quarta-feira, março 17

25 de Abril - notas pessoais


Intolerável absurdo


O golpe militar foi a consequência inevitável do predomínio dos ultraconservadores na governação. O Estado Novo, na sua fase terminal, esmagou a "ala liberal" na qual, muitos de nós, tínhamos depositado esperanças de mudança. De facto o grande acontecimento político do século XX português, depois da implantação da República, em 1910, teria sido a transição pacífica da ditadura para a democracia.

Depois da morte política de Salazar o que terá passado pela mente de Marcelo Caetano? Porque não agiu? Por falta de coragem? Por falta de um verdadeira desígnio reformista? A razão de fundo para essa trágica omissão terá sido a política colonial que, desde o início dos anos 60, foi conduzida com o recurso à guerra, em desfavor da negociação com os movimentos de libertação. O regime foi conduzido a um beco sem saída. Os reformistas civis não foram capazes de forjar uma aliança consequente com os reformistas militares.

Ainda hoje está por explicar, por outro lado, o papel da diplomacia das potências ocidentais nesta estranha situação de arrastamento de uma crise que se havia declarado, a partir de 1958, aquando da fracassada candidatura presidencial do General Humberto Delgado. As diplomacias ocidentais, que certamente estavam bem informadas dos acontecimentos em Portugal mantiveram, salvo raras e honrosas excepções, uma plácida e comprometedora inércia, que nem o cruel assassinato de Humberto Delgado desbloqueou. Será possível que os EUA e as potências europeias tenham sido apanhadas desprevenidas pelo 25 de Abril?

Intolerável absurdo!

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Mudança

Hoje processou-se uma mudança na apresentação do absorto. Três meses depois de ter iniciado a sua participaçãp na blogosfera era tempo de encetar uma mudança de visual. Por outro lado o editor do absorto tinha programado assumir plenamente a sua autoria passada uma primeira fase experimental. Apesar da próxima criação de um blogue colectivo, no qual participarei, e que deverá ser apresentado por alturas do dia 25 de Abril, o absorto manter-se-à com autoria individual. As mudanças vão continuar porque acreditamos que, apesar de todas as resistências, enganos e mal entendidos, a internet é o futuro.
Eduardo Graça

terça-feira, março 16

25 de Abril - notas pessoais

16 de Março - um mau prenúncio


O chamado "Golpe das Caldas" ocorreu a 16 de Março de 1974. Passam hoje exactamente 30 anos.

Cumpria, como Oficial Miliciano, o serviço militar obrigatório no 2º Grupo de Companhias de Administração Militar (2º GCAM), onde hoje está instalada, no Campo Grande, em Lisboa, a "Universidade Lusófona". Depois de conhecidas as notícias do avanço da coluna militar, a partir das Caldas da Rainha, instalou-se uma grande agitação no quartel. Era sábado mas eu estava lá talvez porque estivesse de serviço. Finalmente surgia uma manifestação concreta de revolta militar mas eram notórias as dúvidas e incerteza acerca do destino do golpe.

Pela manhã desse dia recebi ordem do Comandante para recolher ao quarto. Estive preso umas breves horas. Após o golpe ter fracassado, na manhã seguinte, mandaram-me sair. Fiquei aliviado. Iniciava-se, assim, a fase final do verdadeiro e decisivo golpe militar.

Não o podíamos adivinhar mas o "Estado Novo" que, desde a ditadura militar, instaurada pelo golpe de 28 de Maio de 1926, iria perfazer 48 anos, estava a breves semanas do fim. Várias gerações de portugueses viveram toda, ou grande parte, das suas vidas sem conhecerem a cor da liberdade, pesando sobre as cabeças dos conspiradores a responsabilidade de pôr fim ao pesadelo. (2 de 32 continua)

segunda-feira, março 15

As "Esquerdas Terroristas" ("ETs")

