Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
quarta-feira, dezembro 30
terça-feira, dezembro 29
PENA DE MORTE. NÃO!
Mauro Fiorese
As notícias de execuções de seres humanos, condenados à morte, sucedem-se. Assim como se sucedem as notícias acerca de erros judiciais. Portugal foi o primeiro Estado da Europa a abolir a pena de morte. A luta pela abolição da pena de morte deveria ser assumida como uma prioridade política pelos Estados civilizados. A União Europeia deveria tomar a dianteira!
.domingo, dezembro 27
Luís de Camões - Sonnets and others poems
Outra prenda, em livro, do meu filho Manuel, sabendo do meu gosto: “Luís de Camões – Sonnets and others poems”, edição bilingue, tradução e introdução de Richard Zenith.
Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar-me, e novas esquivanças;
que não pode tirar-me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que n´alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e doi não sei porquê.
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Let Love devise new ways, new wiles
to kill me, and new forms of disdain;
he´ll take away no hope of mine,
since he can´t take what I don´t have.
Look at the hopes that hold me up!
See how precarious my defenses!
For I, not fearing reverses or changes,
am tossed by the sea, having lost my ship.
Though disappointment can´t exist
where there´s no hope, there Love has hidden
a bane that kills and remains unseen,
for he placed in my soul some time ago
I don´t know what, nor where it was born,
nor how it got there, nor why it aches.
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PEDAÇOS D´ONTEM
Da Isabel uma outra prenda, em forma de livro, de Lina Vedes: PEDAÇOS D´ONTEM. Um conjunto de crónicas/memórias extraordinárias acerca da minha cidade de Faro, sua vida e suas gentes.
.sexta-feira, dezembro 25
NÚPCIAS, O VERÃO
A Bel ofereceu-me um livro que encontrou num alfarrabista no Rio de Janeiro: “Núpcias, O Verão”, de Albert Camus, obra de juventude, escrita em 1936/37. Deve ser a única edição publicada, com tradução em português, desta obra de juventude do autor de A Peste. A edição, da “Nova Fronteira”, é de 1979 e a tradução, de Vera Queiroz da Costa e Silva, parece-me bastante boa. Por este Natal, no Algarve, debaixo de chuva inclemente, deixo um excerto do capítulo “As amendoeiras”: (…) A primeira coisa é não desesperar. Não prestemos ouvidos demasiadamente àqueles que gritam, anunciando o fim do mundo. As civilizações não morrem assim tão facilmente; e mesmo que o mundo estivesse a ponto de vir abaixo, isso só ocorreria depois de ruírem outros. É bem verdade que vivemos numa época trágica. Contudo, muita gente, confunde o trágico com o desespero. “O trágico”, dizia Lawrence, “deveria ser uma espécie de grande pontapé dado na infelicidade”. Eis um pensamento saudável e de aplicação imediata. Hoje em dia, há muitas coisas que merecem esse pontapé.
quinta-feira, dezembro 24
terça-feira, dezembro 22
Romy Schneider
Sempre gostei muito dela e esta notícia, inesperada, ainda mais me faz gostar. Confirma aquele sentimento difuso, que sempre nutri, de que por detrás da sua imagem havia algo para além do estereótipo de uma estrela de cinema. Estas pequenas notícias ajudam-nos a compreender como é complexo o processo do julgamento dos outros pela imagem que deles fazemos. Os bons nem sempre são o que parecem. Os maus nem sempre parecem o que são. Nem os bonitos. Nem os feios. Nem a luz que se derrama sobre certas imagens as faz luzir mais. Nem a obscuridade que se abate sobre certas personagens as faz luzir menos.
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Sublinhados da leitura de juventude dos Cadernos de Albert Camus (VI)
Palante diz com razão que se há uma verdade una e universal a liberdade não tem razão de ser.
Mas ninguém é culpado absolutamente, não se pode pois condenar ninguém absolutamente. Ninguém é absolutamente culpado. I) aos olhos da sociedade 2) aos olhos do indivíduo.
Sócrates atingido por um pontapé. "Se um burro me tivesse batido iria porventura apresentar queixa?" (Diógenes Laércio, II, 2I)
Para Schopenhaurer : a existência objectiva das coisas, a sua "representação" é sempre agradável, ao passo que a existência subjectiva, é sempre dor.
"Todas as coisas são belas à vista e terríveis no seu ser, donde a ilusão, tão corrente e que sempre me impressiona, da unidade exterior da vida dos outros."
