Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sábado, janeiro 18
Presidenciais
O que toda a gente pensa mas, à maneira portuguesa, mantem em reserva: o almirante, caso se apresente, ganhará as presidenciais. Salvo qualquer cataclismo o povo português que vota não perderá a oportunidade de dar uma lição aos politicos profissionais. E, em particular, a Marcelo. Pensam eles. Os restantes candidatos poderão marcar terreno partidário... ou não.
sexta-feira, janeiro 17
Coisa pública...
Tudo tem a sua explicação e temos que estar preparados para tudo. Esta da reversão do modelo das uniões de freguesia ultrapassa a minha capacidade de entendimento da bondade das decisões democráticas. Vão voltar a existir freguesias com menos fregueses que o meu condomínio. Vão ser criados centenas de lugares para eleitos politicos, presidentes, mesas de assembleias, lugares administrativos... Num contexto em que o discurso dominante é o de racionalizar a administração, poupar recursos e por aí fora. A única força politica que se opôs foi a IL que está preparar, ao que se diz, uma coligação autárquica com o PSD ... haja saúde!
segunda-feira, janeiro 13
Em homenagem a Rui Namorado no dia da sua morte
Um belo texto político acerca do almoço/convívio dos ex-MES de autoria de Rui Namorado, de novembro de 2011.
Algumas centenas de antigos militantes do MES comemoraram, ontem, na Costa da Caparica, os trinta anos da sua extinção. Estiveram presentes protagonistas das principais cisões e vários rostos da vida completa do MES. Estiveram presentes cidadãos que usaram a sua vida sem protagonismo na esfera pública, militantes de diversas causas generosas, militantes políticos sem exposição mediática, detentores de prestígios exteriores à política, deputados e ex-deputados, ex-Ministros, ex-Secretários de Estado, ex-Secretários Gerais do Partido Socialista, um ex-Presidente da República. Sem mesas de honra, sem primeiras filas, sem vénias, mas com um grande calor humano, com uma fraternidade subtil mas patente, bem dispostos. Gente com uma auto-imagem suficientemente afirmativa para pensar que o que fez, em conjunto, sob aquela bandeira, por pouco que tivesse sido, foi importante; mas com a auto-ironia bastante para saber que essa importância não justifica a empáfia da grandiloquência.
Se um voo rápido da imaginação nos levasse a ver toda aquela gente, apostando numa iniciativa política comum, é realista pensar-se que a paisagem política portuguesa seria outra. E mesmo que, num assomo de modéstia, a imaginação se limitasse ao espaço de um único partido (pensando naquele a que pertenço, penso no PS), é realista pensar-se que, se aqueles que ali estavam e são militantes do PS, traduzissem o sentido que atribuíram aos sonhos ali comemorados numa imaginação política actual, em que todos se reconhecessem, rapidamente nos afastaríamos de qualquer cinzentismo abafado. Mas todos sabemos que essa imaginação não é realizável, embora a devamos deixar pairar como sombra orientadora ou como amável e virtuosa ameaça, ainda que frágil e suave.
O tempo deixou, no que cada um de nós viu no rosto dos outros, a sua implacável marca e uma discreta melancolia. A memória foi-nos reconduzindo aos rostos dos nossos passados, num intercâmbio de recordações dispersas e calorosas, por vezes simplesmente intuídas, às vezes passageiras, sempre luminosas. As diferenças antigas tornaram-se pequenas e amigáveis. O essencial ficou de pé, como uma saudade da razão.
Vivemos um tempo em que algumas narrativas das grandes esquerdas já foram encerradas nos atalhos da história, enquanto outras parecem ter perdido o futuro, quando se deixaram extraviar demasiadas vezes nos seus presentes. Mas o tempo cruel do capitalismo agonizante não conseguiu fechar, na arca dos impossíveis e do esquecimento, as desamparadas narrativas das pequenas esquerdas. Elas que nasceram frágeis e minoritárias (quando eram enormes as narrativas dum realmente existente, que afinal não existia), questionando-se ao mesmo tempo que questionavam, subsistem com simplicidade, abertas a novos sonhos e a novas maneiras de sonhar um futuro.
Cientes da diversidade de opiniões ali presente, mas que a ninguém embaraçou, aquelas centenas de cidadãos, sob a superfície emocionada de uma simples efeméride, penso eu, que homenagearam a semente de utopia que há trinta e quarenta anos os animou. Uma utopia feita de palavras simples, virtuosamente indissociáveis, sedentas de uma sinergia insubstituível: liberdade e democracia; igualdade e justiça; fraternidade e solidariedade. Ou seja, sair do capitalismo pela mão do povo, através da sua vida e da sua força, através de mutações sociais politicamente sustentadas, com a ajuda (apenas ajuda, ainda que importante) de um Estado que seja democraticamente seu. Numa palavra, levar a democracia ao extremo de si própria.
O Rui Namorado morreu
Faleceu hoje o Prof. Rui Namorado, que dedicou muito do seu saber e energia ao setor da economia social e, em particular, ao cooperativismo, deixando-nos uma grande obra, na esteira de António Sérgio. Honra à sua memória!
Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e Mestre em Ciências Jurídico-Empresariais pela mesma Faculdade, doutorou-se em Direito Económico na especialidade de Direito Cooperativo na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
Exerceu funções docentes na Faculdade Economia da Universidade de Coimbra, desde 1979 até ser jubilado em Abril de 2011. Em 1981, foi um dos fundadores do Centro de Estudos Cooperativos e da Economia Social da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (CECES/FEUC), tendo participado na sua coordenação até Dezembro de 2021.
Em 2016, foi distinguido com o Prémio Especial Personalidade do Ano dos Prémios Cooperação e Solidariedade António Sérgio, instituídos pela CASES.
Desde Janeiro de 2011, é membro do Conselho Nacional para a Economia Social (CNES). Desde Novembro de 2011 até Setembro de 2015, foi membro da direção do CIRIEC-Portugal. Foi membro do Conselho Nacional de Educação, 2000 a 2002. Desde 1996, pertenceu à Rede Portuguesa de Formação para o Terceiro Sector, tendo sido sucessivamente reeleito como Presidente da sua Comissão Diretiva, desde 1999 até à sua desativação em 2011.
Foi Deputado à Assembleia da República pelo Partido Socialista, de 1995 a 1999, tendo sido um dos vice-presidentes do respetivo grupo parlamentar de 1997 a 1999.
É autor de vários livros e participou em diversas coletâneas sobre temas cooperativos e da economia social. Publicou alguns livros de poemas e foi incluído em antologias poéticas.
Contra a pena de morte, sempre!
Em Lisboa, nos arrabaldes de Belém, o Duque de Aveiro e alguns membros da família dos Távoras foram publicamente executados, em 13 de Janeiro de 1759, por estarem implicados no atentado contra o rei D. José. A sentença foi aplicada de uma forma tão brutal e selvagem que foi muito criticada pela opinião pública internacional. Na gravura vê-se o patíbulo com os condenados a serem sentenciados e os seus carrascos; magistrados com as suas varas encarnadas e tropas de infantaria, com os seus tradicionais uniformes brancos com granadeiros de gorro de pele à direita da bandeira regimental, assim como de tropas de artilharia com os seus uniformes azuis. A legenda da gravura enumera os condenados.
quinta-feira, janeiro 9
Pelo aniversário da morte de meu pai
No dia de aniversário da morte de meu pai Dimas, uma das poucas datas que nunca esqueço, relato um episódio que me foi lembrado, dias atrás, pelo meu amigo Eurico. Quando da minha primeira viagem para Lisboa, a propósito do ingressso na faculdade, ostentava uma gravata preta. Daí o Eurico perguntar da razão. Segundo ele a minha resposta foi: "Estou de luto pela sociedade". Apesar da idade adolescente a minha consciência social, pelos vistos, era alta. Deve-se a meu pai (e a meu irmão). Que estejam em descanso.
terça-feira, janeiro 7
A Primeira Imagem
Em 8 de janeiro de 2005 foi esta a primeira imagem publicada neste blogue. Fotografia do meu amigo Hélder Gonçalves (um grande fotógrafo!).
sexta-feira, janeiro 3
Pelo 65º aniversário da morte de Camus
1960 - No dia 3 de janeiro, Camus parte da sua casa de Lourmarin, onde havia passado o fim de ano, de regresso a Paris, no Facel Vega conduzido por Michel Gallimard. Francine Camus fizera a viagem de comboio na qual deveria ter sido acompanhada por Camus; no dia seguinte, no prosseguimento da viagem, o carro despista-se, numa longa reta, em Villeblevin, perto de Montereau, embatendo num plátano, provocando a morte imediata de Camus e, cinco dias mais tarde, a de Michel Gallimard. Na pasta de couro de Camus, encontrava-se, além de diversos objetos pessoais, o manuscrito de Le Premier Homme, um romance inacabado, cento e quarenta e quatro páginas que sua mulher Francine haveria de dactilografar e sua filha, Catherine, fixaria em texto, publicado pela Gallimard, na primavera de 1994.
quarta-feira, janeiro 1
Ano Novo
Hoje é dia de Ano Novo que sempre foi importante na minha relação com o tempo. Surge-me na memória o "Golpe de Beja", tentativa de sublevação militar, destinada a derrubar a ditadura, realizado de 31 de dezembro para 1 de janeiro de 1962. Nessa madrugada regressava de casa de meus avós maternos, de Santo Estêvão, Tavira, para Faro, e era visivel a atividade policial, fora do vulgar, pois alguns dos sublevados do golpe frustado fugiram para sul. Hoje por hoje, dentro das fronteiras, reina a paz ainda sob os auspícios do acordo de regime saído do 25 de abril de 74. Até quando? A ver!
terça-feira, dezembro 31
2025
Não pensei nunca chegar a este dia no ativo no plano profissional, com saúde e capacidade de sonhar. Mas a vida é para viver dia a dia e, como diziam os antigos, o futuro a Deus pertence. Adivinho 2025 ainda mais conturbado por efeito das disputas de territórios e riquezas, ganancias e perfídias, o reino dos negócios da guerra. Alguma nova aliança entre os homemns de boa vontade tem que ser criada para combater a presente deriva autoritária e belicista. Tenho esperança, com os desejos de Bom Ano de 2025.
terça-feira, dezembro 24
NATAL
A sul, na minha cidade Natal, não chove nem venta, ressoam as memórias antigas que abraço sem temores. A todas e todos que por aqui passam deixo os desejos de um Bom Natal.
segunda-feira, dezembro 23
O caminho das figueiras
As figueiras e as suas sombras quentes são um laço que me prende à vida pela memória. Descia o caminho de casa à estrada e passava por elas, umas castelhanas, outras vulgares, de copas grandes e arredondadas, baixas e rasteiras e a todas conhecia de cor.
