Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sexta-feira, setembro 15
quarta-feira, setembro 13
terça-feira, setembro 12
12 setembro 1974 - é publicado o nº 0 do Esquerda Socialista
O MES, como todos os partidos nascidos com o 25 de Abril, também criou a sua própria imprensa. Aquando da eclosão do 25 de Abril, somente o PCP dispunha de uma verdadeira imprensa própria, com tradição e enraizamento. Os diversos movimentos de base que haviam de confluir no MES produziam folhas volantes, opúsculos, boletins, mais ou menos ao sabor dos acontecimentos, e conforme as necessidades do momento. Salvo, claro está, as colaborações individuais de muitos dos seus fundadores em publicações marcantes da sociedade portuguesa dos anos 60. Esta é uma breve resenha da história da imprensa do MES, como sempre, apoiada em documentação que tenho em minha posse e, não somente, em impressões subjectivas. O grande entusiasta da criação de um jornal do MES foi César de Oliveira mas a própria natureza do Movimento, criado pela confluência de correntes surgidas de lutas sectoriais, tornou a tarefa mais difícil. A “Comissão de Imprensa” foi criada numa reunião da Comissão Politica realizada em 12/6/74 sendo encabeçada por Eduardo Ferro Rodrigues e César de Oliveira mas o Jornal só viria ser publicado em 12 de Setembro. Ao contrário do que se poderia supor a primeira ideia formalizada para título do jornal do MES não foi “Esquerda Socialista” mas “A Luta Operária” e integra uma proposta subscrita por aquela “Comissão de Imprensa” titulada: “PROPOSTA – JORNAL DO MOVIMENTO DE ESQUERDA SOCIALISTA” – A apresentar à I Assembleia Nacional de Militantes do MES”. Trata-se de uma proposta detalhada que além do título propõe uma periodicidade semanal, o dia da publicação (5ª feira), o formato (tablóide), nº de páginas: 12 e subtítulos: “Órgão do Movimento de Esquerda Socialista” e “ O socialismo em Portugal será obra dos Trabalhadores Portugueses”. Desta proposta inicial sobreviveu quase tudo, menos o título que havia de ser substituído por “Esquerda Socialista” já que o anterior, conforme consta num documento posterior, “não ganhou o suficiente apoio”. Mas não restam dúvidas que foi César de Oliveira o verdadeiro impulsionador da criação do Jornal do qual foi director interino dos 7 primeiros números da 1ºa fase, que decorreu entre Setembro de 1974 e o I Congressos de Dezembro desse ano, na qual foram publicados 11 números. O número zero, já com César de Oliveira ao leme, foi publicado em 11 de Setembro de 1974, merecendo a megalómana tiragem de 100.000 exemplares e no seu editorial são apontados os 6 objectivos que devia prosseguir: “a) a informação e a análise das lutas; b) a informação e análise da realidade portuguesa; c) a promoção do debate político entre os militantes do MES; d) a divulgação das posições do MES à escala e regional; e) a divulgação e análise das experiências internacionais e f) contribuir para a elevação do nível de consciência das classes trabalhadoras …”. É claro que a avantajada tiragem também foi devidamente explicada mas não evitou, apesar das vendas estimadas entre 20 e 30.000 exemplares, ter sido, ainda antes da edição do nº1, acumulada uma dívida de 176 contos. O nº 1, com o subtítulo “Órgão do Movimento de Esquerda Socialista” saiu a 16 de Outubro de 1974, com uma tiragem de 35.000 exemplares, e até ao I Congresso de Dezembro, saíram regularmente, sem falhas, 11 números. Parte da tiragem era então vendida ao preço de 2$50, com 12 páginas e a duas cores. César de Oliveira, em carta publicada no nº 7, demite-se de Director interino, justificando essa demissão por razões pessoais às quais se sobrepunham, certamente, a evolução e o teor do debate e as consequentes divergências que haviam de desembocar na primeira dissidência consumada aquando do I Congresso. Entre o nº 7 e o nº 11 a Direcção do “Esquerda Socialista” foi assumida por Rogério de Jesus consumando, como se afirma num documento posterior, “a vitória duma “certa concepção obreirista que derrotou o intelectualismo dos “doutores” que vieram a dar origem ao GIS e à actual esquerda do PS”. Não posso deixar de referir o papel marcante, nesta fase iniciar, entre os esquecidos criadores do movimento o designer Robin Fior, um estrangeiro em Lisboa por altura da eclosão do 25 de Abril. Foi ele que desenhou o símbolo do MES o único, adoptado pelos partidos portugueses, com uma declarada feição feminil; Robin foi também o autor da linha gráfica da primeira série do jornal "Esquerda Socialista" e concebeu um conjunto de cartazes surpreendentes pela sua ousada modernidade. Os materiais gráficos do MES, em particular, os da sua fase inicial, alcançaram uma rara qualidade que bem merecia uma cuidada recolha, estudo e divulgação pública.
