segunda-feira, abril 19

GOVERNO DE ZAPATERO

Um aspecto pouco realçado do novo governo socialista de Espanha: a paridade. O número de ministras (mulheres) é igual ao de ministros (homens). Julgo que é uma novidade absoluta em governos de países meridionais. Sinal de um grande avanço civilizacional. Talvez mais eficaz no combate ao radicalismo islâmico do que mil soldados no Iraque. Á atenção dos socialistas portugueses.

O Voto em Branco

O voto em branco ganhou um adepto em Luís Delgado. O almoço de Saramago com Durão Barroso começa a produzir efeitos. Delgado, um dos 10 grandes educadores da opinião pública portuguesa, mostra desacordo com a escolha de Deus Pinheiro e revela o seu voto nas eleições europeias: branco.

Deus Pinheiro não é assim muito mobilizador. Tem o ar de estar sempre de regresso de uma partida de golf ou de um cruzeiro nas Caraíbas. A esquerda e, em particular, o PS que não entre em euforias.

Luís Delgado está farto de se enganar. Deus Pinheiro pode ser melhor candidato do que se possa pensar.

domingo, abril 18

25 de Abril - notas pessoais

Finalmente sinais de acção


Retenho muito viva na memória a imagem do carro do combate que encabeçava a coluna a irromper diante de nós. Tinha surgido na escuridão da noite uma coluna militar que tomaria a direcção do centro da cidade. Vislumbramos um carro "nívea" da polícia na penumbra que não esboçou qualquer movimento.

O Campo Grande não era como hoje. Havia um desnível e o carro de combate que vinha na nossa direcção deu um salto rápido para tomar contacto de novo com o chão. Foi uma espécie de salto mágico que desde esse momento, com frequência, me assalta a memória.

A comoção que sentimos é indescritível. Era um sonho que se tornara realidade. Fomos, certamente, os únicos que assistimos e registamos, ao vivo, esse momento. Esta é a primeira vez que ele é relatado. Soubemos, mais tarde, que aquela era a coluna, oriunda de Santarém, comandada pelo Capitão Salgueiro Maia.

Naquele momento colocava-se a opção de cumprir o nosso objectivo e entrar no quartel do Campo Grande ou seguir atrás daquela surpresa entusiasmante.

(24 de 32 continua)

Zapatero cumpre promessa

Zapatero anuncia retirada imediata das tropas espanholas do Iraque

O novo primeiro-ministro espanhol, que ontem prestou juramento, vai mesmo retirar as tropas espanholas do Iraque. A confirmação foi feita hoje, pelo próprio, num inesperado encontro com jornalistas em Moncloa: os soldados vão abandonar o Iraque "no menor tempo e com a maior segurança possíveis".

VEJA AQUI NOTICIA DO EL MUNDO (clique: elmundo.es). Espera-se conferência de imprensa de Durão Barroso a comentar a decisão do Governo de Espanha. Manda a coerência...


Um cartaz em Nova Yorque

Retomei a leitura do livro "Saudades de Nova Yorque", de Pedro Paixão. Num dos seus capítulos sucintos refere que, um dia, viajando em Nova Yorque, viu um cartaz enorme onde dizia: "Considera suportável que a sua geração tenha visto duplicar o número de imigrantes?"

É, por coincidência, o tema de um artigo que estou a escrever para publicar, em breve, no "Semanário Económico".

Entre 1991 e 2001 o número de imigrantes aumentou, em Portugal, 83%. Não foi assim preciso uma geração para que o número de imigrantes quase tenha duplicado no nosso país. Como todos os estudos provam, com riscos e dificuldades de integração, foi suportável para Portugal acolher estes imigrantes.

E ainda fazem faltam muitos mais. Os imigrantes são uma exigência demográfica e uma necessidade económica do Ocidente. O nosso país não é excepção e a imigração representa, no essencial, um benefício para Portugal.

