quarta-feira, abril 15

25 de abril (II)

A minha memória dos que viveram os acontecimentos: Victor Wengorovius (no jantar de extinção do MES).

segunda-feira, abril 13

25 de abril (I)

A minha memória do 25 de abril de 1974 através de imagens: João Mário Anjos (à esquerda) .

sábado, abril 11

Não há vida sem diálogo ...


" Não há vida sem diálogo. Mas o diálogo foi, hoje, na maior parte do mundo, substituído pela polémica. O século XX é o século da polémica e do insulto. Eles ocupam, entre as nações e os indivíduos, e mesmo ao nível das disciplinas outrora desinteressadas, o lugar que tradicionalmente cabia ao diálogo reflectido. Dia e noite, milhares de vozes, empenhadas, cada uma por seu lado, num tumultuoso monólogo, lançam sobre os povos uma torrente de palavras mistificadoras, de ataques, de defesas, de exaltações. Mas qual é o mecanismo da polémica? Consiste em considerar o adversário como inimigo, por conseguinte a simplificá-lo e a recusar vê-lo. Aquele que insulto, já não sei de que cor são os seus olhos, ou se acaso sorri, e como o faz. Tornados quase cegos por obra e graça da polémica, já não vivemos entre os homens, mas num mundo de sombras." (…)


Albert Camus – alocução feita na sala Pleyel em Novembro de 1948, in Actualidades - Contexto 

quinta-feira, abril 9

dia 9 de abril - 2015


O romance das eleições presidenciais em Portugal - janeiro de 2016 - está no 1º capítulo, intróito ou prefácio que para alguns candidatos a candidatos será o último. Impressiona somente a voragem comunicacional em torno de algumas criaturas vagamanente irrelevantes. Mas é a lei da vida e a regra de uma sociedade livre em regime democrático. Se continuar a este ritmo a emergência pública de aspirantes a Belém lá para os idos do verão contar-se-ão por dezenas as irrelevâncias. Por mim não estando a pensar em anunciar candidatura, embora preencha os requisitos, espero pelo dia de reflexão para decidir o meu voto. Haja paciência!

sábado, abril 4

SALGUEIRO MAIA

Pelo 23º aniversário da morte de Salgueiro Maia

O tempo faz esquecer. O tempo é malicioso. O tempo mata a memória. Salgueiro Maia não era um oficial crente nos amanhãs que cantam, dizem até que era conservador mas, perdoem-me o plebeísmo, “tinha-os no sítio”, estão a compreender! Para dar lume a uma revolução mais vale um conservador com “eles no sítio” do que um revolucionário desertor da coragem no momento da verdade. Mas, na verdade, todos os testemunhos confirmam que não era um conservador.

Quem fez triunfar a revolução não foi Ramalho Eanes, nem Spínola, nem Costa Gomes, não foi nenhum General estrelado pelo Antigo Regime, ou promovido administrativamente pelo novo, quem decidiu o triunfo da revolução foram os “capitães” e o povo, que alargaram à rua o posto de comando e que tomando a rua para si tudo decidiram.

E entre todos os heróis anónimos, foi a coragem serena de Salgueiro Maia naquele momento breve, na Rua do Arsenal, enfrentando o atirador do tanque da coluna de Junqueira dos Reis, fazendo-o desobedecer às ordens, que decidiu a sorte da revolução. É prudente que, para preservar a liberdade, a democracia - seguindo o exemplo de Salgueiro Maia - não vacile no combate aos seus inimigos.

quarta-feira, abril 1

ALOCUÇÃO AOS SOCIALISTAS


"Na política, como sabeis, o comportamento rectilíneo, sem argúcia alguma, - sincero, aberto, desartificioso, claro, - usa ser censurado, como sendo ingénuo: e, nessa sua qualidade de comportamento ingénuo, como prejudicial, ou pateta. Paciência. Seja. (…) Os essencialmente habilidosos (não faço empenho em negá-lo) alcançam a sua hora de simulacro e de vista. Mas é uma hora e nada mais; mas é simulacro, e só vista. Logo a seguir a esse instante, comunica-se-lhes o fogo da sua iluminação de artifício, e fica tudo em fumaça, que pouco depois não é nada."

"Aos nossos socialistas, quanto a mim, compete-lhes resistirem ao tradicional costume de se empregarem espertezas e competições de pessoas para apressar o momento em que há-de chegar ao poder…"

"Antes de tudo, buscai prestigiar-vos ante a nação inteira pelo timbre moral da vossa alma cívica; porque (como acreditais, creio eu) não é indispensável conquistar o poder para se influir de facto na orientação do estado."

