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terça-feira, dezembro 25

Vivre avec Picasso


Uma primeira nota acerca das minhas prendas de Natal. A primeira de todas vai para: Vivre avec Picasso, de Françoise Gilot. Já contei, muito tempo atrás, a odisseia da edição em português deste livro [A minha vida com Picasso] que um dia perdi e recuperei, por acaso, num alfarrabista depois de já ter perdido as esperanças. É um daqueles livros “menores” que contribui para a felicidade dos leitores apaixonados por este género de literatura.
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quarta-feira, novembro 14

PIDE - "A INFORMAÇÃO E OS INFORMADORES"

Ainda a propósito da PIDE e do livro “a história da PIDE”, de Irene Flunser Pimentel, interessou-me, particularmente, o Capítulo XI: “A Informação e os Informadores”. Trata a autora, neste capítulo, da “realidade desse mundo de denúncias que manchou o século XX e faz hoje parte da história portuguesa.”

O número de informadores não é apresentado pois “a DGS destruiu um ficheiro onde era feita a correspondência entre os pseudónimos usados pelos informadores e a sua identificação real”. No entanto tudo parece apontar, segundo diversas fontes, para um número nunca inferior a 20 000. Não vou entrar na pungente similitude entre muitos dos comportamentos do sub mundo da denúncia anónima durante a ditadura e em plena democracia.

Quero simplesmente referir o facto de ter encontrado, neste capítulo, duas situações curiosas às quais me encontro, indirectamente, associado . A primeira vem ao caso a propósito da infiltração, nos anos 70, de um tal Viseu em organizações da extrema esquerda, entre elas a União Revolucionária Marxista Leninista (URML), tendo aquele Viseu prestado informações “acerca do militante Joaquim Luciano, também denunciado por Francisco Cabedal (…)” [pag. 331]. Ora eu próprio acompanhei muito de perto, num determinado período, o referido Luciano em inúmeras e continuadas “actividades subversivas”, em particular, na área cultural. Deveria ser o resultado de uma espécie de aliança entre o embrionário MES e a URML . Mas nunca supus que o Luciano tivesse tanta importância para que a PIDE exercesse sobre ele tão apertada vigilância.

A outra referência, a pag. 336, surge nos parágrafos que a autora dedica aos informadores do meio estudantil. Não me espanta que se refira nestes termos à sua actividade na faculdade que, por acaso, eu próprio frequentava: “Mas os informadores mais prolixos no meio estudantil foram os do ISCEF, que assinavam por “Glória e Vera Cruz”, eram dois irmãos de Aveiro , estudantes finalistas em 1973, que recebiam, cada um , 1 000$00 pelos serviços prestados. Em 12 de Janeiro de 1968, enviaram à PIDE um relatório acerca de uma reunião de alunos no decorrer da qual um deles apanhara “discretamente” um papel que tinha sido trocado entre os estudantes Serras Gago, Alberto Costa [o actual Ministro da Justiça] e Júlio Dias. Em Abril de 1969, “Glória e Vera Cruz” informaram que os representantes da Academia de Lisboa na Comissão Nacional dos Estudantes Portugueses eram Alberto Costa, Arnaldo de Matos e Carlos Pimenta ”. [Digo eu: uma verdadeira aliança PCP/MRPP].

Neste passo, numa nota de rodapé, são referidos outros nomes referenciados na pasta 212, ISCEF 1968/69: “Horácio Faustino, Cordovil [qual deles, Xico ou João?], João Isidro, Horácio, António Manso, Jofre Justino, Quim Zé, Gavião, Emanuel [o actual Secretário de Estado Orçamento?], Coelho e Pratas.” Parece que estou a vê-los!

In “ a história da PIDE”, Irene Flunser Pimentel – Circulo de Leitores/Temas e Debates
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terça-feira, novembro 13

PIDE - TRÊS MILHÕES DE FICHAS INDIVIDUAIS

A leitura de “a história da PIDE”, mesmo para quem já conheça alguns aspectos centrais da sua realidade, não deixa de ser impressionante. Publicarei alguns sublinhados de leitura. O primeiro mostra como a polícia política da ditadura perseguia uma parte muito significativa da população portuguesa.