Assim hajam políticas realistas na definição das necessidades em mão de obra imigrante e humanismo na promoção da integração social das suas comunidades.


sábado, abril 17

O gato


Com um lindo salto
Lesto e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pega corre
Bem de mansinho
Atrás de um pobre
De um passarinho
Súbito, pára
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
E quando tudo
Se lhe fatiga
Toma o seu banho
Passando a língua
Pela barriga

Vinícius de Moraes


25 de Abril - notas pessoais

A espera sem fim


Nessa espera sem fim da madrugada de 24 de Abril de 1974 a certa altura alguém me acordou com incontida emoção. Tinha passado a canção.

Era mesmo a sério. A noite ia alta. Saímos os três. Eu e o João Mário metemo-nos no carro do António Dias que, conduzido por ele, caminhou para a 2ª Circular a caminho do Campo Grande. O Milhomens saiu para a baixa da cidade.

O nosso objectivo era tomar posição dentro do 2º GCAM o mais cedo possível. Mas, ao contrário do que aconselhava a prudência, não o fizemos logo. Antes fomos dar uma volta de carro pelas redondezas a ver o que se estaria a passar na EPAM.

Passamos defronte da EPAM e conseguimos ver o Teixeirinha junto ao muro, equipado de arreios, preparado para integrar o grupo que ocuparia a RTP. Não observamos nenhum outro sinal da acção iminente.

Regressamos à 2ª Circular para reforçar a observação do movimento começando a desconfiar que ia ser um novo 16 de Março. Um fracasso. Encetamos, de novo, o caminho do quartel do Campo Grande.

Ao entrar no Campo Grande surgiu, inesperadamente, diante de nós, uma coluna militar.

(23 de 32 continua- republicado depois de uma correcção)


ALDINA DUARTE

Volto a Aldina Duarte, e à sua entrevista a Ana Sousa Dias, para assinalar a minha surpresa pelo extraordinário impacto do seu desempenho. As pesquisas buscando o seu nome, que têm desembocado no absorto, são em número muito superior ao normal.

Espero que a Aldina Duarte, que não conheço, seja capaz de manter-se fiel às suas próprias convicções, resista às armadilhas da popularidade, que está na sua mão alcançar, desenvolva a sua arte e seja feliz.

Um dia destes vou vê-la ao "Senhor Vinho", mesmo ao lado de uma mercearia onde tantas vezes almocei, em ambiente familiar, pertinho do GEBEI, na rua das Praças, onde trabalhei, alguns anos, no seio de uma equipa extraordinária.

Mas estas são contas de outro rosário.

sexta-feira, abril 16

Sentido de Estado…

Segundo a comunicação social, e todos nós que pudemos ouvir, Durão Barroso afirmou:
"O novo Governo espanhol anunciou que ia retirar as tropas do Iraque e imediatamente disse que ia aumentar a presença no Afeganistão. Sentiu necessidade de o dizer, reparem nisso. Imediatamente a Al-Qaeda reforçou as ameaças contra Espanha. E neste momento a situação naquele país não é de forma alguma mais segura do que em Portugal, bem pelo contrário".

Esta afirmação vai certamente sair cara a Durão Barroso e...a Portugal. Comparações acerca da segurança entre dois países vizinhos feitas pelo Primeiro-ministro do Governo de um desses países? Depois do que aconteceu em Espanha? Para uma "conversa de café" não estava mal! Mas para Chefe de Governo não pode ser verdade...estranha noção do Sentido de Estado.

Abril com "R"


Trinta anos depois querem tirar o r
se puderem vai a cedilha e o til
trinta anos depois alguém que berre
r de revolução r de Abril
r até de porra r vezes dois
r de renascer trinta anos depois

Trinta anos depois ainda nos resta
da liberdade o l mas qualquer dia
democracia fica sem o d.
Alguém que faça um f para a festa
alguém que venha perguntar porquê
e traga um grande p de poesia.

Trinta anos depois a vida é tua
agarra as letras todas e com elas
escreve a palavra amor (onde somos sempre dois)
escreve a palavra amor em cada rua
e então verás de novo as caravelas
a passar por aqui: trinta anos depois.

