sábado, agosto 11

SMO


A propósito de um tema que voltou ao debate volto a publicar um post de 29 de setembro de 2004. Esta continua a ser, no essencial, a minha posição acerca do SMO apesar da passagem do tempo que torna ao mais necessário um debate exigente atenta a complexidade do tema.


"O Dr. Portas surge, ufano, a proclamar o fim do Serviço Militar Obrigatório (SMO). O acontecimento aparece aos olhos da grande maioria como uma grande conquista civilizacional. Em particular aos olhos da juventude. As juventudes partidárias rejubilam.


O Dr. Portas ostenta um orgulho que estaria nas antípodas das suas próprias convicções caso fosse um verdadeiro patriota. No momento em que se consagra o fim do SMO quero afirmar que sempre fui a favor da conscrição, ou seja, do “alistamento militar”.


Acho que o fim do SMO é uma cobardia moral e um sinal de resignação patriótica.


A partir de agora o país ficará a dispor de forças militares profissionais. A maioria dos jovens nunca terá acesso à experiência militar. Nunca saberá manejar uma arma. Nunca terá a noção real do que é a defesa nacional. O país perderá um dos últimos redutos onde se exercitava o sentimento de pertença à comunidade nacional.


Ficam os ex-combatentes para o exercício da demagogia patrioteira. Ficam as compras de armamento para o aumento da despesa pública. Ficam os edifícios e os terrenos militares devolutos para combater o deficit.


O patriotismo virou negócio por grosso e a retalho. E negócio chorudo!"

quinta-feira, agosto 2

A sul - mais um ano

Como sempre no verão regresso às origens. É mais do que uma rotina ou facilidade de viagem por razões económicas, ou familiares, é a satisfação de uma necessidade. Respirar o ar da minha meninice que se distingue de todos os outros, olhar o espaço e a gente que nele habita, reconhecer a própria identidade nos lugares que trago agarrados na memória. Tudo simples e natural. Reencontro já poucos dos meus amigos de juventude (ontem o Silvino)porque o tempo é cruel. Encontrei-me com o Gervásio, meu primo irmão, o mais velho de todos os familiares diretos, igual a si próprio para além da sua relativa surdez. Reconheço-me a mim próprio no ar que se respira e nas escassas falas que sobrevivem.