sexta-feira, setembro 30

CAVACO O AMORFOCRATA DÁ SINAL DE VIDA

Uma vez mais Cavaco sinaliza que está vivo.
Quando Cavaco fala ou escreve algo para o público é sinal de que temos a esquerda no poder, no caso português, pasme-se, os socialistas a solo, caso raro, mesmo único, na Europa. Logo me apetece, conhecendo a criatura, escrever também algo pois a conheço de tempos idos, e de todos os tempos, mesmo de muito antes de ter emergido na politica. Assim tendo ele escrito hoje, como faz com periodicidade mais ou menos anual, um artigo no Público reproduzo um pequeno escrito de 2021. "Cavaco Silva enquanto vivo nunca perdoará à esquerda e aos socialistas a ousadia de ser governo (eleito). Mais ainda quando está em causa gerir recursos financeiros que se estimam abundantes. Não admira assim que uma vez mais venha a terreiro escrever contra o "perigo vermelho", quando na Europa e não só a esquerda recupera posições desde a Alemanha à Itália, dos USA ao Brasil. Haja paciência. Como escrevi faz anos Cavaco Silva é um “amorfocrata”: um democrata com ausência de forma definida. Tolera os partidos e aceita a constituição."

A TRAGÉDIA

Hoje, sexta feira, 30 de setembro de 2022, "a Rússia vai anexar formalmente quatro regiões da Ucrânia que estão actualmente sob ocupação militar russa ou são controladas por forças separatistas." (In "Público"). Sucedem-se os acontecimentos que ameaçam a paz na europa e no mundo. Além dos atos de guerra (hibida, como agora se diz), Putin e a nomenclamatura que lhe é fiel (pelo menos por enquanto) executam "números" politicos ridiculos, quiçá trágicos, como o dos referendus seguidos de anexão de territórios que pertençem a outro país. A chantagem do nuclear parece resultar até o dia em que vira tragédia. Somente a queda por dentro do atual regime politico russo pode estancar esta caminhada para o inferno.

terça-feira, setembro 27

LULA

Um dia destes numa conversa com um dirigente de uma grande organização da sociedade civil brasileira, dizia-me ele que Bolsonaro ia ganhar as presidenciais; eu não conheço a realidade política do Brasil, somente o que se diz e escreve acerca dela, retorqui que me parecia que não, Lula desde que pudesse ser candidato, bastava pôr um pé no chão, logo ganharia; a minha convição advém do carisma da sua figura junto dos mais pobres e desprotegidos - a maioria dos brasileiros, da política seguida por Bolsonaro perante a pandemia de Covid 19, desprezível, e o alinhamento de Lula na corrente que tem levado a que na América do Sul nos últimos tempos em sucessivas eleições nessa região do mundo as forças de esquerda tenham ganho. Lula está velho, verdade, a voz gasta, o gesto mais lento, verdade, o radicalismo de direita ou de esqurda é um perigo, mas como dizia uns anos atrás Fernando Henrique Cardoso, Lula é um conservador... o mais conservador possível dos radicais, digo eu!

segunda-feira, setembro 26

ITÁLIA

Não sou capaz de usar meias palavras para comentar o resultado das eleições em Itália. Após avanços e recuos, ao longo dos últimos anos, a extrema direita ganha as eleições em Itália. É a vitória do neo fascismo na época atual, com bastantes semelhanças com os anos 30 do século passado. Não há que ter contemplações na condenação do que será uma politica anti valores democráticos europeus, racista e xenófoba do governo que vier a formar-se. A UE entrou numa zona de perigo real para a sua própria sobrevivência como projeto de afirmação de uma Europa democrática defensora das liberdades.