“Os arquivos foram uma peça fundamental da estrutura informativa da polícia política, embora em 1961 a PIDE apenas tivessa um arquivo geral, denominado Serviço Reservado (SR). Depois, Álvaro Pereira de Carvalho reorganizou o Arquivo Geral (AG), que, em 1974, tinha cerca de três milhões de fichas individuais, correspondentes a um milhão e duzentas mil pessoas, cada uma com três secções, que remetiam para o processo-crime, para os boletins de informação e para os processos directamente políticos.”

In “ a história da PIDE”, Irene Flunser Pimentel – Circulo de Leitores/Temas e Debates
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sexta-feira, novembro 9

TRÊS LIVROS


Compro menos livros mas leio mais livros. Deixei ao longo dos tempos muitas leituras incompletas. Caminho às avessas. Leio e releio que é quase o mesmo que o ler original. Espanto-me com as sensações da releitura. Chego a duvidar que leio o já antes lido. Mas tenho a certeza pois, na maioria dos casos, sublinho e anoto os livros.

No entanto, entre ontem e hoje, chegaram a minhas mãos três novos livros. “Toda a Poesia”, de Ferreira Gullar, uma prenda à muito esperada, merecedora, a seu tempo, de comentário autónomo; “O Sonho mais Doce”, de Doris Lessing, pois nunca a li e a atribuição do Nobel me espicaçou e “a história da PIDE”, de Irene Flunser Pimentel, porque sim, basta este sub título, a páginas 335: “Informadores do meio liceal e estudantil (anos 60)”
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terça-feira, outubro 30

CORRENTES DE LEITURA

O Tomas Vasques desafia-me para outra corrente da página 161. Não o vou deixar sem resposta. O livro: O Príncipe de Nicolau Maquiavel, comentado por Napoleão Bonaparte – uma edição antiga. A citação que corresponde ao desafio é a nota 393 de Napoleão Bonaparte que surge no final de uma passagem do capítulo “Das coisas pelas quais os homens, e sobretudo os príncipes, ganham censura ou louvor”.

Alargo um pouco a citação da dita passagem para que se entenda o seu sentido, aliás, com inusitada actualidade política: “Apartando, pois, as coisas que se imaginaram em relação a um príncipe e discorrendo daquelas que são verdadeiras, digo que a todos os homens, quando deles se fala, e sobretudo aos príncipes, por se encontrarem em mais alta condição, se atribui uma das qualidades que provocam censura ou louvor. Isto é, um será tido por liberal, outro por sovina (…); um por amigo de dar, outro por ganancioso; um por cruel, outro por compassivo; um por mentiroso, outro por homem de palavra; um por efeminado e cobarde, outro por viril e corajoso; um por afável, outro por orgulhoso; um por devasso, outro por casto; um por franco, outro por matreiro; um por opinoso, outro por complacente; um por grave, outro por leviano; um por religioso, outro por incrédulo, etc. Sei muito bem que todos achariam ser coisa de grande louvor encontrar-se um príncipe que tivesse das referidas qualidades todas as que são consideradas boas." É aqui que Napoleão Bonaparte escreve a nota 393: “Sim, como Luís XVI; mas também se acaba por perder o reino e a cabeça.

Com as minhas desculpas, desta vez, não passo porque alguns dos jogadores, já anteriormente desafiados, ainda estão em dívida.
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sábado, outubro 13

CATÓLICOS FELIZES


“Ao menos os católicos são felizes: fizeram uma patifaria grave, dizem ao padre que pisaram o rabo ao gato, rezam dois padre-nossos, e voltam para casa, para repetir, tranquilos, a patifaria.”

