Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
domingo, agosto 28
MANOEL DE BARROS
O menino que carregava água na peneira.
Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e sair
correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que
catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.
O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores
e até infinitos.
Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira
Com o tempo descobriu que escrever seria
o mesmo que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu
que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo
ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de interromper o voo de um pássaro
botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os
vazios com as suas
peraltagens
e algumas pessoas
vão te amar por seus
despropósitos
Manoel de Barros
Imagem e poema in there's only 1 alice (vale a pena conhecer)
sábado, agosto 27
Fim do Dia em Lisboa
Fim do dia em Lisboa – Fotografia de José Frade
In Olhares
Descobri a galeria de fotografias do José Frade que só pode ser aquele em quem estou a pensar. Se tenho razão foi ele que me fez o maior número de fotografias que se possa imaginar. Sem nenhuma preparação especial e, apesar disso, algumas delas muito boas.
Esta foi “surripiada” para alguém a quem um dia falei da Lisboa, à beira Tejo, no fim do dia. É divinal.
"O Mito de Sísifo"
“Setembro (1940)
Terminada a 1ª parte Absurdo (*)
O homem que destrói a sua casa, queima os seus campos e os cobre de sal para os não ceder.”
Albert Camus
“Caderno” n.º 3 (Abril de 1939/Fevereiro 1942) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).
(*) Trata-se da primeira parte de “Le Mythe de Sisyphe”. (“O Mito de Sísifo” foi publicado em Outubro de 1942).
sexta-feira, agosto 26
CAMÕES
Vale a pena ler, olhar, ver, sentir Camões no New York on Time
“Há exatamente 410 anos, em 1595, foram publicados os sonetos de Camões, 15 anos depois da morte do poeta. (…)”
Céu
“Nos céus do Monte Branco” – Fotografia de Hélder Gonçalves
Céu
O céu não existe.
Simples distância nua
onde o rumor da terra se reflecte
como o eco dum grito,
deves chamar angústia à lua
e a cada estrela um coração aflito.
Se acaso for o rastro
dalgum cometa errando
no esplendor de tanta solidão,
é o meu desespero,
Lembra-te de tudo o que mais quero
e não lhe chames astro.
Carlos de Oliveira
In “Trabalho Poético” - “Viagem Entre Velhos Papéis”
Círculo de Leitores
quinta-feira, agosto 25
CORRUPÇÃO
Paulo Morais faz afirmações à VISÃO que deveriam dar origem a um terramoto político. Mas, estejam descansados, vai ficar tudo na mesma. Nada conheço das razões do seu afastamento das listas do PSD à Câmara do Porto mas o tema abordado, na entrevista, por Paulo Morais está na origem do meu recente post “O Centro Está Cheio de Vazio”
L´Étranger
“Maio (1940)
L´Étranger está terminado.”
Albert Camus
“Caderno” n.º 3 (Abril de 1939/Fevereiro 1942) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).
(Em Março Camus tinha ido para Paris, como secretário de redacção do “Paris-Soir”. Em Maio o exército de Hitler invade a França. “O Estrangeiro” é publicado em Junho de 1942)
GAL
Do FOTOGRAFICAMENTE
'MEU NOME É GAL, TENHO 24 ANOS...'
Gal Costa era tudo de bom nessa época: linda, sensual, livre, jovem... e cantava muuuito. Estava gravando aqueles seus primeiros long plays, umas obras-primas... Ai, ai... Por que o tempo cisma em passar assim tão depressa?
(Um encantamento …)
quarta-feira, agosto 24
Floresta sem Gestor = Abandonada
Ler no Naturlink: "Um avião europeu de combate aos incêndios florestais"
«Um avião europeu? Toda a floresta portuguesa tem dono, mas só uma fracção dela tem gestor. É bom não confundir as duas coisas. A floresta que não tem gestor está abandonada e é essa floresta abandonada que está na origem do problema dos incêndios.
Carlos Rio Carvalho, Engº Silvicultor ? ERENA (24-08-2005)»
No Dias com árvores
Os Fumos dos Incêndios Florestais
Imagem MERIS obtida a 21 de Agosto
"Rastos de fumos provenientes de devastantes e incontroláveis fogos florestais de Portugal Continental espalham-se ao longo do oceano Atlântico nesta imagem do satélite Envisat obtida a 21 de Agosto."
