Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
quinta-feira, agosto 17
HOJE REGRESSADO DE VISITA AO MINHO- OBRIGADO DULCE E ZÉ
Os combates feudais não puseram em causa o traçado da fronteira entre Portugal e a Galiza que, por consenso largamente aceite, seguia o curso do rio Minho e, mais para leste, o do rio Lima. (...) antes de meados do século XII, Portugal já era considerado um “reino”, o que significa, pelo menos, que tinha um território próprio.
Apesar disso, Afonso Henriques não desistiu facilmente de incorporar no seu reino os condados do Sul da Galiza. Em 1140, voltaria a tentar apoderar-se do território de Toroño, e na década de 1160 retomaria as suas pretensões sobre os distritos de além-Minho, conseguindo, até, uma posição de supremacia que o então rei de Leão Fernando II teve dificuldade em abalar, até que a conjuntura se alterou para sempre devido ao “infortúnio” de Badajoz.
In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”9. “A homenagem a Afonso VII”, pg. 104
terça-feira, agosto 15
15 agosto de 1109 - nasce D. Afonso Henriques
“Em 1109, nasce, pois, um menino, primeiro filho da condessa D. Teresa e do conde D. Henrique. Estava ligado por laços hereditários à família régia de Leão e Castela.” (…). “Os escribas do conde D. Henrique e da condessa D. Teresa quase nunca se esqueciam, nos seus diplomas, de recordar que ela era filha do “grande” rei Afonso; os de Afonso Henriques, sobretudo os primeiros, lembravam que ele era neto do mesmo rei; e por volta dos anos 1185-1190 o cónego de Santa Cruz de Coimbra que redigiu os Anais de D. Afonso, Rei dos Portugueses referia-se ainda a ele como ”o grande imperador da Hispânia D. Afonso”” (…). “Em 1109, ano de nascimento de Afonso Henriques, havia, sem dúvida, quem não esquecesse a humilhante derrota sofrida pelo mesmo rei em 1085, na Batalha de Zalaca, contra as tropas almorávidas, nem, nos anos seguintes, a perda de muitas outras cidades importantes da fronteira; mas o ambiente de angústia pelo risco de perder um esplendor tão elevado contribuía, até, para engrandecer a sua memória. Afonso Henriques ficou para sempre ligado a essa referência. Considerava-se, por transmissão materna, como o legítimo herdeiro de um avô glorioso, cuja memória tinha obrigação de honrar, procurando imitar os seus feitos. Era reconhecido como tal pelos seus súbditos”. In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, “1. A Juventude de um predestinado” – "O quadro familiar: o avô", pg. 18/19. (2)
sábado, agosto 12
JORNADAS
No rescaldo das jornadas da juventude é uma alegria olhar para a opinião de muitos dos comentadores encartados da direita (quase a totalidade dos comentadores!). Mostram em regra a sua satisfação com Francisco como se nunca tiverem lido as suas Encíclicas ou ouvido os seus sermões, mesmo os das jornadas. É uma muito curiosa fuga para a frente, fazem-se desentendidos, enfim...
quarta-feira, agosto 9
segunda-feira, agosto 7
FUTEBOL
Os negócios do futebol profissional ressoam a sujidade, opacidade, enriquecimento ilícito. Tanto que gosto jogo, nada da envolvente do jogo.
quinta-feira, agosto 3
FRANCISCO
As notícias estão submersas, como seria de esperar, pelas jornadas da juventude e nelas pela figura do Papa Francisco. A sua presença e discurso transmitem uma energia de vida inesperada para os incautos e uma poderosa mensagem de abertura à diferença desde que, sem preconceitos, lhe prestemos atenção. Não é por acaso que os partidos de extrema direita, populistas, se afastam o mais possível, neste caso, do palco das jornadas e, em geral,do Papa Francisco. Ele é a mais forte personalidade a nível global na defesa da paz e da concórdia entre as nações, do respeito pelo outro e pelas diferenças entre cada um de nós. Dá para entender quando lança o grito de TODOS, TODOS...?
segunda-feira, julho 31
IGREJA CATÓLICA
Como seria de esperar só dá Jornadas da Juventude... É constrangedor ver como há gente, incluindo gente ilustre, que não entende a natureza do peso e papel da igreja católica. Podemos ser contra como sempre aconteceu ao longo do tempo com os laicos de todas as qualidades, nos quais me incluo. Mas há instituições que estão para além das circunstâncias e conjunturas pois fazem parte do bojo das comunidades, são fator de pertença, profunda e permanente. É o caso da igreja católica no nosso país pelo que o mais inteligente é aceitar mantendo o sentido critico. Tal como as forças armadas para os pacifistas, ou o movimento associativo para os estatistas, a igreja católica tem que ser no mínimo tolerada pelos laicos.
