quarta-feira, dezembro 22

Castelo Branco


O interesse não está nas pessoas em si mas na necessidade de afirmação de uma marcação partidária pessoal. Mas afinal quem é Morais Sarmento para ombrear com o Secretário-geral do PS? E quem é que o PS coloca à cabeça em Lisboa para ombrear com Santana Lopes?

Ao contrário do que pensam muitos cépticos, nestas eleições, o sentido do voto dos portugueses foi decidido com muita antecedência. Não são os quarenta e poucos dias úteis de pré campanha e campanha, até 20 de Fevereiro, que vão alterar alguma coisa de essencial. A não ser uma qualquer hecatombe.

Até já o PSD percebeu isso pois o PP percebeu mais cedo.

terça-feira, dezembro 21

Retornos

A ler no Tugir. Neste caso ainda para mais porque refere o meu companheiro da madrugada do 25 de Abril de 1974 António Cavalheiro Dias.

As Finanças e os Ministros

Um dos cavalos de batalha da direita e dos comentadores “bem pensantes” é exigir o nome do futuro ministro das finanças de um governo PS. Tem de ser credível, dizem eles. E com razão, digo eu.

Pergunta: e os ministros da finanças dos governos de direita têm sido credíveis? O ministro Bagão Félix é credível? Como se mede a credibilidade de um ministro das finanças?

Pela condução da política financeira e da gestão orçamental...e, finalmente, pelos resultados, não é?

A Banca e o PR não são responsáveis pela condução da política financeira e orçamental do Estado!Mas, para este governo, servem de bodes expiatórios dos fracassos dessas políticas.

Ver aqui uma descrição impediosa do último episódio.

Desejo de regresso à juventude

Na recepção do consultório médico uma senhora de canadianas acompanhada pelo marido:

Primeira consulta?
Sim!

Vamos preencher a ficha. Nome:
Fulana de tal...

Data de nascimento.
10 do tantos de 1963...
(Incredulidade geral)

Ela, por entre gargalhadas:
...1936!

Ficou reposta a normalidade cronológica.

segunda-feira, dezembro 20

Toada Em Louvor Dos Sacanas

Há no ar uma abundância de silêncios como se a vida tivesse parado
Há um imenso esquecimento de notar a própria ausência e passar ao lado
Há ânsia de sobreviver como se o adquirido desse para viver a vida inteira
Há vidas vividas sem outro sentido que não seja esquecer o já vivido
Há um nada querer que não me interessa mesmo que gritem e me chamem
Há um descrer sincero que se danem que se mordam de vazio e de nada
Há quantos anos lhes conheço as manhas de seus cérebros sem destino
Ah! Sei que estão nos gabinetes a fazer reuniões, pareceres e despachos
Há quanto tempo os desprezo como ratos que rastejam em busca de trigo
Há mãos que lhes enfiam na boca prebendas finas de mastigação obscena
Há traidores que vivem sempre no recato dos poderes que os acolhem
Há inertes geniais sem projectos nem ideais abençoados por Deus
Há até chefes desprezados pelos subordinados que os amam e odeiam
Há um momento qualquer em que o lugar fica extinto ou esvaziado
Há um dia em que saltam e zás-pás partem as pernas ao cair da cadeira
Há o sentido do dever que dá um estatuto a todos os sacanas nacionais
Há sacanas amigos conhecidos e inimigos iguais na espera de mais
Há os que estão de joelhos abandonados pensando que vão ser alguém
Há personalidades sem pedigree que são incomensuráveis e imortais
Há que as deixar todas apodrecer de vergonha no lugar a morrer de tédio
Para que não sejamos cúmplices do sofrimento das suas vitimas inocentes
E não tenhamos de perder tempo a verter uma lágrima ou sequer a fingir
Pena por termos sentidos alegria pela sua morte pois como bons sacanas
Nacionais nem sequer darão conta que morreram e não são precisos mais.

(Como é hoje o primeiro dia após o primeiro ano de vida do absorto, a título excepcional, aqui vos deixo mais um poema)

Pior é Impossível?