domingo, setembro 25

DALOT

Ainda não tinha chegado ao Dalot nestas incursões futebolisticas, mas hoje tenho que o puxar para a ribalta. O Eng.º Santos safou-se à larga e limpou o terreno até 3ª feira quando a Espanha nos confrontar com dificuldades de outro nível. Fez-se mais uma vez a prova que Portugal é um viveiro de jogadores de futebol (de treinadores e gestores também). Dalot é um jovem de 23 anos, formado no FC Porto,"exportado" para Inglaterra com 18. Todos os jogadores titulares que pisaram hoje a relva na República Checa (à antiga) jogam fora de Portugal com exceção do guarda redes que não tarda também sairá. Uma seleção de emigrantes de luxo e ricos que aceitam vestir a camisola da seleção como, aliás, em todos os países... Uma coisa antiga que espero se mantenha.
© Getty Images

sábado, setembro 24

TOLENTINO

"O cardeal português José Tolentino Mendonça, atual arquivista e bibliotecário da Santa Sé, vai ser responsável pelo novo Dicastério para a Cultura e a Educação do Vaticano, o que pode ser equiparado a um ministério. A informação foi avançada pelo jornal “Sete Margens”, que cita fontes eclesiásticas." In "Expresso" - O que tenho vindo a dizer em conversas com amigo: cada vez mais próximo de suceder a Franciso. A ver vamos ...

quinta-feira, setembro 22

SOLIDÃO

"23 de Setembro. Solidão, luxo dos ricos.” - Albert Camus, in “Caderno” n.º 2 (Setembro de 1937/Abril de 1939) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).

terça-feira, setembro 20

GONÇALO RAMOS

Gonçalo Ramos, moço de Olhão, ilustra-se com os golos de avançado, por entre tarefas de carregador de piano, sobe na hierarquia da comunicação e acaba na seleção aos 21 anos. O Eng.º Santos atreve-se a ousar e ainda pode ir mais além.

quinta-feira, setembro 15

"Sinto-me com forças extremas e profundas."

15 de Set. (1937). (...) “Lamber a vida como um rebuçado, formá-la, estimulá-la, enfim, como se procura a palavra, a imagem, a frase definitiva, aquele ou aquela que conclui, que detém, com quem partiremos e que de futuro fará a cor do nosso olhar.” (...) “Quanto a mim, sinto-me numa curva da minha vida, não devido àquilo que adquiri, mas àquilo que perdi. Sinto-me com forças extremas e profundas. É graças a elas que devo viver como desejo. Se hoje me encontro tão longe de tudo, é que não tenho outro desejo senão amar e admirar. Vida com rosto de lágrimas e de sol, vida sem o sal e a pedra quente, vida como a amo e a entendo, parece-me que ao acariciá-la, todas as minhas forças de desespero e de amor se conjugarão.” (...) “É como se recomeçasse a partida; nem mais feliz nem mais infeliz. Mas com a consciência das minhas forças, o desprezo pelas minhas vaidades, e esta febre, lúcida, que me preocupa em face do meu destino.”
Albert Camus in “Caderno” n.º 1 (Maio de 1935/Setembro de 1937) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).

quarta-feira, setembro 14

FLORENTINO LUÍS

Depois de ver o jogo do Benfica em que venceu a Juventus, nova incursão futebolistica. Sei que nesta montra posso colocar em destaque todos os jogadores que quiser, mas escolhe quem pode. Além do mais seria uma revolução admitir tantos jovens nas escolhas do Eng.º Santos, mas uma seleção devem ser aí uns 50 jogadores, talvez até mais no tempo que passa, mas somente 25 ou 26 são convocados. Florentino Luís é um jovem que foi sacrificado na lógica dos negócios no sub mundo dos negócios do Benfica. Mostra agora toda a sua qualidade, o raio de ação, a energia e a determinação, saber defender duro e atacar rápido. Chegará o dia?

