dias pela minha liberdade mesmo receando pelo meu destino em fidelidade com ela. Sempre presente no meu coração!
terça-feira, setembro 1
FINAL
Está a chegar ao fim esta estadia de uma semana na terra - o Algarve - o que é sempre um prazer que nasce do fundo da minha criação. As estadias, além do aprazível ambiente natural, têm os beneficios de estreitar os laços de família em renovação permanente. Esta é uma visita ritual que me aproxima da vida para além de todas as suas vicissitudes.
quarta-feira, agosto 26
Algarve
Chegada ao reino dos Algarves, a minha terra, para uns dias de férias, respirando uma aragem mediterrânica que conheço em todos os seus tons, sabores e cheiros desde que tenho consciência de mim. Nunca em nenhum ano, após o meu afastamento fisico desta terra, deixei de a visitar no verão nem que tenha sido por um só dia. Estão aqui todos os meus ( e os de minha mulher) tal como as experiências, e memórias, que fizeram de mim o que sou. Não sei, pois nunca se sabe, quantas vezes mais voltarei, em que circunstâncias e condição, mas espero que muitas.
segunda-feira, agosto 24
Lares
Acerca dos lares muito se tem falado nos últimos tempos, assim como de idosos. Pena que a esmagadora maioria dos opinadores não conheça nada acerca do assunto. Nem relacione e compara a situação portuguesa com a de outros países em particular os europeus. Não falo só da realidade vivida nos lares no contexto social das regiões e comunidades nos quais se inserem, como acerca do enquadramento institucional e legal dos mesmos.
domingo, agosto 23
segunda-feira, agosto 10
O texto político
"O político é, subjectivamente, uma fonte permanente de aborrecimento e/ou de prazer; é, além disso e de facto (isto é, a despeito das arrogâncias do sujeito político), um espaço obtinadamente polissémico, a sede privilegiada duma interpretação perpétua (uma interpretação, se for suficientemente sistemática nunca será desmentida, até ao infinito). Poderíamos concluir a partir destas duas constatações que o Político é textual puro: uma forma exorbitante, exasperada, do Texto, uma forma inaudita que, pelos seus extravasamentos e pelas suas máscaras, talvez ultrapasse a nossa compreensão actual do Texto. E, tendo Sade produzido o mais puro dos textos, julgo compreender que o Político me agrada como texto sadiano e me desagrada como texto sádico."
Escrevi nesta pagina: "visitam-se lugares e acontecimentos mas, de facto, visitamo-nos a nós próprios apertando os contactos entre os "viajantes". Quando assim não sucede a viagem reduz-se à excursão."
"Roland Barthes por Roland Barthes"
sábado, agosto 8
O Tempo
2020 - um ano quente como não se via faz quase um século. Sinto-o todos os dias na rua, em todo o lado, mas como todas as situações extremas os portugueses suportam-nas e dão a volta. Neste tempo que é o nosso (e o meu)são muitas situações extremas ao mesmo tempo. Adiante. Como vai ser o próximo futuro ninguém sabe, nunca ninguém sabe, mas tenho esperança.
sábado, junho 27
Tempos difíceis, ainda mais do que noutros tempos que vivenciámos, de salvaguarda da vida e da liberdade em todas as suas dimensões. A sociedade no seu conjunto e as instituições próprias de uma comunidade que optou, no pós 25 de abril de 1974, pela livre escolha dos seus representantes políticos - a democracia - não pode precipitar-se tomando decisões que carecem de amuderecimento, nem ser complacente para com os seus inimigos. Vencer todas as dificuldades, obedecendo às regras que a democracia exige, é o mais alevado exercício que se impõe aos democratas, correndo com coragem todos os riscos da incompreensão e intolerância reinantes.
domingo, junho 7
O estranho Verão de 2020
O estranho Verão de 2020. Quase um ano depois de um confinamento muito duro por razões familiares estou tentado a arriscar que entramos em planalto. A vida social tornou-se algo indefinível um espaço estranho de medos e incertezas no qual deambulam cidadãos na maioria desconfiados de tudo e todos. Não será possível viver neste ambiente muito mais tempo sem o risco de uma implosão social seja qual for o seu perfil e consequências.
