domingo, dezembro 18

ABSORTO - 19º ANIVERSÁRIO

 

Deixar uma marca

Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,

nada dever ao esquecimento que esvazia o sentido do perdão olhando o mundo e tomando a medida exacta da nossa pequenez,

atravessar a solidão, esse luxo dos ricos, como dizia Camus, usufruindo da luz que os nossos amantes derramam em nós porque por amor nos iluminam,

observar atentos o direito e o avesso, a luz e a sombra, a dor e a perda, a charrua e a levada de água pura, crer no destino e acreditar no futuro do homem,

louvar a Deus as mãos que nos pegam, e nunca deixam de nos pegar, mesmo depois de sucumbirem injustamente à desdita da sorte ou à lei da vida,

guardar o sangue frio perante o disparar da veia jugular ou da espingarda apontada à fronte do combatente irregular,

incensar o gesto ameno e contemporizador que se busca e surge isento no labirinto da carnificina populista,

ousar a abjecção da tirania, admirar a grandeza da abdicação e desejar a amizade das mulheres,

admirar a vista do mar azul frente à terra atapetada de flores de amendoeira em silêncio e paz.

(um programa para o absorto)

sábado, dezembro 17

quinta-feira, dezembro 15

FERNANDO SANTOS

"Fernando Santos já não é selecionador nacional." Não batamos mais no homem… Futebolisticamente falando levou a seleção a campeã da Europa. Vamos ver quando surgirá melhor colheita…   


   

terça-feira, dezembro 13

ÁGUA


Na minha terra, a sul, nunca havia inundações a não ser de sol. Uma vez caiu neve mas já ninguém se lembra. Quando ameaçava chuva o meu pai, pela manhã, assomava à janela e proclamava “está nuvrado”. Mas, quase sempre, a ameaça não se derramava. Nos dias de chuva ouvir a água correr nos algerozes era um encantamento e o seu gotejar no parapeito da janela fazia amanhecer a imaginação. Andar ao sol era perigoso mas andar à chuva não me lembro. A água valia ouro. Os poços eram fundos e abertos a dinamite no sítio onde o vedor “adivinhava” a água. A horta era regada com parcimónia. A água deslizava por gravidade tomando o caminho dos mimos em levadas abertas a golpes de enxada. Os mouros ainda andavam por ali. A vista das melancias grandes, no fim da época, quando ficavam maduras era sublime. Via nelas o resultado da fecundação da terra pela água e os seus castelos vermelhos eram um sinal de vida. Na minha terra, a sul, nunca havia inundações a não ser de sol.


domingo, dezembro 11

DIOGO RIBEIRO

 Um atleta de exceção, grande campeão no próximo futuro. 


"Diogo Ribeiro bate recorde dos 100 metros livres e baixa barreira dos 47 segundos".


CAMUS



A 14 de dezembro de 1959 tem o seu derradeiro encontro público, com estudantes estrangeiros em Aix-en-Provence, no qual em resposta à pergunta: “Considera-se um intelectual de esquerda?”, responde: “Não estou certo de ser um intelectual. Quanto ao resto, sou pela esquerda, apesar de mim, e apesar dela”. 

quinta-feira, dezembro 8

CAMUS - NOBEL, DEZEMBRO 1957

 Quando soube da atribuição do Prémio Nobel “pela sua importante obra literária, que foca com penetrante seriedade os problemas que se colocam nos nossos dias à consciência dos homems”, Albert Camus escreveu nos Cadernos: “Prémio Nobel: estranho sentimento de desânimo e melancolia. Aos vinte anos, pobre e nu, conheci a verdadeira fama” .


Camus afirmou então que o Prémio deveria ter sido atribuido a André Malraux e manifestou dúvidas acerca da sua própria capacidade e força criadora que sempre o atormentaram. Após o anúncio da atribuição do Nobel sujeitou-se a ataques odiosos, que o não deixaram indiferente e comentou: “Assustado com aquilo que me acontece e que não pedi. E, para cúmulo, ataques tão infames que o coração se me aperta.”(Cadernos).