Manuel Alegre

(Enviado por MM. Sim, bonito)

quinta-feira, abril 15

Bin Laden e outras notícias de última hora

"Washington pede a diplomatas americanos para deixarem a Arábia Saudita". Esta notícia acabou de ser conhecida. É perturbadora.

O director da CIA e o FBI dão sinais públicos de incapacidade para combater os movimentos islâmicos radicais. Estranhas confissões de impotência! Estas notícias do dia já eram perturbadoras. Juntam-se a uma outra: Mensagem atribuída a Bin Laden propõe a paz aos países europeus


E ainda esta outra: "O conselheiro especial da ONU no Iraque deixou o país esta quinta-feira. Lakhdar Brahimi deveria regressar a Nova Iorque apenas no fim do mês."

Bush surge cada vez mais acossado no plano interno e externo. A matança no Iraque, e não só, ganha contornos de irracionalidade sem limites. Erguem-se muros e aumenta a intensidade da violência de todos os lados.

Qual a orientação política da administração Bush face ao problema que criou com a invasão do Iraque? Abandonar a região à sua sorte - no plano político - já a 30 de Junho? Como explicar as notícias de mais investimento no envio de forças militares?

Bin Laden é assim tão perigoso? E tão forte? Que tinha Bin Laden a ver com o Iraque, antes da invasão? Nada! E agora? A aventura dos ultra conservadores no poder nos EUA, e em alguns países europeus, está a chegar ao fim? Ou está em preparação um "banho de sangue "? Como explicar o silêncio de Blair?



"ASSALTO - SECRETARIA DE EXECUÇÕES FISCAIS

No fim-de-semana, a Secretaria de Execuções Fiscais (Lisboa) foi assaltada, tendo sido roubados onze computadores. Os ladrões deixaram os monitores. Há cópias de segurança da informação contida nos computadores." Notícia do "Correio da Manhã", on line, de hoje.

Outra vez?

ANA SOUSA DIAS

As entrevistas de Ana Sousa Dias na rádio e na televisão são diferentes. Há um travo de cumplicidade no ar e uma relação afectiva que vai além dos temas em conversa e coloca no centro da atenção o outro lado dos protagonistas.

Aldina Duarte foi um caso excepcional. Umas entrevistas são mais fortes outras menos. Depende dos entrevistados. Mas a Ana Sousa Dias não perde a capacidade de se mostrar serenamente cúmplice das suas palavras e dos seus silêncios. E como os silêncios são importantes.

Um dia, em 1996, convidei a Ana Sousa Dias para me acompanhar num desempenho profissional que julguei à sua medida. Não aceitou. Compreendi as motivações. Mas fiquei com pena. Nunca a perdi de vista. Um caso de dignidade pessoal e competência profissional. O normal no meio jornalístico, não é?

25 de Abril - notas pessoais

O último aviso


No dia 24 de Abril fomos contactados no quartel por um colega do curso de oficiais milicianos. As últimas dúvidas quase se tinham dissipado. A acção militar ia ser desencadeada na próxima madrugada.

Fui a casa do Eduardo Ferro Rodrigues, meu amigo de juventude e de todas as militâncias, na Travessa do Ferreiro, a mesma casa onde ainda hoje habita, para o avisar de que alguma coisa (o golpe) se iria passar nessa noite. Era fim da tarde. A RTP transmitia um jogo do Sporting, com um clube da Alemanha de Leste, para uma eliminatória das competições europeias de futebol. Deixei o recado e pus-me a caminho.

O combinado era reunir um pequeno grupo de que faziam parte o João Mário Anjos, o António Milhomens (já falecido) e o António Dias, na casa deste, em Benfica, aguardando o sinal musical ("E depois do Adeus") que anunciaria o desencadear da operação, a nível nacional.

Era perto de minha casa e lá fui preparado para o que desse e viesse. Mas o sinal nunca mais surgia e adormeci deitado no chão.