terça-feira, maio 12
CONFINAMENTO
O confinamento, ou seja, uma espécie de reclusão em casa umas largas semanas, o trabalho a partir de casa, teletrabalho, tarefas domésticas associadas a esta realidade, correspondente redução drástica de saídas, uma mistura explosiva para a maioria, não tanto para mim. Desde há bastante tempo (dois anos e, mais fortemente, na segunda metade de 2019), que a minha vida social sofreu uma fortíssima redução, nos limites da reclusão. Uma doença grave de familiar próximo levou-me a dedicar todas as minhas energias, e dedicação, ao trabalho e ao desempenho de uma fórmula de cuidador informal.Tempos de profunda dor compensada pela solidariedade familiar e de uma profunda fé no futuro e nas virtudes da luta por uma vida feliz. assim antecipei as agruras dos tempos de confinamento e me habituei a ele. Como será o próximo futuro? Ninguém sabe ao certo.
terça-feira, abril 28
ANIVERSÁRIO
Tal como antes já se terá dito vezes sem conta nunca esperei chegar a esta idade. Tudo e nada, o previsível e o improvável, gente, paisagem, cor, impulso ardente, desgosto, vida e morte. Um tempo vivido em boa parte nos gloriosos anos do pós guerra (2ª), anos de paz e prosperidade relativa, atravessando revoltas e revoluções, e delas participando, uma raridade, inestimável privilégio, um mundo de emoções e sonhos de mudança. Presiguemos.
sábado, abril 18
QUE VIVA O 25 DE ABRIL!
Vai correndo por aí uma polémica séria acerca da celebração do 25 de abril com uma cerimónia da AR. Socorrendo-se da pandemia, e do medo que ela suscita, saudosistas do passado, dos tempos da "outra senhora", adeptos confessos, ou envergonhados, da tirania manifestam-se contra a celebração do dia da liberdade. Como sempre em épocas de crises agudas mesmo alguns democratas deslizam suavemente para o manto onde se acoitam os amantes da tirania. É um clássico. São os que dispõem daquela peculiar vocação de cheirar os ares do tempo buscando beneficiar do que julgam vir a ser um novo regime politico ou, no mínimo, um novo governo inclinado para a extrema direita. Ora ao que venho é para afirmar que as datas simbólicas que afirmam os valores da liberdade e da democracia (além de outras em que incluo as religiosas) têm que ser celebradas nos espaços próprios, no caso do 25 de abril, na AR. E assim será, sabendo-se que se está a tentar resgar um pacto que tem perdurado desde o 25 de abril no qual todas as forças politicas convergiam em torno da defesa da liberdade. Os próximos tempos serão de duras lutas, novamente, para assegurar que os seus detratores, e inimigos, serão derrotados. Que viva o 25 de abril!
quinta-feira, abril 9
quarta-feira, março 25
Superavite
No epicentro de uma crise sanitária sem precedentes que provocará um terramoto económico de consequências imprevisíveis o INE anunciou hoje um superavit nas contas do estado. É a primeira vez, em democracia, que tal acontece. No presente contexto este resultado é submerso pela crise atual mas não deixa de corresponder à realidade. Trata-se de um acontecimento da máxima importância em si mesmo pelo que contribui para a credibilidade do país no contexto internacional e pelo contributo para atenuar as consequências económicas e financeira da presente crise sanitária global. Ganhamos todos com este resultado e, seja qual for o destino que lhe esteja reservado, coloca Mário Centeno (e o governo socialista), na história por este cometimento ainda para mais de autoria de um governo de centro esquerda.
sábado, março 21
Dia Mundial da Poesia
Os dias evocativos valem o que valem. Foi em 2004 a primeira vez que publiquei neste blog um poema evocando o Dia Mundial da Poesia. Escolhi um poema que muito me marcou aquando da leitura inicial da obra poética de Jorge de Sena. Republico.