Todos os indícios apontam para que o governo não vai abrandar até 20 de Fevereiro.O que quero dizer?

Em menos de dois meses vão chover habilidades, provocações, nomeações, exonerações, lançamento de concursos, ajustes directos (muitos), celebração de contratos, adjudicações e todo um estendal de malfeitorias diversas que têm estado em banho- maria.

Aqueles que pensam que o pior já passou que se desiludam. Este governo ainda vai mostrar muito “trabalho”.

E não me refiro à campanha eleitoral propriamente dita.

Desequilibrios

Não estamos a falar da “pesada herança” do governo socialista! Lembram-se? Dois anos a zurzir na “gestão despesista” do governo PS, no descalabro da situação das contas do Estado, na iminência da bancarrota, no déficit excessivo (4,2% em 2001?)!

Soube-se agora que o Eurostat chumbou a proposta de“cedência temporária de edifícios públicos” destinada a “disfarçar” o déficit de 2004.

Saber-se-á, um dia, qual o déficit real de 2003 e 2004? Será de 5%, ou mais?

Os “hábitos de consumo dos portugueses” carregam com as culpas! Mas aos governos compete tomar iniciativas e gerir as expectativas, não é?

"Desequilíbrio Externo Dispara em 2004
DÉFICE COMERCIAL EM 8,6 POR CENTO DO PIB, O NÍVEL MAIS ELEVADO DESDE MARÇO DE 2002


Os hábitos de consumo dos portugueses totalmente dependentes da oferta vinda do exterior - casos dos computadores, dos televisores, dos vídeos, dos telemóveis, para já não falar dos automóveis e da generalidade dos electrodomésticos - estão na base de um novo disparo no desequilíbrio das trocas comerciais."



QUE VIVA

Este lugar é só um voto do espírito, um contra-sepulcro.

Na minha terra preferem-se as ternas provas da primavera e os pássaros mal-vestidos aos objectivos longínquos.

A verdade espera pela aurora à luz de uma vela. O vidro da janela não está limpo. Pouco importa ao atento.

Na minha terra não se fazem perguntas a um homem comovido.

Não há sombra maligna no barco soçobrado.

(…)

Só se pede de empréstimo o que se pode devolver aumentado.

Há folhas, muitas folhas, nas árvores da minha terra. Os ramos podem escolher não ter frutos.

Ninguém acredita na boa-fé do vencedor.

Na minha terra agradece-se.

René Char

“A Sesta Branca”
in Os Matinais (1947-49)

(René Char, “Este Fanático das Nuvens”, Cotovia)

domingo, dezembro 19

Casa do Gaiato

A polémica em torno da “Casa do Gaiato” é o resultado de um conjunto de acções desencadeadas pelo Ministro Bagão Félix que, como por encanto, desapareceu das notícias.

No conheço a obra da “Casa do Gaiato” nem o relatório da auditoria da Inspecção da Segurança Social. O que sei é pelo que os jornais transcrevem. Mas , por experiência própria, entendo a lógica do processo que foi desencadeado.

O extremismo (e a superficialidade, quando não a ignorância) na avaliação do desempenho de instituições, sejam quais forem, em particular, aquelas que desenvolvem projectos de natureza social, conduz a resultados perversos.

O Estado corre o risco de ser empurrado para a perseguição das instituições e dos dirigentes que prosseguem os objectivos que o próprio Estado lhes comete.

Uma leitura política possível deste tipo de acções é a que foi feita pelas personalidades que saíram em defesa da “Casa do Gaiato”:

Amigos da Casa do Gaiato Acusam Estado de Querer Destruir a Obra

Dois Poemas

A tentação comum de todas as inteligências:
o cinismo


Do outro lado de um coração que pensa
insidiosa
a tirania elogia o caos à beira do abismo
e conclama
a tentação comum de todas as inteligências:
o cinismo.



O espaço está cheio de aves cruéis e perigosas


As aves volteiam em torno de nossas cabeças:
o espaço está cheio de aves cruéis e perigosas.


