quarta-feira, novembro 24

Futebol

Curioso fenómeno o do futebol, as multidões exultam com as vitórias, as investigações revolvem os bastidores na perseguição do crime. Os dirigentes, os empresários, os intermediários, os agentes, porventura todos os intervenientes do futebol profissional (certamente com honrosas execeções) chafurdam na lama do negócio, as multidões enlevam-se com a glória das vitórias. Este ano pode acontecer que os "três grandes" alcancem os oitavos de final da competição milionária do futebol europeu. Curioso fenómeno o do futebol. Às multidões não interessam os meios que conduzem à glória. Um pouco como nas guerras. Ou talvez mesmo como na politica. É urgente que se agigantem as vozes e os gestos em defesa do regresso às origens do futebol, que contrariem o negócio multinacional no qual medram os males inerentes a todo e qualquer negócio que tem como objectivo vencer, quantas vezes, sem olhar a meios. (E, neste dia, viva o Sporting!)

segunda-feira, novembro 22

Ainda vai haver quem defenda adiar as eleições

"Partidos favoráveis à ideia de Marcelo adiar ao máximo a dissolução do Parlamento". (In Público")

Os frugais estão à rasca

"O chefe da polícia de Roterdão afirmou que a maior parte dos manifestantes dos últimos dias eram menores e que adeptos de futebol também participaram nos distúrbios, onde pelo menos 24 pessoas foram detidas". (In Expresso").

John Kennedy

Em memória de John Kennedy assassinado a 22 de Novembro de 1963.

domingo, novembro 21

A procissão ainda não saiu do adro

Vou deixar aqui, por estes dias, algumas notas politicas a propósito da crise politica e das próximas eleições legislativas. É indecifrável a razão da presente crise permitindo todo o tipo de especulação, mas a realidade é cruel: quando mais de exigia um governo apoiado numa maioria plural mas forte, o desacordo predominou e as recriminações mútuas ganharam terreno. É cedo, seja para quer for, colocar as colchas à janela. A procissão ainda não saiu do adro.

sábado, novembro 20

Notícias do progresso

"É um momento histórico no sistema elétrico português: a central a carvão do Pego, em Abrantes, produziu eletricidade pela última vez na manhã de sexta-feira, e, sem mais carvão para queimar, fecha um capítulo na história energética do país." (In Expresso").

sexta-feira, novembro 19

Pormenores que fazem toda a diferença

"Kamala Harris protagonizou esta sexta-feira um momento histórico ao tornar-se, ainda que por pouco mais de uma hora, a primeira mulher presidente dos Estados Unidos, após Joe Biden lhe ter transferido os poderes - o Presidente teve de se submeter a uma colonoscopia A administração de Joe Biden, que na véspera de completar 79 anos é a pessoa mais velha a ocupar o cargo de Presidente, continua a estabelecer recordes e Kamala Harris, que já se havia tornado a primeira pessoa negra e descendente do sul da Ásia a ser vice-presidente, foi agora Presidente interina dos Estados Unidos durante uma hora e 25 minutos." (In "Expresso")

Albert Camus - biografia breve (23)

1960 - No dia 3 de janeiro, Camus parte da sua casa de Lourmarin, onde havia passado o fim de ano, de regresso a Paris, no Facel Vega conduzido por Michel Gallimard. Francine Camus fizera a viagem de comboio na qual deveria ter sido acompanhada por Camus; no dia seguinte, no prosseguimento da viagem, o carro despista-se, numa longa reta, em Villeblevin, perto de Montereau, embatendo num plátano, provocando a morte imediata de Camus e, cinco dias mais tarde, a de Michel Gallimard. Na pasta de couro de Camus, encontrava-se, além de diversos objetos pessoais, o manuscrito de Le Premier Homme, um romance inacabado, cento e quarenta e quatro páginas que sua mulher Francine haveria de dactilografar e sua filha, Catherine, fixaria em texto, publicado pela Gallimard, na primavera de 1994. Albert Camus está sepultado em Lourmarin.

quinta-feira, novembro 18

O primeiro homem - Albert Camus - biografia breve (22)

