quarta-feira, março 30

DE COSTA A COSTA

Uma jornalista porta voz de Marcelo através do Expresso sublinha os avisos ao empossado governo de maioria, personalizando-os em Costa. Ora nada pode disfarçar que a maioria absoluta do PS, de forma supreendente, reduziu drásticamente o poder de Marcelo. De pouco servem os avisos para condicionar acontecimentos a longa distância com tanta imprevisibilidade no horizonte. Além do mais algo que não vem ao caso referir nestes tempos: Marcelo foi eleito para esta último mandato com os votos do eleitorado do PS e o mandato de Marcelo como Presidente acaba antes do de Costa como primeiro ministro (se for até ao fim), janeiro e outubro de 2026 respetivamente. (Costa poderá dar a volta ao texto e ser candidato presidencial). Em qualquer caso se Costa obtar por sair para Bruxelas antes do fim da legislatura nada o vai impedir, deixando nas mãos de Marcelo obtar por eleições antecipadas, levando a extrema direita provavemente à àrea do poder ou por empossar um novo lider do PS como primeiro ministro. Até ao tempo destas opções extremas como diz o povo, não comas nem bebas...
"Nem Sampaio, que detestava Santana primeiro-ministro, o condicionou tanto na posse. Marcelo desfiou exigências, avisos, metas e ironias para o novo Governo. Mas o golpe de gelo foi outro: quem anda a personalizar votos e ganha não pode sair a meio. Adeus Bruxelas?" (In Expresso")

segunda-feira, março 28

FERRO RODRIGUES

No último dia do exercício das funções de Presidente da Assembleia da República, republico um post de 24 de outubro de 2015 a respeito da eleição de Ferro Rodrigues, meu amigo de sempre. Nada do que então escrevi foi desmentido ao longo destes últimos anos, antes pelo contrário, tudo foi confirmado. Haja saúde! "Mais de 40 anos depois do 25 de abril de 1974, como resultado de eleições livres e democráticas, por sobre as mais diversas vicissitudes, incluindo um histórico de tentativas de assassinato de carácter, Ferro Rodrigues foi eleito Presidente da Assembleia da República. O contexto e as circunstâncias politicas desta eleição são dissecadas, em todos os sentidos, pró e contra, pelos políticos e pela comunicação social. Nada a acrescentar. O que me leva a escrever estas linhas é a necessidade de assinalar que, pela via democrática, esta eleição coloca no lugar da segunda figura do Estado um cidadão impoluto, livre, justo e incorruptível. Para o exercício destas funções são, certamente, necessários os votos e não é indiferente a cor politica e ideológica do eleito. Mas o mais relevante é o seu perfil pessoal e a confiança de que, em circunstância alguma, deixará de honrar os princípios da ética republicana. Não que a anterior presidente da AR e outros que a antecederam, desde Henrique de Barros, Presidente da Assembleia Constituinte, não tenham honrado os compromissos próprios da função. Mas a eleição de Ferro Rodrigues, no inicio de uma nova época politica, com redobradas exigências de equilíbrio entre as instituições e firmeza na defesa da democracia, são uma garantia de abertura, diálogo e busca incessante de consenso apesar de toda a crispação deste início de mandato. "

domingo, março 27

DIA MUNDIAL DO TEATRO

O dia 27 de março é consagrado como Dia Mundial do Teatro. Sempre assinalo esta data não por mera celebração de uma efeméride mas porque o teatro desempenhou um papel muito importante na minha vida. Na alta adolescência, por altura do meu 6ª ano do liceu, num tempo de trevas culturais, o meu irmão deve ter impulsionado a minha aproximação à atividade teatral. As relações com o Dr. Emílio Campos Coroa haviam sido estreitadas e daí deve ter resultado a minha integração no Grupo de Teatro do Circulo Cultural do Algarve - mais tarde "Teatro Lethes" - após ter já sido iniciado pelo Dr. Joaquim Magalhães nas atividades teatrais do liceu. Foi uma oportunidade de intensa sociabilização, aprendizagem da arte do teatro e exigente exercício de enfrentamento dos públicos. Muita entrada em cena, muito palco e fala e necessário conhecimento de dramaturgos de referência. Somente a minha saída da cidade de Faro para Lisboa me separou desta experiência que marcou a minha formação pessoal e cultural para sempre. Bem hajam aqueles que me impulsionaram e acompanharam nessa formalizável experiência teatral. (As fotografias mostram o símbolo do GTCCA e a mim próprio - pelos meus vinte anos - numa cena de "Histórias para serem contadas", do dramaturgo argentino Osvaldo Dragun.)