In “ISTO TUDO QUE NOS RODEIA (Cartas de Amor)” – Mécia de Sena/Jorge de Sena –IN/Casa da Moeda – Excerto da carta de Jorge a Mécia, 26/1/47. [Sublinhados de leitura que publicarei aqui a partir de hoje.]
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terça-feira, outubro 2

VIVAM AS NOVELAS

Posted by PicasaFOLHA ONLINE

Estava, tranquilamente, a fazer uma revista da imprensa, com mais títulos estrangeiros que nacionais, e isto não é, ao contrário do que possa parecer, snobismo, quando dei de caras com uma peça que só aparentemente não é da vida real, é da vida das novelas. No Brasil, como em Portugal, na Índia como em Angola, por toda a parte é desmedido, e intenso, o consumo das autênticas novelas de ficção que são um mal menor face às novelas da vida real que metem intrigas, polícias, crimes, denúncias, arguidos, testemunhas, fugas de informação servidas nas primeiras páginas … prefiro as novelas autênticas: Loira má de "Paraíso Tropical" posa amarrada na cama …
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terça-feira, setembro 18

PROCESSO PENAL

Posted by PicasaFotografia daqui

“Acredite-me, as religiões enganam-se desde o momento que pregam moral e fulminam mandamentos. Deus não é necessário para criar a culpabilidade, nem para castigar. Para isso bastam os nossos semelhantes, ajudados por nós mesmos. O senhor falava-me do Juízo Final. Permita-me que ria respeitosamente. Eu espero-o a pé firme: conheci o que há de pior, que é o juízo dos homens. Para eles, nada de circunstâncias atenuantes, mesmo a boa intenção é levada à conta de crime.”

Albert Camus“A Queda”
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sexta-feira, setembro 14

REGRA V

Posted by PicasaIlustração daqui

Regra V“Todo o método consiste na ordem e disposição dos objectos sobre os quais é preciso fazer incidir a penetração da inteligência para descobrir qualquer verdade. A ele permaneceremos cuidadosamente fiéis, se reduzirmos gradualmente as proposições complicadas e obscuras a proposições mais simples, e em seguida, se, partindo da intuição das que são as mais simples de todas, tratarmos de nos elevar pelos mesmos graus ao conhecimento de todas as outras.”

René DescartesIn “Regras para a Direcção do Espírito”

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CATATAU RESPONDEU AO DESAFIO: “Os Livros que NÃO mudaram minha vida”.
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terça-feira, setembro 11

"A DIRECÇÃO DO ESPÍRITO"

Posted by PicasaIlustração daqui

Regra III – “No que respeita aos objectos considerados, não é o que o que o outro pensa ou aquilo que nós próprios conjecturamos que é preciso procurar, mas aquilo que podemos ver por intuição com clareza e evidência, ou aquilo que podemos deduzir com certeza: nem é de outro modo, com efeito, que se adquire a ciência.”

René DescartesIn “Regras para a Direcção do Espírito”
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CORRENTES DE LEITURA

Posted by PicasaIlustração daqui

O António – Fim de Semana Alucinante, o Joaquim - Respirar o Mesmo Ar e o Porfírio – Machina Speculatrix já corresponderam ao desafio da corrente “10 Livros que Não Mudaram a Minha Vida”. Como seria de esperar, como soe dizer-se, “cada cor seu paladar”. É mesmo esse o encanto destas coisas…
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quinta-feira, setembro 6

DESCARTES

Posted by PicasaIlustração daqui

Regra II – “Os objectos de que nos devemos ocupar são apenas aqueles que os nossos espíritos parecem conseguir conhecer de uma maneira certa e indubitável.”

René DescartesIn “Regras para a Direcção do Espírito”
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quarta-feira, setembro 5

REGRAS PARA A DIRECÇÃO DO ESPÍRITO

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Regra I - "Os estudos devem ter por fim dar ao espírito uma direcção que lhe permita proferir juízos sólidos e verdadeiros sobre tudo o que se lhe apresenta."