A minha mãe me ensinou o caminho para lhes chegar. Na época de verão, aí por Julho, os figos eram, quase sempre, suculentos. Arrancava-os com cuidado para uma cesta, primeiro os mais acessíveis, às minhas mãos de menino, depois os das ramadas mais altas, em bicos de pés.
Alguns sempre ficavam inacessíveis. Não me importava com esses. Nunca me importei com o que é inacessível a minhas mãos que não a meus olhos. Leitosos escorriam seiva e, por vezes, ressequidos, abriam fissuras finas por onde se iniciava a retirada da pele. Depois comia-os com prazer.
A apanha, a meio da tarde, era dolorosa. Ia-mos muitas vezes pela força do calor, como lá se diz, e ficava doente. Ou pelo sol que me fazia ferver a cabeça ou pelos figos que me descosiam o intestino. Ainda hoje algumas dessas figueiras estão à beira do mesmo caminho. A mais frondosa resiste defronte do antigo poço, abandonado, mas que noutros tempos alimentava de água o monte.
O prazer da sombra das figueiras, do cheiro ao campo, embebido no ar quente, do sabor dos frutos, colhidos à mão, nunca me deixou por um só momento. Somente, por vezes, descanso dele. É esse prazer físico da memória que me faz amar aqueles que me amam. E resistir às adversidades. (Fotografia em que a minha família materna posa, certamante para a Kodak do meu pai, no monte de onde sai o caminho das figueiras)
sábado, dezembro 21
Pelo cinquentenário do I Congresso do MES
O MES constituiu-se, formalizando-se, num Partido a custo pois as suas raízes beberam muito da ideologia libertária, que havia esmorecido ao longo do período da ditadura, mas que César de Oliveira fez retornar propondo, e fazendo vencer, a consigna que o MES adaptou nos seus primórdios: «A emancipação dos trabalhadores tem de ser obra dos próprios trabalhadores».
O MES foi, na verdade, um partido minoritário de elites, e de causas perdidas, nunca se assumindo como projecto politico de poder, abordando as eleições às quais concorreu – constituintes de 1975 e legislativas de 1976 - com um surpreendente espírito de cruzada pedagógica junto dos portugueses, que nunca haviam conhecido a cor da liberdade, razão pela qual, sem apelo nem agravo, em todas foi estrondosamente derrotado.
O MES foi, no seu âmago, um partido da esquerda radical, mais do que um partido esquerdista, lidando mal com alinhamentos ideológicos mesmo aquando da sua deriva marxista-leninista, reconheçamo-lo, uma mera proclamação artificial e dolorosamente patética. O MES foi um esboço de casa comum na qual se acolheram cidadãos desalinhados – livres de compromissos com o antigo regime - que aspiravam combater as brutais desigualdades e iniquas misérias herdadas do “Estado Novo”.
Nele se acolheram uma plêiade de altos quadros intelectuais, operários, sindicalistas, estudantis, activistas de movimentos sociais emergentes, com escassa experiência política, que na voragem de um singular tempo de brasa, sonhavam – sob diversos e contraditórios ideários socializantes - a mudar tudo na sociedade portuguesa fazendo do MES, na sua breve existência, antes e pós I Congresso de 21 e 22 de dezembro de 1974, um espaço de rebeldia e, no período fundador, de criatividade como revelam, por exemplo, as designações de inúmeras estruturas criadas e a obra gráfica, criada por Robin Fior, para a criação de uma imagem para o MES.
O MES foi, por fim, um partido que ousou auto extinguir-se – se bem que nem todos os que nele tomaram parte tenham concordado com o “sacrifício” - tendo cada um dos seus membros, ao longo do tempo, saído, em liberdade, dando caminho às suas vidas nos mais diversos caminhos. Extinguindo-se, por ato público o MES assumiu, de forma radical, o fracasso do seu projecto político salvando a essência dos sonhos que presidiram à sua criação. (Reprodução de excerto de um post de 2014 de entre muitos dos escritos acerca do MES que aspiro ainda a que dêem origem a um livro.)