(A propósito do 1º Aniversário do absorto publico, excepcionalmente, dois poemas de um conjunto inédito - “Glosas Imperfeitas” - a partir de citações de Camus.)
.

Aniversário

Deixar uma marca

Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,

nada dever ao esquecimento que esvazia o sentido do perdão olhando o mundo e tomando a medida exacta da nossa pequenez,

atravessar a solidão, esse luxo dos ricos, como dizia Camus, usufruindo da luz que os nossos amantes derramam em nós porque por amor nos iluminam,

observar atentos o direito e o avesso, a luz e a sombra, a dor e a perda, a charrua e a levada de água pura, crer no destino e acreditar no futuro do homem,

louvar a Deus as mãos que nos pegam, e nunca deixam de nos pegar, mesmo depois de sucumbirem injustamente à desdita da sorte ou à lei da vida,

guardar o sangue frio perante o disparar da veia jugular ou da espingarda apontada à fronte do combatente irregular,

incensar o gesto ameno e contemporizador que se busca e surge isento no labirinto da carnificina populista,

ousar a abjecção da tirania, admirar a grandeza da abdicação e desejar a amizade das mulheres,

admirar a vista do mar azul frente à terra atapetada de flores de amendoeira em silêncio e paz.

(um programa para o absorto)

“Deixar uma marca” foi o texto que inaugurou o absorto faz hoje um ano. Aqui o deixo, de novo, como reafirmação dos princípios que o animam desde o primeiro dia. E assim vai continuar.

Absorto – 1º Aniversário (17 de 17)

sábado, dezembro 18

Carta do Lazer das Aldeias Históricas

Julgo que em tempos referi que não estava disponível o site com a "Carta da Lazer das Aldeias Históricas".

Ontem, por acaso, dei de caras com ele. Mais uma vez pude confirmar que se trata de um trabalho extraordinário de valorização autêntica do interior do país.

Pode verificar essa realidade aqui.

sexta-feira, dezembro 17

Prudência e "Caldos de Galinha"

Sempre a pensar que bateu no fundo a política nacional não deixa de nos surpreender. Neste caso pela positiva.

Assinalo o artigo hoje publicado no Público por Correia de Campos. Ele, no fundo, aconselha prudência na inversão das políticas e das medidas tomadas pelos governos de direita no caso de uma vitória socialista nas próximas eleições.

O PS, no caso de formar governo, não pode cair na tentação de tudo por em causa e tudo revirar. Nem políticas nem pessoas.

Seria dramático, para o país e para o PS, assistir a uma versão socialista do discurso da “pesada herança”, ou da “tanga”, ou ao espectáculo degradante de perseguição a dirigentes honestos e competentes.

Que o PS cuide de acautelar que não se pratiquem injustiças. Mesmo que delas tenhamos sido vítimas.

Sem perder, certamente, de vista as mudanças e rupturas inevitáveis. Mas para que tudo aconteça é, antes, necessário que o PS apresente o seu programa e que ele seja mobilizador, apresente os seus candidatos e que eles sejam credíveis e que, finalmente, ganhe as eleições de 20 de Fevereiro.

Não é pouca coisa.

Amargo estilo novo

Tudo é fácil quando se está brincando com a flor entre os dedos,
quando se olham nos olhos as crianças,
quando se visita no leito o amor convalescente.
É bom ser flor, criança, ou ser doente.
Tudo são terras donde brotam esperanças,
étalas, tranças,
a porta do hospital aberta à nossa frente.

Desde que nasci que todos me enganam,
em casa, na rua, na escola, no emprego, na igreja, no quartel
com fogos de artifício e fatias de pão besuntadas com mel.
E o mais grave é que não me enganam com erros nem com falsidades
mas com profundas, autênticas verdades.

E é tudo tão simples quando se rola a flor entre entre os dedos!
Os estadistas não sabem,
mas nós, os das flores, para quem os caminhos do sonho não guardam segredos,
sabemos isso e todas as coisas mais que nos livros não cabem.