Imagem obtida através do instrumento MERIS, o Medium Resolution Imaging Spectrometer, que se encontra a bordo do Envisat, o maior satélite de Observação da Terra europeu, a operar numa resolução espacial de 1200 metros.
CÉU
terça-feira, agosto 23
SERVIR
Fotografia de PELA LENTE
“É sempre vão pretender quebrar um laço de solidariedade, apesar da estupidez e da crueldade dos outros. Não se pode dizer: “Ignoro-o”. Colabora-se ou combate-se. Nada é menos perdoável que a guerra e o apelo aos ódios nacionais. Mas uma vez surgida a guerra, é vão e cobarde querer afastar-se a pretexto de que se não é responsável. As torres de marfim acabaram. A benevolência é interdita. Por si própria e para os outros.
Julgar um acontecimento é impossível e imoral se se está de fora. É no seio dessa absurda desgraça que se mantém o direito de a desprezar.
A reacção de um indivíduo não tem qualquer importância. Pode servir para qualquer coisa mas nada a justifica. Pretender, por diletantismo, afastar-se e separar-se do seu ambiente, é dar prova da mais absurda das liberdades. Eis porque motivo era necessário que eu tentasse servir. E se não me quiserem, é igualmente necessário que eu aceite a posição do civil desprezado. Em ambos os casos estou no centro da guerra e tenho o direito de a julgar. De a julgar e de agir.”
Albert Camus
“Caderno” n.º 3 (Abril de 1939/Fevereiro 1942) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).
(Para que se compreenda a problemática deste fragmento que muito me influenciou. Em Setembro de 1939, Camus está pronto para partir para a Grécia quando eclode a 2ª guerra mundial. Camus não quer escapar à guerra e apresenta-se como voluntário mas não é aceite devido à sua tuberculose.)
CARTA A MEUS FILHOS
Goya - 3 de Maio
CARTA A MEUS FILHOS
Os Fuzilamentos de Goya
Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso.
É possível, porque tudo é possível, que ele seja
aquele que eu desejo para vós. Um simples mundo,
onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém
de nada haver que não seja simples e natural.
Um mundo em que tudo seja permitido,
conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o vosso prazer,
o vosso respeito pelos outros, o respeito dos outros por vós.
E é possível que não seja isto, nem seja sequer isto
o que vos interesse para viver. Tudo é possível,
ainda quando lutemos, como devemos lutar,
por quanto nos pareça a liberdade e a justiça,
ou mais que qualquer delas uma fiel
dedicação à honra de estar vivo.
Um dia sabereis que mais que a humanidade
não tem conta o número dos que pensaram assim,
amaram o seu semelhante no que ele tinha de único,
de insólito, de livre, de diferente,
e foram sacrificados, torturados, espancados,
e entregues hipocritamente à secular justiça,
para que os liquidasse «com suma piedade e sem efusão de sangue.»
Por serem fiéis a um deus, a um pensamento,
a uma pátria, uma esperança, ou muitos apenas
à fome irrespondível que lhes roía as entranhas,
foram estripados, esfolados, queimados, gaseados,
e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido,
ou suas cinzas dispersas para que delas não restasse memória.
Às vezes, por serem de uma raça, outras
por serem de uma classe, expiaram todos
os erros que não tinham cometido ou não tinham consciência
de haver cometido. Mas também aconteceu
e acontece que não foram mortos.
Houve sempre infinitas maneiras de prevalecer,
aniquilando mansamente, delicadamente,
por ínvios caminhos quais se diz que são ínvios os de Deus.
Estes fuzilamentos, este heroísmo, este horror,
foi uma coisa, entre mil, acontecida em Espanha
há mais de um século e que por violenta e injusta
ofendeu o coração de um pintor chamado Goya,
que tinha um coração muito grande, cheio de fúria
e de amor. Mas isto nada é, meus filhos.
Apenas um episódio, um episódio breve,
nesta cadeia de que sois um elo (ou não sereis)
de ferro e de suor e sangue e algum sémen
a caminho do mundo que vos sonho.
Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém
vale mais que uma vida ou a alegria de tê-la.
É isto o que mais importa - essa alegria.
Acreditai que a dignidade em que hão-de falar-vos tanto
não é senão essa alegria que vem
de estar-se vivo e sabendo que nenhuma vez alguém
está menos vivo ou sofre ou morre
para que um só de vós resista um pouco mais
à morte que é de todos e virá.
