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Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sexta-feira, junho 22
quinta-feira, junho 21
SILÊNCIO, A OBRA VAI COMEÇAR!
Bart Pogoda
Sempre que perguntarem ao povo português se prefere a obra ou a discussão acerca dela obterão, por regra, como resposta a discussão. Depois da obra realizada, se perguntarem ao povo português, se acha bem que se tenha realizado a obra obterão, em regra, como resposta que sim. Caso a obra tenha sido adiada, se perguntarem ao povo português, se acha bem o adiamento obterão, em regra, como resposta que sim. O problema do povo português não é ter opinião acerca de tudo, e do seu contrário, é o trabalho que dá decidir e mais do que decidir começar, e mais do que começar levar a obra até ao fim.
Sempre que perguntarem ao povo português se prefere a obra ou a discussão acerca dela obterão, por regra, como resposta a discussão. Depois da obra realizada, se perguntarem ao povo português, se acha bem que se tenha realizado a obra obterão, em regra, como resposta que sim. Caso a obra tenha sido adiada, se perguntarem ao povo português, se acha bem o adiamento obterão, em regra, como resposta que sim. O problema do povo português não é ter opinião acerca de tudo, e do seu contrário, é o trabalho que dá decidir e mais do que decidir começar, e mais do que começar levar a obra até ao fim.
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Os primeiros passos de um jovem príncipe
Na Batalha de São Mamede [24 de Junho de 1128], Afonso Henriques apoderou-se da herança de D. Teresa pela força. Segundo os Anais, prendeu os seus adversários, isto é, o conde Fernão Peres de Trava e os seus colaboradores; a tradição popular diz que prendeu também sua mãe, mas sabemos, por documentos autênticos, que pouco depois estavam ambos livres na Galiza. (…) Tinha então 19 anos. Podia tomar decisões pessoais. Mas os senhores que o apoiaram eram muito mais velhos, e governavam há muito tempo importantes territórios; entre eles estava, sem dúvida, o seu aio; sem o seu auxílio, Afonso não teria poder algum. Onde estava a verdadeira autoridade? Nas suas mãos ou nas dos nobres que com ele combatiam?
(…)
O papel da nobreza na Batalha de S. Mamede foi representado de forma simbólica no relato “popular” que dela fez a Crónica Galego-Portuguesa (…) D. Afonso Henriques, derrotado logo no primeiro embate com Fernão Peres de Trava, foge do campo de batalha. Mas surge Soeiro Mendes. Censura-o pela fuga, como se fosse um adolescente, fá-lo regressar ao combate, e ajuda-o a vencê-lo. O significado social deste episódio é evidente: o fundador da nacionalidade devia o seu poder aos nobres.
(…)
Depois de expulsar o conde de Trava e os seus homens, Afonso Henriques concedeu, decerto, algumas benesses aos seus colaboradores, mas estas, se existiram, deixaram poucos vestígios na documentação até hoje preservada. Com efeito, os primeiros diplomas por ele emitidos não favorecem a nobreza mas a Igreja. Destinam-se, em primeiro lugar, a pobres eremitas e a um mosteiro quase desconhecido nas terras de Neiva e Barcelos. Dir-se-ia que o Infante pretende, antes de mais, obter a protecção divina por meio dos privilégios concedidos aos monges mais austeros.
(…)
Assim os primeiros anos do governo afonsino decorrem sob a dupla tutela dos ricos-homens nortenhos que asseguraram a vitória de São Mamede, e do clero que obedecia ao arcebispo de Braga.”
In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”3. Os primeiros passos de um jovem príncipe”,”A relação com a nobreza”, “A relação com o clero”, pgs. 47/49 (14).
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O papel da nobreza na Batalha de S. Mamede foi representado de forma simbólica no relato “popular” que dela fez a Crónica Galego-Portuguesa (…) D. Afonso Henriques, derrotado logo no primeiro embate com Fernão Peres de Trava, foge do campo de batalha. Mas surge Soeiro Mendes. Censura-o pela fuga, como se fosse um adolescente, fá-lo regressar ao combate, e ajuda-o a vencê-lo. O significado social deste episódio é evidente: o fundador da nacionalidade devia o seu poder aos nobres.