LEGISLATIVAS - RESULTADO FINAL

Quase dois meses depois do dia do voto (30 janeiro) foi publicado o resultado final e o mais relevante, para surpresa geral, foi a maioria absoluta do PS. Entretanto aconteceram tantas coisas novas que esta maioria precisa de reinventar o seu programa de governo. Será capaz em tempo útil de o fazer?
"O PS foi o partido mais votado com 2.302.601 votos, correspondentes a 42,50% do total, elegendo 120 deputados. O PSD ficou em segundo lugar e elegeu 77 deputados. Os sociais-democratas obtiveram 1.539.415 votos nos círculos eleitorais de Portugal continental, da Europa e Fora da Europa, ou seja, 28,41% do total de votos expressos, elegendo 72 deputados.(In "Expresso")

sexta-feira, março 25

GOUVEIA E MELO

Não devemos ter medo de defender as nossas ideias e valores, a ética republicana e democrática, o humanismo que ilumina a esperança no futuro.
"O comandante da Marinha fez um discurso duríssimo no Corpo de Fuzileiros, para funcionar como mensagem para toda a Armada: Gouveia e Melo não quer os militares em "rixas de rua" e classificou a atuação dos dois fuzileiros detidos pela morte do agente da PSP Fábio Guerra como "selvagem", de "ódio materializado e cego" e "covarde". Telefonou à família com "um nó na garganta"" (In Expresso").

quinta-feira, março 24

A DERROTA DA CAP

É só para dizer que a manutenção no governo da Ministra da Agricultura foi uma derrota para a CAP. A que acresce outra derrota, a de ter acrescido à designação do Ministério a palavra "Alimentação". Saíu o tiro pela culatra à CAP quando abriu guerra aberta ao PS em plena campanha eleitoral. No final ganharam os verdadeiros agricultores ... os que se dedicam a produzir. O resto é conversa para voltar à agenda e temtar ganhar o pé perdido.
"CAP espera para ver como será segundo mandato de Maria do Céu Antunes Confederação dos Agricultores de Portugal aprova agregação das pescas sob o Ministério da Agricultura e considera “perfeita” a junção com a Alimentação. Críticas vão sobretudo para a separação das Florestas, que se manterão na pasta do Ambiente." (In "Público").

A GUERRA

As notícias são cada dia mais sombrias. Cada vez mais carregadas de ameaças. Se não estamos nos preliminares de uma confrontação mais generalizada do que a designada "guerra da Ucrânia", a história das vésperas de outras confrontações é pura fição. Como todos dizem: espero estar enganado. Da eclosão de uma guerra generalizada, vulgo "guerra mundial", o que restará da humanidade? Como abordar os nossos problemas do quotidiano perante tal ameaça? Como desenhar planos para o futuro com os cabos de guerra na ribalta a mando dos politicos donos do mundo? A guerra geral deixou de ser uma inevitável impossibilidade. Passou a ser uma possibilidade real.
"Biden defende que a Rússia seja expulsa do G20. E diz que NATO vai responder se Putin usar armas químicas". (In "Público")

terça-feira, março 22

À BEIRA DA CATÁSTROFE

As notícias da guerra são sempre ruíns. As notícias da guerra da Ucrânia não são exceção. Chovem todos os dias ameaças de escalada na guerra. As palavras pronunciadas: guerra quimica e/ou biológica ou guerra nuclear são um sinal terrível. A barbárie e o terror que já imperam nesta guerra são um sinal de alarme que ninguém de bom senso pode negar. Tem toda a razão Manuel Carvalho quando escreve que o Ocidente não poderá ficar impassível se o horror de Mariupol se repetir noutras cidades. Ou acontece algo de extraordinário que abra o caminho da paz, ou estamos à beira da catástrofe.
"A barbárie em Mariupol Se o horror de Mariupol se repetir em Kharkiv, em Kiev ou em qualquer outra grande cidade da Ucrânia, o Ocidente não poderá continuar impassível". (Manuel Carvalho, in editorial no "Público").