"Não tenhais a ânsia de vos alcandorar no poleiro com prejuízo das qualidades a que se tem chamado "ingénuas". As habilidades dissipam-se; os caracteres mantêm-se."

"Não existam ciúmes e invejas recíprocas entre os vários componentes da vossa grei socialista: nem tampouco os ciúmes, nem tampouco as invejas, para com os homens que compõem as outras facções da esquerda. Seja vosso lema a unidade. Por mim, quero trabalhar pela unidade, pelo entendimento recíproco, pela existência de convivência amável entre os homens políticos de orientações discordes. Incorrigivelmente "ingénuo", fraterno, cordial."
António Sérgio, In "Alocução aos Socialistas", No Banquete do Primeiro de Maio de 1947.

Veja aqui

segunda-feira, março 30

30 de março - 2015


Voltando a um tema antigo: a polítca. Na Madeira (região autónoma - grande conquista do 25 de abril) tiveram lugar eleições. Os resultados deram expressão a uma mudança, com a peculariedade do protagonista que lidera pertencer ao mesmo Partido do antecessor. O que acontece na RA da Madeira é que não há espaço para mudanças senão pela rotação da liderança no Partido do poder. Simples. É um modelo de rotativismo de um só partido. Porquê? Os restantes partidos assumiram a subalternidade e não a alternativa. E, no caso particular do PS, uma subalternidade abdicando da  identidade própria, ao contrário do CDS.  

sexta-feira, março 27

27 de março - 2015

                                                                   Teresa Dias Coelho

Não se sabe ao certo o que aconteceu pois nunca nada que não se tenha vivido se sabe ao certo. Despenhou-se um avião de um modelo conhecido, dizem que em fim de vida, de uma companhia alemã - alemã - dessas "baratas", negócio de uma das "caras" - voando nos céus da Europa. As primeiras notícias, como quase sempre neste tipo de tragédias, eram confusas pois o que se sabia é que o avião se havia despenhado numa zona de difícil acesso nos Alpes franceses. Todos os mais altos dirigentes políticos dos países, mais directamente atingidos, apareceram à boca de cena declarando o seu pesar o que parece normal. A esta hora ainda decorrem as investigações mas correu mundo a notícia que o copiloto - um jovem alemão - alemão - havia feito despenhar o avião arrastando para a morte todos os que nele viajavam. Alerta geral. Pensava eu que face à ameaça terrorista que, muito compreensivelmente, a todos preocupa, tinham sido tomadas as mais rigorosas medidas de segurança que, aliás, os passageiros sentem na pele - mais nuns aeroportos que noutros - quase sendo despidos naqueles momentos que antecedem o acesso à zona do embarque. Mas não! As medidas de segurança, pelo menos algumas, são inimigas de si próprias. A porta que se fecha a sete chaves para impedir o assalto do inimigo externo pode ser uma arma letal nas mãos do "inimigo" interno. Finalmente torna-se necessário recorrer à mais humana das medidas de segurança: a garantia, e exigência, de uma permanente direcção colectiva, neste caso, na cabine de pilotagem da aeronave. Peritos e técnicas sofisticadas para quê?      

terça-feira, março 24

HERBERTO HELDER


ERA UMA VEZ UM PEQUENO INFERNO E UM PEQUENO PARAÍSO ...
"Era uma vez um pequeno inferno e um pequeno paraíso, e as pessoas andavam de um lado para outro, e encontravam-nos, a eles, ao inferno a ao paraíso, e tomavam-nos como seus, e eles eram seus de verdade. As pessoas eram pequenas, mas faziam muito ruído. E diziam: é o meu inferno, é o meu paraíso. E não devemos malquerer às mitologias assim, porque são das pessoas, e neste assunto de pessoas, amá-l...as é que é bom. E então a gente ama as mitologias delas. A parte isso o lugar era execrável. As pessoas chiavam como ratos, e pegavam nas coisas e largavam-nas, e pegavam umas nas outras e largavam-se. Diziam: boa tarde, boa noite. E agarravam-se, e iam para a cama umas com as outras, e acordavam. Às vezes acordavam no meio da noite e agarravam-se freneticamente. Tenho medo - diziam. E depois amavam-se depressa, e lavavam-se, e diziam: boa noite, boa noite. Isto era uma parte da vida delas, e era uma das regiões (comovedoras) da sua humanidade, e o que é humano é terrível e possui uma espécie de palpitante e ambígua beleza.”

