terça-feira, setembro 30

INCÓMODOS

Fotografia de Hélder Gonçalves (recorte)

Daria dez entrevistas com Einstein por um primeiro encontro com uma bonita figurante. É verdade que, ao décimo encontro, eu suspiraria por Einstein ou por umas fortes leituras. Em suma, nunca me incomodei com os grandes problemas senão nos intervalos dos meus pequenos desregramentos.
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segunda-feira, setembro 29

A DANÇA CONTINUA

SOPHIE THOUVENIN

O ESTADO SOCIAL SAI, EM FORÇA, EM SOCORRRO DOS SEUS INIMIGOS. SE OS SALVAR ELES NÃO LHE PERDOARÃO. AFINAL PARA OS ULTRAS CONSERVADORES O ESTADO É A RAZÃO DE SER DE TODOS OS MALES DA SOCIEDADE. QUANDO SE VIREM EM TERRA FIRME PERGUNTARÃO: MAS QUEM LHES PEDIU AJUDA? E RESPONDERÃO: ALGUÉM TERIA DE PAGAR A NOSSA SOBREVIVÊNCIA POIS ELA É A RAZÃO DE SER DA VOSSA!

A dança continua. A coisa está feia. Os republicanos votaram maioritariamente contra mas Obama é que tem a culpa ....
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domingo, setembro 28

UM BAILE DE MÁSCARAS

Chris Steele-Perkins - Lithuania, Latvia and Estonia: Independence on Hold. Defaced Lenin and Stalin, Parliament Square, Vilnius 1991.

Apesar de tudo ainda me surpreendeu, dias atrás, a notícia de que o Comité Central do PCP aprovara, por unanimidade, o Projecto de Teses do XVIII Congresso. Mas é mesmo verdade assim como o teor das teses, propriamente ditas, que o Rui Bebiano comentou sob o sugestivo título “Rumo ao inconcebível”.

No que respeita à política internacional o PCP coloca-se ao lado “da luta dos povos em defesa da sua soberania e do direito inalienável a decidir dos seus destinos” abrindo um vasto, e intrigante, campo para todas as especulações se repararmos na lista dos países explicitamente citados e, ainda mais, ao incluir no seu programa a “luta contra a integração capitalista europeia”:

A luta contra o imperialismo conheceu um desenvolvimento particularmente importante nos últimos anos. A resistência à política de ingerência, agressão e guerra, em particular dos EUA, foi um traço marcante da luta dos povos em defesa da sua soberania e do direito inalienável a decidir dos seus destinos. No Iraque, no Afeganistão, na Palestina, no Líbano, em Cuba e na Venezuela, assim como na Síria, no Irão, na R.D.P. da Coreia, nos Balcãs, na Colômbia ou em Chipre, prosseguem batalhas decisivas para o futuro desses povos e para a estabilidade nas respectivas regiões que merecem a activa solidariedade dos comunistas portugueses. Nelas intervêm forças muito distintas na sua origem, objectivos e formas de luta, mas dispondo de real apoio de massas e convergindo na rejeição de arrogantes e humilhantes imposições externas e na defesa da cultura e soberania nacionais. A luta contra a integração capitalista europeia é parte integrante deste vasto movimento.

Mas, ao mesmo tempo, o líder de um dos povos indicados, o venezuelano Hugo Chavez, manifesta a mais profunda amizade com o governo português e o seu primeiro-ministro, fazendo acordos de monta com esse governo “de direita” e, pasme-se, o órgão de imprensa do partido comunista cubano noticia, com destaque, o evento, enquanto Fidel Castro titula – hoje - a sua crónica de apoio a Chavez, sem ironia, simplesmente assim: El socialismo democrático. Será a nova palavra de ordem do PCP?!
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sexta-feira, setembro 26

VAMOS A ISSO! OLHOS NOS OLHOS!


IMPASSE

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MES – Os dirigentes eleitos no I Congresso (IV)


21 e 22 de Dezembro de 1974 - Aula Magna da Cidade Universitária

(Publicado originalmente nos Caminhos da Memória)

Retornando ao objectivo inicial deste conjunto de crónicas é evidente que nenhum dos subscritores do documento referido no post «MES - O DOCUMENTO DA RUPTURA DO GRUPO DE JORGE SAMPAIO NO I CONGRESSO (III)» integrou os órgãos dirigentes saídos do I Congresso por terem abandonado o Movimento ou, numa versão politicamente mais distanciada, o Movimento os ter abandonado a eles. Mas nem por isso deixaram de ficar para a história como dirigentes do MES pois, na realidade, o foram, em plenitude, no período que antecedeu o I Congresso.

Finalmente os dirigentes que foram eleitos pelo I Congresso para a «Comissão Política Nacional», «o organismo dirigente máximo do MES entre Congressos», podem ser vistos, sentados, na mesa da sessão de encerramento do Congresso: Jerónimo Franco, Fernando Ribeiro Mendes (*), Afonso de Barros (*), Carlos Pratas, Augusto Mateus (*), José Dias, Nuno Teotónio Pereira (*), Rogério de Jesus (*), Francisco Farrica (*) e António Machado.