Bem me queria parecer que esta coisa das eleições podia dar chatices. É claro que a maioria dos "10 grandes educadores da opinião pública" ficaram tristes com o sentido do voto dos "nuestros hermanos". A democracia, para eles, não está em causa. O problema é a surpresa. O povo vota muitas vezes com o coração. Se a esquerda ganha o povo vota de uma forma impensada. Influenciado pelas más razões. É vingativo. Pouco generoso. A democracia não está educada mas não está em causa. No caso de "nuestros hermanos" este resultado foi uma vitória para os terroristas. A partir deste momento histórico sempre que a direita perder eleições quem ganha não é a esquerda, é o terrorismo! Eis um extraordinário argumento democrático. A associação da palavra esquerda a "terrorismo", tornando socialistas e social-democratas, nas suas diversas formulações no Mundo Ocidental, em "ETs" - "esquerdas terroristas". Tanto mais que na esquerda, que se saiba, são estas formações políticas que ganham eleições. A democracia é, para a direita, um valor absolutamente intocável caso ganhe as eleições. Mas, caso ganhe a esquerda, a democracia passa a ser um subtil instrumento dos desígnios tenebrosos do terrorismo internacional. Eis ao ponto a que chegou o rigor ético do pensamento político dos publicistas da direita. Bem vistas as coisas os 10 milhões e meio de espanhóis que votaram no PSOE são aliados dos terroristas e, nalguns casos, serão mesmo terroristas. Se Kerry ganhar as eleições nos EUA a maioria dos americanos passarão à condição de suspeitos de terrorismo senão mesmo terroristas... Este é o jogo da direita ultraconservadora e da extrema direita para descredibilizar a democracia. Que os "educadores da opinião pública", com passado e, nalguns casos, presente, socialista e social-democrata, caiam nesta armadilha é que espanta e … assusta!

domingo, março 14

25 de Abril - notas pessoais

O passado e o futuro


25 de Abril de 1974. Passaram 30 anos.

Pouco tempo na história de um país. Muito tempo para uma geração. As datas históricas ganham espessura com o passar do tempo. Mas os seus protagonistas não devem apresentar-se como sobreviventes de uma época em que fizeram história. Apesar de todas as vicissitudes, excessos e erros, o 25 de Abril foi o dia da reconquista da liberdade. A data é uma circunstância. Ela identifica o tempo dos acontecimentos.

Este é o primeiro de 32 textos, fragmentos sem cronologia, notas pessoais escritas de memória, com referências a factos, alguns inéditos, que não têm pretensão de escrever história. No Portugal contemporâneo celebrar o 25 de Abril, deveria ser uma oportunidade para debater os grandes desígnios nacionais do presente e do futuro: a reforma da democracia representativa e o reforço da integração de Portugal na Europa. São estes os temas que há que debater a nível nacional.

Não creio que esta celebração seja um contributo relevante para esse debate e para a consolidação e desenvolvimento das extraordinárias conquistas políticas e sociais dos últimos 30 anos. A tendência das celebrações é a de evocar o passado e Portugal precisa, com urgência, de repensar o futuro. Apesar da mentira espreitar, as mais das vezes, nas evocações do passado, realçando o lado mais favorável das nossas próprias memórias, escondendo erros, fracassos e injustiças próprias, que outro acontecimento foi mais importante, no Século XX português, do que o 25 de Abril?

Por isso decidi correr o risco...

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Eleições em Espanha

Se a participação popular nas eleições for forte será uma vitória para a democracia e para a liberdade. Ganhe quem ganhar. Isso é o mais importante. O terrorismo é uma realidade com a qual a Espanha convive desde há muitos anos. Não é uma novidade nem para os espanhóis nem para ninguém. A Europa não é, nem nunca foi, um paraíso imune ao terrorismo como nos querem fazer crer. Tem havido recentemente atentados na Europa. Desde logo em Espanha através da ETA mas lembremo-nos do assassinato da Ministra dos Estrangeiros Sueca, antes dela, do líder do partido de extrema-direita holandês, ou antes ainda Olof Palme e lembremo-nos dos atentados em Itália e da situação na Irlanda…É um assunto abordado por pensadores, políticos e artistas desde há muitos séculos. O cinismo e a mentira também não são novidade na política e na diplomacia. A propósito de atentados, como o de 11 de Março em Madrid, mais vale não acreditar no que afirmam os governos, em particular, em véspera de eleições. Mas, em qualquer circunstância, os povos têm direito a saber a verdade e os governos democráticos a obrigação de lhes dizer a verdade..

sábado, março 13

25 de Abril - notas pessoais

As 32 notas pessoais que publicarei, a partir de 2ª feira, dia 15 de Março, sob o título "25 de Abril - notas pessoais", podem ser desenvolvidas no futuro. Depende exclusivamente da minha vontade. Nunca nada está encerrado na nossa memória mas a memória individual não é eterna. Como disse Camus "Só tardiamente ganhamos a coragem de assumir aquilo que sabemos." Concordo plenamente. Resta sermos justos no exercício da nossa liberdade de expressão.