(22 de 32 continua)

"COM QUE ENTÃO LIBERTOS, HEIN?..."


Com que então libertos, hein? Falemos de política,
discutamos de política, escrevamos de política,
vivamos quotidianamente o regressar da política à posse de cada um,
essa coisa de cada um que era tratada como propriedade do paizinho.
Tenhamos sempre presente que, em política, os paizinhos
tendem sempre a durar quase cinquenta anos pelo menos.
E aprendamos que, em política, a arte maior é a de exigir a lua
não para tê-la ou ficar numa fúria por não tê-la,
mas como ponto de partida para ganhar-se, do compromisso,
uma boa lâmpada de sala, que ilumine a todos.
Com o país dividido quase meio século entre os donos da verdade e do poder,
para um lado, os réprobos para o outro só porque não aceitavam que
não houvesse liberdade, e o povo todo no meio abandonado à sua solidão
silenciosa, sem poder falar nem poder ouvir mais que discursos de salamaleque,
há que aprender, re-aprender a falar política e a ouvir política.
Não apenas pelo prazer tão grande de poder falar livremente
e poder ouvir em liberdade o que os outros nos dizem,
mas para o trabalho mais duro e mais difícil de - parece incrível -
refazer Portugal sem que se dissipe ou se perca uma parcela só
da energia represa há tanto tempo. Porque é belo e é magnífico
o entusiasmo e é sinal esplêndido de estar viva uma nação inteira.
Mas a vida não é só correria e gritos de entusiasmo, é também
o desafio terrível do ter-se de repente nas mãos
os destinos de uma pátria e de um povo, suspensos sobre o abismo
em que se afundam os povos e as nações que deixaram fugir
a hora miraculosa que uma revolução lhes marcou. Há que caminhar
com cuidado, como quem leva ao colo uma criança:
uma pátria que renasce é como uma criança dormindo,
para quem preparamos tudo, sonhamos tudo, fazemos tudo,
até que ela possa em segurança ensaiar os primeiros passos.
De todo o coração, gritemos o nosso júbilo, aclamemos gratos
os que o fizeram possível. Mas, com toda a inteligência
que se deve exigir do amadurecimento doloroso desta liberdade
tão longamente esperada e desejada, trabalhemos cautelosamente,
politicamente, para conduzir a porto de salvamento esta pátria
por entre a floresta de armas e de interesses medonhos
que, de todos os cantos do mundo, nos espreitam e a ela.

Jorge de Sena

SB, 2/5/74

POEMAS "POLÍTICOS E AFINS" (1972-1977)
In "40 ANOS DE SERVIDÃO"


quarta-feira, abril 14

Correcção

De Branco Martins recebi a nota seguinte: "No seu post sobre três reportagens que viu na Sic, permita-lhe fazer uma correcção. A última sobre o culatrense não foi na SIC, mas sim na Sporttv, no programa Reportv."

Tem toda a razão, erro meu. Aqui fica reposta a verdade com as desculpas aos autores e à Sporttv.





Uma mistificação e um sinal errado

Todos nos enganamos e raramente temos certezas. Onde é que eu já ouvi isto?
Mas não resisto a comentar uma mistificação e um sinal errado lançados para a opinião pública portuguesa. Vindos de onde vêm são preocupantes.

Mistificação: "ABRIL É EVOLUÇÃO". O Governo quer fazer crer que, em Portugal, não ocorreu uma REVOLUÇÃO NO 25 DE ABRIL DE 1974. Pretende fazer passar a ideia de que a passagem da ditadura para a democracia foi parte de um processo de transição reformista e pacífico.

É uma mistificação que pretende suprimir ao imaginário colectivo um período da nossa história do Século XX. É uma mixórdia propagandística inqualificável. Uma vergonha própria de um Governo que mente e sabe que mente. Fernando Rosas aborda este assunto hoje no Público Concordemos com tudo, ou não, do que ele diz, tem toda a razão. O 25 de Abril foi uma revolução.