René Descartes - In “Regras para a Direcção do Espírito”
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domingo, agosto 19

LEITURAS

Posted by PicasaFotografia daqui

As férias dão (quando dão!) para avançar algumas leituras. Nestas férias, que já se finaram, concluí a leitura de “D. Afonso Henriques”, de José Mattoso, de que, em breve, darei mais notícias, reli a Poesia III, de Jorge de Sena, de que publicarei uma selecção pessoal no Caderno de Poesia e avancei muito a leitura da “Longa Marcha” e de “Las Palabras Son Islas - Panorama de la poesía cubana - Siglo XX".

Desta última leitura, ainda referente às férias cubanas, aqui deixo o poema “Canción Antigua al Che Guevara” de Mirta Aguirre que pode ser encontrado numa belíssima antologia virtual da poesia cubana.
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domingo, julho 15

LEITURAS

Posted by PicasaLinha de Cabotagem

A Helena não se esqueceu e deixa-nos as suas últimas leituras e, entre elas, uma, pelo menos, já, há muito tempo, despertou a minha curiosidade:”A Memória dos Outros”.
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segunda-feira, julho 9

LEITURAS - FRESCAS E BOAS

Posted by PicasaPoetry Reading, de Irene Sheri

A corrente de leituras rola e diversifica-se, leva-nos a conhecer “novos mundos”, aí está o seu encanto, como é o caso do Ciências ao Natural desafiado pelo Porfírio. E, indo mais além, no Brasil, encontra resposta, através do catatau, no Márcio Pimenta e no Hermenauta. E a corrente aí vai até que seja impossível dar mais notícias dela …
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quarta-feira, julho 4

A ÚLTIMA CARTA

Posted by PicasaRené Char

A última carta de René Char a Albert Camus é datada de uma segunda-feira de Dezembro de 1959. Char manifesta interesse em passar, ao menos, um dia com Camus, e família: (...) “Ne vous inquiétez pas. Je me ferai transporter en auto à Lourmarin* dans la matinée du jour fixé. Embrassez Catherine et Jean pour moi. Affection à Francine. De tout cœur à vous toujours. René Char.»

*Deux jours avant le départ d’Albert Camus, René Char vint, en compagnie de Tina Jolas, passer une journée avec lui. Au moment de se quitter, Albert Camus lui dit, en parlant de La Postérité du soleil : « René, quoi qu’il arrive, faites que notre livre existe !»

Char foi a última pessoa a visitar Camus antes da sua morte, na viagem de regresso a Paris, no dia 4 de Janeiro de 1960.
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domingo, julho 1

CHAR/CAMUS - A FRATERNIDADE

Posted by PicasaFotografia daqui

Nos inícios de 1958, no meio de uma troca de correspondência com notícias circunstanciais, surge uma referência a um herói incógnito da Resistência.

Em 24 de Fevereiro de 58 Char escreve um postal a Camus: “ (…) Arthur Charmasson, le brave Arthur, a dû être amputé du pied gauche, à la suite d’un accident. Cela m’a bouleversé. Cette bonne bête des bois tout à coup mutilée … »

Camus responde a 3 de Março : « Cher René, Quelle triste nouvelle! Je pense à cet homme, si plein de poids, si « vertical » - et cette atteinte à sa force ! Comme il doit être triste ! Dites-lui beaucoup d’affections de ma part. (…)

Numa outra carta, Char escreve a Jacques Dupin, descrevendo o acidente e uma memória do seu passado como resistente:

“ (…) Mon vieux compagnon, alors que j’avait couvert de mon sang sous l’Occupation quand il me prit dans ses bras après mon accident et me porta à travers les Allemands présents qui me cherchaient, et me sauva, mon vieux compagnon, je l’ai porté dans mes bras à mon tour. […] ce genre d’épreuve est terrible. Arthur durant le trajet de L’Isle à Cavaillon ne cessait de me répéter : « René, fais un miracle. » Ne souris pas, Jacques – c’est cela la fraternité, la confiance en l’homme, cette croyance de bête naïve, dans les cas extrêmes. Je suis bouleversé. »
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