As notícias que se fazem…

Madrid - ainda os cadáveres das vítimas dos atentados de dia 11 não estavam todas identificadas e já a diplomacia espanhola dava orientações para todo o mundo para que os embaixadores tomassem a iniciativa de divulgar que tinha sido a ETA. Não acreditar em nenhuma informação...venha de onde vier.

Construção Civil - o sector da construção civil em Portugal apresentou, em 2003, o pior desempenho entre todos os países da EU. A construção civil é um bom barómetro da situação económica e esta notícia confirma a recessão de 2003. No entanto a primeira página do Expresso apresenta um mapa com uma análise comparativa de Portugal com as regiões de Espanha, simulando a Ibéria, e uma foto do Santana Lopes a ser recebido pelo Papa.

Aparição



Vens á tardinha, pousas a meu lado,
e a tua voz murmura como um canto...
Ondeia em névoas de astros o teu manto...
É um clarão do Além teu vulto alado!

Ergues mãos as rosas do Passado,
que ao seio apertas, lacrimosa, - enquanto
elas derramam úmidas de pranto,
o sangue dum amor crucificado...

Jardim lilás e oiro, a tarde finda,
toda a esfolhar-se em luz crepuscular...
Vens quando é noite já, e dia ainda...

Vens de enigma desta hora entercida,
quando a tarde é um beijo a soluçar,
- um beijo em pranto, como a nossa vida!

Bernardo de Passos



sexta-feira, março 12

Uma notícia com significado

O PÚBLICO noticia que "Numa circular enviada ontem às embaixadas de todo o mundo a Chefe da diplomacia espanhola instruiu embaixadores a defender tese da ETA.
A ministra dos Negócios Estrangeiros espanhola, Ana Palacio, enviou ontem uma circular aos embaixadores de Espanha, instruindo-os a defenderem a tese de que a ETA foi a autora dos atentados de Madrid, noticia a rádio Cadena Ser, que diz ter tido acesso a uma cópia do documento."

Tudo é possível com respeito á autoria dos atentados mas estas certezas, como já antes se provou, são muito duvidosas.

25 de Abril - notas pessoais


A partir de 2ª feira, dia 15 de Março, terá início a edição de 32 posts, sob o título "25 de Abril - notas pessoais", referindo acontecimentos em que o próprio editor do absorto participou.
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Um soneto de Camilo Pessanha



Floriram por engano as rosas bravas
No inverno: veio o vento desfolhá-las...
Em que cismas, meu bem? Porque me calas
As vozes com que há pouco me enganavas?

Castelos doidos! Tão cedo caístes!...
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que um momento
Perscrutaram nos meus, como vão tristes!

E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo, pétalas, de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos...

Em redor do teu vulto é como um véu!
¿Quem as esparze - quanta flor! -, do céu,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?



quinta-feira, março 11

IMIGRAÇÃO, REALISMO E POPULISMO - III

A Igreja, em Portugal, tem abordado a questão da imigração com frontalidade e coragem. D. Januário Torgal Ferreira, face ao discurso que identifica "os imigrantes com o espectro do desemprego dos portugueses", diz o essencial: "essa lógica restritiva é de pessoas que não conhecem o terreno..." e crítica os que se intitulam de cristãos (nos partidos do governo) afirmando que "esperava que aparecessem igualmente com a capacidade de utopia e de exigência que faz parte dos critérios do Evangelho".
Por sua vez o Presidente da CIP, Francisco Van Zeller, em entrevista, ao Diário Económico, de 29 de Janeiro passado, referindo-se à quota de 6.500 imigrantes, que o Governo estabeleceu para 2004 deu uma resposta elucidativa: "Ninguém faz caso dela, porque os imigrantes vão continuar a entrar ilegalmente e as empresas a empregá-los."
O que os números revelam é que estamos perante uma questão estruturante que condiciona a viabilidade do desenvolvimento económico e social da União Europeia e dos países que a constituem.
Por outras palavras toda a gente compreende que esta é uma questão em que o realismo é inimigo do populismo cujo discurso radical encobre, e favorece, a imigração clandestina, abre as portas aos sentimentos xenófobos e ao enfraquecimento das políticas de integração social das comunidades imigrantes.