UMA PEQUENINA LUZ
Uma pequenina luz bruxuleante
não na distância brilhando no extremo da estrada
aqui no meio de nós e a multidão em volta
une toute petite lumière
just a little light
una piccola ... em todas as línguas do mundo
uma pequena luz bruxuleante
brilhando incerta mas brilhando
aqui no meio de nós
entre o bafo quente da multidão
a ventania dos cerros e a brisa dos mares
e o sopro azedo dos que a não vêem
só a adivinham e raivosamente assopram.
Uma pequena luz
que vacila exacta
que bruxuleia firme
que não ilumina apenas brilha.
Chamaram-lhe voz ouviram-na e é muda.
Muda como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Brilhando indefectível.
Silenciosa não crepita
não consome não custa dinheiro.
Não é ela que custa dinheiro.
Não aquece também os que de frio se juntam.
Não iluminam também os rostos que se curvam.
Apenas brilha bruxuleia ondeia
indefectível próxima dourada.
Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha.
Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha.
Tudo é pensamento realidade sensação saber: brilha.
Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva: brilha.
Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não:
brilha.
Uma pequenina luz bruxuleante e muda
como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Apenas como elas.
Mas brilha.
Não na distância. Aqui.
no meio de nós.
Brilha.
1950
Jorge de Sena
In Fidelidade (1958)
UMA PEQUENINA LUZ
Uma pequenina luz bruxuleante
não na distância brilhando no extremo da estrada
aqui no meio de nós e a multidão em volta
une toute petite lumière
just a little light
una piccola ... em todas as línguas do mundo
uma pequena luz bruxuleante
brilhando incerta mas brilhando
aqui no meio de nós
entre o bafo quente da multidão
a ventania dos cerros e a brisa dos mares
e o sopro azedo dos que a não vêem
só a adivinham e raivosamente assopram.
Uma pequena luz
que vacila exacta
que bruxuleia firme
que não ilumina apenas brilha.
Chamaram-lhe voz ouviram-na e é muda.
Muda como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Brilhando indefectível.
Silenciosa não crepita
não consome não custa dinheiro.
Não é ela que custa dinheiro.
Não aquece também os que de frio se juntam.
Não iluminam também os rostos que se curvam.
Apenas brilha bruxuleia ondeia
indefectível próxima dourada.
Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha.
Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha.
Tudo é pensamento realidade sensação saber: brilha.
Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva: brilha.
Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não:
brilha.
Uma pequenina luz bruxuleante e muda
como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Apenas como elas.
Mas brilha.
Não na distância. Aqui.
no meio de nós.
Brilha.
1950
Jorge de Sena
In Fidelidade (1958)
domingo, março 15
Anti vírus
Ao contrário da maioria dos países Portugal tem somente uma fronteira terrestre sendo a outra o Atlântico. Somos o país mais a ocidente, com as ilhas, sem conflitos fronteiriços. Tudo que respeita às fronteiras tem que ser negociado para manter a paz e o relacionamento de parceiros com a Espanha e com os aliados atlânticos. Somos apesar da dimensão uma potência marítima e, em nenhum caso, devemos tomar medidas unilaterais nem face a Espanha, nem a Inglaterra nem aos USA. O governo seja qual for não toma decisões sem ponderar todas as consequências. Deixem para o Trump a loucura de todos os possíveis sem olhar aos outros que será por aí que vai morrer politicamente.
domingo, março 8
terça-feira, fevereiro 25
Pelo 15º aniversário da morte do meu irmão Dimas
Pelo 15º aniversário da morte do meu irmão Dimas, que vive no meu coreção. Uma resenha breve da história familiar:
"As voltas da vida levaram a que meus pais viessem a adoptar, antes do tempo, o modelo quase perfeito da família nuclear. Um casal e dois filhos. Mas é interessante que já os pais de meus pais haviam gerado famílias pequenas: os meus avós paternos com três filhos e os maternos com dois. O modelo da família alargada havia ficado pelas gerações anteriores.
