terça-feira, fevereiro 21

"...La mer sous la lune, ..."

Posted by Picasa Fotografia de José Marafona

««En mer. La mer sous la lune, ses étendues silencieuse. Oui, c´est ici que je me sens le droit de mourir tranquille, ici que je puis dire : « J´étais faible, j´ai fait pourtant ce que j´ai pu. »»

Albert Camus

“Carnets – III” - Cahier nº VII (Mars 1951/Juillet 1954)
Gallimard

sem título (VI)

Posted by Picasa Fotografia de Angèle

o tempo corre desvairado e na poeira de seus passos
meu filho se fez homem

21 de Fevereiro de 2006

Mick Jagger, en una reunión del APA

Posted by Picasa Uma notícia - e fotografia - de sociedade recolhidas no El País, on line, de hoje. Os mundos se cruzam e uma vedeta do espectáculo (de língua inglesa) acompanha o seu filho numa escola bilingue português/ inglês. O nosso pequeno mundo …

“El líder de los Rolling Stones, Mick Jagger, que el sábado por la noche dio con su banda un apoteósico concierto en la playa de Copacabana, en Río de Janeiro, se presentó ayer en una reunión de padres de familia del colegio bilingüe Saint Paul, en el barrio de Jardins de Sao Paulo, donde estudia su hijo pequeño, Lucas, de seis años, según el canal de televisión Globo. Lucas Jagger es hijo del rockero, de 62 años, y de la modelo brasileña y presentadora de televisión Luciana Giménez. (REUTERS)”

segunda-feira, fevereiro 20

"sou sítio..."

Posted by Picasa Fotografia de José Marafona

(…)
sou sítio onde se nega que se morre
(…)

Ruy Belo


EM CIMA DE MEUS DIAS
Boca Bilingue

GOVERNO - UM ANO

Posted by Picasa Fui apoiante convicto da candidatura de Mário Soares. Não me arrependo. Apoiei, e apoio, as linhas gerais da política do governo socialista. Posso vir a arrepender-me! Mas, hoje por hoje, não vejo outra saída mais promissora para o futuro da comunidade.

Claro que prefiro, nesta fase da minha vida, as digressões pela poesia – a obra de Ruy Belo é fascinante – as leituras e releituras de Camus dão-me prazer – o que pode fazer crer que desmereço a importância da política que, na verdade, sempre me fascinou.

Não esqueço a política nem menosprezo a sua importância. Mas seria hipócrita negar que me afasto dela irremediavelmente observando os seus jogos, omissões, injustiças, cobardias e silêncios. O meu ponto de observação da política encontra-se num lugar cada vez mais distante dela. Muitos factos sustentam esta convicção mas, por ora, não os vou desenvolver..

O meu é, provavelmente, o ponto de vista do cidadão comum, ou melhor, do cidadão comum/cumpridor. E, face à minha história de vida, é este o mais incómodo dos lugares. O cidadão comum/cumpridor é, em regra, julgado pelas suas acções correndo o risco, paradoxal, de ser perseguido exactamente por ser cidadão/cumpridor. Compreenda quem quiser e puder.

Os governos têm por obrigação zelar pelo interesse geral, ou seja, pelo interesse de toda a comunidade. Se este governo o não fizer com justiça, bom senso e sentido de futuro, será severamente punido. Não é só uma questão de alcançar as metas quantitativas - déficit e outros indicadores macro-económicos - que fixou para o próximo futuro. É uma questão de escolher os objectivos qualitativos certos destinados a modernizar o estado e a sociedade assim como as pessoas competentes para os fazer cumprir.

É uma questão de ser capaz de valorizar e fazer justiça aos dirigentes e cidadãos que trabalham e cumprem. E esses são a maioria ao contrário do que, muitas vezes, se quer fazer crer.

Tenho as maiores dúvidas acerca de muitas escolhas do governo mas não tenho dúvidas de que este é o único governo que, neste tempo, poderia merecer a minha escolha. Veremos o que nos diz o futuro. Aqueles que escolheram a propaganda negativa para atacar Sócrates, como se documenta com a imagem acima, devem, esses sim, estar mil vezes arrependidos.

domingo, fevereiro 19

sem título (V)

Posted by Picasa Fotografia de José Marafona

subindo a montanha do tempo descubro
as mãos vazias de nada

19 de Fevereiro de 2006

Lágrimas

Posted by Picasa Ron Mueck

«Quand ma mère avait les yeux détournés de moi, je n´ai jamais pu la regarder sans avoir les larmes aux yeux. »

Albert Camus

“Carnets – III” - Cahier nº VII (Mars 1951/Juillet 1954)
Gallimard

sexta-feira, fevereiro 17

sem título (IV)

Posted by Picasa Van Gogh - O semeador

as cidades ocupam o lugar dos campos abandonados
mas é neles que me revejo


17 de Fevereiro de 2006

"Digam que foi mentira ..."