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Depois de expulsar o conde de Trava e os seus homens, Afonso Henriques concedeu, decerto, algumas benesses aos seus colaboradores, mas estas, se existiram, deixaram poucos vestígios na documentação até hoje preservada. Com efeito, os primeiros diplomas por ele emitidos não favorecem a nobreza mas a Igreja. Destinam-se, em primeiro lugar, a pobres eremitas e a um mosteiro quase desconhecido nas terras de Neiva e Barcelos. Dir-se-ia que o Infante pretende, antes de mais, obter a protecção divina por meio dos privilégios concedidos aos monges mais austeros.
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Assim os primeiros anos do governo afonsino decorrem sob a dupla tutela dos ricos-homens nortenhos que asseguraram a vitória de São Mamede, e do clero que obedecia ao arcebispo de Braga.”
In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”3. Os primeiros passos de um jovem príncipe”,”A relação com a nobreza”, “A relação com o clero”, pgs. 47/49 (14).
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quarta-feira, junho 20
RESULTADOS E MIRAGENS
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O governo abriu caminho em áreas politicamente muito difíceis; ao mesmo tempo, reduziu o défice, embora não fosse ainda capaz de levar ao termo a alteração indispensável do processo orçamental. Começa agora a ser acusado de não ter conseguido, em matérias como a produtividade, a educação ou a formação profissional, corrigir em dois anos os resultados de erros acumulados em 20 ou 30, mesmo tendo feito mais para os corrigir do que todos os que o antecederam. Isso pode ser atribuído à inevitável luta política em democracia. O que verdadeiramente preocupa é a falta de alternativas coerentes que não se reduzam a esquecer o défice ou a contorná-lo mediante aumentos da dívida pública que mais não fariam do que voltar a agravar a situação.
Acontece que, no actual enquadramento, esse agravamento seria muito rápido. Primeiro porque o nível de endividamento, público e privado, é já muito – demasiado – alto. Depois porque, dentro da UE e fora dela, abundam as oportunidades de investimento em países competitivos e desejosos de se afirmar. O almejado objectivo de convergência com a Europa não se alcança com aumentos do défice orçamental ou da dívida pública, nem com o estímulo a investimentos assentes no endividamento e no mercado interno sustentado pelo sector público. O caminho para a retoma do mercado interno tem de passar pelo investimento virado para o exterior, que aumente simultaneamente o emprego e a produtividade, únicas bases sustentáveis de crescimento económico. Essa é a trajectória que a economia tem vindo a seguir e que deverá acelerar num enquadramento europeu mais favorável. Abdicar dela em troca de "resultados" a curto prazo apenas levaria à perda de credibilidade e à incapacidade de atrair as competências e o investimento – nacionais ou estrangeiros – indispensáveis para alcançarmos resultados reais em vez de simples miragens. Como Einstein lembrava, não podemos resolver problemas usando os mesmos métodos que nos levaram a criá-los.
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FUTEBOL
A Defesa de Faro
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Uma multidão no estádio, em nossa casa, parece-nos sempre pequena. Amigável. Conhecemos muitos rostos. Mesmo as vozes nos são familiares. Os ditos, as recriminações, “seu isto, seu aquilo …”. Uma multidão que incentiva os ídolos de um tempo que é o nosso é como se fosse alguém da nossa família.Os momentos de glória exigem uma multidão que aclame os heróis. Vista de longe a multidão é anónima. Uma massa de gente que grita, aclama, protesta e gesticula. Vista de perto é um mundo de paixões e afectos que se partilham com fervor.As claques podem ser uma degenerescência das multidões que aplaudem por puro prazer apoiando os seus à vitória. O tumulto pode substituir a festa. Mas a essência do futebol é a festa. A partilha do prazer entre pobres, remediados e ricos; homens e mulheres; crianças, jovens e velhos, misturados na turba que ferve na crença na vitória que, tantas vezes, se transforma na melancolia da derrota.A multidão que se manifesta mostra a alma de um povo que aspira a libertar-se das rotinas do trabalho e das agruras da vida. A história das multidões, para o bem e para o mal, é uma parte da própria história das nações, cidades, associações e famílias. O futebol é o sol que ilumina a vida da maioria nas comunidades.