Madrid - 11 de Março de 2004

Pelas 8,30 da manhã de hoje, 7,30 de Espanha, senti uma sensação de forte angústia, ao tomar o pequeno-almoço, no sítio habitual. Senti-me mal. Há muito que não tinha a visita deste tipo de sensação. Certamente uma mera coincidência. Mas exactamente à mesma hora, pois consultei o relógio, estavam a rebentar as bombas em Madrid. O terrorismo não tem ideologia. É sempre um fenómeno que favorece a tirania. Resta saber, neste caso, ao certo, quem foram os autores. Se existem ligações directas com a "guerra santa" e o apoio de Espanha à intervenção norte americana no Iraque. Ou terá sido a ETA, como afirmam as autoridades espanholas? As palavras de condenação são unânimes. Ninguém pode ficar de fora do protesto e da condenação deste tipo de actos. Mas estão as forças da direita ultra-conservadora, no poder em muitos países, como os EUA e Espanha, na melhor posição para travar um combate bem sucedido ao terrorismo? Acendo uma vela para que Kerry vença nos EUA. Posso estar enganado mas tenho a intuição de que a segurança no mundo ia melhorar
A notícia na sua brutalidade diz tudo.
"Atentado em Madrid faz 186 mortos e mais de 1.000 feridos, aponta novo balanço

Pelo menos 186 pessoas morreram e mais de 1.000 ficaram feridas nos atentados bombistas perpetrados hoje em comboios de Madrid e atribuídos à ETA pelo Ministro do Interior espanhol, Angel Acebes.
Segundo Acebes, os explosivos - 13 no total - usados nos atentados são do tipo normalmente utilizado pela organização separatista basca."


quarta-feira, março 10

IMIGRAÇÃO, REALISMO E POPULISMO - II

A imigração é efectivamente responsável pelos saldos demográficos positivos em todos os países. A posição destacada da Irlanda explica-se pelo facto deste país apresentar um indicador de "crescimento natural" muito elevado ao contrário de Portugal (0,9) e de Espanha (1,7).
A Irlanda é, aliás, o país da EU que apresenta indicadores de crescimento da população mais encorajadores para uma estratégia de desenvolvimento sustentada adoptando, ao mesmo tempo, políticas de imigração menos restritivas.
O estudo "CONTRIBUTOS DOS IMIGRANTES NA DEMOGRAFIA PORTUGUESA" é explícito: "Para que o número de pessoas em idade activa por pessoa idosa mantivesse níveis idênticos aos observados em 2001, (...) seria necessário observar-se, de 2001 a 2021, um saldo migratório anual em Portugal de +188.000 efectivos".
Um saldo migratório tão elevado é um sinal de que não é realista pensar que o envelhecimento possa ser travado exclusivamente à custa de saldos migratórios positivos.
Mas as políticas de imigração têm de ser flexíveis, de modo a que afastando o modelo de "portas abertas", que ninguém de bom senso defende, permitam que os países beneficiem das vantagens da imigração, em particular, favorecendo a inversão da tendência de diminuição dos efectivos nas idades jovens e activas.
De facto, em todos os países, os estudos contrariam as orientações políticas restritivas, facto para o qual veio hoje chamar a atenção o Comissário Europeu António Vitorino.
UM ESTUDO RECENTE, divulgado na Irlanda, assinala, por exemplo, que a Irlanda necessitará de cerca de 300.000 licenciados, entre 2001 e 2010, dos quais 100.000 serão imigrantes dos países do leste. Tal situação deve-se ao facto de ser previsível, na Irlanda, até 2010, uma diminuição de 15% no número de jovens entre os 15 e os 24 anos.
(continua)


terça-feira, março 9

PORTO

Grande Porto! Os Ingleses receberam uma lição que bem mereceram. A sua arrogância é insuportável e foi-lhes fatal. O FC Porto é uma preciosidade na promoção de Portugal na Europa e no Mundo. Vencedores, não é?