Foram também eleitos para a CPN outro grupo de dirigentes, que também tomaram lugar na mesa, embora não surjam nesta fotografia: Edilberto Moço (*), Paulo Bárcia (Didas), Vítor Wengorovius (*), Marcolino Abrantes (*), Luís Martins (*), Vítor Silva (*) e Celso Cruzeiro (*) [1] [2].

E, finalmente, foram eleitos para a CPN outro grupo de dirigentes, cujos nomes, não foram tornados públicos: João Mário Anjos (*), Eduardo Graça (*) e Eduardo Ferro Rodrigues (*), no meu caso e no do João Mário, por termos cessado o cumprimento do serviço militar, havia poucas semanas, e no caso do Ferro Rodrigues por estar, à data do Congresso, a cumprir serviço militar.

Julgo ainda interessante fazer uma referência ao pano de fundo do I Congresso que foi desenhado, em parte, com os pés. Queríamos fazer transbordar o símbolo do seu círculo fechado, subvertê-lo, criar uma imagem de movimento, mostrar um partido como lugar de caminhada e de encontro, um lugar de todas as utopias.

A Luísa Ivo que, amavelmente, me enviou a fotografia acrescentou alguns detalhes: «o congresso iniciou-se sem o pano; estive com o Tolas, durante essa manhã, a continuar ou a terminar a pintura. A Mafalda controlava o processo. A uma certa altura eu e ele decidimos que deveriam aparecer mais marcas de pés a entrar para o círculo do que a sair. Então ele molhou os pés na tinta, foi até ao centro, fez o pino e saiu a caminhar com as mãos no chão e os pés para cima… Só nessa altura soube que ele praticava ginástica a um nível muito avançado!».

A fotografia fixa um momento da sessão de encerramento, no dia 22 de Dezembro de 1974, no qual está em palco Rossana Rossanda, consagrada dirigente da esquerda italiana, representante do movimento IL Manifesto, acompanhada, ao que me parece, por Manuel Braga da Cruz que traduzia o seu discurso para português.

Rossana, tal como Luciana Castellina, visitaram Portugal, mais do que uma vez no período da revolução, ao contrário de Lúcio Magri e de Luigi Pintor, todos do mesmo grupo de dissidentes do PCI, fundadores do IL Manifesto.

[1] Esta lista de membros da CPN foi fixada após ter sido, por mim, cotejada com outras fontes. O facto de integrar 20 elementos faz crer que corresponde a uma das alternativas que constam da «proposta de bases estatutárias» apresentada ao Congresso.

[2] Assinalo com (*) os nomes que tendo pertencido à CPN, eleita no I Congresso, transitaram para o Comité Central eleito no II Congresso, realizado em Fevereiro de 1976.
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quarta-feira, setembro 24

A TRAGÉDIA DO SILÊNCIO

Mark Power – FINLAND

Matti Saari foi interrogado pela polícia mas não lhe foi tirada a arma - Massacre na Finlândia foi anunciado num vídeo colocado no YouTube

Desde que tomei conhecimento deste massacre e no rumorejar dos ecos que todas as tragédias provocam, em particular, quando passadas longe, apeteceu-me tecer um comentário. O assunto é delicado!

A Finlândia é um país sempre apresentado como um modelo em muitas áreas incluindo a da educação. Afinal reparem nos detalhes da notícia. Que lições se podem retirar dela para a nossa realidade? E que conclusões? E que comparações? As autoridades, formais e mediáticas, que sempre peroram acerca da matéria da segurança nas escolas, que eu tenha reparado, estão caladas quem nem ratos!

Faz-me citar uma frase de Camus, tomada como epígrafe de uma tese que descobri e ando a ler: “Se a revolta pudesse fundar uma filosofia seria uma filosofia dos limites, da ignorância calculada e do risco. Aquele que não pode tudo saber não pode tudo matar.” (CAMUS, A. - L´Homme Révolté. Essais.)
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Há uma questão importante a assinalar. Na Finlândia, devido à tradição da caça, a licença de porte de arma é bastante comum (a percentagem da população com licença de porte de arma é a mais alta da Europa) (depois do primeiro massacre numa escola - em Novembro de 2007 -, foi proposta uma lei que limitava a licença a maiores de 15 anos, mas esta não foi aprovada na assembleia nacional!) Nos EUA, os argumentos são distintos. Mas o resultado é o mesmo. Em comum, a motivação: depressão, isolamento, atracção por rituais satânicos celebrados por bandas neo-góticas e esquizóides. De qualquer forma, a elevada qualidade de vida dos países nórdicos sempre teve esse trágico efeito perverso: uma das mais altas taxas de suicídio juvenil.Mais uma vez, Camus (O Mito de Sisifo): «Mas só há um mundo. A felicidade e o absurdo são dois filhos da mesma terra. São inseparáveis. O erro seria dizer que a felicidade nasce forçosamente da descoberta absurda. Acontece também que o sentimento do absurdo nasça da felicidade.» MRF
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Aconselho a socióloga MRF a consultar as estatísticas de suicídio que, de há muito tempo a esta parte, indicam os países centrais da Europa como aqueles que têm maior taxa de suicídio. Essa da elevada qualidade de vida dos países nórdicos ter um efeito perverso é, como deve saber, um "cliché".
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escandinavo, não é "cliché". O fenómeno é complexo, não existem leis gerais, mas há de facto tendência para elevadas taxas de suicídio em países desenvolvidos e que, aparentemente, são bem sucedidos na integração social dos jovens. Na Finlândia, mais de 90%dos jovens termina a escolaridade obrigatória, mas a taxa de suicídio por 100000 habitantes é de 23.4 (valor para o total da população). Devolvo pois a sugestão de consulta a alguns dados estatísticos:1. http://www.tu-importas.com/geral/DadosEstatisticos.asp2. http://www.mat.uc.pt/~guy/psiedu1/Suicidio.pdf (página 25)Sendo que, como é óbvio, o suicídio é um fenómeno que exige uma análise multifactorial: os factores socio-económicos são relevantes, mas os culturais e religiosos participam fortemente nas representações colectivas do suicídio, condicionando por isso os comportamentos. (E) Não estou a considerar factores de natureza distinta: clima, nº de horas do dia com luz, etc.. - nem o factor biológico (propensão genética ou hereditária, género, etc.) MRF
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terça-feira, setembro 23

