domingo, março 7

AS SETE MARAVILHAS NATURAIS DE PORTUGAL



Parque Natural da Ria Formosa

É difícil escolher, entre vinte e uma, as sete maravilhas naturais de Portugal. A escolha, está bem de ver, é difícil. A minha escolha, absolutamente subjectiva, está estampada na fotografia. Nasci e vivi a minha infância com a beleza da Ria Formosa entrando-me pelos olhos e enchendo-me os sentidos. Votação aqui.


sexta-feira, março 5

A PERFEIÇÃO DO NADA


















Fotografia de Hélder Gonçalves

Um poeta morre e os jornais choram,
soluçam os amigos do homem e aquela
que o amou e as que não o esqueceram.
Alcançou enfim a eternidade, ele. Tanto
lhe faz já este ano ou o próximo, os vinte
séculos da nossa civilização ou o fim dela
e de nós todos. Agora ele senta-se à beira
das florestas irreais do sonho, perto dos
lagos. O conceito de tempo é-lhe inacessível,
já não limita a sua ideia do real. Deixou-nos
as palavras arrumadas nos livros, trabalho
ou prazer apurados. Contou-nos episódios
da sua experiência, mesmo quando nada
tinham a ver com a sua biografia real. Não
há nada mais irrisório do que aspirar a
escrever um poema sobre o poeta
que acaba de morrer. O tempo, só ele,
o ressuscitará, antes de deixá-lo de novo
esquecido na poeira dos séculos. Inexistente
o que um dia existiu. De que serve os
outros falarem de nós? Viver e construir
a nossa morte com sabedoria. Só isso
conta. Será verdade que as palavras
deixaram de cumprir o seu dever? Pode
não ser. No mundo que o poeta organizou
pedaços de si foram-nos legados como aviso
e consolação. Agora, depois dos últimos
dias de sofrimento, o poeta descansa enfim
em paz, longe do desejo e do remorso.
Atingiu a perfeição insensível do nada.

João Camilo, in “A Ambição Sublime”, Fenda
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quinta-feira, março 4

No quiero que se muera.

O sacrifício de Guillermo Fariñas tem feito com que desfile no meu pensamento um tema predilecto de Camus: “Revolta. Liberdade em relação à morte. Já não há outra liberdade possível em face da liberdade de matar além da liberdade de morrer, quer dizer, a supressão do medo da morte e a arrumação desse acidente na ordem das coisas naturais. Esforçar-me por isso.” (In Caderno nº5).
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segunda-feira, março 1

A FÚRIA DO VENTO

David H. Gibson

Sábado passado na hora do vendaval maior fui à janela chamado pela fúria do vento. Vi um homem seco aventurar-se a pé ao passeio de sábado. De repente caiu a uma rajada mais forte. O boné foi levado pelo vento. Não havia ninguém em volta. Saí porta fora em seu auxílio. Quando cheguei perto dele já lá estavam três pessoas. Foi levado ao colo para a farmácia ali a dois passos. Não conseguia andar. Sentou-se e amaldiçoou a sua sorte. A dor na perna era o menos. O que temia era a reprimenda da filha que o não queria deixar sair a pé. O Sr. António tem 98 anos e no próximo dia 25 de Abril fará 99. Soube da sua boca, sentado e sem perder a lucidez nem o espírito de humor. Quem havia de dizer! O pessoal da farmácia chamou o 112. A filha apareceu de seguida e logo o genro. Procurei o boné mas não o encontrei. O pessoal do 112 não tardou. Foi atencioso e resolveu que era melhor levar o Sr. António ao hospital de Santa Maria. Acomodado na maca seguiu acompanhado. No dia seguinte, para surpresa minha, deparei-me com um boné depositado à saída de casa. Era o boné do Sr. António. Se tudo tiver corrido bem no hospital fiz prova que a solidariedade existe e se recomenda.

domingo, fevereiro 28

Angel di Maria

Tenho para mim que vale pena dedicar hoje umas linhas ao Benfica de ontem e ao artífice do seu sucesso.  Já repararam que no meio das intempéries das desgraças e das crises o futebol mesmo também em crise não pára. Ainda me lembro quando em Portugal os jogos se jogavam aos domingos à tarde libertos da tirania das receitas da TV e começavam todos, em simultâneo, sempre às 3 da tarde. Era um dos poucos exemplos nacionais de pontualidade uma herança que vinha das ilhas britânicas como o próprio jogo. Mas o Benfica de ontem à chuva confirmou uma expectativa que nos faz também regressar, tal como a pontualidade no horário dos jogos, aos velhos tempos. O Benfica pode mesmo vir a ser campeão mas desta vez a sua mais valia não é originária das colónias mas do mercado sul-americano. Já me tinha dado conta, apesar de todas as oscilações, mas é provável que o Benfica disponha entre os seus de um dos jogadores mais valiosos do futebol mundial: Angel di Maria. O futuro o dirá.
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quinta-feira, fevereiro 25

SPORTING ... FINALMENTE!