PEDRO GONÇALVES

Incursão futebolistica. Uma dor de cabeça para o Eng. º Santos, tantos e tão talentosos jogadores tornam as escolhas mais dificeis. Este tem um modo muito seu de encarar o jogo, parece-me que mais próximo do jogo pelo jogo. Dança e sorri quase sempre, parece desinteressar-se do jogo, mas talvez não, esconde-se, faz passes à baliza, enfim um reportório muito próprio. Tenho para mim que nunca será selecionado pois paira fora dos modelos tradicionais. Mas será uma pena...

domingo, setembro 11

Alain Tanner

RIP

UMA EFEMÉRIDE DO MES -12 SETEMBRO 1974

Jornal "Esquerda Socialista" - 12 setembro 1974, é publicado o nº 0.
O MES, como todos os partidos nascidos com o 25 de Abril, também criou a sua própria imprensa. Aquando da eclosão do 25 de Abril, somente o PCP dispunha de uma verdadeira imprensa própria, com tradição e enraizamento. Os diversos movimentos de base que haviam de confluir no MES produziam folhas volantes, opúsculos, boletins, mais ou menos ao sabor dos acontecimentos, e conforme as necessidades do momento. Salvo, claro está, as colaborações individuais de muitos dos seus fundadores em publicações marcantes da sociedade portuguesa dos anos 60. Esta é uma breve resenha da história da imprensa do MES, como sempre, apoiada em documentação que tenho em minha posse e, não somente, em impressões subjectivas. O grande entusiasta da criação de um jornal do MES foi César de Oliveira mas a própria natureza do Movimento, criado pela confluência de correntes surgidas de lutas sectoriais, tornou a tarefa mais difícil. A “Comissão de Imprensa” foi criada numa reunião da Comissão Politica realizada em 12/6/74 sendo encabeçada por Eduardo Ferro Rodrigues e César de Oliveira mas o Jornal só viria ser publicado em 11 de Setembro. Ao contrário do que se poderia supor a primeira ideia formalizada para título do jornal do MES não foi “Esquerda Socialista” mas “A Luta Operária” e integra uma proposta subscrita por aquela “Comissão de Imprensa” titulada: “PROPOSTA – JORNAL DO MOVIMENTO DE ESQUERDA SOCIALISTA” – A apresentar à I Assembleia Nacional de Militantes do MES”. Trata-se de uma proposta detalhada que além do título propõe uma periodicidade semanal, o dia da publicação (5ª feira), o formato (tablóide), nº de páginas: 12 e subtítulos: “Órgão do Movimento de Esquerda Socialista” e “ O socialismo em Portugal será obra dos Trabalhadores Portugueses”. Desta proposta inicial sobreviveu quase tudo, menos o título que havia de ser substituído por “Esquerda Socialista” já que o anterior, conforme consta num documento posterior, “não ganhou o suficiente apoio”. Mas não restam dúvidas que foi César de Oliveira o verdadeiro impulsionador da criação do Jornal do qual foi director interino dos 7 primeiros números da 1ºa fase, que decorreu entre Setembro de 1974 e o I Congressos de Dezembro desse ano, na qual foram publicados 11 números. O número zero, já com César de Oliveira ao leme, foi publicado em 11 de Setembro de 1974, merecendo a megalómana tiragem de 100.000 exemplares e no seu editorial são apontados os 6 objectivos que devia prosseguir: “a) a informação e a análise das lutas; b) a informação e análise da realidade portuguesa; c) a promoção do debate político entre os militantes do MES; d) a divulgação das posições do MES à escala e regional; e) a divulgação e análise das experiências internacionais e f) contribuir para a elevação do nível de consciência das classes trabalhadoras …”. É claro que a avantajada tiragem também foi devidamente explicada mas não evitou, apesar das vendas estimadas entre 20 e 30.000 exemplares, ter sido, ainda antes da edição do nº1, acumulada uma dívida de 176 contos. O nº 1, com o subtítulo “Órgão do Movimento de Esquerda Socialista” saiu a 16 de Outubro de 1974, com uma tiragem de 35.000 exemplares, e até ao I Congresso de Dezembro, saíram regularmente, sem falhas, 11 números. Parte da tiragem era então vendida ao preço de 2$50, com 12 páginas e a duas cores. César de Oliveira, em carta publicada no nº 7, demite-se de Director interino, justificando essa demissão por razões pessoais às quais se sobrepunham, certamente, a evolução e o teor do debate e as consequentes divergências que haviam de desembocar na primeira dissidência consumada aquando do I Congresso. Entre o nº 7 e o nº 11 a Direcção do “Esquerda Socialista” foi assumida por Rogério de Jesus consumando, como se afirma num documento posterior, “a vitória duma “certa concepção obreirista que derrotou o intelectualismo dos “doutores” que vieram a dar origem ao GIS e à actual esquerda do PS”. Não posso deixar de referir o papel marcante, nesta fase iniciar, entre os esquecidos criadores do movimento o designer Robin Fior, um estrangeiro em Lisboa por altura da eclosão do 25 de Abril. Foi ele que desenhou o símbolo do MES o único, adoptado pelos partidos portugueses, com uma declarada feição feminil; Robin foi também o autor da linha gráfica da primeira série do jornal "Esquerda Socialista" e concebeu um conjunto de cartazes surpreendentes pela sua ousada modernidade. Os materiais gráficos do MES, em particular, os da sua fase inicial, alcançaram uma rara qualidade que bem merecia uma cuidada recolha, estudo e divulgação pública. (Corrigi a imagem e a data de edição que aconteceu a 12 de setembro de 1974 e não a 11 do mesmo mês.)