Problema da transição. Deveria a Rússia passar pelo estádio da revolução burguesa e capitalista, como o exigia a lógica da história? Neste ponto só Tkatchev* (com Netchaev e Bakunine) é o predecessor de Lénine. Marx e Engels eram mencheviques. Eles só tinham em vista a revolução burguesa futura.
As constantes discussões dos primeiros marxistas sobre a necessidade do desenvolvimento capitalista da Rússia e a sua tendência para acolherem esse desenvolvimento. Tikhomirov, velho membro do partido da vontade do povo, acusa-os de se fazerem "os paladinos das primeiras capitalizações."
Finalmente, é a vontade do proletariado que transforma o mundo. Há por conseguinte verdadeiramente no marxismo uma filosofia existencial que denuncia a mentira da objectivação e afirma o triunfo da actividade humana.
Em russo volia significa igualmente vontade e liberdade.
Pergunta dirigida ao marxismo:
“A ideologia marxista será o reflexo da actividade económica, como todas as outras ideologias, ou pretenderá descobrir a verdade absoluta, independente das formas históricas da economia e dos interesses económicos”. Por outras palavras será um pragmatismo ou um realismo absoluto?
Lénine afirma o primado do político sobre o económico (a despeito do marxismo).
Lucaks: O sentido revolucionário é o sentido da totalidade. Concepção do mundo total em que a teoria e a prática são identificadas.
Sentido religioso segundo Bardiaev.
(Andava eu, certamente, a ler Lucaks)
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*Piotr Nikitich Tkatchev (1844-1886) – filósofo russo.
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Extractos, in "Cadernos" (1964-Editions Gallimard), Colecção Miniatura das Edições "Livros do Brasil", Caderno nº5 (Setembro de 1945/ Abril de 1948).
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segunda-feira, dezembro 21
COPENHAGA - UMA SÍNTESE DA DESILUSÃO
Desilusão e falhanço são certamente as palavras mais usadas: um acordo climático não vinculativo foi o máximo que a cimeira de Copenhaga conseguiu depois de 13 dias de negociações e de uma maratona final de 24 horas.
Sobre o tema “aquecimento global”, balanço entre as desconfianças daqueles que duvidam da cientificidade do drama – a que o “climategate” acabou por dar um bocado substancial de razão – e as evidências que nos rodeiam com a decorrente necessidade de “fazer qualquer coisa”.
Parece, no entanto, que os senhores que estiveram em Copenhaga não tinham duvidas: o “aquecimento global”, para eles, é grave e perigoso.
A ser como dizem que é, continua a ameaçar o planeta e o futuro dos nossos filhos. É óbvio, portanto, que aqueles pais que estiveram a debater na Dinamarca nem com os próprios filhos se preocupam.
Vão preocupar-se com “os outros”?
Podemos confiar em gente assim?
Não. Nem pensar nisso. Mas são eles que governam o Mundo. E na maioria dos casos fomos nós que os elegemos.
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A DERROTA DE COPENHAGA
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sábado, dezembro 19
6 ANOS. DEIXAR UMA MARCA ...
Fotografia de Helder Gonçalves
Seis (6) anos. É quanto dura este blogue. Assinalo a efeméride porque gosto de efemérides. Não vou aceitar a ilusão de explicar as razões da persistência. Porquê manter esta janela aberta? Seria como tentar explicar a razão da passagem do tempo. Busco ideias (vagas) acerca das razões de tudo. Mas quase tudo acontece fora das razões que busco. São dois tempos que nunca se encontram. O nosso e o que marca o que nos rodeia. Nós, por dentro, fragmentados. Os outros, vistos de fora, coesos. Prossigamos, então … Com o mesmo programa do dia inaugural.
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sexta-feira, dezembro 18
UMA LEI JUSTA
Nos meus tempos de juventude, vividos na cidade de Faro, havia um só homossexual assumido e conhecido de toda a gente. Era uma luta desigual. Lembro-me que sentia um misto de pena e admiração por ele. Afrontava todas as humilhações sem virar a cara. Se for vivo, por estes dias, sentir-se-á, certamente, vingado. Não tenhamos medo das leis que contribuem para eliminar todo e qualquer tipo de opróbrio:
1. Proposta de Lei que permite a realização do casamento civil entres pessoas do mesmo sexo
Esta Proposta de Lei, a submeter à Assembleia da República, em cumprimento do Programa do Governo, visa remover as barreiras jurídicas à realização do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, colocando fim a uma velha discriminação e constituindo mais um passo na consagração de uma sociedade mais tolerante e mais justa, com mais igualdade para todos.