domingo, julho 30
quinta-feira, julho 27
terça-feira, julho 25
DIOGO RIBEIRO
Os desempenhos dos atletas excecionais não são seguidos em direto pelos TVs, nem sequer pela RTP, salvo quando se trata de futebol.
segunda-feira, julho 24
ESPANHA
"La resistencia del PSOE y Sumar frustra la mayoría del PP y Vox y deja abiertas
todas las posibilidades". In El Pais.
Uma noite agradável com os ventos de Espanha. As forças democráticas ganharam as eleições legislativas. Ao contrário das expetativas criadas, por ora, a Espanha não resvalou para a direita pura e dura. Nada mal...
sábado, julho 22
quinta-feira, julho 20
EXTREMOS
Há um partido politico que tem muitos casos com a justiça - pelo que se sabe das notícias - mas a comunicação social não faz manchetes muito menos investiga. Outro do chamado arco do poder sendo de forma espetacular investigado, caiu nas bocas do mundo. Estranho?
segunda-feira, julho 17
sábado, julho 15
VERÃO QUENTE
A polícia saiu à rua num dia assim. Tabloidização integral da comunicação. Daqui a uma semana correm eleições em Espanha. Guerra na Europa e ameaças de alastramento. Os jovens vão sofrer o futuro. As JMJ são uma oportunidade para a paz. É aproveitar!
sexta-feira, julho 14
FERNANDO PESSOA - CARTA A ADOLFO CASAIS MONTEIRO (Excerto)
Autobiografia?
Carta a Adolfo Casais Monteiro
(…)
Mais uns apontamentos nesta matéria... Eu vejo diante de mim, no espaço incolor mas real do sonho, as caras, os gestos de Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Construí-lhes as idades e as vidas.
Ricardo Reis nasceu em 1887 (não me lembro do dia e mês, mas tenho-os algures), no Porto, é médico e está presentemente no Brasil. Alberto Caeiro nasceu em 1889 e morreu em 1915; nasceu em Lisboa, mas viveu quase toda a sua vida no campo. Não teve profissão nem educação quase alguma. Álvaro de Campos nasceu em Tavira, no dia 15 de Outubro de 1890 (às 1,30 da tarde, diz-me o Ferreira Gomes; e é verdade, pois, feito o horóscopo para essa hora, está certo). Este, como sabe, é engenheiro naval (por Glasgow), mas agora está aqui em Lisboa em inactividade. Caeiro era de estatura média, e, embora realmente frágil (morreu tuberculoso), não parecia tão frágil como era. Ricardo Reis é um pouco, mas muito pouco, mais baixo, mais forte, mas seco. Álvaro de Campos é alto (1,75 in de altura, mais 2 cm do que eu), magro e um pouco tendente a curvar-se. Cara rapada todos – o Caeiro louro sem cor, olhos azuis; Reis de um vago moreno mate; Campos entre branco e moreno, tipo vagamente de judeu português, cabelo, porém, liso e normalmente apartado ao lado, monóculo. Caeiro, como disse, não teve mais educação que quase nenhuma – só instrução primária; morreram-lhe cedo o pai e a mãe, e deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos. Vivia com uma tia velha, tia-avó. Ricardo Reis, educado num colégio de jesuítas, é, como disse, médico; vive no Brasil desde 1919, pois se expatriou espontaneamente por ser monárquico. É, um latinista por educação alheia, e um semi-helenista por educação própria. Álvaro de Campos teve uma educação vulgar de liceu; depois foi mandado para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica e depois naval. Numas férias fez a viagem ao Oriente de onde resultou o Opiário. Ensinou-lhe latim um tio beirão que era padre.
Como escrevo em nome desses três?... Caeiro, por pura e inesperada inspiração, sem saber ou sequer calcular o que iria escrever. Ricardo Reis, depois de uma deliberação abstracta, que subitamente se concretiza numa ode. Campos, quando sinto um súbito impulso para escrever e não sei o quê. (O meu semi-heterónimo Bernardo Soares, que aliás em muitas cousas se parece com Álvaro de Campos, aparece sempre que estou cansado ou sonolento, de sorte que tenha um pouco suspensas as qualidades de raciocínio e de inibição; aquela prosa é um constante devaneio. É um semi-heterónimo porque, não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e a afectividade. A prosa, salvo o que o raciocínio dá de ténue à minha, é igual a esta, e o português perfeitamente igual; ao passo que Caeiro escrevia mal o português, Campos razoavelmente mas com lapsos como dizer «eu próprio» em vez de «eu mesmo», etc., Reis melhor do que eu, mas com um purismo que considero exagerado. O difícil para mim é escrever a prosa de Reis – ainda inédita – ou de Campos. A simulação é mais fácil, até porque é mais espontânea, em verso.)