I Congresso do MES - Cinquenta anos
Passam hoje 50 anos sobre a realização do I Congresso do MES. 21 e 22 de dezembro de 1974 - Aula Magna da Cidade Universitária de Lisboa.
quinta-feira, dezembro 19
ABSORTO - Aniversário
No dia 19 dezembro de 2003, pelas 16,20h, foi criado este blog com a seguinte frase: "Estreia absoluta. Um lugar de comunicação. Experiência para a primeira impressão dos outros. Uma primeira audição para inicio de trabalho." Eram tempos em que a chamada blogosfera usufruia de grandes audiências, ao contrário do que acontece hoje. Mas persisto!
terça-feira, dezembro 10
CAMUS - NOBEL - 10 DEZEMBRO 1957
Quando soube da atribuição do Prémio Nobel “pela sua importante obra literária, que foca com penetrante seriedade os problemas que se colocam nos nossos dias à consciência dos homems”, Albert Camus escrevu nos Cadernos: “Prémio Nobel: estranho sentimento de desânimo e melancolia. Aos vinte anos, pobre e nu, conheci a verdadeira fama”. Camus afirmou então que o Prémio deveria ter sido atribuido a André Malraux e manifestou dúvidas acerca da sua própria capacidade e força criadora que sempre o atormentaram. Após o anúncio da atribuição do Nobel sujeitou-se a ataques odiosos, que o não deixaram indiferente e comentou: “Assustado com aquilo que me acontece e que não pedi. E, para cúmulo, ataques tão infames que o coração se me aperta.”(Cadernos). Mas Camus, segundo todos os testemunhos, não podia, nem queria, recusar o Prémio. Telefonou, de imediato, à mãe, que sempre viveu na Argélia, como que a agradecer à sua origem a honra que lhe tinha batido à porta. Escreveu a Jean Grenier, o seu professor e mentor intelectual : “(…) quando recebi a notícia, o meu primeiro pensamento foi, depois de minha mãe, dirigido ao senhor. Sem o senhor, sem essa mão efectuosa que estendeu à criança pobre que eu era, sem a sua instrução e o seu exemplo nada disto tinha acontecido.” (citado a partir de Roger Quilliot). René Char, um amigo de todas as horas, não cabia em si de contente e manifesta esse contentamento de várias formas incluindo um artigo publicado, logo em 26 de Outubro de 1957, no Figaro littéraire, intitulado “Je veux parler d’ un ami”. No ínicio de Dezembro de 1957 Camus partiu com a mulher, Francine, para Estocolmo e, em todas as suas aparições em público, tinha a consciência que devia estar preparado para ser atacado a propósito da sua discrição a respeito do conflicto na Argélia que estava no auge. Albert Camus, a 10 de Dezembro de 1957, recebeu das mãos do Rei Gustavo VI da Suécia o diploma e, no banquete que se seguiu, proferiu o seu discurso de agradecimento. Logo num dos dias seguintes escreveu a Jean Grenier descrevendo, de forma sintética, o que sentia: “A corrida acaba, o touro está morto, ou quase.”
sexta-feira, dezembro 6
MÁRIO SOARES - CENTENÁRIO
Aqui deixo, no dia do centenário de Mário Soares o que escrevi, neste mesmo blogue (dando-me conta de quão antigo é), pelo seus 80º e 90º aniversários. O tempo não pára e o mais que tenho a acrescentar acerca do aniversariante é pouco. Somente replicar o que li, ou ouvi, um dia destes, acerca da personagem em questão: pode pensar-se o que se quiser, ser afável (ou feroz) adversário, admirador incondicional ou simpatizante complacente, Mário Soares será dos raros nomes, senão o único, que ficará na memória coletiva na história do século XX português.
Pensei não escrever nada acerca dele. Todos escrevem, nestas efemérides, mesmo que as personagens não lhes interessem para coisa nenhuma.
Um dia, só pode ter sido no ano de 1969, fui com o Xico Chaves e a Helena Moura e mais alguém, que já não me lembro quem, falar com o Soares à sede da CEUD. O Xico Chaves, que vive no Brasil e não sei que é feito, é que teve a ideia.
Ficamos à espera numa sala um tempo e apareceu-nos um Soares imponente com aquele ar triunfante mesmo quando está na mó de baixo. A conversa foi curta e inconclusiva pois, pelo menos eu, não estava virado, à época, para a social-democracia ou para o socialismo democrático.
O Soares impressionava mas era demasiado pouco estimulante para o nosso desejo de mudança. Sentia-me melhor na CDE. E assim foi.
No início dos anos 80 tudo mudou. Passei a apoiar todas as iniciativas do Soares e, desde o início, a sua “impensável” primeira candidatura presidencial que havia de sair vencedora.
Na sequência da extinção do MES, com um grupo de ex-militantes deste movimento, no qual se incluía o Ferro Rodrigues, ingressei, em 1986, no PS depois de ter sido candidato independente nas eleições legislativas de 1985 nas quais só faltou ser açoitado pelo povo nas ruas. Deve ter sido o pior resultado de sempre do PS.
A partir de 1985 Mário Soares, para mim, passou a ser fixe. Até hoje. Agora já não entro nestas festas de aniversário, mesmo de inscrição livre, porque me aborrecem a maior parte dos convivas e desconfio das palmadas nas costas.