A MINHA ESCOLA

Fotografia “A Defesa de Faro”

Esta é a Escola que, antigamente, se chamava “Escola Primária de S. Luís”, em Faro, a qual frequentei entre a 1ª e a 4ª classes. Salvo no primeiro dia de aulas fazia, quase sempre, sozinho o caminho a pé, de ida e regresso, entre a minha casa, na Rua Coelho de Melo, e a escola. Desenho na memória as ruas de terra batida, as paredes brancas e o rosto das gentes que comigo se cruzavam. Às vezes, ao longo da caminhada, falava comigo próprio, em voz alta, e preocupava-me quando me apercebia que alguém dava por isso. O que haviam de pensar? A nostalgia do passado não colide, obrigatoriamente, com os desejos do futuro. Passados muitos anos aquela continua a ser a minha escola mas, ao que parece, transformou-se numa escola nova. No mesmo espaço, mas noutro tempo que é o nosso.
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sábado, setembro 20

GESTOS E CONTRADIÇÕES


Não sei o que move a senhora. Desconheço as profundezas das suas amizades, fortuna e arte. Este gesto de apoio ao partido Trabalhista, numa época em que este passa por grandes dificuldades, tem a grandeza do desprendimento. Ela deve saber que existem 99% de probabilidades dos Trabalhistas perderem as próximas eleições. Mas a defesa das suas convicções fala mais alto. E a sua fortuna, para a qual eu também contribuí, permite-lhe antecipar o voto com um cheque. Não está, afinal, o capitalismo em vias de ser salvo pelos princípios do socialismo?
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AS ESCOLHAS DE 2009


Para aqueles que, na direita e na esquerda, ainda se mantêm fiéis à exigência ética na política é interessante acompanhar as escolhas dos candidatos para as próximas eleições de 2009 – europeias, autárquicas e legislativas. Os casos das Câmaras de Lisboa e Porto, e as escolhas dos respectivos candidatos (ou candidatas), em particular, por parte do PS e PSD, são o melhor indicador para avaliar da qualidade da nossa democracia.
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sexta-feira, setembro 19

MES - O documento da ruptura do grupo de Jorge Sampaio no I Congresso (III)

I Congresso do MES – 21 e 22 de Dezembro de 1974 – Aula Magna da Cidade Universitária

(Publicado originalmente nos Caminhos da Memória)

Pretendia abordar, tão só, a temática dos dirigentes fundadores do MES, neste caso os que foram eleitos no I Congresso, realizado nos dias 21 e 22 de Dezembro de 1974, na Aula Magna da Cidade Universitária, de Lisboa. Mas, neste caso, terei que ser um pouco mais extenso já que o I Congresso, como é do conhecimento geral, foi marcado pela cisão protagonizada pelo grupo que viria a dar origem ao GIS (“Grupo de Intervenção Socialista”).

Esse conjunto de activistas do MES apresentaram ao Congresso um longo, e muito bem estruturado, documento intitulado: “O MES E A ACTUAL FASE DA LUTA REVOLUCIONÁRIA – AS TAREFAS IMEDIATAS DO MOVIMENTO”, datado de 30 Novembro de 1974, subscrito por Armando Trigo e Abreu, César Oliveira, Francisco Soares, Joaquim Mestre, João Benard da Costa, João Cravinho, Jorge Sampaio, José Manuel Galvão Teles e Nuno Brederode Santos.

Reli, quase 34 anos depois, com os olhos de hoje, as 39 páginas (3 delas quase ilegíveis) do documento em apreço e senti uma inesperada sensação de espanto e perplexidade acerca das razões dessa ruptura protagonizada por algumas das personalidades mais proeminentes da esquerda portuguesa.