Que tudo isto sabereis serenamente,
sem culpas a ninguém, sem terror, sem ambição,
e sobretudo sem desapego ou indiferença,
ardentemente espero. Tanto sangue,
tanta dor, tanta angústia, um dia
- mesmo que o tédio de um mundo feliz vos persiga -
não hão-de ser em vão. Confesso que
muitas vezes, pensando no horror de tantos séculos
de opressão e crueldade, hesito por momentos
e uma amargura me submerge inconsolável.
Serão ou não em vão? Mas, mesmo que o não sejam,
quem ressuscita esses milhões, quem restitui
não só a vida, mas tudo o que lhes foi tirado?
Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes
aquele instante que não viveram, aquele objecto
que não fruíram, aquele gesto de amor, que fariam «amanhã».
E, por isso, o mesmo mundo que criemos
nos cumpre só tê-lo com cuidado, como coisa
que não é nossa, que nos é cedida
para a guardarmos respeitosamente
em memória do sangue que nos corre nas veias,
da nossa carne que foi outra, do amor que
outros não amaram porque lho roubaram.
Jorge de Sena
segunda-feira, agosto 22
UM CRIME COM AUDIÊNCIA
Imagem de Conta Natura
Toda a gente sabia, desde há muito, que 2005 seria um ano forte de incêndios florestais. Basta saber somar 2+2. Eu próprio escrevi um artigo acerca da questão da água e da seca severa, ou extrema, que tem assolado o país e toda a Europa meridional. Nada do que está acontecer é surpresa para ninguém.
O governo entrou em funções no tempo errado para a abordagem estruturada desta questão. Não esquecer que as eleições decorreram em finais de Fevereiro e o governo iniciou funções em pleno período em que já deveria estar executado todo o programa de prevenção e em estado operacional o programa de combate aos incêndios florestais. São as questões de calendário.
Mas não são essas que me preocupam agora. O que me preocupa é, como tem sido aflorado por muita gente, o papel dos órgãos de comunicação social, em particular os canais de televisão, na informação acerca dos incêndios florestais.
Estamos a assistir, semanas a fio, a um verdadeiro crime a que ninguém tem coragem de por fim. A acção de todos os canais de televisão na transformação dos incêndios num espectáculo mediático é, pura e simplesmente, um crime.
As reportagens, sistemáticas e repetitivas, em directo, à boca da fornalha, as entrevistas com populares em pânico, a exploração das imagens dantescas do fogo a galopar a floresta, são um chamamento à faceta animalesca que o homem trás dentro de si. Geram incendiários que anseiam por produzir o seu próprio espectáculo. Degradam a auto estima das populações. Revelam o lado negro do negócio da comunicação, dominado, em exclusivo, pelas audiências, sem sentido de ética quanto mais de patriotismo.
Os juristas que façam o enquadramento legal do crime em apreço e o Estado, através dos legítimos representantes do povo, que ponha termo a este escândalo. A não ser assim um dia vamos ter um clamor em favor de uma nova censura.
domingo, agosto 21
TAVIRA
Fotografia de Hélder Gonçalves (Uma nova série de originais com os meus melhores agradecimentos)
Uma memória da minha infância, das mais antigas, passada em Tavira, a cidade mais perto do Monte da Sinagoga, a caminho de Santo Estêvão, onde nasceram os meus avós e minha mãe.
A cidade com o centro melhor preservado do Algarve e, talvez, do país.
Nas margens deste rio Gilão passei um dos maiores sustos de que me lembro na vida. Ia, a caminho da feira, de mão dada com a minha avó e, de súbito, olhei para cima e vi que caminhava de mão dada com uma desconhecida.
Tinha mudado de mão sem entender porquê. Senti-me perdido na multidão.
Fernando Pessoa - "Sítios Amigos"
Agradecendo a simpática referência de Sítios Amigos ao link para o muito eficaz
"site de poesias coligidas de F E R N A N D O P E S S O A"
"site de poesias coligidas de F E R N A N D O P E S S O A"
sexta-feira, agosto 19
FEDERICO GARCÍA LORCA
Federico García Lorca (1898 - 1936)
Em 19 de Agosto de 1936 Federico García Lorca foi assassinado pelos fascistas de Franco.