António Gedeão

Linhas de Força - 1967
Obra Poética
Edições João Sá da Costa
2001

Ir ao Vaticano para Compreender

Uma das experiências mais interessantes da minha vida pública, nos últimos anos, foi a participações na “Pastoral da Saúde”, conclave, de nível mundial, realizado no Vaticano.

O Padre Feytor Pinto dirigia a representação portuguesa e eu resolvi aceitar os convites movido pela curiosidade de observar e participar na reflexão acerca de um tema que, aparentemente fechado, se estende a todas as questões de natureza social.

O convite deve ter resultado da colaboração encetada entre o INATEL e o patriarcado aquando da EXPO-98. Confirmei e reforcei as minhas expectativas iniciais: a igreja dispõe de um conhecimento profundo e alargado acerca das condições de vida das populações mais desfavorecidas do planeta.

Salvaguardando os aspectos formais e a liturgia que decorrem da entidade organizadora – a Santa Sé – que, para mim, católico não praticante, não foram sequer maçadoras, tive oportunidade de ouvir testemunhos impressionantes da situação social, em particular, dos povos africanos e da América Latina.

E para meu espanto as palavras mais duras, que fariam corar o mais radical dos dirigentes dos partidos da esquerda europeia, vinham da boca de altos dignitários, cardeais e bispos, que se não coibiam de atacar a ganância das multinacionais e a injustiça das políticas da maior parte dos governos.

A minha visão da Igreja católica mudou, a partir destas experiências de participação, tendo aprendido que nela coabitam, de facto, uma pluralidade de sensibilidades na abordagem das questões da pobreza, da doença e do papel da igreja e da comunidade na defesa dos direitos humanos.

Não sei se alguma outra instituição tem tantos recursos humanos, homens e mulheres, envolvidos na ajuda humanitária e na defesa da dignidade dos mais desfavorecidos, nos quatro cantos do mundo, desde a mais remota comunidade dos confins da selva amazónica aos arrabaldes das grandes metrópoles urbanas.

Fiquei, sinceramente, a pensar, tal como tinha acontecido na minha adolescência, acerca da utilidade da nossa vida quotidiana, em regra, afastada da defesa das verdadeiras causas humanitárias.

E ainda mais quando verifiquei, por experiência própria, que, muitas vezes, a ostentação da fé não corresponde, em nada, à prática que decorre dos ensinamentos essenciais da doutrina da igreja.

Fui ao Vaticano, participei, por duas vezes nos trabalhos desta Pastoral, incluindo uma comovente cerimónia colectiva de recepção da comitiva pelo Papa, e voltei compreendendo melhor a prática da Igreja. Percebi que os valores da solidariedade, liberdade e igualdade, que vi bailarem nos olhos de muitos dos religiosos participantes daqueles conclaves, não são património exclusivo dos movimentos laicos.
Absorto - 1º Aniversário (16 de 17)

quinta-feira, dezembro 16

Profundamente

Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Vozes cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.
No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam errantes
Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?

— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.

Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci.

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?
— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.

Manuel Bandeira

Toda a Raia

Um dia por necessidade de conhecer os problemas do chamado “Portugal Profundo”, no âmbito de uma instituição que servia, o INATEL, e, por espírito de descoberta de uma realidade ignorada, resolvi visitar todos os concelhos raianos de Portugal.

Assim pus-me a caminho. Em duas etapas percorri, acompanhado por um responsável técnico e pelo motorista, toda a faixa do território português que confina com Espanha. Desde Vila Real de Santo António a Caminha.

Ficaram-me na memória as imagens de uma paisagem natural praticamente intocada, gente escassa e boa, lugares perdidos no tempo, vontades de mudança e de acomodação, uma região partilhada por dois países cuja fronteira física se desvaneceu mas em que o tempo acentuou as diferenças do desenvolvimento.

Mais Espanha na componente de progresso, mais Portugal na componente de atraso. Na época, finais dos anos 90, as redes de telecomunicações operacionais eram espanholas, as melhores estradas eram espanholas, os melhores serviços eram espanhóis, os melhores produtos, idem aspas...