Serei o mais breve possível, atendendo, em particular, à natureza deste meio, tomando como base desta reflexão o reencontro tardio com um documento que pairava na minha memória e que logo na apresentação toma todos os cuidados sendo apresentado, pelos seus autores, como base de uma iniciativa destinada a “contribuir para o debate interno com vista à preparação do Congresso”.
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quinta-feira, setembro 18

MEXE-TE PINHO ... OU CHEGAMOS ATRASADOS!

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"RISCO MORAL"
























Bill Kane

De uma série de posts curtos de Vital Moreira acerca da crise financeira – e o mais que ela esconde – sublinho "Risco moral" : O que revolta nestas operações de "resgate" público de companhias privadas em dificuldades é o prémio aos prevaricadores que elas envolvem, salvando da ruína quem deliberadamente correu riscos excessivos e daí retirou pingues lucros, enquanto duraram, e que agora é salvo dos efeitos nefastos da crise por uma intervenção providencial do Estado. Benefícios para os privados, perdas para o público (…) não posso estar mais de acordo!
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quarta-feira, setembro 17

Jornada de protesto contra aumento combustíveis - vamos a isso!

DECO estuda jornada de protesto contra aumento combustíveis

A associação de defesa do Consumidor DECO está a estudar a convocação de uma jornada nacional de protesto contra os aumentos de preços dos combustíveis, apesar do preço do petróleo estar em queda nos mercados internacionais.

Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral da associação, Jorge Morgado, revelou que a DECO tem recebido «largas centenas de queixas» de consumidores sobre esta situação, «especialmente ao longo do dia de hoje».

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PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS - MEXE-TE PINHO!

O assunto é complexo. Mas ao ponto a que a coisa chegou ou as petrolíferas mexem nos preços a sério – e vence o mercado, ou o governo mexe nas petrolíferas a sério – e vence o estado! Convinha que vencesse o bom senso!

"RISCO MORAL"

De uma série de posts curtos de Vital Moreira acerca da crise financeira – e o mais que ela esconde – sublinho "Risco moral": O que revolta nestas operações de "resgate" público de companhias privadas em dificuldades é o prémio aos prevaricadores que elas envolvem, salvando da ruína quem deliberadamente correu riscos excessivos e daí retirou pingues lucros, enquanto duraram, e que agora é salvo dos efeitos nefastos da crise por uma intervenção providencial do Estado. Benefícios para os privados, perdas para o público (…) não posso estar mais de acordo!

"RISCO MORAL"

De uma série de posts curtos de Vital Moreira acerca da crise financeira – e o mais que ela esconde – sublinho "Risco moral": O que revolta nestas operações de "resgate" público de companhias privadas em dificuldades é o prémio aos prevaricadores que elas envolvem, salvando da ruína quem deliberadamente correu riscos excessivos e daí retirou pingues lucros, enquanto duraram, e que agora é salvo dos efeitos nefastos da crise por uma intervenção providencial do Estado. Benefícios para os privados, perdas para o público (…) não posso estar mais de acordo!

AS GASOLINEIRAS BRINCAM COM O FOGO

Combustíveis:Tendência de preços tem de ser de descida com quebra no petróleo - Manuel Pinho

Hoje fui obrigado a abastecer, por acaso, na Repsol que ficava em caminho. Gasóleo: € 1,308/litro. Tudo na mesma. Acompanhando as preocupações do Senhor ministro Pinho: a paciência tem limites para o absurdo deste filme, fora da ficção.

terça-feira, setembro 16

A COISA ESTÁ PRETA

A maior crise económica dos últimos 70 anos

A descida dos combustíveis exigida pelo ministro da economia é uma tentativa de atenuar o impacto da maior crise económica dos últimos 70 anos. A falência de um dos maiores bancos norte-americanos mantém os mercados em baixa. Uma situação que faz o Banco Central Europeu (BCE) estar em alerta máximo, segundo um dos administradores da instituição.

INFLAÇÃO: UM OLHAR POSITIVO

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AS LEIS DA GRAVIDADE E DO MERCADO

Susan MeiselasUSA. Essex Junction, Vermont. 1973. Lena on the Bally Box.

Voltando à vaca fria já que o depósito do meu velho Passat entrou na reserva. Ferreira de Oliveira, Presidente da GALP, coloca-se, na prática fora da realidade utilizando o sagrado argumento do mercado. Tudo o que se passa e influencia a vida de cada um de nós, no que respeita a combustíveis, em Portugal, não depende da GALP, depende do mercado. Ouvindo-o até parece que a GALP está à margem do negócio dos combustíveis. Ferreira de Oliveira desafia as leis da gravidade e as do mercado. Quando o preço da matéria-prima cai (HOJE) o preço do produto final até pode subir? Quando o preço da matéria-prima sobe o preço do produto final desce? NÃO! Nunca tal aconteceu. Alguém, INDEPENDENTE, que explique! A AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA?
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segunda-feira, setembro 15

O PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS

Susan Meiselas - N. Iraq, Zakho, 2007.