Herberto Helder

sábado, março 21

JEAN SIBELIUS Kullervo Opus 7 (Introduction) SIR COLIN DAVIS (1992)

DIA MUNDIAL DA POESIA

Em memória do meu irmão Dimas

I
nas minhas mãos sinto
o que não tenho

10 de Fevereiro de 2006

II
o raio de luz estilhaça o espaço
do meu silêncio

11 de Fevereiro de 2006

III
no fim do tempo as cores belas do poente

12 de Fevereiro de 2006

IV
as cidades ocupam o lugar dos campos abandonados
mas é neles que me revejo

17 de Fevereiro de 2006

V
subindo a montanha do tempo descubro
as mãos vazias de nada

19 de Fevereiro de 2006

VI
o tempo corre desvairado e na poeira de seus passos
meu filho se fez homem

21 de Fevereiro de 2006




VII
não me digas não pois mesmo no teu silêncio alisado
eu descubro uma voz que sempre fala e me descobre

23 de Fevereiro de 2006

VIII
Sinto as ruas da infância as pedras gotas de água
ângulos gritos silêncios de dorida e surda mágoa

9 de Março de 2006

IX
Sulcava um ar lavrado de indefinível espessura
o prazer do jogo das palavras não ditas perdura

10 de Março de 2006

X
Pode ser este o último poema a que mais nenhum suceda
como antes do princípio: a palavra recortada no silêncio

10 de Março de 2006

XI
Numa manhã de um dia qualquer subi olhei
do ponto mais alto procurei não vi ninguém

15 de Março de 2006

XII
Sofre-se devagar lentamente as palavras malditas
dos lamentos ecoam nos vagos silêncios do destino

21 de Março de 2006

XIII
Enroscada ao côncavo do corpo a solidão
incendeia o desejo no alvor da primavera

21 de Março de 2006

XIV
Nada acontece de novo desde o tempo luminoso
esboço a sépia quente o teu corpo simplesmente

24 de Março de 2006

XV
Ouço o insuportável zumbido das mágoas
vozes do meu sangue que o tempo apagou

30 de Março de 2006

XVI
Vejo a criação como o lugar dos silêncios
templo vazio prenhe do tempo imaginado

1 de Abril de 2006

XVII
O sol quente irradia primavera à vista do mar
flores saúdam o vento a única força do mundo

3 de Abril de 2006

XVIII
A terra quente a meus pés o pó do carvão ardendo
o frio da manhã fumos soltos o vento sol nascente

4 de Abril de 2006

XIX
No calor da sombra a terra quente subiu
em fúria desordenada rompeu o silêncio

7 de Abril de 2006

XX
Inóspito caminho, o sangue quente latejou
na cavalgada o prazer no dorso da espada

8 de Abril de 2006

XXI
A noite alisando a pele dos sentidos os floria
soletrando silêncios a madrugada amanhecia

10 de Abril de 2006

XXII
Olhei as mãos de seus sulcos emergiam desenhos
inacabados preces sonhos regressos imaginados

12 de Abril de 2006

XXIII
O dia desce sobre a cidade as ruas fumegam
os passos ecoam como corpos vestidos de dor
16 de Abril de 2006
*
XXIV
Um brado difuso me percorre no fio do silêncio
desesperada ausência o rosto na voz esquecida

18 de Abril de 2006

XXV
Se fosse noite ver-te-ia correr em mim
longa carícia colorida, sonho sem fim

20 de Abril de 2006

XXVI
Sabemos de nós tudo através do olhar dos outros

21 de Abril de 2006

XXVII
No cimo a luz branca pontiaguda ilumina
as mãos que tendem o pão da minha vida

3 de Maio de 2006

XXVIII

Como as palavras as imagens, que tomamos como nossas, são um bocado do imaginário que sobrevive à decapitação dos sonhos. Caminhamos por entre escombros.
Quando minha mãe morreu nos meus braços não chorei. Só chorei quando, velando o seu corpo, me surgiu pela frente uma vizinha que frequentava a minha infância. O imaginário, naquele breve momento, tomou de assalto as minhas defesas que ruíram com estrondo.
Percebi a leveza insustentável dos corpos depois de mortos e a infinita fraqueza que se esconde por detrás da nossa aparente normalidade.