segunda-feira, setembro 11
sábado, setembro 9
ANTÓNIO COSTA - UMA VISITA QUE NÃO ESQUECEREI
António Costa visita este fim de semana o Chile na data do cinquentenário do golpe militar que derrubou o regime democrático que tinha como máximo expoente o Presidente Salvador Allende. Faz bem e fico-lhe grato pelo gesto.
Um dia, de visita a Santiago do Chile, cumpri um dos meus sonhos. Visitei a campa de Salvador Allende, prestando-lhe uma homenagem, pessoal e íntima, que sempre desejei desde a sua morte trágica em 11 de Setembro de 1973.
Era manhã cedo e acompanhado pelo meu companheiro de viagem e pelo motorista chileno, que fez questão de nos fazer companhia, lá fomos ao cemitério central da capital chilena. Antes de entrar compramos um ramo de cravos vermelhos. Fazia um frio de rachar.
O cemitério é monumental e a caminhada até ao nosso destino foi longa e solitária. Naquela hora o cemitério estava quase deserto de visitantes.
À entrada do cemitério entreguei o ramo de cravos nas mãos do motorista chileno para atenuar a sua comoção. Ele nunca tinha visitado a campa de Allende mas percebemos que chorava. Depositamos os cravos e recolhemo-nos uns breves instantes. Senti intensamente o frio mas o meu coração ficou reconfortado como se tivesse cumprido um dever de honra.
NOTÍCIAS A QUE SE NÃO DÁ IMPORTÂNCIA
A agência de notação financeira Standard & Poor's melhorou esta sexta-feira a perspetiva da dívida soberana portuguesa de estável para positiva, mantendo o 'rating' em 'BBB+'. No relatório da ação de 'rating', divulgado hoje, a Standard & Poor's (S&P) justifica a decisão com a convicção da agência "de que a posição orçamental e externa de Portugal irá melhorar gradualmente, em percentagem do PIB [Produto Interno Bruto] e das receitas das exportações, apoiadas pelo turismo e pelos investimentos ao abrigo de grandes fundos" da União Europeia (UE). In Lusa
sexta-feira, setembro 8
Ultimo Discurso de Salvador Allende, el 11 Sept 1973
Seguramente ésta será la última oportunidad en que pueda dirigirme a ustedes. La Fuerza Aérea ha bombardeado las torres de Radio Postales y Radio Corporación. Mis palabras no tienen amargura sino decepción Que sean ellas el castigo moral para los que han traicionado el juramento que hicieron: soldados de Chile, comandantes en jefe titulares, el almirante Merino, que se ha autodesignado comandante de la Armada, más el señor Mendoza, general rastrero que sólo ayer manifestara su fidelidad y lealtad al Gobierno, y que también se ha autodenominado Director General de carabineros. Ante estos hechos sólo me cabe decir a los trabajadores: ¡Yo no voy a renunciar! Colocado en un tránsito histórico, pagaré con mi vida la lealtad del pueblo. Y les digo que tengo la certeza de que la semilla que hemos entregado a la conciencia digna de miles y miles de chilenos, no podrá ser segada definitivamente. Tienen la fuerza, podrán avasallarnos, pero no se detienen los procesos sociales ni con el crimen ni con la fuerza. La historia es nuestra y la hacen los pueblos.
Trabajadores de mi Patria: quiero agradecerles la lealtad que siempre tuvieron, la confianza que depositaron en un hombre que sólo fue intérprete de grandes anhelos de justicia, que empeñó su palabra en que respetaría la Constitución y la ley, y así lo hizo. En este momento definitivo, el último en que yo pueda dirigirme a ustedes, quiero que aprovechen la lección: el capital foráneo, el imperialismo, unidos a la reacción, creó el clima para que las Fuerzas Armadas rompieran su tradición, la que les enseñara el general Schneider y reafirmara el comandante Araya, víctimas del mismo sector social que hoy estará en sus casas esperando con mano ajena reconquistar el poder para seguir defendiendo sus granjerías y sus privilegios.