Petróleo abaixo dos 94 dólares por barril em Londres

Quase não bule uma agulha no palheiro a respeito das consequências da baixa dos preços do petróleo. Não falo como economista, nem como parte interessada no negócio, mas como simples consumidor, e sinto-me na obrigação de fazer umas perguntas banais: os preços dos combustíveis no consumidor final não baixam? A autoridade da concorrência não torna públicas as contas que, certamente, faz? O governo não tuge nem muge? Estão à espera de um novo aumento dos preços do petróleo para dar início a uma subida dos preços no consumidor, a partir de uma base mais alta? É uma questão de comunicação, dizem as gasolineiras! Estamos a tratar com vigaristas ou com gente séria?
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APERTEM OS CINTOS!

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sexta-feira, setembro 12

MES - Os dirigentes fundadores (II)

(Publicado originalmente nos Caminhos da Memória)

Uma surpresa com que me deparei, tempos atrás, ao revolver maços de papéis antigos do MES (Movimento de Esquerda Socialista) foi ter encontrado três folhas A4, apresentando sinais de longa afixação numa parede, nas quais se divulga a estrutura, e constituição, dos primeiros órgãos dirigentes do Movimento no período imediatamente posterior ao dia 25 de Abril de 74.

Muitos dos nomes são meus velhos conhecidos, mesmo amigos, alguns prematuramente falecidos, outros (poucos) são vagas reminiscências que a memória não reteve, sendo todos, politicamente, frutos da época, apanhados na voragem de uma mudança radical na sociedade portuguesa para a qual, de verdade, nenhum de nós estava preparado.

Um caso exemplar é o primeiro nome que surge na lista, sem hierarquia, da estrutura designada por «Comissão Política»: Mário Simões Maciel. Trata-se de uma bizarria, própria do ambiente de frenética agitação da época, que o primeiro nome que surge a encabeçar a «Comissão Política» seja de alguém cuja inclusão naquela lista, ainda hoje, me desperta a maior perplexidade. (Alguém que explique!). Além do Mário Maciel só não referencio, dos restantes catorze, o António J. Pereira e o Pedro Martins. Assinalo que o Braga da Cruz é o Manuel - actual Reitor da Universidade Católica.

Eis a constituição da «Comissão Política», de dezasseis membros, aprovada na «Reunião Geral de militantes do M.E.S., realizada 45 dias após o 25 de Abril, no dia 9 de Junho de 74»:

Mário Simões Maciel, (Eduardo) Ferro Rodrigues, (António) Santos Júnior, Agostinho Roseta, Nuno Teotónio Pereira, Carlos Pratas, Jerónimo Franco, Francisco Farrica, António J. Pereira, José Catela, Pedro Martins, Vítor Wengorovius, Luís Filipe Fazendeiro, Braga da Cruz, Rogério de Jesus, Jorge Ivo.

Naquela mesma reunião de militantes, realizada em 9 de Junho de 1974, havia sido aprovado um conjunto de Comissões que foram preenchidas numa reunião posterior da Comissão Politica, realizada três dias depois, a 12 do mesmo mês. As comissões eram o Secretariado (supunha-se da Comissão Política mas ver-se-á a originalidade da opção tomada!), a Comissão de Imprensa e Propaganda, a Comissão de Relações Exteriores, a Comissão de Expansão (que designação!), a Comissão Sindical, o Secretariado dos Socioprofissionais e a Intervenção Local.

Eis as respectivas composições:

Secretariado
Afonso de Barros, José Dias, António Pinto Basto, Mário Maciel, Eduardo Graça, António Dias.
(Todos os nomes do Secretariado surgem, no documento, com um sinal indicativo de terem aceite o encargo.)

A constituição do Secretariado apresenta a curiosidade de só integrar um membro da Comissão Política (e logo o Mário Maciel!), sendo que os restantes membros foram cooptados fora da Comissão Política, outorgando a este Secretariado, aparentemente, um estatuto com poder autónomo e independente.

Visto a esta distância, é como se a Comissão Política fosse um órgão de representação externa, digamos legal, respondendo a uma fase repleta de incertezas acerca do futuro da revolução, e o Secretariado um órgão semi-clandestino constituído por dois oficiais milicianos no activo que havia sido decidido não darem a cara publicamente - eu próprio e o António (Cavalheiro) Dias - e um responsável pelo embrionário aparelho partidário (José Dias), além de Afonso de Barros e de António Pinto Basto (aliás o jornalista Ribeiro Ferreira).

A ideia de salvaguardar, através do Secretariado, as condições para resistir a um eventual contra golpe, parece ser a única justificação para este modelo de estrutura e constituição do Secretariado, ideia que é reforçada pelo facto de nenhum dos seus membros integrar qualquer das outras Comissões que, por sua vez, apresentam uma constituição, embora ainda provisória (na verdade, à época, tudo era provisório, incluindo os governos!) razoavelmente compreensível.

Comissão de Imprensa e Propaganda:
Eduardo Ferro Rodrigues (+), César Oliveira (+), (João) Benard da Costa, Salgado Matos, Vilaverde Cabral (riscado mesmo no esboço), (António) Machado (+), Abelho, Vítor Silva.
(Os nomes assinalados já haviam aceite o encargo.)