S/data

XXIX
Nas pedras irregulares do chão da infância
luminosas as sombras que acolhem os corpos

15 de Maio de 2006

XXX
Fosse meu tudo o que não tem medida certa
seria feliz por possuir o mundo
Tomaria em mãos as diversas artes
sendo múltiplo fingir-me-ia uno
uno por dentro e por fora repartido em partes

19 de Maio de 2006

XXXI
Gosto de iniciar o caminho pelo princípio
Onde não se encontra nada o que abraçar

Inventar tudo desde o começo mesmo sem
A ideia clara do caminho que hei-de rasgar

Buscar a luz que alumia a vida na revolta
Da palavra e na surpresa de afinal confiar

Gosto de sentir o frio na testa desabrigada
Cavar fendas na memória e nelas recordar

O meu mundo secreto único e indivisível
Separado de todos os mundos é outro mar

Gosto de ouvir ao longe sons esquecidos
E nos largos vazios o silêncio a esvoaçar

4 de Junho de 2006

XXXII
Passar o tempo ver passar o passado no presente
Sonhar com as longínquas memórias nas doridas
Noites anoitecidas a ver passar o tempo sedento
De nos devorar o corpo ainda quente dos afagos
Esquecidos de mãos que vagamente escorregam
Pelo esquecimento como todas as mãos milhões
De sinais passaram e deles já todos esqueceram
Os ensinamentos, o toque, a música, o desespero
Passar o tempo deixar em herança esquecimento
Sabendo que mais nada restará senão só o tempo

18 de Junho de 2006

XXXIII
Olhar ao longe por entre a neblina
O mar de verão que acalma a vida

15 de Julho de 2006

XXXIV
Este mar é a luz da minha memória

16 de Julho de 2006
  
XXXV
Sempre o som do mar ao fundo
No silêncio da noite se agiganta
Encosta acima mais nítido puro

21 de Julho de 2006

XXXVI
Branca como sombra reflectida no chão
terra mãe percorrida ao som do silêncio

S/data

XXXVII
Estendo a memória até onde a mão alcança
o tempo submerso resplandece de sabedoria

23 de Novembro de 2006


21 de março - ano de 2015


Tempos conturbados - todos os tempos, afinal, o são cada um a seu modo - mas neste assoma o cheiro acre a fim de regime. Deverei estar enganado pelo menos na medida em que as afirmações de fé radicais quase sempre são desmentidas. Digo quase, pois nos períodos anteriores ao advento dos totalitarismos poucos são os que se atrevem a vaticiná-los. E mesmo, para não ir mais longe, já no pleno exercício dos crimes de regimes totalitários a maioria se acobarda, e os aceita, pois de outra forma não medrariam. Assim ao alcance da nossa memória aconteceu com o nazi fascismo, de várias estirpes, e o estalinismo que duraram muitos anos, produziram guerras de uma crueldade inimaginável e praticaram crimes inomináveis. Venho preencher o espaço branco do ecran porque por essa Europa fora ganham adeptos os lideres de extrema direita, ameaçando ganhar pelo voto, senão o poder, pelo menos o direito a partilhá-lo. E não tenhamos ilusões que se tal acontecer teremos o toque de finados da União Europeia e o advento de uma guerra. E quais serão os efeitos de uma guerra no nosso tempo?    

quarta-feira, março 18

AS EVIDÊNCIAS


XVIII

Deixai que a vida sobre nós repouse
qual como só de vós é consentida
enquanto em vós o que não sois não ouse

erguê-la ao nada a que regressa a vida.
Que única seja, e uma vez mais aquela
que nunca veio e nunca foi perdida.

Deixai-a ser a que se não revela
senão no ardor de não supor iguais
seus olhos de pensá-la outra mais bela.

Deixai-a ser a que não volta mais,
a ansiosa, inadiável, insegura,
a que se esquece dos sinais fatais,

a que é do tempo a ideia da formosura,
a que se encontra se se não procura.

26-3-1954

Jorge de Sena


domingo, março 15

HÉLDER GONÇALVES - uma prenda


As primeiras fotografias que postei neste blogue são de autoria do meu amigo Hélder Gonçalves. É um grande fotógrafo amador, pois a sua profissão é outra na qual, aliás, são elevados os seus méritos. Ontem enviou-me uma fotografia captada no dia 1 de março passado que aqui deixo com os desejos de melhoras e um abraço.  

sexta-feira, março 13

FERRO RODRIGUES


Em 30 de setembro de 2014 publiquei neste espaço pessoal um texto raro a respeito do regresso à "grande política" do Eduardo Ferro Rodrigues. Não tenho como regra fazer a louvaminha dos amigos e, ainda menos, dos amigos de longa data. Mas senti necessidade de escrever o que escrevi e sinto hoje necessidade de reeditar as palavras de saudação que aqui trouxe. Elas, para quem souber entender o seu sentido profundo, explicam as críticas, a meu ver injustas, de que tem sido alvo por estes dias. Multidões de virgens ofendidas clamam pela necessidade urgente de trazer para a política gente honrada, competente e com sentido de serviço público. Cidadãos que, sem prejuízo dos seus naturais defeitos, assumindo funções politicas de relevo, constituam uma barreira às derivas populistas e demagógicas que tanto têm desprestigiado, aos olhos dos cidadãos, a politica, os partidos e a democracia. Mas quando os cidadãos honrados assumem os pesados riscos de uma ativa e empenhada intervenção política aqui del rei que o bom senso é erigido em fraqueza, a competência em maçada e o sentido de serviço público, afinal, numa banalidade.   