Esta iniciativa legislativa inscreve-se num movimento legislativo mais amplo que, desde há algum tempo, vem promovendo uma sistemática reavaliação do nosso ordenamento jurídico, no sentido de combater as situações de discriminação dos homossexuais. Desse movimento sublinha-se a proibição de qualquer discriminação em razão da orientação sexual, introduzida na revisão constitucional de 2004, como corolário do princípio da igualdade.
Passos idênticos têm vindo a ser dados em vários outros países – com destaque para a nossa vizinha Espanha, a Holanda, a Bélgica, a Suécia, a Noruega, a África do Sul e o Canadá, para além de alguns Estados dos Estados Unidos da América. Todas essas experiências, naturalmente ainda recentes, confirmam que esta proposta legislativa em nada contribui para diminuir o valor social da família e, pelo contrário, ao eliminar uma restrição discriminatória, tem o sentido de valorizar e promover o acesso ao casamento civil e à constituição da família, na sua diversidade.
Assim, esta Proposta de Lei elimina das disposições relevantes do Código Civil as referências que supõem tratar o casamento necessariamente como contrato entre pessoas de sexo diferente, exercício que implica modificar a redacção dos Artigos 1577.º, 1591.º e 1690.º, bem como eliminar a alínea e) do Artigo 1628.º do referido Código.
Neste contexto, este diploma diz apenas respeito ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e não à adopção, que é questão bem distinta. Assim, esta Proposta de Lei afasta, clara e explicitamente, a possibilidade das alterações agora introduzidas no regime do acesso ao casamento se repercutirem em matéria de adopção.
quinta-feira, dezembro 17
Sublinhados da leitura de juventude dos Cadernos de Albert Camus (V)
Nestes sublinhados omito, pela primeira vez, dois excertos de diálogos que viriam a integrar a futura peça de teatro "Os Justos". Mantive, no entanto, um excerto dos diálogos preparatórios da mesma.
Há quem se remanseie numa mentira como os que se refugiam na religião.
(Esta frase sublinhada faz parte de um texto longo, que não transcrevo na íntegra, no qual, à margem, escrevi à mão: "cuidado!")
Conheço-me bem de mais para crer na virtude completamente pura.
O problema mais sério que se põe aos espíritos contemporâneos: o conformismo.
O grande problema da vida é saber como viver entre os homens.
(Apresenta uma nota de pé de página onde se lê: "No manuscrito, encontra-se entre parênteses: A.F.")
Grenier. "Sou um homem que não crê em nada e que não ama ninguém, pelo menos no âmago. Há em mim um vazio, um deserto horrível..."
Marc condenado à morte na prisão de Loos. Recusa que lhe tirem os ferros durante a Semana Santa para se parecer mais com o seu Salvador. Antigamente, disparava contra os crucifixos nas estradas.
Cristãos felizes: Guardaram a graça para si próprios e deixaram-nos a caridade.
Peça.
D. - O que há de triste, Yanek, é que tudo isto nos envelhece. Nunca mais, nunca mais seremos crianças. Podemos morrer desde este instante, já esgotámos o homem (o homicídio, é o limite.)
- Não, Yanek, se a única solução é a morte, então não seguimos a boa via. A boa via é a que leva à vida.
- Tomámos sobre nós o mal do mundo, é um orgulho que será castigado.
- Passámos dos amores infantis a essa inicial e derradeira amante que é a morte. Andámos depressa de mais. Não somos homens.
(Este excerto é o único que transcrevo daqueles que sublinhei dos textos preparatórios da peça de teatro "Os Justos". Esta peça foi concluída, após uma viagem à América Latina, no Verão de 1949, estando Camus gravemente doente. Nela é abordada a questão, fundamental para Camus, da violência política cujo debate requer, em qualquer circunstância, um adequado enquadramento filosófico e histórico.)
Miséria deste século. Ainda não há muito tempo eram as más acções que precisavam de ser justificadas, hoje são as boas.
A solidão perfeita. No urinol de uma grande estação à uma hora da manhã.
(Contém uma nota de pé de página onde se escreve. "Esta observação foi acrescentada à mão sobre a primeira redacção à máquina").
Bayle :pensamentos diversos sobre o cometa.