“1936 Publica Primeras Canciones. Concluye La Casa de Bernarda Alba, que no se representa hasta 1945 en Buenos Aires. participa en un homenaje a Luis Cernuda. 13 de julio: sale de Madrid hacia Granada. 18 de julio. Alzamiento militar contra el Gobierno de la República. 16 de agosto: es detenido. 19 de agosto: Federico García Lorca es asesinado en Víznar (Granada). Deja inédita e inconclusa una numerosa obra.”
MADRIGAL A CIBDA DE SANTIAGO
Chove en Santiago
meu doce amor.
Camelia branca do ar
brila entebrecida ô sol.
Chove en Santiago
na noite escrura.
Herbas de prata e de sono
cobren a valeira lúa.
Olla a choiva pola rúa,
laio de pedra e cristal.
Olla o vento esvaído
soma e cinza do teu mar.
Soma e cinza do teu mar
Santiago, lonxe do sol.
Agoa da mañán anterga
trema no meu corazón.
O Centro Está Cheio de Vazio
Pollock
(A imagem parece que não tem nada a ver com o tema!)
A direita, em Portugal, não suporta ser oposição e a esquerda não é capaz de assumir, em pleno, o governo. Duas razões empíricas: o centro político que domina o poder, desde o 25 de Abril, está enleado em negócios cinzentos (ou negros) e em cruzamentos de fretes, na atribuição de lugares e prebendas, além daquilo que a minha imaginação não alcança; por outro lado a tradição política portuguesa, dos últimos 80 anos, está marcada pela ditadura, com um cortejo inenarrável de limitações às liberdades cidadãs.
O pensamento político em Portugal oscila entre a tentação populista, fascinante para as grandes massas, e a resignação elitista, comprazida na mobilização em torno de “causas” e “valores” (sejam de “esquerda ou de “direita”).
Quem for capaz de fazer obra (pequena, média ou grande) associando realismo, iniciativa e ambição é, pura e simplesmente, eliminado. O centro político, que distribui as benesses, não admite “faltas de respeito” às regras do jogo que tudo sacrifica à defesa dos negócios que aproveitam sempre aos mesmos. Por isso não admira que os políticos “possíveis”, pois o centro não admite senão políticos “possíveis”, vacilem e caiam rapidamente às mãos daqueles que os manipulam nos bastidores com, ou sem, a sua aquiescência.
Fica assim dada uma hipótese de explicação para a insignificância aparente de Marques Mendes, para a provável disputa presidencial entre Cavaco e Soares, para a derrota (previsível) de Carrilho, para o “exílio” de Ferro na OCDE, em Paris, para as dificuldades (precoces) do governo de Sócrates, para as opções evasivas de Freitas e para o estrebuchar desesperado de Alegre.
O centro está cheio de vazio, mas é quem manda. O resto vegeta, seca ou morre à sua volta.
quinta-feira, agosto 18
O Brasileiro Assassinado Afinal Morreu Sentado?
Do Blogico - Bloody twats - the ultimate incompetence
E parece que o tal brasileiro não correu mesmo da polícia, não estava de jaqueta etc, etc, etc. Isso muda tudo. Nesse caso, esqueçam o que eu escrevi, como dizia o poeta. Muito incompetente essa polícia inglesa. Incompetência máxima. Mais incompetente ainda por ter inventado uma mentira pra encobrir tudo. Que sejam punidos até o último fio de cabelo da última pessoa responsável pela cagada toda.
Do seu canto
“Ilha Deserta” – Ao largo de Faro - Fotografia de Bel
Do seu canto
um vento súbito de oeste na tarde
quente soprando sobre o mar suave
sublima a alma das gentes do sul,
os corpos reflectem o voo das aves
rasando a maré na busca de alimentos
enquanto aqui e ali o silêncio ecoa,
é agora possível a paz que invento
entre águas límpidas, cumplicidades
e sussurros, sombras quentes e aragens,
o mar rogado não me pegou ao colo
negando tocar-me com suas mãos
entoando um cântico cantado a solo,
quieto alongo os braços ouvindo
a valsa lenta do seu enérgico rugido
trazido no vento que sopra grave
e agradeço a dádiva do seu canto
a que me faltou alcançar a glória
de partir para sempre mar afora.
In “Ir Pela Sua Mão” - Editora Ausência, 2003
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