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[Um texto que escrevi a propósito de uma colecção de fotografias mostrando espectadores dos jogos do Farense, no Estádio de S. Luís, em Faro, no qual, enquanto criança, aprendi a gostar de futebol.]
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terça-feira, junho 19
EDUCAÇÃO - AVANÇOS ESTRUTURANTES
Bart Pogoda
Já escrevi sobre o tema do ensino profissional diversas vezes na sequência de uma experiência de trabalho que, anos atrás, me conduziu até às questões da educação.
Ontem encontrei, por caso, um Director Regional que é meu amigo de infância com o qual troquei dois dedos de conversa da qual resultaram algumas impressões interessantes.
Neste momento está em desenvolvimento, pela primeira vez, desde há muitos anos, uma parceria estratégica entre os Ministério da Educação e do Trabalho no sentido de potenciar o desenvolvimento das ofertas de ensino profissional (no sentido lato) em Portugal.
Parece uma evolução normal, sem nenhuma relevância especial, mas não é disso que se trata: é uma mudança de fundo que permitirá levar a cabo um efectivo combate ao insucesso e abandono escolar precoce que, em Portugal, é uma verdadeira calamidade.
Esse meu amigo, que conhece do que fala, afirma que, finalmente, começa a ser notória uma mudança da imagem social das vias profissionalizantes havendo casos em que muitos pais, de forma consciente, assumem a sua defesa o que seria impensável acontecer alguns anos atrás.
O esforço que está a ser desenvolvido pelo governo na criação de condições para aumentar a oferta, e tornar atraente, o ensino profissional terá como resultado um aumento substancial do número absoluto de alunos que frequentam a escola e o peso relativo daqueles que frequentam as vias profissionalizantes.
É bem possível que, até ao final de 2010, Portugal possa alcançar a meta que foi definida pela Estratégia de Lisboa, que refiro num artigo publicado no já longínquo ano de 2004, ou seja, que 50% dos alunos do ensino secundário (ou do conjunto do 3º ciclo do ensino básico+secundário) frequentem vias profissionalizantes.
Se tal objectivo vier a ser alcançado, como parece ser possível, tratar-se-á de uma extraordinária vitória não só do governo como de todos os participantes activos do sistema educativo envolvidos neste complexo e ambicioso projecto. Este é um verdadeiro desígnio nacional ao qual merece ser dada toda a atenção.
Já escrevi sobre o tema do ensino profissional diversas vezes na sequência de uma experiência de trabalho que, anos atrás, me conduziu até às questões da educação.
Ontem encontrei, por caso, um Director Regional que é meu amigo de infância com o qual troquei dois dedos de conversa da qual resultaram algumas impressões interessantes.
Neste momento está em desenvolvimento, pela primeira vez, desde há muitos anos, uma parceria estratégica entre os Ministério da Educação e do Trabalho no sentido de potenciar o desenvolvimento das ofertas de ensino profissional (no sentido lato) em Portugal.
Parece uma evolução normal, sem nenhuma relevância especial, mas não é disso que se trata: é uma mudança de fundo que permitirá levar a cabo um efectivo combate ao insucesso e abandono escolar precoce que, em Portugal, é uma verdadeira calamidade.
Esse meu amigo, que conhece do que fala, afirma que, finalmente, começa a ser notória uma mudança da imagem social das vias profissionalizantes havendo casos em que muitos pais, de forma consciente, assumem a sua defesa o que seria impensável acontecer alguns anos atrás.
O esforço que está a ser desenvolvido pelo governo na criação de condições para aumentar a oferta, e tornar atraente, o ensino profissional terá como resultado um aumento substancial do número absoluto de alunos que frequentam a escola e o peso relativo daqueles que frequentam as vias profissionalizantes.
É bem possível que, até ao final de 2010, Portugal possa alcançar a meta que foi definida pela Estratégia de Lisboa, que refiro num artigo publicado no já longínquo ano de 2004, ou seja, que 50% dos alunos do ensino secundário (ou do conjunto do 3º ciclo do ensino básico+secundário) frequentem vias profissionalizantes.