Me dirijo, sobre todo, a la modesta mujer de nuestra tierra, a la campesina que creyó en nosotros, a la abuela que trabajó más, a la madre que supo de nuestra preocupación por los niños. Me dirijo a los profesionales de la Patria, a los profesionales patriotas que siguieron trabajando contra la sedición auspiciada por los colegios profesionales, colegios de clases para defender también las ventajas de una sociedad capitalista de unos pocos.
Me dirijo a la juventud, a aquellos que cantaron y entregaron su alegría y su espíritu de lucha. Me dirijo al hombre de Chile, al obrero, al campesino, al intelectual, a aquellos que serán perseguidos, porque en nuestro país el fascismo ya estuvo hace muchas horas presente; en los atentados terroristas, volando los puentes, cortando las vías férreas, destruyendo lo oleoductos y los gaseoductos, frente al silencio de quienes tenían la obligación de proceder. Estaban comprometidos. La historia los juzgará.
Seguramente Radio Magallanes será acallada y el metal tranquilo de mi voz ya no llegará a ustedes. No importa. La seguirán oyendo. Siempre estaré junto a ustedes. Por lo menos mi recuerdo será el de un hombre digno que fue leal con la Patria.
El pueblo debe defenderse, pero no sacrificarse. El pueblo no debe dejarse arrasar ni acribillar, pero tampoco puede humillarse.
Trabajadores de mi Patria, tengo fe en Chile y su destino. Superarán otros hombres este momento gris y amargo en el que la traición pretende imponerse. Sigan ustedes sabiendo que, mucho más temprano que tarde, de nuevo se abrirán las grandes alamedas por donde pase el hombre libre, para construir una sociedad mejor.
¡Viva Chile! ¡Viva el pueblo! ¡Vivan los trabajadores!
Estas son mis últimas palabras y tengo la certeza de que mi sacrificio no será en vano, tengo la certeza de que, por lo menos, será una lección moral que castigará la felonía, la cobardía y la traición.
quinta-feira, setembro 7
RONALDO, ASSIM NÃO
Para expressar desconforto e rejeição pela postura de Cristiano Ronaldo enquanto capitão da seleção nacional de futebol. Para todos os efeitos ele assume-se como embaixador da Arábia Saudita, uma ditadura sem perdão, em conflito de interesses insanável. Espero o mais depressa possível pela sua aposentação enquanto futebolista ao serviço da seleção. É assim a vida, umas vezes herói outras vilão.
segunda-feira, setembro 4
CAMINHOS...
Quando o Presidente em funções era comentador um dia escrevi por aqui que tudo o que ele comentava, sendo do meu conhecimento direto, não correspondia à verdade. A minha perceção dos fatos não correspondia à descrição dos mesmos no contexto do discurso próprio das crónicas. É cada vez mais dificil hoje suportar um Presidente comentador sem prejuízo do exercício do que se designa por magistratura de influência. O bom senso aconselha prudência tal como escreveu Gil Vicente: "...prudência amiga minha". Em última análise se o Presidente se envolver no jogo partidário, perderemos todos. Tudo aponta que caminha nesse sentido!
O MEU PAI DIMAS
Hoje, 4 setembro, é o dia de aniversário do meu pai Dimas, uma das poucas efemérides familiares que nunca esqueço (nasceu a 4 de setembro de 1910). O meu pai Dimas levou-me com ele a muitos lugares além daqueles a que os deveres de família obrigavam. Os tempos eram austeros. Os lugares a que me levou vistos de hoje ficavam perto, mas no seu tempo longe. Essas viagens e as suas mãos quando tomava as minhas para me levar com ele onde fosse marcaram muito a minha maneira de ser e de estar. Pequenas coisas que o mais profundo de nós guarda e que tudo faço para preservar com a maior força de que sou capaz.
sábado, setembro 2
ANTÓNIO GUTERRES
Li o artigo de António Barreto hoje no Público: "Um candidato a Presidente da República". No fundo deixa um apelo a António Guterres para que se apresente nas próximas presidenciais (ainda tão longe!). Subscrevo!
quarta-feira, agosto 30
O DIA D - DESEMBARQUE DAS TROPAS ALIADAS NAS PRAIAS DA NORMANDIA/ FRANÇA
Acabei de ver na RTP3 mais um extraordinário documentário acerca do desenbarque aliado na Normandia com imagens recolhidas por operadores militares em plena ação- junho, julho e agosto de 1944. Impressionante e terrível da cenário da guerra ao vivo, os rostos, os corpos, a destruição, os sons de vitória e de derrota, os vencedores e os vencidos. É improvável que qualquer daquelas soldados sobreviventes de ambos os lados seja hoje vivo. A vitória dos aliados conduziu-nos aos tempos de paz na Europa de que o ocidente ainda beneficia. Por quanto tempo?