Comissão de Relações Exteriores
Joaquim Mestre, Jorge Sampaio, José Manuel Galvão Teles, António Santos Júnior (+), Agostinho Roseta (+).
(Os nomes assinalados já haviam aceite o encargo. Curiosa a concentração nesta Comissão dos “pesos pesados” do futuro GIS (Grupo de Intervenção Socialista), que não integraram a sobre citada «Comissão Política», e haveriam de sair do MES, em finais de Dezembro de 74, aquando da realização do seu I Congresso.)

Comissão de Expansão
Nuno Teotónio Pereira (+), Carlos Pratas (+), M. Santos (riscado mesmo no esboço), Francisco Cordovil (+), Silvestre (+), Espadaneira (+), (António) Romão (+), Borges Pires (+), José Dias - Ligação com o Secretariado.
(Nesta Comissão todos os nomes estão assinalados por haverem aceite o encargo. Além desse facto, esta é a única Comissão em que é notada a presença de um elemento do secretariado tendo em vista assegurar a ligação o que demonstra a importância atribuída, nesta fase, à expansão e implantação do Movimento.)

Comissão Sindical
(António) Santos Júnior, (Jerónimo) Franco, Marcolino (Abrantes), Almeida, Agostinho (Roseta)
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Secretariado dos Socioprofissionais
(Augusto) Mateus, Rogério (de Jesus), (Francisco) Farrica, Abelho, (António) Machado, António.

Intervenção Local
(José) Catela, Fonseca Ferreira, João Cordovil,
(Todos os elementos referidos aceitam o encargo - a partir da Comissão Sindical).

O Documento termina, no final da 3ª página, com a menção, escrita à mão: «DOCUMENTO INTERNO».

Resta acrescentar que todas estas estruturas, ou seja, os seus activistas, muitas vezes entregues a si próprios, atravessaram o verão de 74 funcionando num ambiente mais ou menos caótico, num sobressalto permanente, acolhendo adesões e correspondendo a entusiasmos, desdobrando-se a cada hora, na crença de que a revolução socialista, afinal, poderia transformar-se de utopia em realidade. Esta crença mostrou-se, na verdade, uma pura utopia. Ainda bem! Aqui para nós, que ninguém nos ouve!
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(Introduzi três correcções já depois da publicação nos Caminhos da Memória por erros de transcrição da minha responsabilidade.)
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O Pedro Martins existe, embora já tenha sido estalinisticamente 'banido'da fundação do MES , em Beja, talvez fruto de vaidades provincianas de quem, continuando na política, quer apresentar curriculum, ainda que usurpado. Enfim, coisas sem importância que só refiro porque sou adepto da recuperação da memória histórica. Talvez um dia possamos beber um café na companhia do F. Cal e da Eugénia Mendes.
Até lá, podes consultar o meu blogue em www.aditaeobalde.blogspot.com
Um abraço,
PM
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quinta-feira, setembro 11

CHILE - 11 SETEMBRO 1973


Fotografias de Hélder Gonçalves

Dos Caminhos da Memória: Na véspera do 35º aniversário do golpe militar no Chile, o National Security Archive publicou transcrições de conversas telefónicas de Henry Kissinger, até agora mantidas secretas, que evidenciam os esforços e as acções que os Estados Unidos desenvolveram para derrubar o governo de Salvador Allende.
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GEORGE ORWELL

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11 DE SETEMBRO DE 2001



USA. New York City. September 11, 2001.

O DIA 11 DE SETEMBRO DE 2001 FOI O PRIMEIRO DIA DE AULAS NA ESCOLA DO MEU FILHO. POUCOS MINUTOS ANTES DAS 8 DA MANHÃ DEIXEI-O PARA O INÍCIO DO 5º ANO. POUCO DEPOIS NO LOCAL DE TRABALHO ACHEI O AMBIENTE ESTRANHO. A TELEVISÃO LIGADA TRANSMITIA UM ACONTECIMENTO QUE PARECIA FICÇÃO. ENTENDI QUE ALGUMA COISA DE MUITO GRAVE SE ESTAVA A PASSAR. A PARTIR DESSE DIA O MUNDO MUDOU E ESSE CICLO DE MUDANÇA AINDA NÃO CHEGOU AO SEU TERMO. OU TALVEZ SEJAM DIVERSOS CICLOS DE MUDANÇA QUE SE ENTRECUZAM... AO FIM DE SETE ANOS BUSH NÃO ACHOU LADEN. O MUNDO TORNOU-SE MAIS PERIGOSO. PAIRAM NO AR AMEAÇAS DE RECESSÃO E DE GUERRA (FRIA?). NA ESCOLA DO MEU FILHO ESTE ANO AS AULAS JÁ COMEÇARAM E NÃO O FUI LEVAR. É O 12º E ELE GANHOU AUTONOMIA. SINTO QUE ESTAMOS TODOS MAIS SOZINHOS E DESCRENTES NO FUTURO.
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terça-feira, setembro 9

POLÍTICA EM LISBOA!