1958-1959 - Com o dinheiro do Prémio Nobel compra uma casa em Lourmarin. Sua mãe recusa sair da Argélia e Camus decide abster-se de qualquer intervenção direta no conflito argelino. Em janeiro, publica, na Gallimard novamente, Discours de Suède e, em junho, Actuelles III, Chroniques algériennes (1939-1958). Em março/abril, visita a Argélia e, em junho, doente, regressa à Grécia. Trabalha na adaptação teatral de Os Possessos, de Dostoievski, que sobe à cena, em janeiro do ano de 1959, com encenação do próprio Camus.
No mês de março de 1959, nova visita à Argélia, para ver a mãe, recentemente operada; começa a escrever, finalmente, Le Premier Homme, a que dedica todo o ano; apresentação de Possédés em Veneza, assim como em França e noutros países; a 14 de dezembro tem o seu derradeiro encontro público, com estudantes estrangeiros em Aix-en-Provence, no qual em resposta à pergunta: “Considera-se um intelectual de esquerda?”, responde: “Não estou certo de ser um intelectual. Quanto ao resto, sou pela esquerda, apesar de mim, e apesar dela”.

quarta-feira, novembro 17

O ano do Nobel - Albert Camus - biografia breve (21)

1957 - Em março, discursa na Sala Wagram contra a intervenção na Hungria (Kadar a eu son jour de peur) e publica, pela Gallimard, L´Exil et le Royaume. Mas este é o ano do Nobel da Literatura que lhe seria atribuído, em 16 de outubro, “pelo conjunto de uma obra que lança luz sobre os problemas que se colocam, nos nossos dias, à consciência do homem”. A reação de Camus à notícia ficou registada nos Cadernos, no dia 17 de outubro, com uma pungente referência à sua infância pobre, lembrando a mãe: “O Nobel. Estranho sentimento de abatimento e melancolia. Aos 20 anos, pobre e nu, conheci a verdadeira glória. A minha mãe.” Mas, logo no dia 19, nos mesmos Cadernos, o reverso da medalha: “Assustado com tudo o que me acontece e que eu não pedi. E para cúmulo ataques tão baixos que me deixam apertado o coração”. René Char, por sua vez, de coração aberto, exulta, numa carta dirigida a Camus: “Espero bem, creio que consta o que será certo. Assim, a certeza do que circula na imprensa incita-me sem reservas a regozijar-me e a achar que esta quinta-feira, dia 17 de outubro de 1957, é para mim o melhor, o mais esplendoroso, sim o melhor dia de há muito, entre tantos dias de desespero. Peço-lhe que aceite, para memória deste dia, esta pequena caixa que me salvou a vida quando combatia na resistência, e que eu desde então conservei como uma relíquia verdadeiramente íntima”. No outono, publicou, pela Calmann-Lévy, Réflexions sur la peine capitale, na Suécia, a partir de 9 de dezembro, proferia, além do discurso de aceitação do Prémio Nobel, duas conferências, em Estocolmo e Upsala; na primeira das quais, interpelado por um jovem argelino, profere uma célebre, e polémica, frase: ”Creio na justiça, mas defenderia a minha mãe antes da justiça”.

Em casa de ferreiro espeto de pau

Realidade aparentemente excêntrica, quando muitos clamam pelo comando do processo vacinal a um militar. Em casa de ferreiro espeto de pau. "Exército e Marinha têm mais de 1500 militares que não estão vacinados Na passada semana a Marinha anunciou um novo surto de covid-19 na fragata Corte Real, com pelo menos 35 dos 182 elementos que constituem a guarnição infectados." (In Público")

Inevitabilidades

A inevitável e nefasta tentação para mais do que politizar, partidarizar, o processo de combate à pandemia. Não seria de esperar outra coisa fazendo coincidir uma crise politica, eleições gerais, disputas por lideranção de partidos, crise sanitária (pandemia), vacinação e tutti quanti. Repugnante. "O candidato à liderança do PSD Paulo Rangel acusou esta quarta-feira o Governo de "alguma incompetência e ineficácia" na administração da terceira dose da vacina contra a covid-19, mostrando-se preocupado com as consequências do atraso."

terça-feira, novembro 16

Albert Camus - biografia breve (20)