Posted by Picasa Fotografia de Angèle

(…)
Digam que foi mentira, que não sou ninguém,
que atravesso apenas ruas da cidade abandonada
fechada como boca onde não encontro nada:
não encontro respostas para tudo o que pergunto nem
na verdade pergunto coisas por aí além
Eu não vivi ali em tempo algum
(…)

Ruy Belo

EM CIMA DE MEUS DIAS
Boca Bilingue

quinta-feira, fevereiro 16

EDUARDO

Posted by Picasa Fotografia de Hélder Gonçalves

O Eduardo pai do Eduardo ontem morreu. Era Eduardo como eu tal como era Eduardo um avô meu. Era um Eduardo que conheci e que me cobria de atenções e lisonjas. Era uma voz quente num sorriso corpulento ressoando assentimento. Quando o conheci afinal era novo e para mim nunca envelheceu. Era alguém que estou certo sempre nos compreendeu. Agradeço! Receba onde quer que se encontre o abraço sentido vertical e amigo deste seu Eduardo!

Margarida Delgado

(A Morte)



Não amaremos talvez insuficientemente a vida? Já notou que só a morte desperta os nossos sentimentos? Como amamos os amigos que acabam de deixar-nos, não acha? Como admiramos os nossos mestres que já não falam, com a boca cheia de terra! A homenagem surge, então, muito naturalmente, essa mesma homenagem que talvez eles tivessem esperado de nós, durante a vida inteira. Mas sabe porque nós somos sempre mais justos e mais generosos para com os mortos? A razão é simples! Para com eles, já não há deveres.
É assim o homem, caro senhor, tem duas faces. Não pode amar sem se amar. Observe os seus vizinhos, se calha de haver um falecimento no prédio. Dormiam na sua vida monótona e eis que, por exemplo, morre o porteiro. Despertam imediatamente, atarefam-se, enchem-se de compaixão. Um morto no prelo, e o espectáculo começa, finalmente.
Têm necessidade de tragédia, que é que o senhor quer?, é a sua pequena transcendência, é o seu aperitivo. É preciso que algo aconteça, eis a explicação da maior parte dos compromissos humanos. É preciso que algo aconteça, mesmo a servidão sem amor, mesmo a guerra ou a morte. Vivam, pois, os enterros!
Albert Camus, in “A Queda”
Sublinhados de Ana Alves – “Cadernos de Camus”

A medida das coisas

Posted by Picasa Fotografia de Angèle

Em pequeno não sabia a exacta medida das coisas
Parecia-me enorme uma rua pequena uma avenida
Uma ideia de largura sem margens um riacho o rio
Da minha vida e o sorriso escancarado a felicidade

A verdade é que nunca soube medir a medida certa
Das coisas e me venderam milímetros de felicidade
Por quilómetros de prazer e eu crente na verdade fui
Tornando minhas as ilusões que não me pertenciam

Lisboa, 10 de Janeiro de 2006

GENTE


Pareceu-me uma das duas notícias mais interessantes do dia. Aqui está como os mundos se cruzam. Parece uma brincadeira mas não é.

Vejam a notícia que nos diz que a Juventus lançou um processo judicial contra Figo após as suas declarações no fim do jogo Inter-Juventus. Com a imagem de Sharapova ganha a imagem da Rússia com a postura desportiva e humana de Figo ganha a imagem de Portugal.

Em qualquer dos casos: Gente!

quarta-feira, fevereiro 15

terça-feira, fevereiro 14

PARE, ESCUTE E OLHE!

Posted by Picasa Fotografia de Angèle

Os que pensam que as guerras estão muito longe, que as epidemias estão muito longe, que as injustiças estão muito longe, que as ignomínias estão muito longe, estão muito enganados.

Todos os males do mundo, que se anunciam, estão demasiado perto de nós. No entanto, em Portugal, estão encobertos pelo silêncio e pela cobardia de titulares dos órgãos públicos, semi-públicos e privados.