Harry Gruyaert

Acordo na Câmara de Lisboa
Costa e Roseta trilham 'terreno de entendimento'

Um lampejo de política municipal, ou de política, pura e simplesmente, com sinal mais. Faz falta! … Muita falta!
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CESARE PAVESE

Cesare Pavese

Terra vermelha terra negra
que vens do mar
dos campos queimados,
onde estão as palavras
antigas e as fadigas do sangue
e gerânios entre os rochedos –
não sabes quanto tens
de mar palavras e fadiga,
tu rica como a lembrança,
como os campos agrestes,
tu dura e dulcíssima
palavra, antiga pelo sangue
que afluiu aos olhos;
jovem, como um fruto
que é estação e eco –
o teu hálito repousa
ao céu de Agosto,
as azeitonas do teu olhar
adoçam o mar,
e tu vives e renasces
sem espanto, segura
como a terra, escura
como a terra, lagar
de estações e de sonhos
que à lua se descobre
antiquíssimo, como
as mãos da tua mãe,
a pedra gasta da lareira.

27 de Outubro de 1945

[“Terra e a Morte” in “Virá a morte e terá os teus olhos.”
“Trabalhar Cansa” – Tradução de Carlos Leite, Cotovia]

Hoje celebra-se o centenário do nascimento de Cesare Pavese.

Outros poemas que já publiquei: Estate/Verão - Last blues, to be read some day -PASSERÒ PER PIAZZA DI SPAGNA/Passarei pela Praça de Espanha - La casa/A casa
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domingo, setembro 7

DISCURSOS

Cheguei de ver o filme “Aquele Querido Mês de Agosto” – a não perder! – e deparo-me com a notícia da consumação do “discurso de rentrée política” de Manuela Ferreira Leite.

Como sempre, nestes casos, vou em busca da versão integral do mesmo. A montanha pariu um rato. Tudo o que Ferreira Leite afirma já tinha sido, antes, afirmado por ela com ligeiras mudanças de tom. Fico-me por três citações demonstrativas da tentação populista presente no seu discurso:

"Por isso, as pessoas reagem com indiferença ou até desprezo ao que os políticos dizem." … "Este clima de mistificação só tem sido possível porque está apoiado por uma máquina de comunicação e de acção pouco democrática.", …"Mas Portugal está longe de beneficiar da democracia na sua plenitude."

A natureza do discurso de Ferreira Leite está próxima do comentário político constituindo, de facto, uma pura peça de propaganda. Repete afirmações antigas e deixa-se aprisionar pela lógica da comunicação e imagem que a própria aponta como um dos maiores vícios da acção do governo do PS: "O Governo gasta imensa energia e recursos a tratar da comunicação e imagem, mas o objectivo não é informar, não é esclarecer ou mobilizar. O objectivo é enganar-nos ou distrair-nos."

Para confirmar o que se afirma antes basta fazer um exercício simples, e despretensioso, acerca da estrutura do discurso: ele é constituído por 119 frases curtas ou curtíssimas; nenhuma delas – na versão online – tem uma extensão superior a 4 linhas: 5 frases são compostas por 4 linhas; 13 frases por 3 linhas; 64 frases por 2 linhas e 37 frases por 1 linha. Aqui está, pois, um discurso com 119 frases das quais 101 são compostas por 1 ou 2 linhas.

Se isto não é um discurso de pura propaganda política o que será um discurso de propaganda politica? Se isto não é “comunicação e imagem” o que será “comunicação e imagem”? Depois volto ao filme que é muito interessante a respeito do tema dos discursos que o próprio filme, aliás, ensaia debater. [ Imagem daqui.]
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sábado, setembro 6

Os Dois PSD s

Original a modalidade da aparição pública de Menezes na véspera da aparição pública de Manuela Ferreira Leite. A afirmação da política espectáculo contra a afirmação da política institucional. O “falar” como regra contra o “falar” por excepção. As cores vivas da emoção contra o cinzento do discurso escrito. O ruído suburbano contra a circunspecção do Terreiro do Paço. Menezes em poucos minutos de voo marca, de forma subliminar, as diferença.
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JOCK STURGES

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sexta-feira, setembro 5

MES - Os dirigentes fundadores (I)

(Publicado originalmente nos Caminhos da Memória)

Prosseguindo uma breve digressão pelas memórias do MES (Movimento de Esquerda Socialista) julgo interessante enunciar as personalidades que, ao nível de direcção, desde os primórdios da sua criação, deram vida ao seu programa de acção. [Todas as informações que vou aqui divulgar são reproduzidas de documentos originais que tenho em minha posse.]

Na vertente de identificação dos dirigentes fundadores do MES não serei exaustivo, prevenindo qualquer involuntária omissão, nem, porventura, serei capaz de fazer vir à memória de todos a figura física de alguns nomes que a voragem do tempo fez esquecer. Mas, desta forma, far-se-á justiça a algumas personalidades que não tendo obtido consagração pelos seus feitos políticos deram, no entanto, por regra, um contributo notável na esfera do activismo sectorial.