O território raiano, do lado de cá da fronteira, é português por razões da língua, da história, da tradição e da administração, mas é espanhol por razão da economia, dos serviços, do consumo, da diversão e da cultura. Uma cidadania partilhada a pender para o lado da lá.

Do lado de cá as gentes, em idade activa, ao longo dos últimos decénios, “emigraram” do interior para o litoral, em busca de trabalho, e os que ficaram envelheceram inexoravelmente deixando uma longa faixa do território nacional ao abandono. Nada que tivesse sido uma surpresa e contra a qual não se pudesse ter travado um combate que, afinal, apesar das promessas, nunca foi consequente nem eficaz.

Visitamos todos os municípios raianos nos quais fomos acolhidos, em regra, com amizade e esperança. Aqui deixo o relato de dois episódios comezinhos que me impressionaram.

Num dos concelhos mais pequenos, em pleno Alentejo profundo, a presidente de Câmara, comunista, pediu-nos para interromper a reunião, na hora do almoço, pois tinha que ir a casa dar de comer à mãe. Assim se fez e a reunião prosseguiu após cumprida a missão familiar da aguerrida e humana presidente.

Num outro concelho, o de Campo Maior, após a partida para norte, fui surpreendido por um telefonema de casa a informar-me de um telefonema da GNR local. Tinham com eles a minha carteira cujo extravio eu próprio não me tinha ainda dado conta. Foi recolhida num banco do jardim principal da vila por um popular que, gentilmente, a entregou na GNR local.

Soube-me bem confirmar, ao vivo, que o povo da raia e, em especial, o povo do Alentejo mantém intacta a sua profunda capacidade de ser solidário. O que designamos no jargão sócio-económico por atraso tem esta inusitada componente humana o que nos deve fazer duvidar da natureza exacta e definitiva das estatísticas. Assim haja gente.
Absorto - 1º Aniversário (15 de 17)

quarta-feira, dezembro 15

Património Imobiliário de Institutos Públicos

Era previsível. As decisões acerca do património imobiliário do Estado, em particular, envolvendo instituições prestigiadas, pela tradição e funções que desempenham, desencadeia a indignação ou, ao menos, a incomodidade da maioria dos cidadãos. Para já não falar dos respectivos dirigentes e funcionários.

O Estado não benefícia senão na justa medida em que, no curto prazo, arrecada receitas que podem ser levadas em consideração para efeitos de redução do déficit.

É evidente que nada haveria a opor se o patrimonio imobiliário em questão estivesse devoluto, fora de serviço, ou em situação que dele pudessem prescindir os serviços dos organismos públicos nele sediados.

Não é o caso da maioria dos edifícios da lista divulgada. Seja qual for a solução, atento o teor da Resolução, o Estado, a prazo, suportará encargos superiores aqueles que resultam dos benefícios desta operação. Isso parece claro e tem sido assinalado, com insistência, por todos os comentadores abalizados que se pronunciaram durante o dia de hoje.

É este o sumário da autorização referida e que foi consagrada em forma de Resolução:

“Autoriza a alienação ou a constituição de outros direitos reais ou obrigacionais sobre os bens imóveis pertencentes ao património próprio de determinados institutos públicos, bem como o posterior arrendamento desses bens imóveis pelos referidos institutos públicos e a despesa inerente”.

A mesma pode ser consultada, na íntegra, no blog especializado em questões de natureza jurídica e que aconselho Cum grano salis

Jane

O Lanche de Natal

Ontem foi o dia do lanche de Natal em casa da Teresa. Reuniu uma parte da equipa que, em 1989, levantou o projecto das escolas profissionais.

Passaram 15 anos e a equipa, embora dispersa, resiste. A parte de Lisboa que a do Porto é mais difícil de juntar. Mas todos se lembram de todos. Passados estes anos é sempre assim. Umas faltas em rotação mas a fé da Teresa remove montanhas.

Desta vez a crise política dominou os temas de conversa. Todos esperam uma nova esperança para a educação em Portugal. Soube que há ministros que continuam a encomendar diplomas para aprovar à pressa. Os técnicos aconselham cuidado mas o desespero é mau conselheiro.