O que me interessa é o hino à vida e à intervenção cívica de que Mário Soares é um exemplo. Parabéns.
domingo, dezembro 1
Uma vez mais - António Costa
Pode-se gostar ou não gostar da personagem, mas António Costa é uma figura cimeira na liderança política da Europa.
domingo, novembro 24
As inundações de 25 novembro de 1967
No dia 25 de novembro de 1967, era sábado, lembro-me de sair, era já tarde/noite, do ISCEF, pouco mais de um ano após ter iniciado os estudos naquela escola. Teria ido, certamente, participar numa reunião ou, mais prosaicamente, jantar na cantina da Associação de Estudantes. Ao sair devo ter feito o caminho de casa, um quarto alugado, ao cimo da Calçada da Estrela. Não levava qualquer resguardo para a chuva, que nem me pareceu excessiva, e caminhei colado às paredes até chegar ao destino. A minha perceção da chuva que caía naquela hora não me permitiu sequer imaginar as consequências que haveria de provocar. Chovia, simplesmente. Na manhã do dia seguinte, domingo, devo ter feito o caminho oposto, corriam as notícias de inundações em diversos sítios de Lisboa e arredores, havendo uma indicação para nos dirigirmos ao Técnico para paticipar na gigantesca mobilização estudantil que se organizou para avançar para as zonas mais atingidas em socorro das vitimas e no apoio à reparação dos estragos. O quartel general, que me lembre, havia sido montado no Técnico e deve ter sido a primeira vez que, à margem dos poderes instalados, com autonomia e mobilizando recursos próprios, se promoveu uma ação voluntária juvenil de grande envergadura à margem da politica oficial do regime. Foi um processo organizado que enquadrou a vontade espontânea de uma multidão de jovens estudantes ávidos de participação cívica e politica. Fui numa brigada para Alhandra munidos de meios rudimentares e lembro-mo com nitidez de nos afadigarmos a limpar ruas no meio da maior destruição que se possa imaginar. Retenho na memória o ambiente de caos e de tensão pois, afinal, estávamos a participar numa ação voluntária não autorizada que, naquela época, comportava riscos pessoais. Não havia medo, mas necessidade, e vontade de ação. Os meios para o socorro eram escassos, mas o que contava, de verdade, era participar, prestar solidariedade, ver com os próprios olhos in loco o que, de súbito, nos surgiu como uma calamidade de enormes proporções. Uma pá na lama, os destroços, uma palavra de conforto e incentivo, uma força coletiva que enfrentava sem medo a situação dramática de populações desprotegidas e, afinal, um regime decadente acobertado na ignorância, na censura e na repressão. No que me respeita ficou uma experiência sem dissabores. Não poderia imaginar que estávamos nas vésperas da queda de Salazar e da emergência, em 27 de setembro de 1968, do governo de Marcelo Caetano, menos de um ano depois daquelas trágicas inundações. Afinal aquela gigantesca ação voluntária havia de contribuir, de forma relevante, para o início do processo politico que desembocou no 25 de abril de 1974.
Regresso
A recusa da "Associação 25 de abril" em participar na sessão evocativa do 25 de nevembro na AR, desloca o sentido da evocação para o terreno da propaganda politica da ultra direita. Nos tempos presentes tudo é possível, até o ressurgimento do lema Deus Pátria Família, um regresso à defesa das virtudes da ditadura. Preparem-se...
quinta-feira, novembro 21
Guerra
Uma faísca pode incendiar a Europa. Todos sabem, todos sentem, soltam-se esgares de preocupação, espera-se o milagre. Assim que um projetil, ou quejando, cair em país da NATO, está o caldo entornado. Nunca estivemos tão próximo desde 1945. Quem luta pela paz?
sábado, novembro 16
Nova barbárie
A equipa de Tramp é uma galeria de horrores. Aguardemos pelo naufrágio da quadrilha que ameaça uma nova barbárie. Os estragos vão ser monstruosos.
sábado, novembro 9
Tramp
Os USA vão ser dirigidos nos próximos tempos por um louco. O povo votou e elevou à presidência um louco criminoso. É inamaginável e faz antever tempos sombrios, desde logo, para os americanos e para o mundo. Não vale a pena balbuciar meias palavras de tolerância perante os crimes que se adivinham das decisões de um criminoso. Não se trata de uma questão da direita ou da esquerda politicas, nem da democracia e do uso que dela fazem os povos. O que está em causa são os valores básicos essenciais em que assenta a vida, nos planos individual e coletivo, que asseguram a liberdade. Para resistir é necessário, em primeiro lugar, não desistir de pensar livremente.
sexta-feira, novembro 8
ALBERT CAMUS - 7 NOVEMBRO 1913
Paul Valéry, desdenhando das biografias, escreveu um dia: “Ainda que pouco saibamos sobre Homero, permanece para nós intacta a beleza marítima da Odisseia”. Mas o exemplo de Homero, talvez rapsodo de textos alheios, não parece adequar-se à vida e obra de Albert Camus. Sabida a vida de Albert Camus nos damos conta de que alguns autores fazem também da vida uma obra. Quase nada na sua vida é provável, quase tudo é a demonstração de uma alargada coerência estilística que vai do pensamento ao gesto, do gesto à palavra, e da forma da palavra ao conteúdo da palavra. E por isso quanto mais sabemos sobre a vida de Albert Camus mais ela nos persuade da verdade da obra. E da urgência de a lermos, se andamos sedentos de verdade.