segunda-feira, março 21

DIA MUNDIAL DA POESIA

Como as palavras as imagens, que tomamos como nossas, são um bocado do imaginário que sobrevive à decapitação dos sonhos. Caminhamos por entre escombros. Quando minha mãe morreu nos meus braços não chorei. Só chorei quando, velando o seu corpo, me surgiu pela frente uma vizinha que frequentava a minha infância. O imaginário, naquele breve momento, tomou de assalto as minhas defesas que ruíram com estrondo. Percebi a leveza insustentável dos corpos depois de mortos e a infinita fraqueza que se esconde por detrás da nossa aparente normalidade. (Maio de 2006)

domingo, março 20

GASTÃO CRUZ

Gastão Cruz morreu hoje. Meu conterrâneo, pertenceu ao grupo "Poesia 61" que se reuniram em Faro nos primórdios das suas carreiras profissionais e enquanto jovens poetas (exceto Ramos Rosa, um pouco mais velho). Gastão Cruz chegou a ser meu explicador, suponho de françês, no meu infausto 4º ano de liceu, com aulas certamente na casa de seus pais na Rua de Portugal.
. "Gastão Santana Franco da Cruz nasceu em 20 de julho de 1941, no número 20 da Rua de Portugal, em Faro, como se lê na página dedicada ao autor, no 'site' da DGLAB. Publicou o primeiro livro, "A Morte Percutiva", com perto de 20 anos, e voltaria ao local do começo, em 2002, quatro décadas mais tarde e cerca de vinte livros de poesia depois, numa revisitação da infância e da entretanto desaparecida casa onde nascera, na obra "Rua de Portugal", também distinguida com o Grande Prémio de Poesia da APE e o Grande Prémio de Literatura dst. "A poesia acompanha-o desde muito novo", recorda a biografia da DGLAB. "O pai recitava, em casa ouvia-se ópera, e o lirismo foi despontando, levando-o a iniciar-se muito cedo na crítica de poesia". Escreveu para os "Cadernos do Meio-Dia", publicados em Faro, sob a direção de António Ramos Rosa e Casimiro de Brito, lançados em 1958 e que a ditadura havia de encerrar dois anos mais tarde. O ano de 1958 é aquele em que Gastão Cruz chega a Lisboa, para fazer o curso de Filologia Germânica na Faculdade de Letras, onde teve David Mourão-Ferreira por professor. Iniciou colaboração com diversos jornais e revistas, escrevendo poemas e crítica literária, como no jornal "Grafia", da Pró-Associação de Letras. Abria então caminho à edição das históricas cinco 'plaquettes' — ou fascículos — que constituíram a "Poesia 61", onde se reuniu a Casimiro de Brito, Fiama Hasse Pais Brandão, Luiza Neto Jorge e Maria Teresa Horta. "Poesia 61" afirmou-se como "uma das principais contribuições para a renovação da linguagem poética portuguesa na década de 1960", como se lê na DGLAB e nos textos académicos que abordam a sua publicação. Para o poeta foi, porém, "em grande parte, uma reunião de conveniência editorial". "Não queríamos [na 'Poesia 61'] verdadeiramente fazer uma rutura com a poesia do passado. Naturalmente que nos distanciávamos de alguma poesia que nos parecia mais convencional ou menos viva. Particularmente, uma certa segunda linha nos anos 1950 ou uma poesia com características mais ligadas à Presença, que realmente nos parecia menos estimulante do que a de outros poetas como Sophia [de Mello Breyner Andresen], Eugénio [de Andrade], Carlos de Oliveira", disse Gastão Cruz, numa entrevista à RTP, em 2003. (...) (In "Expresso")

CONTRA A PENA DE MORTE, SEMPRE

Pena de morte? Pelotão de fuzilamento? Uma sevajaria num país democrático que, desta forma, não tem condições para defender os valores humanistas próprios de uma sociedade e civilização decentes. Tenho pena!
"Carolina do Sul vai ter execuções por pelotão de fuzilamento Desde 1976 houve três execuções por este método nos EUA, todas no estado do Utah, um dos três em que o método era uma opção para os condenados. A Carolina do Sul junta-se agora ao Utah, Oklahoma e Mississípi."

