quinta-feira, setembro 16

EUROPA - Adolfo Casais Monteiro por Mário Viegas



O que eu sei é que não quero pertencer a uma comunidade – politica, económica, social - cujos líderes professem ideias racistas e xenófobas ou, mesmo que as não professem, assumam posições frouxas na sua condenação. O que eu sei é que as guerras foram sempre antecedidas por profundas crises económico-financeiras geridas por governantes permissivos, ou colaboracionistas, face aos primeiros indícios de perseguição a minorias. O que eu sei é que não se pode colaborar, nem ficar em silêncio, perante esses sinais mesmo que venham de governantes de países democráticos. Pois para que sobrevenham terríveis tiranias são sempre necessárias fracas democracias.    

Diabo na Cruz

quarta-feira, setembro 15

NOVIDADES DE CUBA



A comunicação social portuguesa, vá lá saber-se porquê, "esquece" este acontecimento da maior importância no debate ideológico entre as diversas famílias da esquerda.
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sábado, setembro 11

Marta Hugon

NEW YORK - SEPTEMBER 11

REQUIEM POR SALVADOR ALLENDE


Salvador Allende
Enviado por PaNoRaMiX1. - Videos de noticias do mundo inteiro.

(...)

Era uma vez um chileno chamado salvador allende que
fez um grande país de um país pequeno onde
talvez três anos nós houvéssemos depositado a esperança
quando fosse qual fosse a nossa nacionalidade
todos nós fomos um pouco chilenos
Mas que diabo importa em suma a qualquer de nós
que um homem se detenha quando a história caminha
em frente sempre altiva e serena
como mulher de muito tempo sabedora
Posso dizer por certo como há já muitos anos
acerca dos milicianos espanhóis dizia neruda
allende não morreste estás de pé no trigo

Ruy Belo

In “Todos os Poemas – III” – “Toda a Terra” – I Parte “Areias de Portugal”
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sábado, setembro 4

Ir pela sua mão


em memória de meu pai

Ir pela sua mão era caminhar
para um paraíso sem nome,
sonhar uma aventura terna
sabendo de cor o caminho
de regresso a casa a pé
sem guia nem vertigens

Ir pela sua mão aberta
à ternura de mão solitária
era saborear um engano
sem mácula, sobreviver
e nada dever aos outros
que se não pudesse devolver

Ir pela sua mão desarmada
não deixava rasto no chão
e a minha cabeça voava à roda
do meu coração que batia
como agora quando me escapo
à rotina do bater do dia

Ir pela sua mão lembra-me
sempre o dobrar dos dias,
homens tristes de ombros
postos nas esquinas luzidias
esperando taciturnos perder
o sentido do seu próprio corpo

Ir pela sua mão seria partir
do nada ao especial feito,
rasgar um caminho incerto
de mágoas, uma alegria banal,
sagradas confidências guardadas
entre nós que se não confiam

Ir pela sua mão dava acesso
ao mundo, mas ninguém soube
das suas amantes que eu vi,
nem dos gritos do seu olhar
que se abria dolente para mim
pedindo em silêncio aceitação

Eu tudo lhe dei sempre sem pedir
nada em troca, somente por vezes
a sua mão para ir nela confiante
em busca de um caminho qualquer
que não sabia onde levava nem
isso de verdade nada interessava.

In Ir pela sua mão, Editora Ausência, 2003

[4 de Setembro 2010 - pelo centenário do nascimento de meu pai.]