Se tal objectivo vier a ser alcançado, como parece ser possível, tratar-se-á de uma extraordinária vitória não só do governo como de todos os participantes activos do sistema educativo envolvidos neste complexo e ambicioso projecto. Este é um verdadeiro desígnio nacional ao qual merece ser dada toda a atenção.
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ENOJAMENTO
Camões não tem culpa. Esta foi uma autêntica interferência do poder político na programação da estação pública de televisão. Um acto próprio do despotismo iluminado. Os defensores da liberdade de informação engoliram, vergonhosamente, este atentado à independência da RTP. Eu não vi nada, nem no original, nem na réplica. Desculpem a sinceridade mas, desde há uns anos para cá, enoja-me aquela cerimónia das condecorações.
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ATRASOS...
A Defesa de Faro
(Clique na imagem para ampliar)
Maio de 1945. A vitória das forças aliadas lançou uma onda de euforia em Portugal O povo saíu, em massa, à rua celebrando a derrota do nazi fascismo. Os rostos espelham a alegria de uma vitória para a qual Portugal, na verdade, não tinha contribuído. Muitos portugueses viveram a genuína esperança da iminente restauração da democracia. Mas a política ambígua de Salazar, a que se designou de neutralidade, deixou Portugal isolado no contexto da reconstrução material e política da Europa. Salazar assustou-se mas não caíu. Portugal perdeu 29 anos que é o tempo que mediou entre Maio de 1945 e Abril de 1974. É impressionante como, nas vésperas de assumirmos a presidência da UE, ainda “corremos atrás do prejuízo”.
(Clique na imagem para ampliar)
Maio de 1945. A vitória das forças aliadas lançou uma onda de euforia em Portugal O povo saíu, em massa, à rua celebrando a derrota do nazi fascismo. Os rostos espelham a alegria de uma vitória para a qual Portugal, na verdade, não tinha contribuído. Muitos portugueses viveram a genuína esperança da iminente restauração da democracia. Mas a política ambígua de Salazar, a que se designou de neutralidade, deixou Portugal isolado no contexto da reconstrução material e política da Europa. Salazar assustou-se mas não caíu. Portugal perdeu 29 anos que é o tempo que mediou entre Maio de 1945 e Abril de 1974. É impressionante como, nas vésperas de assumirmos a presidência da UE, ainda “corremos atrás do prejuízo”.
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segunda-feira, junho 18
CAMUS/CHAR - ACERCA DA AMIZADE
John Chervinsky US, b.1961
Albert Camus escreve a René Char no início da polémica suscitada pela publicação do seu livro “O Homem Revoltado” aquando do surgimento, no nº 307 dos “Cadernos do Sul”, de um excerto dessa obra que provocou uma reacção violenta de Breton através de um artigo publicado na revista Arts ao qual, aliás, Camus havia de responder com uma carta publicada nessa mesma revista em 19 de Outubro de 1951.
Camus, com “O Homem Revoltado” demarca-se do campo ideológico comunista, à época, dominante na esquerda, e seus companheiros de estrada. Tem início a ruptura com o grupo dos “Temps Modernes” e o afastamento de Sartre, Breton e quase todos os intelectuais que militavam, ainda, na esfera de influência da União Soviética. René Char mantém-se, firme, ao lado de Camus que, nesta carta, lhe manifesta reconhecimento.
Eis um excerto, significativamente belo e pleno de actualidade, dessa carta datada de 26 de Outubro de 1951:
“Il y a si peu d’occasion d’amitié vraie aujourd’hui que les hommes en sont devenus trop pudiques, parfois. Et puis chacun estime l’autre plus fort qu’il n’est, notre force est ailleurs, dans la fidélité. C’est dire qu’elle est aussi dans nos amis et qu’elle nous manque en partie s’ils viennent à nous manquer. C’est pourquoi aussi, mon cher René, vous ne devez pas douter de vous, ni de votre œuvre incomparable: ce serait douter de nous aussi et de tout ce qui nous élève. Cette lute qui n’en finit plus, cet équilibre harassant (et à quel point j’en sens parfois l’épuisement!) nous unissent, quelques-uns, aujourd’hui. Le pire chose après tout serait de mourir seul, et plein de mépris. Et tout ce que vous êtes, ou faites, se trouve au-delà du mépris.»