Os nomes dos primeiros dirigentes fundadores do MES surgiram como subscritores da «DECLARAÇÃO DO MOVIMENTO DE ESQUERDA SOCIALISTA (MES)» (sem data), tornada pública imediatamente após o 25 de Abril de 1974 o que é comprovado tanto pelo seu teor, como por anunciar a Sede Central do Movimento na Av. D. Carlos I, 146 - 1º Dto., em Lisboa, com indicação do horário de funcionamento que, em boa verdade, nunca foi cumprido. [Por curiosidade aqui deixo o «horário»: das 14 às 20 horas e das 21,30 às 24,30 horas de 2ª a 6ª e das 9 às 24,30 horas aos sábados e domingos.]

Nesta primeira «Declaração do Movimento de Esquerda Socialista (M.E.S.)» explicitam-se os seus princípios fundadores sob o lema: «A emancipação dos trabalhadores tem de ser obra dos próprios trabalhadores», abrangendo os campos da «luta de fábrica e sindical», «luta anti-colonial», «luta estudantil», «luta urbana» e, surpreendentemente, nos seus termos, no campo da luta «pelo aumento dos tempos livres», título sob o qual se aborda, na verdade, a temática laboral.

«Pela Comissão Organizadora» a declaração é subscrita por dirigentes agrupados por área de intervenção: Manuel Lopes, António Rosas, António Santos Júnior (militantes sindicalistas); Rogério de Jesus, António Machado, Francisco Farrica, Edilberto Moço, Luís Filipe Fazendeiro, Luís Manuel Espadaneiro (militantes operários); Carlos Pratas e José Galamba de Oliveira (militantes estudantis); Víctor Wengorovius, Joaquim Mestre e José Manuel Galvão Teles (candidatos da CDE de Lisboa, em 1969); Eduardo Ferro Rodrigues (consultor sindical e ex-dirigente estudantil); Nuno Teotónio Pereira (militante cristão) e César Oliveira (historiador do movimento operário).

A origem dos subscritores deste documento assume a confluência na designada esquerda socialista de uma nova vaga de dirigentes, não comunistas, oriundos dos movimentos operário, sindical, católico progressista e estudantil que se tinham destacado, desde o início dos anos 60, na condução de lutas contra a ditadura nas respectivas áreas de intervenção. Outros activistas prestigiados, e influentes, não subscreveram esta declaração fundadora, por meras razões tácticas, mas surgirão pouco tempo passado, de uma forma mais ou menos discreta, associados à direcção política do Movimento.
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quinta-feira, setembro 4

Yoani Sanchez

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ANIVERSÁRIO

Fotografia de Família

Há dias que nunca esquecem mesmo quando os dias se esquecem de nós. Fui um filho tardio, talvez fruto do acaso, mas sempre me senti desejado. Meus pais guardaram-me como um tesouro e nunca lhes agradeci o suficiente. Sou daqueles que vêem o mundo povoado de gente singular. Eu sempre me senti acompanhado mesmo quando rodeado de silêncio. Porque a família sempre foi o reduto inexpugnável da minha esperança. Hoje é o dia de aniversário de meu pai. Celebro-o envolto na áurea da sua infinita afabilidade.
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LÁ LONGE O FUTURO ... AQUI TÃO PERTO


Achei curiosa, e honesta, a reportagem do “Público” acerca da visita realizada, ontem, pelo 1º Ministro e pela Ministra da Educação, a algumas Escolas de Lisboa que estão em obras no âmbito do chamado “programa de modernização do secundário”.

A notícia está disponível no Público on-line e aproveitei para a transcrever para o IR AO FUNDO E VOLTAR tendo-me suscitado algumas simples, breves, reflexões:

1 – A Educação que é, desde há muito, uma sempre anunciada primeira prioridade dos governos não depende só do “software” mas também do “hardware”. O sucesso do projecto educativo de cada escola depende não só da qualidade, e organização, dos recursos humanos mas também das infra-estruturas físicas, dos edifícios e das condições para instalar e fazer funcionar os equipamentos. Trivial, mas é preciso fazer!

2 - Que pensará Manuela Ferreira Leite destes anunciados, e vultuosos, investimentos na modernização das escolas da rede pública após ter dito o que disse acerca do investimento … público? Ela que já foi Ministra da Educação! Sairá em defesa desta política no aguardado discurso de encerramento da Universidade de Verão do PSD no próximo fim-de-semana? Trivial, mas é preciso ter coragem!

2 - Fazer obras de fundo, mantendo os estabelecimentos a funcionar, exige um esforço suplementar aos órgãos de gestão das escolas, tal como aos professores, funcionários e alunos? O que pensarão os sindicatos de professores destes empreendimentos? Alguma crítica? Alguma palavra pública de incentivo ou congratulação? Trivial, mas é preciso ter vergonha!

3- Participei, há uns anos atrás, num movimento que conseguiu travar a saída da Escola Alemã de Lisboa para o concelho de Oeiras iniciativa que visava favorecer, certamente, algum empreendimento imobiliário nos valiosos terrenos que continua, e continuará, a ocupar na zona de Telheiras. A escola foi para obras de fundo, que estão em fase muito adiantada de conclusão, tendo muitas turmas funcionado, dois anos lectivos, em contentores. Trivial … trivial …
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