Scarlett Johansson4 de Março 1950
(…)
“”Déjarine. “Eu desejaria detê-la no tempo, nesse dia já distante das Tulherias em que ela vinha ao meu encontro, com a sua saia preta e a blusa branca arregaçada nos braços dourados, os cabelos soltos, o pé pequenino e o rosto em proa.”
“O que eu pensava pedir-lhe desde há muito, fi-lo nessa noite extrema: o juramento de não vir a pertencer a nenhum outro homem. O que a religião pode provocar e permitir, não o queria viver se o amor humano fosse incapaz de o alcançar. Ela fez-me então essa promessa sem me exigir um compromisso. Mas na alegria terrível e no orgulho do meu amor, prometi-lhe jubilosamente. Tratava-se de a matar, e de me matar, de uma certa maneira.”
Quando o amor é um luxo, como não haveria a liberdade de ser um luxo? Mais uma razão, é certo, para não ceder àqueles que fazem do amor e da liberdade uma dupla miséria.””
Albert Camus “Caderno nº 6” – Abril 1948 – Março 1951 – in “Primeiros Cadernos” – Edição “Livros do Brasil” (sem data de edição nem indicação dos tradutores que é, no entanto, no caso deste excerto, António Ramos Rosa).
(Este excerto pertence ao livro que comprei hoje, um exemplar da edição esgotada dos Cadernos de Camus, intitulada “primeiros cadernos”, da “Livros do Brasil”, que compila os seis primeiros cadernos, editados inicialmente, em três volumes, na colecção “Miniatura” dessa editora. Fica, assim, completa a minha colecção das edições portuguesas dos Cadernos.)