"Não de deve julgar a vida de um homem nem pelas suas crenças nem pelo que publica nos livros."
"Como fazer compreender que uma criança pobre pode ter vergonha sem ter inveja"
(Clara referência à infância pobre do próprio Camus.)
Vigny (correspondência): " A ordem social é sempre má: de tempos a tempos é apenas suportável. Do mau ao suportável, a disputa não vale uma gota de sangue". Não, o suportável merece, se não o sangue, pelo menos o esforço de uma vida inteira.
Misantropo em grupo, o individualista perdoa ao indivíduo."
Sait-Beuve: "Sempre acreditei que se as pessoas dissessem o que pensam durante um só minuto a sociedade ruiria."
Extractos, in "Cadernos" (1964-Editions Gallimard), Colecção Miniatura das Edições "Livros do Brasil", Caderno nº5 (Setembro de 1945/ Abril de 1948).
ABALO DE TERRA DE GRAU 6 (AO LARGO DO CABO DE S. VICENTE)
Confirma-se: sismo de magnitude 6 ao largo do Cabo de S. Vicente (SIC - noticiário das 2,00h), no Algarve. É incrível mas os sites da LUSA e do Instituto de Meteorologia estão em baixo.
António Barreto: "Tínhamos melhor justiça no regime anterior"
António Barreto acerca da justiça: o problema é que no anterior regime, ou seja na ditadura, a justiça era melhor salvo as excepções! O problema é que a opinião de Barreto nos poderá levar a sustentar a seguinte tese: no anterior regime era tudo melhor, salvo a falta de liberdade! Mas a liberdade, que Barreto parece supor que está adquirida para sempre, é a mais dolorosa conquista do homem em sociedade e a mais preciosa garantia do exercício da justiça. Não há verdadeira justiça sem liberdade. Barreto desliza, perigosamente, para menosprezar o valor da liberdade. Estou contra!
Para A Regra do Jogo
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quarta-feira, dezembro 16
EU CONHEÇO UM PAÍS ...
Daqui
Nicolau Santos, Director - adjunto do Jornal Expresso, In Revista "Exportar"
Eu conheço um país que tem uma das mais baixas taxas de mortalidade mundial de recém-nascidos, melhor que a média da UE.
Eu conheço um país onde tem sede uma empresa que é líder mundial de tecnologia de transformadores.
Eu conheço um país que é líder mundial na produção de feltros para chapéus.
Eu conheço um país que tem uma empresa que inventa jogos para telemóveis e os vende no exterior para dezenas de mercados.
Eu conheço um país que tem uma empresa que concebeu um sistema pelo qual você pode escolher, no seu telemóvel, a sala de cinema onde quer ir, o filme que quer ver e a cadeira onde se quer sentar.
Eu conheço um país que tem uma empresa que inventou um sistema biométrico de pagamento nas bombas de gasolina.
Eu conheço um país que tem uma empresa que inventou uma bilha de gás muito leve que já ganhou prémios internacionais.
Eu conheço um país que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial, permitindo operações inexistentes na Alemanha, Inglaterra ou Estados Unidos.
Eu conheço um país que revolucionou o sistema financeiro e tem três Bancos nos cinco primeiros da Europa.
Eu conheço um país que está muito avançado na investigação e produção de energia através das ondas do mar e do vento.
Eu conheço um país que tem uma empresa que analisa o ADN de plantas e animais e envia os resultados para toda a EU.
Eu conheço um país que desenvolveu sistemas de gestão inovadores de clientes e de stocks, dirigidos às PMES.
Eu conheço um país que tem diversas empresas a trabalhar para a NASA e a Agência Espacial Europeia.
Eu conheço um país que desenvolveu um sistema muito cómodo de passar nas portagens das auto-estradas.
Eu conheço um país que inventou e produz um medicamento anti-epiléptico para o mercado mundial.
Eu conheço um país que é líder mundial na produção de rolhas de cortiça.
Eu conheço um país que produz um vinho que em duas provas ibéricas superou vários dos melhores vinhos espanhóis.
Eu conheço um país que inventou e desenvolveu o melhor sistema mundial de pagamento de pré-pagos para telemóveis.
Eu conheço um país que construiu um conjunto de projectos hoteleiros de excelente qualidade um pelo Mundo.
O leitor, possivelmente, não reconheceu neste país aquele em que vive... PORTUGAL.