Nesta altura estará o Casais Monteiro pensando que má sorte o fez cair, por leitura, em meio de um manicómio. Em todo o caso, o pior de tudo isto é a incoerência com que o tenho escrito. Repito, porém: escrevo como se estivesse falando consigo, para que possa escrever imediatamente. Não sendo assim, passariam meses sem eu conseguir escrever.(*)
Falta responder à sua pergunta quanto ao ocultismo. Pergunta-me se creio no ocultismo. Feita assim, a pergunta não é bem clara; compreendo porém a intenção e a ela respondo. Creio na existência de mundos superiores ao nosso e de habitantes desses mundos, em experiências de diversos graus de espiritualidade, subtilizando-se até se chegar a um Ente Supremo, que presumivelmente criou este mundo. Pode ser que haja outros Entes, igualmente Supremos, que hajam criado outros universos, e que esses universos coexistam com o nosso, interpenetradamente ou não. Por estas razões, e ainda outras, a Ordem Externa do Ocultismo, ou seja, a Maçonaria, evita (excepto a Maçonaria anglo-saxónica) a expressão «Deus», dadas as suas implicações teológicas e populares, e prefere dizer «Grande Arquitecto do Universo», expressão que deixa em branco o problema de se Ele é Criador, ou simples Governador do mundo. Dadas estas escalas de seres, não creio na comunicação directa com Deus, mas, segundo a nossa afinação espiritual, poderemos ir comunicando com seres cada vez mais altos. Há três caminhos para o oculto: o caminho mágico (incluindo práticas como as do espiritismo, intelectualmente ao nível da bruxaria, que é magia também), caminho esse extremamente perigoso, em todos os sentidos; o caminho místico, que não tem propriamente perigos, mas é incerto e lento; e o que se chama o caminho alquímico, o mais difícil e o mais perfeito de todos, porque envolve uma transmutação da própria personalidade que a prepara, sem grandes riscos, antes com defesas que os outros caminhos não têm. Quanto a «iniciação» ou não, posso dizer-lhe só isto, que não sei se responde à sua pergunta: não pertenço a Ordem Iniciática nenhuma. A citação, epígrafe ao meu poema Eros e Psique, de um trecho (traduzido, pois o Ritual é em latim) do Ritual do Terceiro Grau da Ordem Templária de Portugal, indica simplesmente – o que é facto – que me foi permitido folhear os Rituais dos três primeiros graus dessa Ordem, extinta, ou em dormência desde cerca de 1888. Se não estivesse em dormência, eu não citaria o trecho do Ritual, pois se não devem citar (indicando a origem) trechos de Rituais que estão em trabalho.(**)
Creio assim, meu querido camarada, ter respondido, ainda com certas incoerências, às suas perguntas. Se há outras que deseja fazer, não hesite em fazê-las. Responderei conforme puder e o melhor que puder. O que poderá suceder, e isso me desculpará desde já, é não responder tão depressa.
Abraça-o o camarada que muito o estima e admira.
Fernando Pessoa
14/1/1935
terça-feira, julho 11
S4Dias
"Paulo Macedo lamenta falta de mão-de-obra e é contra discussão de semana de quatro dias". In "Expresso".
Ainda bem que a semana de 5 dias ganhou honras de cidade antes de Paulo Macedo ter tempo de antena..
segunda-feira, julho 10
CORREIA DE CAMPOS
Acabada a leitura do 1º volume de Memórias, de António Correia de Campos. Uma viagem pelo mundo da economia da saúde, área na qual Campos se especializou. Deveria ser lido pelos responsáveis e profissonais da saúde para que conhecessem melhor a história desta área. O livro, no entanto, tem laivos de obra prima na sua primeira parte dedicada à familia e aos lugares. O afeto ganha nessas páginas iniciais na disputa com a digressão, com feição de reportagem, na parte da vida profissional do autor. Como amigo de Campos deixo uma mensagem de apreço e admiração pela sua carreira mais bem sucedida na vertente profissional do que na de político, carreira de que poucos se podem orgulhar.
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