segunda-feira, agosto 28
FUTEBOL: OS LADOS OBSCUROS
O futebol feminino desencadeou uma crise que evidencia com violência um dos lados obscuros do futebol: o machismo. Aguardam-se os próximos episódios sendo certo que, de imediato, o negócio exigirá uma saída airosa. Outros escândalos rebentarão desde logo o que tem como epicentro a Arábia Saudita. Aguardemos.
segunda-feira, agosto 21
AS MISÉRIAS DO FUTEBOL - Desta vez de acordo com Raposo
"Neymar e Ronaldo não estão apenas a promover o velho cliché que diz que o futebolista é um mercenário desprovido de inteligência. Eles mostram sobretudo o fracasso do ar do tempo, o ar da cultura 2.0. Ambos cresceram muito pobres, sem acesso a bens materiais e a hábitos culturais. Já adultos, ambos consideram que a marca do sucesso é a seguinte: desprezar bens culturais e ostentar bens materiais de um luxo absolutamente pornográfico, sobretudo para os bairros pobres de onde vêm". Henrique Raposo in Expresso.
sábado, agosto 19
quinta-feira, agosto 17
HOJE REGRESSADO DE VISITA AO MINHO- OBRIGADO DULCE E ZÉ
Os combates feudais não puseram em causa o traçado da fronteira entre Portugal e a Galiza que, por consenso largamente aceite, seguia o curso do rio Minho e, mais para leste, o do rio Lima. (...) antes de meados do século XII, Portugal já era considerado um “reino”, o que significa, pelo menos, que tinha um território próprio.
Apesar disso, Afonso Henriques não desistiu facilmente de incorporar no seu reino os condados do Sul da Galiza. Em 1140, voltaria a tentar apoderar-se do território de Toroño, e na década de 1160 retomaria as suas pretensões sobre os distritos de além-Minho, conseguindo, até, uma posição de supremacia que o então rei de Leão Fernando II teve dificuldade em abalar, até que a conjuntura se alterou para sempre devido ao “infortúnio” de Badajoz.
In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”9. “A homenagem a Afonso VII”, pg. 104
terça-feira, agosto 15
15 agosto de 1109 - nasce D. Afonso Henriques
“Em 1109, nasce, pois, um menino, primeiro filho da condessa D. Teresa e do conde D. Henrique. Estava ligado por laços hereditários à família régia de Leão e Castela.” (…). “Os escribas do conde D. Henrique e da condessa D. Teresa quase nunca se esqueciam, nos seus diplomas, de recordar que ela era filha do “grande” rei Afonso; os de Afonso Henriques, sobretudo os primeiros, lembravam que ele era neto do mesmo rei; e por volta dos anos 1185-1190 o cónego de Santa Cruz de Coimbra que redigiu os Anais de D. Afonso, Rei dos Portugueses referia-se ainda a ele como ”o grande imperador da Hispânia D. Afonso”” (…). “Em 1109, ano de nascimento de Afonso Henriques, havia, sem dúvida, quem não esquecesse a humilhante derrota sofrida pelo mesmo rei em 1085, na Batalha de Zalaca, contra as tropas almorávidas, nem, nos anos seguintes, a perda de muitas outras cidades importantes da fronteira; mas o ambiente de angústia pelo risco de perder um esplendor tão elevado contribuía, até, para engrandecer a sua memória. Afonso Henriques ficou para sempre ligado a essa referência. Considerava-se, por transmissão materna, como o legítimo herdeiro de um avô glorioso, cuja memória tinha obrigação de honrar, procurando imitar os seus feitos. Era reconhecido como tal pelos seus súbditos”. In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, “1. A Juventude de um predestinado” – "O quadro familiar: o avô", pg. 18/19. (2)
sábado, agosto 12
JORNADAS
No rescaldo das jornadas da juventude é uma alegria olhar para a opinião de muitos dos comentadores encartados da direita (quase a totalidade dos comentadores!). Mostram em regra a sua satisfação com Francisco como se nunca tiverem lido as suas Encíclicas ou ouvido os seus sermões, mesmo os das jornadas. É uma muito curiosa fuga para a frente, fazem-se desentendidos, enfim...
quarta-feira, agosto 9
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