Albert Camus escreve a René Char no início da polémica suscitada pela publicação do seu livro “O Homem Revoltado” aquando do surgimento, no nº 307 dos “Cadernos do Sul”, de um excerto dessa obra que provocou uma reacção violenta de Breton através de um artigo publicado na revista Arts ao qual, aliás, Camus havia de responder com uma carta publicada nessa mesma revista em 19 de Outubro de 1951.
Camus, com “O Homem Revoltado” demarca-se do campo ideológico comunista, à época, dominante na esquerda, e seus companheiros de estrada. Tem início a ruptura com o grupo dos “Temps Modernes” e o afastamento de Sartre, Breton e quase todos os intelectuais que militavam, ainda, na esfera de influência da União Soviética. René Char mantém-se, firme, ao lado de Camus que, nesta carta, lhe manifesta reconhecimento.
Eis um excerto, significativamente belo e pleno de actualidade, dessa carta datada de 26 de Outubro de 1951:
“Il y a si peu d’occasion d’amitié vraie aujourd’hui que les hommes en sont devenus trop pudiques, parfois. Et puis chacun estime l’autre plus fort qu’il n’est, notre force est ailleurs, dans la fidélité. C’est dire qu’elle est aussi dans nos amis et qu’elle nous manque en partie s’ils viennent à nous manquer. C’est pourquoi aussi, mon cher René, vous ne devez pas douter de vous, ni de votre œuvre incomparable: ce serait douter de nous aussi et de tout ce qui nous élève. Cette lute qui n’en finit plus, cet équilibre harassant (et à quel point j’en sens parfois l’épuisement!) nous unissent, quelques-uns, aujourd’hui. Le pire chose après tout serait de mourir seul, et plein de mépris. Et tout ce que vous êtes, ou faites, se trouve au-delà du mépris.»
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PINTO DA COSTA
”Há uma perseguição ao FC Porto e ao Norte em geral.”
Pinto da Costa, considerando estar a ser alvo de perseguição pessoal, tal como o seu clube.
Público, 18/06/2007
Todos os homens de acção têm o seu tempo e os discursos de auto legitimação do poder dos homens apodrecem assim que o seu reinado se aproxima do fim.
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Pinto da Costa, considerando estar a ser alvo de perseguição pessoal, tal como o seu clube.
Público, 18/06/2007
Todos os homens de acção têm o seu tempo e os discursos de auto legitimação do poder dos homens apodrecem assim que o seu reinado se aproxima do fim.
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GRANDE NEGÓCIO!
Fotografia de Hélder Gonçalves
Paulo Morais: "Negócio do urbanismo dá mais dinheiro que a droga"
Contributo para compreender muitas coisas! Entre elas a razão pela qual há pessoas - eleitos e não só - que são sempre afastadas dos centros de decisão política (central e municipal) e outras que nunca de lá saem.
Paulo Morais: "Negócio do urbanismo dá mais dinheiro que a droga"
Contributo para compreender muitas coisas! Entre elas a razão pela qual há pessoas - eleitos e não só - que são sempre afastadas dos centros de decisão política (central e municipal) e outras que nunca de lá saem.
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domingo, junho 17
LEGISLATIVAS EM FRANÇA -FINAL
Fotografia Daqui
O partido de Sarkozi obtém a maioria absoluta nas eleições legislativas, em França, mas o PS, na segunda volta, recupera terreno. O resultado aponta para uma forte bipolarização colocando, de um lado, o partido de Sarkozi –UMP – com 314 a 328 deputados (359 em 2002) e, do outro, o PS com 206 a 212 eleitos (149 em 2002). Como é fácil entender os partidos minoritários – incluindo o PCF -não deverão obter o número suficiente de deputados para formar um grupo parlamentar (mínimo de 20 deputados).