quinta-feira, novembro 7
Um jantar emblemático
Na sequência do IV Congresso do MES, realizado a 8 de Julho de 1979, marcado pela vitória da moção intitulada «Nova Prática, Novo Programa, Outro Caminho», foi aberto o caminho para a auto-crítica em relação a algumas orientações políticas anteriores e para uma demarcação, assumida e sem regresso, do MES face à chamada «Esquerda Revolucionária». Foi Vítor Wengorovius quem assumiu as funções de porta-voz desta ruptura que haveria de anteceder a extinção do MES, formalizada em 7 de Novembro de 1981, no emblemático jantar/festa realizado no pavilhão sobrevivente da Exposição do Mundo Português (ironias da história!).
quarta-feira, novembro 6
Uma realidade
Trump, admirador de ditadores, venceu. As instituições democráticas americanas vão resistir. Como disse Sena "Liberdade, liberdade tem cuidado que te matam!"
segunda-feira, novembro 4
domingo, novembro 3
sábado, novembro 2
Jorge de Sena
Jorge de Sena nasceu em 2 de Novembro de 1919. Engenheiro de profissão dedicou a sua vida à literatura, sendo grande como poeta, romancista, contista, tradutor e estudioso de obras alheias e é, para mim, com Pessoa, o poeta mais importante do século XX português.
Retive, do período de 1953/54, um conjunto de referências à escrita dos 21 sonetos que compõem “As Evidências”, com data de publicação de 1955, que mais tarde viriam a integrar “Poesia I” em cujo prefácio, à 2ª edição, escrito pouco antes da sua morte, lhes faz referência:
“… Nos princípios de 1954, entre Fevereiro e Abril, escrevi os 21 sonetos de As Evidências, sequência que não queria publicar como parte de um livro de poemas, aonde ficasse submersa, mas para a qual não encontrava editor. Foi quando, nesse ano, me foi oferecida, se não estou em erro, paralelamente por Armindo Rodrigues e por João José Cachofel, a possibilidade de uma edição daqueles sonetos na série “Cancioneiro Geral” do Centro Bibliográfico. O livrinho ficou impresso nos primeiros dias de Janeiro de 1955, foi logo apreendido pela PIDE que assaltou então o dito Centro, e só pôde ser distribuído um mês depois de repetidas visitas à Censura, para onde se entrava por uma portinha da Calçada da Glória, embora os censores estivessem realmente instalados no Palácio Foz ocupado pelo SNP ou SNI, ou lá como se chamava na altura. O livro era, além de subversivo, pornográfico, segundo me repetia sistematicamente, com um sorriso ameno e algum sarcasmo nos olhos pontilhados de ramela branca, por trás de uns óculos de aro finamente metálico, suponho que o subdirector que era um major ou tenente-coronel. Eu contestava que o livro, ora essa, não era nem uma coisa nem outra, e ele, dando-me palmadinhas no joelho mais próximo, dizia: - Ora, ora … nós sabemos -. Ao fim de um mês destas periódicas sessões, o livro foi libertado, e para dizer a pura verdade evidente, era realmente subversivo e, se não propriamente pornográfico, sem dúvida que respeitavelmente obsceno. …”
Um país antigo
D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, era filha do rei Afonso VI de Leão e Castela e de Constança, sendo irmã de Urraca e Raimundo (Conde de Amous e da Galiza). D. Teresa morre em 1 de Novembro de 1130. Afonso Henriques tinha 21 anos de idade. “Se podemos imaginar alguns dos traços que o infante herdou de seu pai, torna-se bem mais difícil deduzir, das informações que temos, o que deveria ser a sua mãe. De facto, a figura de D. Teresa suscitou as mais variadas e contraditórias especulações, sem que seja possível formar uma opinião segura acerca do seu temperamento e dos motivos que nortearam as suas decisões.” (…) “Tentando encontrar o sentido das intervenções politicas que lhe conhecemos, não podemos deixar de ver nela uma personalidade ambiciosa, fortemente convencida do seu direito a herdar um dos estados governados por seu pai, ou seja, pelo menos, a Galiza. Na opinião de B. Reilly, Teresa nunca reconheceu sua irmã Urraca como rainha e herdeira de Afonso VI.” (…) “Tudo isto formou o temperamento não menos ambicioso de Afonso Henriques. O ambiente conflituoso e agitado da sua época, tanto do ponto de vista político, como religioso e social, não podia deixar de acentuar a propensão temperamental que herdou de sua mãe. Mesmo que tenha convivido pouco com ela, como é provável, a isso o convidava não só o que, sem dúvida, lhe contavam os membros da corte, companheiros e criados que lhe transmitiam as tradições familiares, empoladas e dramatizadas por exageros de vassalos, mas também o sistema de valores da época e do Norte da Península, fortemente polarizado pela luta contra o Islão, pelos conflitos religiosos e pela afirmação dos ideais nobiliárquicos cultivados pelos jovens cavaleiros.” In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, “1. A Juventude de um predestinado” – "A mãe", pg. 20. (4)
domingo, outubro 27
Aniversário
Hoje é dia de aniversário do meu filho Manuel. Está longe no espaço mas perto do coração. (A mãe, o gato e nós ...).
sábado, outubro 26
A violência
Todo o espaço público é ocupado pela violência. A violência intensifica-se, alastra-se e normaliza-se por todo o mundo. A novidade do nosso tempo é a velocidade e expontâneidade de informação em rede, que se tornou parte integrante, e relevante, desse manto de violência. Ao mesmo tempo renasce e difunde-se, como pano de fundo, sob novas formas, o ideário nazi-fascista, fundado na intolerância extrema ao diferente. As perpectivas de futuro são sombrias.