Sinal Errado: Foi noticiado que o Presidente da República disse que "O debate sobre o futuro da Reserva Ecológica Nacional (REN) e Reserva Agrícola Nacional (RAN) é necessário, mas o país não pode ser uma reserva total de Norte a Sul do país que inviabilize a presença dos cidadãos e o seu próprio desenvolvimento". Uma dessas notícias pode SER LIDA AQUI.

É um sinal errado dado pelo PR à sociedade. Os obstáculos à concretização de uma estratégia nacional de desenvolvimento sustentável, coerente e realista, não vêm do lado dos defensores da preservação da natureza (mesmo os mais radicais) mas do lado dos grandes interesses que se movem em torno da exploração desenfreada - e sem lei - do território e dos recursos naturais.

Todos nos enganamos e raramente temos certezas. "Portugal aguenta!"

25 de Abril - notas pessoais

Os camaradas de armas


Os militares, oficiais do quadro, que preparavam a revolta tinham a consciência da inevitabilidade do confronto militar. E os milicianos também. Era um confronto que havia que preparar com todo o cuidado. Fiz uns contactos discretos com os amigos que colaboravam no que havia de vir a ser o MES.

Deixei mensagens e recados mais ou menos enigmáticos. Muitos dos avisados fizeram vigília no dia errado ou foram surpreendidos no dia certo. Nada disse à família.

Mas alguém tinha de ser avisado para que na minha unidade militar, o 2º GCAM, se pudesse apoiar, com eficácia, a tomada do poder. Avisei o João Mário Anjos e o António Dias, meus camaradas de armas. Acertamos, entre nós, os passos a dar naqueles dias.

(21 de 32 continua)

terça-feira, abril 13

CANTIGA DE ABRIL


Às Forças Armadas e ao Povo de Portugal
"Não hei-de morrer sem saber qual a cor da liberdade"

J. de S.


Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Quase, quase cinquenta anos
reinaram neste país,
a conta de tantos danos,
de tantos crimes e enganos,
chegava até á raiz.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Tantos morreram ser ver
o dia do despertar!
Tantos sem poder saber
com que letras escrever,
com que palavras gritar!

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Essa paz de cemitério
toda prisão ou censura,
e o poder feito galdério,
sem limite e sem cautério,
todo embófia e sinecura.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Esses ricos sem vergonha,
esses pobres sem futuro,
essa emigração medonha,
e a tristeza uma peçonha
envenenando o ar puro.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Essas guerras de além-mar
gastando as armas e a gente,
esse morrer e matar
sem sinal de se acabar
por política demente.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Esse perder-se no mundo
o nome de Portugal,
essa amargura sem fundo,
só miséria sem segundo,
só desespero fatal.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Quase, quase cinquenta anos
durou esta eternidade,
numa sombra de gusanos
e em negócios de ciganos,
entre mentira e maldade.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Saem tanques para a rua,
sai o povo logo atrás:
estala enfim altiva e nua,
com força que não recua,
a verdade mais veraz.

Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha.

Jorge de Sena

26-28(?)/4/74

POEMAS "POLÍTICOS E AFINS" (1972-1977)
In "40 ANOS DE SERVIDÃO"
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O Público e o Iraque

O Editorial de José Manuel Fernandes no Público de hoje corrige os editoriais antecedentes de autoria de outros editores. O Público pascal foi crítico da intervenção americana no Iraque. O Público pós pascal volta à crença natural, com o regresso de férias do seu director: faz a defesa da intervenção americana no Iraque. O pluralismo sempre é uma vantagem.

A questão é complexa. Os defensores da política externa da Administração Bush enrolam-se em explicações e justificações. Ainda haverá muito por explicar, concordo. E, certamente, um dia voltará a normalidade ao Iraque.

Mas quais os custos desta intervenção para a paz na região e no mundo? A paz não interessa? Pois é! Pelo sim pelo não o nosso Primeiro-ministro mandou retirar os portugueses do Iraque. Menos a GNR e o Dr. Lamego. Suponho.

Ainda bem. A coisa está preta!