IMIGRAÇÃO, REALISMO E POPULISMO - I

Portugal já foi um país de emigração mas hoje é um país de imigração e será, no futuro, um país de imigração. A imigração não é uma questão de opção ideológica, de modelo económico ou de estratégia política. É uma realidade objectiva que resulta do envelhecimento demográfico. O que não quer dizer que acerca desta realidade não se perfilem diversas opções ideológicas, económicas ou políticas. Este é um assunto, aliás, onde se exercitam as tendências populistas dos partidos ultraconservadores. O EUROSTAT aponta para Portugal, em estimativa, uma população, em Janeiro de 2004, de 10.840.000, comparável com 10.408.000, em Janeiro de 2003. Observa-se um saldo demográfico positivo mas que se fica a dever à imigração. Esse saldo é o resultado da relação entre o crescimento natural em 2003 (diferença entre o n.º de nascimento e o n.º de mortes) que foi de 0,9 p/ mil habitantes e a migração líquida (diferença entre o n.º de imigrantes e o n.º de emigrantes) que foi de 6,1 p/ mil habitantes.
É interessante assinalar que, em 2003, a média do crescimento total da população, na EU, foi de 3,4 p/mil habitantes. A Irlanda é o país que apresenta o crescimento da população mais elevado, com 15,3 p/ mil habitantes, seguido da Espanha (7,2) e de Portugal (6,9).
(Continua)

25 de Abril - Comemorações

A notícia foi dada por um responsável governamental. O 30º Aniversário do 25 de Abril terá como lema a palavra "EVOLUÇÃO". Vejam como o prestigiado "Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea", da Academia das Ciências de Lisboa, define "EVOLUÇÃO" e "REVOLUÇÃO":

EVOLUÇÃO

"Processo de transformação gradual que se opera ao longo de determinado período de tempo."

REVOLUÇÃO

"1. Acção de realizar mudanças profundas; acto ou efeito de revolucionar. (...) 2. Levantamento armado contra a autoridade, a ordem estabelecida. (...) 3. Movimento de caracter insurreccional, com o objectivo de instaurar uma alteração profunda no quadro político e institucional que pode conduzir à queda do regime."

Está claro que o 25 de Abril foi uma "EVOLUÇÂO"!

segunda-feira, março 8

Fecho de telejornal

Hoje, 2ª feira, o pivot do Telejornal da RTP, das 20 horas, anuncia uma reportagem com a chegada a Portugal dos medalhados dos Mundiais de Atletismo de Pista Coberta. Era a última notícia. A reportagem não entra e o pivot fecha, apressadamente, o Telejornal. A seguir entra o programa diário acerca do Euro 2004. Uma omissão vergonhosa…

União Europeia precisa de imigrantes

"A maioria dos europeus considera que os imigrantes são necessários em alguns sectores da economia, revela um eurobarómetro, publicado hoje pela Comissão Europeia. A sondagem mostra que 62 por cento dos portugueses considera que os imigrantes são necessários e 81 por cento admite que os que estão legalizados deviam ter os mesmos direitos que os cidadãos nacionais.
Os inquiridos apoiam as políticas europeias de asilo existentes e defendem que estas deviam ser iguais em todo o espaço comunitário. Nove em cada 10 europeus gostariam que houvesse uma cooperação judicial em matéria civil e familiar, ou seja, que questões relacionadas com o divórcio ou a custódia dos filhos fossem reconhecidas em toda a União Europeia. A sondagem foi realizada entre 8 e 16 de Dezembro e ouviu 7500 pessoas em todo o espaço comunitário".

Luís Salgado de Matos,

hoje no PÚBLICO, deixa cair esta frase: "Nos últimos anos adquirimos os hábitos dos ricos e conservámos os recursos dos pobres. Ganhámos vícios sociais demasiado caros para a nossa bolsa. Símbolo deste desequilíbrio é o aumento paralelo do desemprego e da imigração: os nossos desempregados acham que os postos de trabalho disponíveis estão abaixo deles". Há uma relação directa entre o aumento da imigração e o aumento do desemprego? Não está provado. Há um efeito perverso das regalias sociais na disponibilidade para aceitar ofertas de trabalho? Nalguns casos certamente. Mas será essa a regra? Não parece que estejamos à beira de constituir os desempregados como delinquentes potenciais. A tese das correntes da direita ultraconservadora associa desemprego com imigração e imigração com insegurança. Mas a maior parte dos estudos sérios não confirmam as teses da direita ultraconservadora. O ocidente precisa dos imigrantes na justa medida em que não consegue promover a reposição das gerações: é a questão demográfica; o ocidente não consegue dispor de uma massa crítica de mão de obra disponível capaz de assegurar o funcionamento da economia: é a questão económica. As sondagens podem ser discutíveis mas os estudos disponíveis, dos quais indiquei ontem alguns, são elucidativos do erro das posições radicais em matéria de imigração.