Conclusão final: poder absoluto para Sarkozi – presidencial e legislativo – e poder absoluto de oposição para o PS. Retirem as ilações que quiserem, em particular, aqueles que consideram que os partidos socialistas não pertencem à esquerda seja qual for o seu posicionamento face ao poder. Para mim, até ver, só os partidos socialistas podem ser alternativa à direita que sobe e se radicaliza em toda a Europa. Não brinquemos com coisas sérias …
O partido de Sarkozi obtém a maioria absoluta nas eleições legislativas, em França, mas o PS, na segunda volta, recupera terreno. O resultado aponta para uma forte bipolarização colocando, de um lado, o partido de Sarkozi –UMP – com 314 a 328 deputados (359 em 2002) e, do outro, o PS com 206 a 212 eleitos (149 em 2002). Como é fácil entender os partidos minoritários – incluindo o PCF -não deverão obter o número suficiente de deputados para formar um grupo parlamentar (mínimo de 20 deputados).
Conclusão final: poder absoluto para Sarkozi – presidencial e legislativo – e poder absoluto de oposição para o PS. Retirem as ilações que quiserem, em particular, aqueles que consideram que os partidos socialistas não pertencem à esquerda seja qual for o seu posicionamento face ao poder. Para mim, até ver, só os partidos socialistas podem ser alternativa à direita que sobe e se radicaliza em toda a Europa. Não brinquemos com coisas sérias …
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AFONSO HENRIQUES NA COMUNICAÇÃO
Anoto duas peças jornalísticas, publicadas na edição on line do Expresso de hoje, com origem na agência Lusa, nas quais José Mattoso se pronuncia acerca de D. Afonso Henriques. Na primeira aborda a questão da abertura do túmulo do nosso primeiro Rei e na outra questões relacionadas com a própria biografia de D. Afonso Henriques.
Mesmo que o tratamento jornalístico dado às declarações de José Mattoso me suscitem as maiores reservas, em particular, no que respeita à biografia que, como é público e notório conheço, sempre é melhor que o silêncio.
No que respeita ao tratamento jornalístico da biografia de D. Afonso Henriques a minha discordância prende-se mais com o enfoque do que com o conteúdo que, no essencial, é correcto. Mesmo nestas pequenas incursões pelos temas da nossa história não somos capazes de relativizar e colocar no contexto as realizações dos portugueses.
No caso desta notícia, relatando uma entrevista com um historiador infatigável em buscar a verdade histórica, qual a razão para puxar para título Afonso Henriques foi mais "um caudilho" do que um grande general?
Na biografia de José Mattoso são postos em evidência tantos aspectos importantes e interessantes da vida e da acção de Afonso Henriques que se torna penoso ser confrontado com um destaque que é, afinal, uma forma de denegrir a própria imagem da formação de Portugal. É que não me parece razoável, face ao teor da obra de José Mattoso, sintetizar a natureza do papel de Afonso Henriques como própria de um “caudilho” versus um “general”.
Terei tempo para dar nota das razões da minha discordância. Mas se é assim que nos sentimos bem connosco próprios e como só uma minoria de portugueses lerá a obra em causa …talvez a RTP pudesse realizar uma série histórica com base na obra de Mattoso com o seu aconselhamento pessoal! A RTP teria uma boa oportunidade para dar aos portugueses menos exploração do populismo fácil e mais serviço público! …
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Mesmo que o tratamento jornalístico dado às declarações de José Mattoso me suscitem as maiores reservas, em particular, no que respeita à biografia que, como é público e notório conheço, sempre é melhor que o silêncio.
No que respeita ao tratamento jornalístico da biografia de D. Afonso Henriques a minha discordância prende-se mais com o enfoque do que com o conteúdo que, no essencial, é correcto. Mesmo nestas pequenas incursões pelos temas da nossa história não somos capazes de relativizar e colocar no contexto as realizações dos portugueses.
No caso desta notícia, relatando uma entrevista com um historiador infatigável em buscar a verdade histórica, qual a razão para puxar para título Afonso Henriques foi mais "um caudilho" do que um grande general?