Uma escolha é uma escolha. No caso de Ferro Rodrigues é o regresso à "grande política" de quem nunca, na verdade, se afastou. Apenas se ausentou para recobrar forças. Sinto este ressurgimento como um ato de justiça. Vai ser duro para ele conjugar sentimento e razão. O seu regresso à ribalta não anuncia somente o regresso da política, que a vitória de Costa pronuncia, mas um sinal de abertura ao diálogo em todas as direcções. As soluções politicas de governo de futuro não se jogam na tradicional alternativa, pura e dura, esquerda/direita. Nem sequer num jogo de palavras em torno de alternativa versus alternância. É preciso ir mais longe. Fundar um novo modelo de alianças políticas em cuja matriz nem hajam excluídos à partida, nem escolhidos eternos. Um novo pacto social que viabilize uma verdadeira reforma do estado social. É difícil fazer POLITICA que nunca dispense a aceitação da diversidade, a superação das contradições e a busca dos consensos em torno de soluções que satisfaçam o maior número. A sociedade organizada - os cidadãos de todas as condições - espera por propostas nas quais acredite e lhes dêem alento para lutar por um futuro melhor para si e para a comunidade. Políticos são precisos. Por isso o regresso do Ferro Rodrigues é uma boa notícia para além da nossa velha e profunda amizade.  

Wagner - Der Augen leuchtendes Paar. V. Kowaljow; Barenboim, Scala Dece...


quinta-feira, março 12

Dia 12 de março - 2015


Voltando ao tema do nosso tempo político que é um tempo no qual o debate público é uma coisa banal. Um resultado da liberdade de expressão do pensamento. Sempre que acontece, e acontece muitas vezes, que nos sentimos constrangidos no uso da liberdade algo vai mal. Na questão da liberdade o excesso é sempre preferível à escassez. Em qualquer caso o mundo move-se a diversos níveis e na política as forças posicionam-se em permanência para a disputa do poder. É da própria natureza das coisas, com o carácter dos protagonistas pelo meio marcando o tom e o ritmo dos acontecimentos que podem influenciar e, na maior parte dos casos, podem influenciar pouco. Mas voltando ao tema do nosso tempo político questiono-me acerca da viabilidade de conduzir, governo e oposição, cada qual com seus objectivos, mais de seis (6) meses de disputa eleitoral aberta ( para não usar a expressão campanha). É a realidade com a qual cada um em seu mister tem de lidar. Só há uma postura séria neste contexto para quem tem responsabilidade, seja a que nível for, na vida pública: minimizar os erros e não se deixar enredar em enganos.  

sábado, março 7

7 de março - ano de 2015

                                                           
As próximas eleições legislativas - regresso ao assunto - serão realizadas, salvo qualquer solavanco imprevisível no calendário, num dos dias, a escolher pelo senhor PR, 27 de setembro, 4 ou 11 de outubro de 2015, a uma distância de sete (7) meses, desde o presente dia. Nada obsta a que, em democracia, se realizem debates e discussões, se acalorem as polémicas e se avolumem os casos, pois é o mais próprio da democracia liberal. Mas ... acontece que o calendário politico eleitoral tem, neste ano de 2015, uma peculiaridade: à eleição legislativa sucede-se a eleição presidencial (sem intervalo para descanso!), imbricadas uma na outra, condicionando-se mutuamente. E, ainda mais, acontece que nos seis meses antes e após a eleição presidencial (a realizar em janeiro de 2016) o PR não pode dissolver a AR (Artº 172 - 1. A Assembleia da República não pode ser dissolvida nos seis meses posteriores à sua eleição, no último semestre do mandato do Presidente da República ou durante a vigência do estado de sítio ou do estado de emergência.). Ora, no caso desta conjuntura eleitoral, atenta a sequência dos atos eleitorais, o PR, em funções, não poderá dissolver a AR a partir de um dia de finais do presente mês de março/meados do próximo mês de abril, e o próximo PR, eleito em janeiro de 2016, não a poderá dissolver até abril de 2016. Ou há condições para formar governo com o resultado das legislativas ou .... Tudo se resolverá nos termos da lei e dos bons costumes!