Mas é verdade.Tudo o que leu acima foi feito por empresas fundadas por portugueses, desenvolvidas por portugueses, dirigidas por portugueses, com sede em Portugal, que funcionam com técnicos e trabalhadores portugueses.
Chamam -se, por ordem, Efacec, Fepsa, Ydreams, Mobycomp, GALP, SIBS, BPI, BCP, Totta, BES, CGD, Stab Vida, Altitude Software, Out Systems, WeDo, Quinta do Monte d'Oiro, Brisa Space Services, Bial, Activespace Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace, Skysoft, Portugal Telecom Inovação, Grupos Vila Galé, Amorim, Pestana, Porto Bay e BES Turismo.
Há ainda grandes empresas multinacionais instalada no País, mas dirigidas por portugueses, com técnicos portugueses, de reconhecido sucesso junto das casas mãe, como a Siemens Portugal, Bosch, Vulcano, Alcatel, BP Portugal e a Mc Donalds (que desenvolveu e aperfeiçoou em Portugal um sistema que permite quantificar as refeições e tipo que são vendidas em cada e todos os estabelecimentos da cadeia em todo o mundo).
É este o País de sucesso em que também vivemos, estatisticamente sempre na cauda da Europa, com péssimos índices na educação, e gravíssimos problemas no ambiente e na saúde... do que se atrasou em relação à média UE...etc.
Mas só falamos do País que está mal, daquele que não acompanhou o progresso.
É tempo de mostrarmos ao mundo os nossos sucessos e nos orgulharmos disso.
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terça-feira, dezembro 15
segunda-feira, dezembro 14
Sublinhados da leitura de juventude dos Cadernos de Albert Camus (IV)
Os meus sublinhados de leitura saltam, por razões que não sou capaz de explicar, para o Caderno nº5.
Em Junho de 1947 Camus abandona a redacção do jornal “Combat” e no dia 10 de Junho, desse ano, é publicado o romance "A Peste" que o torna célebre o que, sem dúvida, explica a reflexão acerca do êxito que percorre alguns destes excertos. Repare-se, por outro lado, como o tema do terrorismo é antigo na acção política, na doutrina e no debate. Nos meus sublinhados verifico a curiosidade de ter colocado entre aspas a frase "A adversidade é necessária". Um sublinhado do sublinhado.
O ar de pobres diabos que têm as pessoas nas salas de espera dos médicos.
Conversações com Koestler *. O fim não justifica os meios senão quando a ordem de grandeza recíproca for razoável. Ex: Posso mandar Saint-Exupéry em missão mortal para salvar um regimento. Mas não posso deportar milhões de pessoas e suprimir toda a liberdade por um resultado quantitativo equivalente e estipular previamente o sacrifício de três ou quatro gerações.
- O génio: Não existe.
- A grande miséria do criador começa quando se lhe reconhece talento (Já não tenho coragem de publicar os meus livros).
1947
Como todos os fracos, as suas decisões eram brutais e de uma firmeza insensata.
Que vale o homem? Que é o homem? Depois de tudo o que vi, enquanto viver, hei-de ficar sempre com uma desconfiança e uma inquietação fundamental a seu respeito.
Terrorismo.
A grande pureza do terrorista estilo Kaliayev é que para ele o homicídio coincide com o suicídio (cf. Savinkov**: Recordações de um terrorista). Uma vida paga-se com outra vida. O raciocínio é falso, mas respeitável. (Uma vida ceifada não vale uma vida dada.) Hoje o homicídio por procuração. Ninguém paga.
1905 Kaliayev: o sacrifício do corpo. 1930: o sacrifício do espírito.
Que é impossível, a respeito de quem quer que seja, dizer que é absolutamente culpado e, por conseguinte, impossível pronunciar um castigo total.
25 de Junho de 1947
Tristeza do êxito. A adversidade é necessária. Se tudo me fosse mais difícil, como dantes, teria mais direito a dizer o que digo. O que vale é que posso ajudar muitas pessoas - entretanto.
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* O diálogo mantido com o anti-estalinista Koestler levou, em 1957, à co-publicação de “Reflexões sobre a pena capital”.
** Boris Viktorovitch Savinkov (1879-1925). “Recordações de um terrorista” (Payot -1931). O lema “uma vida por uma vida” resume a moral de Kaliayev em “Os Justos”.
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Extractos, in "Cadernos" (1964-Editions Gallimard), Colecção Miniatura das Edições "Livros do Brasil", Caderno nº5 ( Setembro de 1945/ Abril de 1948).
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