Guerra
As respostas de guerra, segundo os beligerantes, são sempre muito"contidas"...Tenhamos esperança que uma réstia de bom senso prevaleça na comunidade internacional, entre os povos e as nações, para que os danos das guerras encetadas possam ser ainda reparados e a paz seja imposta pela opinião pública que se manifesta por todo o mundo, com toda a força da sua crença no valor inestimável da vida e da liberdade.
terça-feira, outubro 22
CGD
Notícia de hoje a respeito da CGD: "Encerramento de tesourarias em dezenas de agências cria constrangimentos a particulares, empresas, municípios e serviços de Estado". O banco público não valoriza o serviço público, depois queixemo-nos dos desiquilibrios que geram revolta ...
sábado, outubro 19
quinta-feira, outubro 17
O País
O país é pequeno, pobre e periférico. Rico em história e espírito, pobre na fazenda. Os dois processos em curso na comunicação (e um deles no tribunal) mostram à evidência como se tecem os fios que sustentam espertos desvalidos e as elites falidas em vias da insolvência. O BES/GES, dito de outro modo, a banca, e a bola, dito de outro modo, o futebol, antros insondáveis de corrupção. Tanto que faz falta a banca ética e o futebol jogo, que passam por utopias. Segue a dança que se não sabe se no presente, outros, ou os mesmos, modernizados ou transfigurados, não se afadigam, na casa das máquinas, a surripiar a pouca fortuna produzida pela boa gente de trabalho.
segunda-feira, outubro 14
Debate
Um dos aspetos que me suscita maior perplexidade, na questão atual do Orçamento de Estado, é o cerco ao PS tomando como uma das armas de arremeço o debate, a contraposição de ideias, o exercício do contraditório. Salvo a avaliação dos estilos de cada um dos interventores o que resta de saudável na vida democrática, senão o debate de ideias. E a verdade é que, obervando objetivamente o panorama, somente no PS aflora o debate - interno e externo - empurrado, pelo unanimismo dos restantes partidos, para o campo de uma realidade estranha e, quiçá, censurável
quarta-feira, outubro 9
Democracia e liberdade
A grande vantagem da democracia parlamentar é acolher as mais diversas opiniões organizadas, mais ou menos virulentas, mais ou menos assertivas, mais ou menos coloridas, mais ou menos cínicas; a grande vantagem da democracia é servir de palco à liberdade, através da livre expressão de opiniões diversas, que se confrontam, e da afirmação dos espíritos críticos que, sem reserva mental, criam espaços de confluência mesmo quando no ruído imediato tudo parece ser divergência. É um labirinto que cada um de nós pode entender melhor se for capaz de reflectir um tempinho acerca da sua experiência pessoal, profissional ou familiar. Tudo se ganha, e nada se perde, com o exercício da liberdade. Essa liberdade que os mais jovens consideram natural e os mais velhos ostentam como uma conquista. Mas mesmo na democracia é preciso exercitá-la pois a democracia é um lugar que, por ausência do exercício da liberdade, se pode tornar a antecâmara da tirania. A história ensina-nos, com abundantes ilustrações de eventos trágicos, que não vale a pena citar, como a democracia é delicada. Por isso, neste debate, como noutros, compreendo bem, e aprecio, a energia, e a plasticidade discursiva do 1º ministro, e as réplicas não menos notáveis, e tenazes, de alguns dos tenores da actual oposição parlamentar. O debate político exige uma forte capacidade de argumentação, fundadas convicções, conhecimento dos detalhes, fina sensibilidade para passar no crivo do julgamento público, instantâneo, que a mediatização absoluta dos nossos dias, impõe, de forma implacável, como uma espécie de ditadura que, paradoxalmente é, ao mesmo tempo, a última salvaguarda da liberdade.
terça-feira, outubro 8
Liberdade de imprensa
Qualquer um de nós tem a experiência pessoal de aceder à informação mais cedo do que os meios de comunicação tradicionais. A sua lentidão chega a ser enervante para qualquer internauta amador, mediano e sénior, como é o meu caso. Quanto mais para os jovens formados na era digital. Alguma imprensa tradicional tenta recuperar audiências através de enlaces com a “imprensa digital”. Pode ser que dê para adiar, ou atenuar, as perdas mas é um pouco como aquela fase dos primórdios do cinema a cores em que se tentou colorir a fita a preto e branco.