O país da neutralidade suicida, do silêncio cúmplice, do frete encomendado e da vingança póstuma, regurgita de actividade diante dos nossos olhos. Pare, escute e olhe!

Até o Dr. Portas já reapareceu!

PROPAGANDA NAZI

Posted by Picasa Postkarte zur Ausstellung "Der Ewige Jude"
Wien, 1938 Lithographie [15 x 10,5 cm DHM, BerlinPk 96/416]

A PIQUE

Posted by Picasa Dos States para o mundo, a peçonha e o divertimento. Se carregares, segurando o rato sobre boneco, podes apertar com ele e conduzir o movimento como preferires...mas também é bom vê-lo despenhar-se em queda livre! Experimenta.

segunda-feira, fevereiro 13

sem título (III)

Posted by Picasa Van Gogh – Vinha vermelha em Arles - 1888

no fim do tempo as cores belas do poente

12 de Fevereiro de 2006

EM CIMA DE MEUS DIAS

Posted by Picasa Fotografia de Angèle

Muita gente me tem falado a meu respeito
como quem me chamasse pelo nome e eu me voltasse
e nesse nome dito nessa boca fosse toda a minha vida
e eu morresse quando entre pinhais quem me chamara a fechasse

(…)

Ruy Belo


EM CIMA DE MEUS DIAS
Boca Bilingue

domingo, fevereiro 12

LEITURAS

Posted by Picasa Fotografia de Angèle

Ontem não comprei o “Expresso”, hoje não comprei o “Público”. Os jornais, ora, do Senhor Oliveira nunca comprei. Nestes três dias não comprei jornais.

Mas farto-me de ler. Leio os cabeçalhos nas bancas e folheio-os na pastelaria. Este fim-de-semana até deu para ler três livros. Poesia de autores de que darei, em breve, notícia através de uns excertos. O Portugal desconhecido no seu melhor ao qual ninguém dá importância nenhuma. O meu filho, de vez em quando, por causa do Sporting, pede-me para comprar o “Record”. Não fora o acesso gratuito a alguns jornais, nacionais e internacionais, via net e estaria a tornar-me – quanto aos jornais impressos – num cidadão comum! Ler só de borla!

O Henrique Monteiro e o José Manuel Fernandes vão continuar a obedecer à voz dos respectivos donos. Um dia correm o risco de se verem, de novo, à frente de órgãos de comunicação do género “O Grito do Povo”.

Mas o Pacheco Pereira vai recompensá-los, daqui a uns 20 anos, com um estudo acerca do seu papel no apagamento da influência e, posterior, liquidação dos títulos que dirigem. Nada mau!

sem título (II)

Posted by Picasa Fotografia de Angèle

o raio de luz estilhaça o espaço
do meu silêncio

11 de Fevereiro de 2006

DÉJARINE

Posted by Picasa Scarlett Johansson

4 de Março 1950

(…)

“”Déjarine. “Eu desejaria detê-la no tempo, nesse dia já distante das Tulherias em que ela vinha ao meu encontro, com a sua saia preta e a blusa branca arregaçada nos braços dourados, os cabelos soltos, o pé pequenino e o rosto em proa.”

“O que eu pensava pedir-lhe desde há muito, fi-lo nessa noite extrema: o juramento de não vir a pertencer a nenhum outro homem. O que a religião pode provocar e permitir, não o queria viver se o amor humano fosse incapaz de o alcançar. Ela fez-me então essa promessa sem me exigir um compromisso. Mas na alegria terrível e no orgulho do meu amor, prometi-lhe jubilosamente. Tratava-se de a matar, e de me matar, de uma certa maneira.”

Quando o amor é um luxo, como não haveria a liberdade de ser um luxo? Mais uma razão, é certo, para não ceder àqueles que fazem do amor e da liberdade uma dupla miséria.””

Albert Camus
“Caderno nº 6” – Abril 1948 – Março 1951 – in “Primeiros Cadernos” – Edição “Livros do Brasil” (sem data de edição nem indicação dos tradutores que é, no entanto, no caso deste excerto, António Ramos Rosa).

(Este excerto pertence ao livro que comprei hoje, um exemplar da edição esgotada dos Cadernos de Camus, intitulada “primeiros cadernos”, da “Livros do Brasil”, que compila os seis primeiros cadernos, editados inicialmente, em três volumes, na colecção “Miniatura” dessa editora. Fica, assim, completa a minha colecção das edições portuguesas dos Cadernos.)