11 SETEMBRO 2001

Tinha deixado o meu filho na escola pouco antes da 8h, dirigi-me como habitualmente para o trabalho e a certa altura vi que um aparelho de TV dado como peça decorativa estava ligado. Fiquei curioso e passei a seguir os acontecimentos daquele dia. Um horror! A parte final do ano de 2001 foi, aliás, também um horror para mim. E já agora para o país. Memórias.

sábado, setembro 10

11 SETEMBRO

Antecipando um dia o aniversário do golpe militar que derrubou o governo legítimo de Salvador Allende no Chile. Que viva Allende!

segunda-feira, setembro 5

"toda a história do mundo é a história da liberdade"

“O único problema contemporâneo: Poderá transformar-se o mundo sem se acreditar no poder absoluto da razão? Apesar das ilusões racionalistas, mesmo marxistas, toda a história do mundo é a história da liberdade. Como poderiam ser determinados os caminhos da liberdade? É decerto falso dizer que o que é determinado, é o que já não vive. Mas só é determinado o que já se viveu. O próprio Deus, se existisse, não poderia modificar o passado. Mas o futuro não lhe pertence nem mais nem menos do que ao homem.” Albert Camus. Caderno n.º 5 (Setembro 1945/Abril 1948) – Tradução de António Quadros. Edição “Livros do Brasil”. (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).
(Este é o primeiro fragmento que surge no “Caderno nº 5” correspondente a um período, iniciado em Setembro de 1945, coincidente com o nascimento, em 5 de Setembro, dos seus filhos gémeos, Jean e Catherine. Camus tinha-se transformado numa figura pública. Neste período publica “A Peste” - Junho de 1947 - que obtém um sucesso estrondoso tendo vendido, em primeira edição, cem mil exemplares. Os primeiros fragmentos deste Caderno foram muito relevantes nas minhas próprias leituras de juventude.)

domingo, setembro 4

PELO ANIVERSÁRIO DO MEU PAI DIMAS

Hoje, 4 setembro, é o dia de aniversário do meu pai Dimas, uma das poucas efemérides familiares que nunca esqueço. O meu pai Dimas levou-me com ele a muitos lugares além daqueles a que os deveres de família obrigavam. Os tempos eram austeros. Os lugares a que me levou vistos de hoje ficavam perto, mas no seu tempo longe. Essas viagens e as suas mãos quando tomava as minhas para me levar com ele onde fosse marcaram muito a minha maneira de ser e de estar. Pequenas coisas que o mais profundo de nós guarda e que tudo faço para preservar com a maior força de que sou capaz.