O Sporting desta noite merece uma referência especial e um aplauso. Não sei se foi uma redenção ocasional ou o anúncio de uma fase positiva numa época tão conturbada. Ver-se-á no jogo seguinte com o F.C. Porto. Mas derrotar, de forma categórica, o Everton que derrotou recentemente os colossos do futebol inglês é obra.
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CUBA: CONDENAR A TIRANIA

É um facto incompreensível, ou talvez não, que a morte de um preso politico em Cuba, mereça tão pouca atenção em Portugal. É estranho. Será porque uma parte dos defensores da liberdade em Portugal são simpatizantes da ditadura em Cuba? Uma contradição? Coisa de somenos!Chafurdando nas sarjetas  lutam, quase todos, pela sobrevivência económica a pretexto das ameaças à liberdade em Portugal. A condenação das verdadeiras tiranias é um pormenor deixado ao cuidado dos ingénuos! [Imagem daqui.]
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PARECE QUE HÁ QUEM SE PREOCUPE!
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Orlando Zapata Tamayo, operário, de 42 anos, pensava diferentemente do que pensa o seu governo. E dizia-o, o que, em Cuba (e não só), é coisa particularmente perigosa. Foi detido com outros activistas dos direitos humanos em 2003 e condenado a três anos de prisão por "desobediência", entretanto multiplicados por 12 (36 anos!) por persistir em "desobedecer" mesmo preso.

Morreu ontem, após 85 dias de greve de fome em protesto pelas torturas de que era vítima na prisão. Era um dos muitos presos de consciência que, segundo a AI, apodrecem em cadeias cubanas. A mãe, a quem foi entregue o corpo, conta que tinha as costas "tatuadas de pancada". Cuba é um problema que, como muita gente da minha geração, tenho comigo mesmo. Nos anos 60, quando o pesadelo soviético era mais que evidente, a Revolução Cubana iluminou de súbito o nosso sonho de uma sociedade livre e igualitária, e tanto desejámos esse sonho que aceitámos qualquer desculpa para as suas traições. Acordámos dele a custo para descobrir, como Sam Spade em "O falcão de Malta", de Dashiell Hammett, que é chumbo a matéria de que são feitos os sonhos.
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A revolução cubana ao contrário. AUDIO.
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Quién mató a Orlando Zapata?
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Mataram Zapata
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terça-feira, fevereiro 23

CONTRA FACTOS, A NARRATIVA


Marina Edith Calvo

Acho, tenho a firme convicção, que a maioria dos políticos, gestores, dirigentes, cidadãos activos, em todos os campos ideológicos, partidários ou profissionais, são pessoas normais que, no contexto em que lhes é dado trabalhar, dão o melhor que podem e sabem para cumprir com o seu dever. Para além das notícias do dia (as notícias do dia nascem onde?) no quotidiano das nossas sociedades circulam milhões de mensagens, trocam-se milhões de palavras, admiram-se milhões de imagens, iluminam-se rostos, abrem-se sorrisos, sofrem-se dores, movem-se corpos, ardem os desejos, saram as feridas, trabalha-se, estuda-se, reflecte-se, decide-se, ganha-se e perde-se, um novelo complexo de relações e, no entanto, as notícias do dia continuam a obedecer a critérios editoriais, fontes, mãos, ouvidos e recados. Os factos deveriam contar mais do que tudo o resto, situados no seu contexto, contribuindo para valorizar ou desvalorizar os seus protagonistas. Mas Contra factos, a narrativa
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TRANSPARÊNCIA E PARTICIPAÇÃO PÚBLICA


A TRAGÉDIA NÃO SE ESCONDE


Perante a tragédia que põe a nu as fragilidades do modelo de desenvolvimento da Madeira, tema quase proibido, emerge o Portugal solidário. Suspendem-se as hostilidades políticas que encheram horas nos noticiários dos últimos tempos. A Madeira terá todo o apoio de que necessitar, apoio político e recursos materiais e financeiros, nacionais e comunitários, necessários a uma rápida reparação dos efeitos da tragédia. O continente não regateia meios no apoio à Madeira e os “cubanos” choram a morte dos seus irmãos madeirenses. Mas na Madeira o líder do governo – sem escândalo dos aprendizes/defensores da liberdade de imprensa – apela à contenção da comunicação social, subliminarmente auto censura, esquecendo que as notícias para a média das democracias liberais dependem tão só da importância dos acontecimentos.
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domingo, fevereiro 21

MADEIRA

Eu vi este jogo do Real Madrid. Cristiano Ronaldo foi o mais influente e o melhor de todos os protagonistas. E o seu gesto de solidariedade com a Madeira foi, certamente, o mais visto de todos os gestos de solidariedade. [AQUI]
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O DESASTRE DA MADEIRA

O desastre natural na Madeira aplacou as fúrias políticas. Estamos todos de acordo em sair em socorro de uma parcela do país que sofre. O debate acerca do orçamento da Madeira foi levado na enxurrada. Ironia triste: logo após o carnaval o discurso da tragédia sobrepõe-se ao discurso da comédia. O dircurso da solidariedade sobrepõe-se ao discurso do confronto.
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