O meu irmão Dimas nasceu onze anos antes de mim. Ele é contemporâneo dos inícios da guerra civil de Espanha e eu sou um “baby boomer” típico. Não sou capaz de imaginar a intensidade do impacto do meu nascimento tardio no equilíbrio familiar.
Mas é um facto que o meu irmão não concluiu o liceu tendo os meus pais que buscar uma via alternativa para a sua formação. Por ruas e travessas chegaram a um caminho que deu certo. O meu irmão, ainda antes de 1955, partiu para o Porto para aprender, ao mesmo tempo, dois ofícios: óptico e gravador.
Lembro o dia da sua partida. Naquela época a distância entre o extremo sul de Portugal e o Norte, entre Faro e o Porto, era incomensuravelmente maior do que é hoje. O meu irmão Dimas, com menos de vinte anos, instalou-se no Porto, tendo encetado a sua aprendizagem na “Óptica Retina”.
Aprendeu bem todos os segredos dos ofícios a que se propôs dedicar-se o que lhe permitiu durante quase cinquenta anos fazer um percurso ascendente, à maneira de um “self-made-man”, que lhe havia de granjear prestígio profissional e social além de prosperidade económica.
Como escrevi, por alturas da sua morte, prematura e injusta, é um caso de alguém que subiu a pulso na vida, com o esforço do seu trabalho, o apoio inicial dos pais, e uma forte exigência na qualidade do seu próprio desempenho pessoal e profissional.
Os meus pais, forçados pelas circunstâncias da vida, com alegrias e amarguras, fizeram, em relação ao futuro dos filhos, o melhor que puderam. E, no essencial, acertaram. Ao mais velho uma profissão, ao mais novo um curso superior. Depois cada um que assumisse, com liberdade, o seu próprio futuro."
"As voltas da vida levaram a que meus pais viessem a adoptar, antes do tempo, o modelo quase perfeito da família nuclear. Um casal e dois filhos. Mas é interessante que já os pais de meus pais haviam gerado famílias pequenas: os meus avós paternos com três filhos e os maternos com dois. O modelo da família alargada havia ficado pelas gerações anteriores.
O meu irmão Dimas nasceu onze anos antes de mim. Ele é contemporâneo dos inícios da guerra civil de Espanha e eu sou um “baby boomer” típico. Não sou capaz de imaginar a intensidade do impacto do meu nascimento tardio no equilíbrio familiar.
Mas é um facto que o meu irmão não concluiu o liceu tendo os meus pais que buscar uma via alternativa para a sua formação. Por ruas e travessas chegaram a um caminho que deu certo. O meu irmão, ainda antes de 1955, partiu para o Porto para aprender, ao mesmo tempo, dois ofícios: óptico e gravador.
Lembro o dia da sua partida. Naquela época a distância entre o extremo sul de Portugal e o Norte, entre Faro e o Porto, era incomensuravelmente maior do que é hoje. O meu irmão Dimas, com menos de vinte anos, instalou-se no Porto, tendo encetado a sua aprendizagem na “Óptica Retina”.
Aprendeu bem todos os segredos dos ofícios a que se propôs dedicar-se o que lhe permitiu durante quase cinquenta anos fazer um percurso ascendente, à maneira de um “self-made-man”, que lhe havia de granjear prestígio profissional e social além de prosperidade económica.
Como escrevi, por alturas da sua morte, prematura e injusta, é um caso de alguém que subiu a pulso na vida, com o esforço do seu trabalho, o apoio inicial dos pais, e uma forte exigência na qualidade do seu próprio desempenho pessoal e profissional.
Os meus pais, forçados pelas circunstâncias da vida, com alegrias e amarguras, fizeram, em relação ao futuro dos filhos, o melhor que puderam. E, no essencial, acertaram. Ao mais velho uma profissão, ao mais novo um curso superior. Depois cada um que assumisse, com liberdade, o seu próprio futuro."
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