sexta-feira, junho 10

10 JUNHO

Hoje é dia 10 de junho, um dia como outro qualquer, salvo ter sido escolhido faz tempo, não vem ao caso a razão, para Dia de Portugal. Lembrei-me a propósito do dia 10 de junho de 1977, celebrado na Guarda, como este que hoje se celebra. O que me faz lembrar esse longínquo dia é o discurso que nele foi convidado a proferir Jorge de Sena. Estávamos no fim do chamado período revolucionário, haviam ocorrido as eleições presidenciais, tendo sido eleito Ramalho Eanes, e a voz de Sena, tão pouco chamada a ser ouvida fora dos meios literários e académicos, irrompia como uma fagulha que iluminava temas raramente trazidos à praça pública em eventos de natureza politica, ou afins. A partir desse dia passei a ler a obra de Sena de forma sistemática, em particular a poética, que sempre me inspirou. O discurso de Jorge de Sena, proferido em 10 de junho de 1977, contém tanta actualidade que até dói. Foi uma das suas últimas intervenções públicas em Portugal, senão a última, pois morreu em 4 de junho de 1978 em Santa Bárbara, Califórnia, onde vivia com sua mulher Mécia (já falecida, com a qual me correspondi longo tempo) e a sua vasta prole.

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