sábado, março 19

A MERITÍSSIMA DISPENSA

Não dá para entender a decisão da meritíssima juíza. Não antevê o chamada "perigo de fuga"? Não mediu o efeito de" alarme na opinião pública"?
"Juiz dispensa Mário Machado de se apresentar quinzenalmente na esquadra para combater na Ucrânia O neonazi Mário Machado estará a caminho da Ucrânia com um grupo de vinte elementos. Decisão do juiz tem por base “ajuda humanitária”." (In "Público").

sexta-feira, março 18

18 de Março de 41

. "Os montes por cima de Argel transbordam de flores na primavera. O aroma a mel das flores derrama-se pelas ruazinhas. Enormes ciprestes negros deixam jorrar dos seus cumes reflexos de glicínias e de espinheiros cujo percurso se mantém dissimulado no interior. Um vento suave, o golfo imenso e plano. Um desejo forte e simples – e o absurdo de abandonar tudo isto.” Albert Camus, in "Caderno” n.º 3" - Abril de 1939/Fevereiro 1942 – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil”. (Camus, no final de 1940, casa com Francine Faure, estudante de uma família abastada de Orão. Este fragmento deixa antever a época que antecedeu a sua partida para Orão onde viverá em casa da família da mulher até aos inícios de 42.)

quinta-feira, março 17

PUTIN - O PURIFICADOR

Uma declaração com ressonâncias muito perigosas e preocupantes.
"“Estou convencido de que uma auto purificação tão natural e necessária da sociedade só fortalecerá o nosso país”, acrescentou o líder russo, num discurso transmitido pela televisão pública." (In "Expresso").

terça-feira, março 15

ASSIM SE FAZ A HISTÓRIA DA EUROPA

Hoje, 15 março 2022, a UE demonstra com os pés no chão a sua coerência com inusual coragem.
"Os primeiros-ministros checo, polaco e esloveno chegaram na tarde desta terça-feira a Kiev para mostrar o seu apoio “inequívoco” a Zelenskii. Numa publicação na rede social Twitter, o primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmyhal, anunciou a chegada dos seus homólogos checo, polaco e esloveno. “A coragem dos verdadeiros amigos da Ucrânia. Discutindo o apoio à Ucrânia e fortalecendo as sanções contra a agressão russa”, escreveu." (dos Jornais)

segunda-feira, março 14

ESPERANÇA

Ontem dia 13 de março, domingo, surgiu uma luz de esperança, pela evidência da recuperação de G., após mais de três anos de sofrimento. A dor física e psicológica, tantas vezes nos limites, vai sendo superada abrindo caminho para a retomada da vida (quase) normal. Por entre as desgraças do mundo, por vezes, surgem raios de luz que iluminam o céu de nossas vidas.

domingo, março 13

"COMO UM LÁBIO HÚMIDO"

“13 de Fevereiro de 36 - Eu peço às pessoas mais o que elas me podem dar. Vaidade de pretender o contrário. Mas que horror e que desesperança. E eu próprio talvez ..." ... "Procurar os contactos. Todos os contactos Se pretendo escrever a respeito dos homens, como afastar-me da paisagem? E se o céu ou a luz me atrai, esquecerei eu os olhos ou a voz daqueles que amo? Dão-me, de cada vez, os elementos de uma amizade, os fragmentos de uma emoção, nunca a emoção, nunca a amizade.” (...) “Março- Dia atravessado por nuvens e pelo sol. Um frio salpicado de amarelo. Eu devia fazer um caderno do tempo de cada dia. Aquele belo sol transparente de ontem. A baía trémula de luz – como um lábio húmido. E trabalhei todo o dia.” Albert Camus, in “Caderno” n.º 1 (Maio de 1935/Setembro de 1937) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).