1956 - Numa última tentativa de conciliação no conflito argelino, que se agravava dia a dia, Camus viaja para a Argélia, onde lança, perante uma assembleia tensa e conturbada, um dramático apelo em prol de uma trégua que poupasse os civis: “ (…) porque mesmo o mais decidido entre vós conserva no meio da confusão da luta um recanto do seu coração, no qual, eu sei bem, não se conforma com o assassínio e o ódio e sonha com uma Argélia feliz. É a esse recanto em cada um de vós, franceses e árabes, que nós apelamos”. Olivier Todd, no final da sua biografia, Albert Camus, une Vie, (Gallimard, 1996), escreverá depois que “face ao problema argelino, Camus foi legalista e moralista (...) ele queria para a Argélia o que alguns, com Nadine Gordimer à cabeça, sonharam para a África do Sul: a coexistência na igualdade de direitos; dois povos numa só nação e um estado de direito multirracial”. Mas tal sonho tornara-se irrealizável na Argélia. Em maio, a Gallimard publica La Chute; em 2 de julho, Camus assina um texto de protesto contra a repressão em Poznan (Polónia); em 4 de novembro, as tropas soviéticas entram em Budapeste, esmagando a insurreição húngara; responde ao apelo dos escritores húngaros e pede à ONU que mande retirar as tropas da URSS da Hungria: Pour une démarche commune à l´ONU des intellectuels européens” (Franc-Tireur).

segunda-feira, novembro 15

Albert Camus - biografia breve (19)

1955 - Em fevereiro, viaja para a Argélia, visitando as regiões atingidas por um violento tremor de terra no ano anterior enquanto a crise política argelina se agrava, tendo sido instaurado, por Edgar Faure, Presidente do Conselho, o “estado de emergência”; em abril/maio, realiza um sonho antigo: a viagem à Grécia, onde profere uma série de conferências. Em julho/agosto, visita, de novo, a Itália; em Julho escreveu, no L´Express, dois longos artigos - Terrorisme et Répression e L´Avenir Algérien - acerca da situação argelina, apelando à realização de uma conferência com vista a alcançar uma solução política, uma “espécie de nação mista, na qual franceses e árabes viveriam livremente e em igualdade de direitos em solo argelino”; entretanto, a situação política agrava-se na Argélia e, no 1º de outubro, escreve Lettre à un Militant Algérien e outros artigos acerca da situação argelina, nos quais defende uma conciliação entre os interesses em presença, afirmando que “a Argélia não é a França” mas que nela vivem um milhão de franceses; a escalada da guerra na Argélia tornara-se insuportável para Camus que viveu a “infelicidade argelina como uma tragédia pessoal “. Apoia a Frente Republicana e o programa eleitoral de Mendes-France. Em novembro, publica, no Le Monde libertaire, L´Espagne et le Donquichottisme.

domingo, novembro 14

A Alemanha

Acerca da nova vaga por cá reina o otimismo de feição não alarmista, mas ...quando, muito em breve, o Parlamento for dissolvido como, em caso de necessidade, declarar o estado de emergência? Dia 30 de janeiro vamos às urnas, a ver em que condições! "A Alemanha está a preparar o regresso maciço ao teletrabalho, segundo um projeto de lei do Governo para deter uma nova vaga da pandemia covid-19, depois de o ter levantado em julho deste ano, noticia este domingo a agência France-Presse. A reintrodução da norma do trabalho no domicílio surge na sequência do aumento "inquietante" dos números de novos casos diários e de mortes, desde meados de outubro, num país em que a taxa de vacinação atinge apenas 67%." (In Lusa).

Albert Camus - biografia breve (18)

1953-1954 Camus desenvolve intensa atividade no campo teatral e toma posições públicas de protesto contra a prisão, na Argentina, de Victoria Ocampo, contra a intervenção da União Soviética em Berlim Leste e contra a repressão, pela polícia de Paris, de manifestantes da África do Norte; a Gallimard publica o volume Actuelles II (1948-1953); surge nos Cadernos a primeira referência ao esboço do que viria a ser a sua última obra, Le Premier Homme. Sua mulher Francine dá sinais de uma grave depressão.
O estado depressivo de Francine agrava-se e Camus vive um período de grande cansaço e desilusão; a Gallimard publica L´Été, na coleção Les Essais; profere intervenções públicas a favor de sete tunisinos condenados à morte; a 7 de maio, escreve nos Cadernos: “Queda de Dien Bien Phu. Como em 40, sentimento partilhado de vergonha e de fúria”; em setembro, Francine apresenta melhoras; viagens à Holanda e a Itália, para uma série de conferências, enquanto eclode, na Argélia, a luta armada de libertação.

