Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
quinta-feira, outubro 5
5 de outubro de 1910
Às 8,30 da manhã passava pela Rua do Ouro, em triunfo, a artilharia, que era delirantemente ovacionada pelo povo.
As ruas acham-se repletas de gente, que se abraça. O júbilo é indescritível!
A essa hora, no Castelo de S. Jorge, que tinha a bandeira azul e branca, foi içada a bandeira republicana.
O povo dirigiu-se para a Câmara Municipal, dando muitos vivas à REPÚBLICA, içando também a bandeira republicana.
(…)
Vê-se muita gente no castelo de S. Jorge acenando com lenços para o povo que anda na baixa. Os membros do directório foram às 8,40 para a Câmara Municipal, onde proclamaram a República com as aclamações entusiásticas do povo.
O governo provisório consta será assim constituído: presidente, Teófilo Braga; interior, António José de Almeida; guerra, Coronel Barreto; marinha, Azevedo Gomes; obras públicas, António Luís Gomes, fazenda, Basílio Telles; justiça, Afonso Costa; estrangeiros, Bernardino Machado.
Governador Civil, Eusébio Leão.
Em quase todos os edifícios públicos estão tremulando bandeiras republicanas. A polícia faz causa comum com o povo, que percorre as ruas conduzindo bandeiras e dando vivas à República.
(Transcrito de O Século, quarta feira, 5 de Outubro de 1910, publicação de última hora.)
Raúl Brandão, in Memórias “O meu diário” – Volume II
Perspectivas & Realidades
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1 comentário:
... porém agora, ouvimos os próceres da nova fornada, dizer que Portugal, um dia destes,pode não existir.
Como o JN publicou hoje uma das suas edições sobre as batalhas portuguesas,no caso a de Alcântara, logo ali vi o antecessor deste espécime. Cristovão de Moura é o exemplo acabado destas "elites". Dispenso-me de as qualificar.
Parabéns ao JN porque nos alerta para estas gentes, e nos cria os anti-corpos inerentes.
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