RONALDO - INCURSÃO FUTEBOLÍSTICA

Pois é verdade e, por acaso, numa tarde chuvosa por aqui, vi este jogo no qual Ronaldo mostrou essa faceta extraordinária de longevidade no exercício da sua profissão. Num ambiente de crise, com peste e guerra, há fenómenos aos quais vale a pena estar atento. É o caso do papel de Ronaldo no imaginário de milhões de cidadãos do mundo inteiro sempre associado por todos os meios à sua nacionaliddae portuguesa. Um pormenor importante: os recordes que coleciona são o resultado do seu trabalho, permitindo que seja, quase certamente, a mais relevante marca portuguesa global.
"Agora é oficial: Cristiano Ronaldo é o melhor goleador de sempre Com os três que marcou no triunfo do United sobre o Tottenham, o avançado português chegou aos 807 golos, ultrapassando os 805 de Josef Bican." (In "Público).

sexta-feira, março 11

O LADO CERTO DA HISTÓRIA

Por mais voltas que sejam dadas em torno da batalha da informação ( e contrainformação), como sempre nestas circunstâncias, face a uma guerra, é preciso ter a coragem de tomar posição. São muitas as experiências históricas nas quais as "meias tintas", a designada neutralidade, ajudou à perpetuação dos mais hediondos crimes. Nesta guerra que nos espanta e, ao mesmo tempo, horroriza é demasiado evidente qual o lado certo da história para os que defendem a democracia e a liberdade. A Rússia tem a razão da força, exerce o "hard power", a sua liderança sulca a vertigem da conquista herdada da tradição imperial, uma potência da terra (como a Alemanha que vai ajudar a rearmar!) a Ucrânia tem a razão da razão, exerce o "soft power", a sua liderança assume a defesa do poder democrático, vencida/vencedora, havendo, em qualquer dos dois lados horrores e tragédias, vitimas inocentes, enganos e traições. O lado certo da história nesta guerra é, porém, a defesa do anunciado derrotado, a Ucrânia, pois nem sempre se vence ganhando.
"Ucrânia pede 12 corredores humanitários. Há 2,5 milhões de refugiados na Ucrânia, mas milhão e meio já saiu das cidades também. Kremlin já dispara sobre aeroportos a oeste, mais próximo da zona NATO - e a coluna militar dispersa sobre Kiev. Instagram e Whatsapp cancelados na Rússia. Fontes ocidentais afirmam que um terceiro major-general russo foi abatido em combate. (In "Expresso").

quinta-feira, março 10

REVOLTA E INDIGNAÇÃO (II)

"Horta Osório recebeu €3,4 milhões do Credit Suisse no ano em que colegas executivos viram bónus afundar-se". (In Expresso)

segunda-feira, março 7

DIA INTERNACIONAL DA MULHER (8 março)

A terra e o corpo eram o mundo possível; a terra penetrava os poros, tisnava a pele, sujava as feridas; a terra cantava sob a correria dos pés descalços; a terra e os corpos entoavam as canções de embalar e de trabalho, da eira ao arado, do varejo ao rabisco; olhava as mulheres como se fossem rainhas que um dia haviam de dançar mil danças rodopiando nos braços do seu par; via-as sempre a dançar em seus sorrisos e suas gritas; as mulheres do tempo de as ver somente com uma admiração que me vinha de dentro. Não sabia nada delas mas via-as e amava-as como se fossem a terra que segurava as minhas raízes ao chão da vida. [4/2/2008]

domingo, março 6

OS DIAS DA GUERRA

Ainda há quem não tenha percebido que Putin é um baluarte arquiinimigo da democracia - aquela fórmula politica que assenta na liberdade de associação dos cidaddãos e no voto livre para a escolha dos governos - tendo sabotado os processos eleitorais que levaram Trump, Bolsonaro ao poder, os partidos de extrema direita a ameaçarem lá chegar em Itália e França, e ao sucesso do Brexit, por exemplo, do que é público e notório. Chegou a hora de Putin, fracassada no essencial essa empresa, de prosseguir a luta contra a democraccia por outros meios - a força das armas. Não creio que o sonho de Putin seja somente a conquista da Ucrânia mas também de imediato, ou a médio prazo, de outros países numa guerra de conquista à antiga mas com a proteção da chantagem nuclear. Este argumento parece muito simplista mas veremos até onde chegará na pressecussão do seu sonho imperial. Estamos neste preciso momento a viver acontecimentos que ameaçam desembocar numa guerra mundial, nuclear, com efeitos que é dificil imaginar. Os interlocotores de que se fala para interceder a favor da paz neste conflito têm todos, quase sem exceção, um passado, e presente, de belicismo imperial, cada um à sua escala, que torna a paz assim como um negócio em que todos calculam mais que tudo buscar o máximo lucro. Nem quero imaginar os bastidoras das negociações em curso ...