Albert Camus - biografia breve (17)

1952 - Alguns dias antes da saída do livro, Camus dissera a Oliver Todd, seu biógrafo: “Apertemos as mãos. Porque daqui a alguns dias não haverá muita gente para me apertar a mão”. Camus sabia que a liberdade de pensamento nem sempre é bem aceite. Em L´Homme Révolté, Camus realiza um esforço sério para compreender o seu tempo, ousando condenar não só a barbárie nazi, mas também o Goulag, contra a opinião dos seus amigos da esquerda sob a hegemonia do Partido Comunista Francês. Em maio, na revista Temps Modernes, Francis Jeanson, a mando de Sartre, publica um artigo violento, e insultuoso, contra o ensaio de Camus, que responde dirigindo-se ao diretor da revista, ou seja, ao próprio Sartre, levando ao corte de relações entre ambos. Em dezembro, Camus publica Post-sciptum, texto no qual procura explicar as razões que o tinham levado a escrever L´Homme Révolté. Recusa-se a colaborar com a UNESCO, em protesto contra a admissão da Espanha franquista na organização.

sábado, novembro 13

Albert Camus - biografia breve (16)

1948-1951 – Em janeiro, termina a redação de L´État de Siège, no qual trabalhará ainda em julho; em outubro, esta peça sobe à cena, com encenação de Jean-Louis Barrault, tendo constituído um tremendo fracasso, tanto para a crítica como para o público.
Em julho/agosto de 1949, Camus realiza uma longa viagem à América do Sul, para proferir uma série de Conferências; regressa gravemente doente; durante a viagem, concluira a peça Les Justes que, em dezembro, sobe à cena, com encenação de Paul Oettly, tendo Serge Reggiani e Maria Casarés nos principais papéis. Segundo as suas próprias palavras, tratou-se de um semi-sucesso. No ano de 1950, além da publicação de Actuelles, Chroniques 1944-1948, Camus recupera da doença. Em 1951, termina a redação de L´Homme Révolté, publicado em outubro, pela Gallimard, desencadeando então uma forte polémica que ganhará sobretudo expressão no ano seguinte. Camus aborda, de forma desassombrada, para o seu tempo, a questão dos totalitarismos: “o fascismo é a glorificação do carrasco por ele próprio; o comunismo, mais dramático, a glorificação do carrasco pelas vítimas”.

Es el comienzo de algo que va a ser maravilloso, dizem elas.

Um movimento de mulheres lideres de esquerda em Espanha que pode mudar a geografia politico-partidária no país vizinho. Atenção a todos os imobilismos da nosssa esquerda em véspera de eleições. "No era el lanzamiento de una plataforma preelectoral para aglutinar a las fuerzas políticas a la izquierda del PSOE, pero las primeras palabras de Yolanda Díaz este sábado en Valencia han anunciado al inicio de un proceso de unión. “Es el comienzo de algo que va a ser maravilloso, pero no somos nosotras, sois vosotras”, ha afirmado la vicepresidenta dirigiéndose al público y en referencia a las expectativas despertadas por el acto que había organizado la líder de Compromís Mónica Oltra, para reunir también a la alcaldesa de Barcelona, Ada Colau, la portavoz de la Asamblea de Madrid, Mónica García, y la política ceutí Fátima Hamed Hossain. Todo un escaparate de los nuevos liderazgos en la izquierda capitaneados por mujeres y una prueba para testar posibles afinidades de cara a una futura alianza entre ellas en la que han reivindicado “caminar juntas” desde la diferencia para hacer posibles otras políticas. Los guiños a un plan colectivo han sido constantes a lo largo de las dos horas de charla. “Aquí tenemos un proyecto de país”, ha defendido la líder de Unidas Podemos en el Gobierno, aunque para el anuncio oficial, si se produce, habrá que esperar." (in El Pais")

A insinuante comunicação vacinal

"Natal com terceira dose não vai ser cumprido." ( In Expresso") Eis uma manchete insinuante no sentido em que afirma uma situação inevitável como se fosse um não cumprimento de metas. Basta referir o meu caso pessoal: tendo tomado a segunda dose a 28 de junho só poderei tomar o reforço a partir de 28 de dezembro. As metas nas atuais circunstâncias são meros incentivos à mobilização para a toma das vacinas, num contexto em que a crise politica ajuda muito às derivas populistas ainda para mais quando não é dificil estimar um agravamento da situação pandémica em coincidência com a campanha eleitoral.