Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
quinta-feira, novembro 11
quarta-feira, novembro 10
terça-feira, novembro 9
domingo, novembro 7
sábado, novembro 6
sexta-feira, novembro 5
quinta-feira, novembro 4
quarta-feira, novembro 3
Configuration Dance Theatre
O sentido de voto do PSD, com mais ou menos retórica, mais ou menos negociação, conforme previsto.
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terça-feira, novembro 2
segunda-feira, novembro 1
sábado, outubro 30
CHICO BUARQUE & MILTON NASCIMENTO
O mais importante acontecimento por estes dias é a eleição presidencial no Brasil. Amanhã o povo brasileiro votará, numa segunda volta, por Dilma ou Serra. Os conservadores brasileiros, de todas as cores, temem que seja demasiado tempo de “Lulismo”, ou seja, de governo de esquerda. Quando Lula foi eleito pela primeira vez as mesmas vozes anunciavam o “fim do mundo”. Lula afirmou-se, afinal, um político moderado e um estadista respeitado em todo o mundo. Nestas eleições as sondagens dizem que será Dilma a vencedora, ou seja a esquerda, mas em democracia, como dizia o outro, prognósticos só fim do jogo.
quinta-feira, outubro 28
quarta-feira, outubro 27
segunda-feira, outubro 25
sábado, outubro 23
HOMENAGEM AO PAPAGAIO VERDE
Fotografia de Hélder Gonçalves
[Encontrei, um dia destes, na livraria do Publico, o último exemplar à venda de Homenagem ao Papagaio Verde e outros contos de Jorge de Sena. Homenagem ao Papagaio Verde é um dos textos mais notáveis que alguma vez me foi dado ler.]
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Um dia, quando, arquejante da rua e das escadas, cheguei à varanda, o Papagaio Verde estava inerte no canto da gaiola, com o bico pousado no chão. Peguei-lhe, aspergi-o com água, sacudi-o, com a mão auscultei-o longamente. Não morrera ainda. Levei-o para a sala, deitei-o nas almofadas, puxei a cadeira para junto do piano, e, enquanto com os dedos da mão esquerda lhe apertava a pata, toquei só com a direita a música de que ele gostava mais. As lágrimas embaciavam-me as teclas, não me deixavam ver distintamente. Senti que os dedos dele apertavam os meus. Ajoelhei-me junto da cadeira, debruçado sobre ele, e as unhas dele cravaram-se-me no dedo. Mexeu a cabeça, abriu para mim um olho espantado, resmoneou ciciadas algumas sílabas soltas. Depois, ficou imóvel, só com o peito alteando-se numa respiração irregular e funda. Então abriu descaidamente as asas e tentou voltar-se. Ajudei-o, e estendeu o bico para mim. Amparei-o pousado no braço da cadeira, onde as patas não tinham força de agarrar-se. Quis endireitar-se, não pôde, nem mesmo apoiado nas minhas mãos. Voltei a deitá-lo nas almofadas, apertou-me com força o dedo na sua pata, e disse numa voz clara e nítida, dos seus bons tempos de chamar os vendedores que passavam na rua: - Filhos da puta! – Eu afaguei-o suavemente, chorando, e senti que a pata esmorecia no meu dedo. Foi a primeira pessoa que eu vi morrer.
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