sábado, março 5

REVOLTA E INDIGNAÇÃO

"Gestores da EDP arrecadaram 10,7 milhões de euros em 2021 Encargos da EDP com a equipa de gestão baixaram 16,7% no ano passado. O presidente executivo, Miguel Stilwell, auferiu 2,79 milhões de euros. O ex-CEO, António Mexia, teve direito a mais de 2 milhões de euros". In "Expresso"

sexta-feira, março 4

LUTAR PELA LIBERDADE E DEMOCRACIA, SEMPRE

A guerra é sempre a pior solução para resolver qualquer conflito. Para abordar uma guerra injusta, por ser movida por razões ideológicas com objetivos expansionistas, é preciso clareza. É necessário condenar sem complacência o agressor, puni-lo de todas as formas possíveis e razoáveis e, no limite aplicar a força para o derrotar. Sempre foi assim ao longo da história com as consequências que se conhecem: destruição massiva dos paises e territórios atingidos e morte de milhares ou mesmo de milhões de inocentes. Uma coisa é a propaganda que é própria das guerras, outra o conhecimento real dos seus efeitos, tantas vezes desconhecido das opiniões públicas de todos os lados envolvidos nas guerras. Nunca esperei viver o tempo de uma guerra na Europa após as duas Grandes Guerras do século XX que a devastaram. Ela aí está. Resta-nos lutar, sem tibiezas e hesitações, com todo os meios ao nosso alcançe para denunciar e combater os agressores, neste caso a liderança politica da Rússia e quem a apoia. A Europa uniu-se para a defesa da liberdade e da democracia, além da vida, que são os mais importantes valores que estão em causa nesta guerra. Com todos os seus defeitos e complexidade, reconhecidos por todos, a liberdade e a democracia politica são inegociáveis. Não é por acaso que todos os países nos quais vigoram regimes democráticos, com suas diferenças politico ideológicas, se levantaram na AG da ONU contra a ação belicista de Putin. Hoje é a Ucrânia amanhã seremos nós as vitimas da guerra que pretende impor a tirania abertamente proclamada pela propaganda e demagogia grosseira de Putin e da sua clique.

quarta-feira, março 2

PCP - o toque de finados

Hoje um militante comunista com o qual me encontro quase todos os dias num restaurante abeirou-se de mim e disse-me que estava muito zangado com o PCP; pouco depois fez questão de dizer que estava mesmo disposto a apresentar a demissão do partido. Mais me fez crer que a sequência de tomadas de posição do PCP, a culminar no apoio à Russia na sua guerra contra a Ucrânia, é o toque de finados deste partido centenário. Julgo que ninguém de bom senso, por mais esforço que faça, é capaz de entender os sucessivos posicionamentos politicos do PCP. Um declinio sem glória de um partido que resistiu ao fascismo mas que não vai resistir à democracia.

terça-feira, março 1

À BEIRA DE UMA NOVA GUERRA MUNDIAL

Escrevo pela primeira vez de forma direta acerca da Guerra da Ucrânia (se assim se pode designar), após estes dias de ameaças, mentiras e, finalmente, da invasão militar pela Rússia da Ucrânia. Não vou enveredar pela retórica politico-jurídica mas simplesmente dizer, de forma breve, o que penso e sinto acerca da presente situação. Trata-se de um ato de guerra de agressão de um país soberano, a Ucrânia, por um país agressor, a Rússia, com prévia, premeditada e longa preparação. A liderança politica da Rússia prossegue um sonho imperial através da guerra, lançando-se na conquista de territórios, lançando mão de meios convencionais. Não creio que possa ser descartada a ameaça de utilização de outros meios, como o nuclear, dando inicio a uma guerra generalizada, com inimagináveis efeitos destruidores de regiões inteiras, senão da própria humanidade. Tudo deve ser considerado possível, questionado e colocado nos pratos da balança. Tenhamos esperança que uma réstia de bom senso prevaleça na comunidade internacional, entre os povos e as nações, para que os danos da guerra encetada possam ser ainda reparados e a paz seja imposta pela opinião pública que se manifesta por todo o mundo com toda a força da sua crença no valor inestimável da vida e da liberdade.