Na biografia de José Mattoso são postos em evidência tantos aspectos importantes e interessantes da vida e da acção de Afonso Henriques que se torna penoso ser confrontado com um destaque que é, afinal, uma forma de denegrir a própria imagem da formação de Portugal. É que não me parece razoável, face ao teor da obra de José Mattoso, sintetizar a natureza do papel de Afonso Henriques como própria de um “caudilho” versus um “general”.
Terei tempo para dar nota das razões da minha discordância. Mas se é assim que nos sentimos bem connosco próprios e como só uma minoria de portugueses lerá a obra em causa …talvez a RTP pudesse realizar uma série histórica com base na obra de Mattoso com o seu aconselhamento pessoal! A RTP teria uma boa oportunidade para dar aos portugueses menos exploração do populismo fácil e mais serviço público! …
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sábado, junho 16
S. MAMEDE
“Se é bem claro que, logo após o cerco de Guimarães, se verificou uma aliança entre D. Afonso Henriques e as nobres que tinham abandonado a corte em 1122 e em 1125, é mais difícil decidir a quem pertenceu a iniciativa deste acordo. Mas as circunstâncias em que se deu o cerco, e a participação que nele tiveram pelo menos alguns dos nobres revoltados contra D. Teresa, devem ter facilitado as decisões imediatas, tanto da parte do infante como da parte dos nobres. Estes viram que podiam contar com um chefe decidido. Podiam tê-lo do seu lado se encorajassem as suas ambições.”
(…)
“…pode afirmar-se, com segurança, que o infante começou, pouco depois do cerco de Guimarães, a exercer actos de soberania, como foram as cartas de couto ao eremitério de São Vicente de Fragoso em Dezembro de 1127 e ao mosteiro de Manhente em Janeiro de 1128 e ainda a já citada confirmação do foral de Guimarães em Abril de 1128. Apropriou-se, portanto, do governo do condado contra a vontade de sua mãe.”
(…)
“A confrontação armada era inevitável. Deu-se, como se sabe, em São Mamede, perto de Guimarães, no dia 24 de Junho de 1128, quando se comemorava a festa litúrgica de São João Baptista. As tropas de Fernão Peres e as cavaleiros fiéis a D. Teresa, vindos, sem dúvida, das regiões de Coimbra e Viseu, atravessaram o Douro e dirigiram-se a Guimarães, onde D. Afonso Henriques devia então estar, e a batalha deu-se, portanto, perto do seu castelo.” [Ver a transcrição do texto dos Anais acerca de São Mamede.]
(…)
“São Mamede foi o primeiro acto de um movimento irreversível que explica, mais do qualquer acontecimento ou intervenção pessoal, as razões imediatas da independência do Condado Portucalense, como entidade política que precedeu o reino de Portugal.”
In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”Revolta e tomada do poder” e “S. Mamede”, pgs. 43/46 (13).
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“…pode afirmar-se, com segurança, que o infante começou, pouco depois do cerco de Guimarães, a exercer actos de soberania, como foram as cartas de couto ao eremitério de São Vicente de Fragoso em Dezembro de 1127 e ao mosteiro de Manhente em Janeiro de 1128 e ainda a já citada confirmação do foral de Guimarães em Abril de 1128. Apropriou-se, portanto, do governo do condado contra a vontade de sua mãe.”
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“A confrontação armada era inevitável. Deu-se, como se sabe, em São Mamede, perto de Guimarães, no dia 24 de Junho de 1128, quando se comemorava a festa litúrgica de São João Baptista. As tropas de Fernão Peres e as cavaleiros fiéis a D. Teresa, vindos, sem dúvida, das regiões de Coimbra e Viseu, atravessaram o Douro e dirigiram-se a Guimarães, onde D. Afonso Henriques devia então estar, e a batalha deu-se, portanto, perto do seu castelo.” [Ver a transcrição do texto dos Anais acerca de São Mamede.]
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“São Mamede foi o primeiro acto de um movimento irreversível que explica, mais do qualquer acontecimento ou intervenção pessoal, as razões imediatas da independência do Condado Portucalense, como entidade política que precedeu o reino de Portugal.”
In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”Revolta e tomada do poder” e “S. Mamede”, pgs. 43/46 (13).
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