quarta-feira, setembro 24

A TRAGÉDIA DO SILÊNCIO

Mark Power – FINLAND

Matti Saari foi interrogado pela polícia mas não lhe foi tirada a arma - Massacre na Finlândia foi anunciado num vídeo colocado no YouTube

Desde que tomei conhecimento deste massacre e no rumorejar dos ecos que todas as tragédias provocam, em particular, quando passadas longe, apeteceu-me tecer um comentário. O assunto é delicado!

A Finlândia é um país sempre apresentado como um modelo em muitas áreas incluindo a da educação. Afinal reparem nos detalhes da notícia. Que lições se podem retirar dela para a nossa realidade? E que conclusões? E que comparações? As autoridades, formais e mediáticas, que sempre peroram acerca da matéria da segurança nas escolas, que eu tenha reparado, estão caladas quem nem ratos!

Faz-me citar uma frase de Camus, tomada como epígrafe de uma tese que descobri e ando a ler: “Se a revolta pudesse fundar uma filosofia seria uma filosofia dos limites, da ignorância calculada e do risco. Aquele que não pode tudo saber não pode tudo matar.” (CAMUS, A. - L´Homme Révolté. Essais.)
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Há uma questão importante a assinalar. Na Finlândia, devido à tradição da caça, a licença de porte de arma é bastante comum (a percentagem da população com licença de porte de arma é a mais alta da Europa) (depois do primeiro massacre numa escola - em Novembro de 2007 -, foi proposta uma lei que limitava a licença a maiores de 15 anos, mas esta não foi aprovada na assembleia nacional!) Nos EUA, os argumentos são distintos. Mas o resultado é o mesmo. Em comum, a motivação: depressão, isolamento, atracção por rituais satânicos celebrados por bandas neo-góticas e esquizóides. De qualquer forma, a elevada qualidade de vida dos países nórdicos sempre teve esse trágico efeito perverso: uma das mais altas taxas de suicídio juvenil.Mais uma vez, Camus (O Mito de Sisifo): «Mas só há um mundo. A felicidade e o absurdo são dois filhos da mesma terra. São inseparáveis. O erro seria dizer que a felicidade nasce forçosamente da descoberta absurda. Acontece também que o sentimento do absurdo nasça da felicidade.» MRF
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Aconselho a socióloga MRF a consultar as estatísticas de suicídio que, de há muito tempo a esta parte, indicam os países centrais da Europa como aqueles que têm maior taxa de suicídio. Essa da elevada qualidade de vida dos países nórdicos ter um efeito perverso é, como deve saber, um "cliché".
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escandinavo, não é "cliché". O fenómeno é complexo, não existem leis gerais, mas há de facto tendência para elevadas taxas de suicídio em países desenvolvidos e que, aparentemente, são bem sucedidos na integração social dos jovens. Na Finlândia, mais de 90%dos jovens termina a escolaridade obrigatória, mas a taxa de suicídio por 100000 habitantes é de 23.4 (valor para o total da população). Devolvo pois a sugestão de consulta a alguns dados estatísticos:1. http://www.tu-importas.com/geral/DadosEstatisticos.asp2. http://www.mat.uc.pt/~guy/psiedu1/Suicidio.pdf (página 25)Sendo que, como é óbvio, o suicídio é um fenómeno que exige uma análise multifactorial: os factores socio-económicos são relevantes, mas os culturais e religiosos participam fortemente nas representações colectivas do suicídio, condicionando por isso os comportamentos. (E) Não estou a considerar factores de natureza distinta: clima, nº de horas do dia com luz, etc.. - nem o factor biológico (propensão genética ou hereditária, género, etc.) MRF
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3 comentários:

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

Há uma questão importante a assinalar. Na Finlândia, devido à tradição da caça, a licença de porte de arma é bastante comum (a percentagem da população com licença de porte de arma é a mais alta da Europa)(depois do primeiro massacre numa escola - em Novembro de 2007 -, foi proposta uma lei que limitava a licença a maiores de 15 anos, mas esta não foi aprovada na assembleia nacional!)

Nos EUA, os argumentos são distintos. Mas o resultado é o mesmo. Em comum, a motivação: depressão, isolamento, atracção por rituais satânicos celebrados por bandas neo-góticas e esquizóides.

De qualquer forma, a elevada qualidade de vida dos países nórdicos sempre teve esse trágico efeito perverso: uma das mais altas taxas de suicídio juvenil.

Mais uma vez, Camus (O Mito de Sisifo): «Mas só há um mundo. A felicidade e o absurdo são dois filhos da mesma terra. São inseparáveis. O erro seria dizer que a felicidade nasce forçosamente da descoberta absurda. Acontece também que o sentimento do absurdo nasça da felicidade.»

Anónimo disse...

Aconselho a socióloga MRF a consultar as estatísticas de suicídio que, de há muito tempo a esta parte, indicam os países centrais da Europa como aqueles que têm maior taxa de suicídio. Essa da elevada qualidade de vida dos países nórdicos ter um efeito perverso é, como deve saber, um "cliché".

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

escandinavo, não é "cliché". O fenómeno é complexo, não existem leis gerais, mas há de facto tendência para elevadas taxas de suicídio em países desenvolvidos e que, aparentemente, são bem sucedidos na integração social dos jovens. Na Finlândia, mais de 90%dos jovens termina a escolaridade obrigatória, mas a taxa de suicídio por 100000 habitantes é de 23.4 (valor para o total da população). Devolvo pois a sugestão de consulta a alguns dados estatísticos:

1. http://www.tu-importas.com/geral/DadosEstatisticos.asp

2. http://www.mat.uc.pt/~guy/psiedu1/Suicidio.pdf (página 25)

Sendo que, como é óbvio, o suicídio é um fenómeno que exige uma análise multifactorial: os factores socio-económicos são relevantes, mas os culturais e religiosos participam fortemente nas representações colectivas do suicídio, condicionando por isso os comportamentos. (E) Não estou a considerar factores de natureza distinta: clima, nº de horas do dia com luz, etc.. - nem o factor biológico (propensão genética ou hereditária, género, etc.)