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Não dá porque a revolução tecnológica não vai parar e, pelo contrário, vai acelerar a democratização do acesso à produção e divulgação, simultânea, de conteúdos (maus, assim-assim e de boa qualidade) na esfera das chamadas redes sociais. Esta dinâmica parece não ter regresso, inviabilizando a apropriação pelo velho modelo de imprensa dos novos suportes tecnológicos que explodem e se consolidam, quer em quantidade, quer em qualidade. Acrescentemos ainda a IA. Os governos esbracejam mas não invertem o sentido do progresso restando-lhes, sendo democraticos, cuidar da liberdade de imprensa. A coisa está difícil!
domingo, outubro 6
Guerra iminente
Tudo aponta para que no 1º aniversário do massacre de 7 de outubro o governo de Israel, apoiado diretamente pelos USA, lançe um ataque contra o Irão. Se assim for estará aberta a porta para uma guerra regional, senão mais além. Os USA, no caso, assumem a partilha do comando militar no terreno ( e politico) o que não acontece na Ucrânea em vias de ser abandonada à sua sorte. Mas as armas são as mesmas e colocar-se-á a questão de saber das razões pelas quais a Ucrânia não pode usar armas americanas para atacar alvos militares no Rússia, se Israel as pode usar para atacar o Irão. No meio de tudo, por cá, discutem-se detalhes de um acordo orçamental, quando as bases do dito podem ser radicalmemnte alteradas pela guerra iminente.
sábado, outubro 5
República, sempre!
Às 8,30 da manhã passava pela Rua do Ouro, em triunfo, a artilharia, que era delirantemente ovacionada pelo povo. As ruas acham-se repletas de gente, que se abraça. O júbilo é indescritível! A essa hora, no Castelo de S. Jorge, que tinha a bandeira azul e branca, foi içada a bandeira republicana. O povo dirigiu-se para a Câmara Municipal, dando muitos vivas à REPÚBLICA, içando também a bandeira republicana. (…) Vê-se muita gente no castelo de S. Jorge acenando com lenços para o povo que anda na baixa. Os membros do directório foram às 8,40 para a Câmara Municipal, onde proclamaram a República com as aclamações entusiásticas do povo. O governo provisório consta será assim constituído: presidente, Teófilo Braga; interior, António José de Almeida; guerra, Coronel Barreto; marinha, Azevedo Gomes; obras públicas, António Luís Gomes, fazenda, Basílio Telles; justiça, Afonso Costa; estrangeiros, Bernardino Machado. Governador Civil, Eusébio Leão. Em quase todos os edifícios públicos estão tremulando bandeiras republicanas. A polícia faz causa comum com o povo, que percorre as ruas conduzindo bandeiras e dando vivas à República. (Transcrito de O Século, quarta feira, 5 de Outubro de 1910, publicação de última hora.) Raúl Brandão, in Memórias “O meu diário” – Volume II Perspectivas & Realidades
quinta-feira, outubro 3
ANTÓNIO GUTERRES
O governo de Israel, que não o seu povo, assume-se como dono da verdade, isento do cumprimento das leis internacionais, atacando ferozmente uma personalidade que luta pela paz e concórdia entre os povos e as nações. Para não esquecer!
quarta-feira, outubro 2
terça-feira, outubro 1
domingo, setembro 29
Folgas
O Médio Oriente incendeia-se ameaçando um conflito alargado, não se vislumbrando uma solução de paz, pelo menos, até às eleições nos USA. Países como Portugal, energeticamente dependentes, deveriam acautelar os efeitos de um eventual choque provocado pela disrrupção de cadeias de abastecimento. Não deixar de dispôr de folgas em stoks a todos os níveis incluindo orçamental. No debate do OE não se fala no assunto...
sexta-feira, setembro 27
Água
Tomo conhecimento de que foi estabelecido um pré acordo com Espanha acerca da gestão da água, ou seja, para simplificar, dos caudais dos rios e Alqueva. Sabemos que a água é um bem escasso e uma das grande questões, pois briga com a independência nacional, que pode gerar uma crise séria entre os dois países ibéricos. Mas podemos estar certos que não vai ser tema de debate público, como se de uma banalidade se tratasse.
terça-feira, setembro 24
Politica
A politica, ao contrário do que alguns querem fazer crer, é uma actividade nobre. Mesmo nos tempos que correm em que proliferam os seus detractores sempre, pela sua parte, a praticando mesmo quando a denigrem. O ambiente de crise social, em todos os tempos, encosta o discurso político à tentação do messianismo. Nada a fazer pois dele emerge a própria natureza humana. Mas não confundo todos os políticos com a massa da qual emergem. Nem os seus discursos que sendo todos feitos de palavras advêm de diversas formações filosóficas e experiências de vida. Nem confundo politica com unanimidade no silêncio. Nem politica é a busca de consensos sem divergência nos programas e no choque de concepções antagónicas da vida em sociedade e do futuro da homem. Tudo na vida diverge e converge em uníssono e a exaltação da acção politica é a de encontrar o justo equilíbrio na diferença. E a de saber conviver com ela em liberdade. Convém não diabolizar as eleições, como exercício dessa liberdade.
sábado, setembro 21
Sofia Loren - 90 anos
Sofia Loren nasceu a 20 de Setembro de 1934. É uma das mulheres mais fotografadas de sempre. Um traço forte gravado no meu imaginário. Parabéns.
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