Mas Camus, segundo todos os testemunhos, não podia, nem queria, recusar o Prémio. Telefonou, de imediato, à mãe, que sempre viveu na Argélia, como que a agradecer à sua origem a honra que lhe tinha batido à porta. Escreveu a Jean Grenier, o seu professor e mentor intelectual : “(…) quando recebi a notícia, o meu primeiro pensamento foi, depois de minha mãe, dirigido ao senhor. Sem o senhor, sem essa mão efectuosa que estendeu à criança pobre que eu era, sem a sua instrução e o seu exemplo nada disto tinha acontecido.” (citado a partir de Roger Quilliot).

René Char, um amigo de todas as horas, não cabia em si de contente e manifesta esse contentamento de várias formas incluindo um artigo publicado, logo em 26 de Outubro de 1957, no Figaro littéraire, intitulado “Je veux parler d’ un ami”.

No ínicio de Dezembro de 1957 Camus partiu com a mulher, Francine, para Estocolmo e, em todas as suas aparições em público, tinha a consciência que devia estar preparado para ser atacado a propósito da sua discrição a respeito do conflicto na Argélia que estava no auge.

Albert Camus , a 10 de Dezembro de 1957, passam hoje 50 anos, recebeu das mãos do Rei Gustavo VI da Suécia o diploma e, no banquete que se seguiu, proferiu o seu discurso de agradecimento. Logo num dos dias seguintes escreveu a Jean Grenier descrevendo, de forma sintética, o que sentia: “A corrida acaba, o touro está morto, ou quase.

Albert Camus – discurso de 10 de Dezembro de 1957

Dircurso pronunciado, segundo a tradição, na Câmara Municipal de Estocolmo, no fim do banquete que encerrava as cerimónias da atribuição dos Prémios Nobel. 


Alguns excertos:

Je ne puis vivre personnellement sans mon art. Mais je n'ai jamais placé cet art au-dessus de tout. S'il m'est nécessaire au contraire, c'est qu'il ne se sépare de personne et me permet de vivre, tel que je suis, au niveau de tous. L'art n'est pas à mes yeux une réjouissance solitaire. Il est un moyen d'émouvoir le plus grand nombre d'hommes en leur offrant une image privilégiée des souffrances et des joies communes.
(...)
C'est pourquoi les vrais artistes ne méprisent rien ; ils s'obligent à comprendre au lieu de juger. Et s'ils ont un parti à prendre en ce monde ce ne peut être que celui d'une société où, selon le grand mot de Nietzsche, ne règnera plus le juge, mais le créateur, qu'il soit travailleur ou intellectuel.
(...) l'écrivain peut retrouver le sentiment d'une communauté vivante qui le justifiera, à la seule condition qu'il accepte, autant qu'il peut, les deux charges qui font la grandeur de son métier : le service de la vérité et celui de la liberté. Puisque sa vocation est de réunir le plus grand nombre d'hommes possible, elle ne peut s'accommoder du mensonge et de la servitude qui, là où ils règnent, font proliférer les solitudes. Quelles que soient nos infirmités personnelles, la noblesse de notre métier s'enracinera toujours dans deux engagements difficiles à maintenir : le refus de mentir sur ce que l'on sait et la résistance à l'oppression.
(...)
Ces hommes, nés au début de la première guerre mondiale, qui ont eu vingt ans au moment où s'installaient à la fois le pouvoir hitlérien et les premiers procès révolutionnaires, qui furent confrontés ensuite, pour parfaire leur éducation, à la guerre d'Espagne, à la deuxième guerre mondiale, à l'univers concentrationnaire, à l'Europe de la torture et des prisons, doivent aujourd'hui élever leurs fils et leurs œuvres dans un monde menacé de destruction nucléaire.
(...)
Chaque génération, sans doute, se croit vouée à refaire le monde. La mienne sait pourtant qu'elle ne le refera pas. Mais sa tâche est peut-être plus grande. Elle consiste à empêcher que le monde se défasse.
(...)
Je n'ai jamais pu renoncer à la lumière, au bonheur d'être, à la vie libre où j'ai grandi. Mais bien que cette nostalgie explique beaucoup de mes erreurs et de mes fautes, elle m'a aidé sans doute à mieux comprendre mon métier, elle m'aide encore à me tenir, aveuglément, auprès de tous ces hommes silencieux qui ne supportent, dans le monde, la vie qui leur est faite que par le souvenir ou le retour de brefs et libres bonheurs.

Ramené ainsi à ce que je suis réellement, à mes limites, à mes dettes, comme à ma foi difficile, je me sens plus libre de vous montrer pour finir, l'étendue et la générosité de la distinction que vous venez de m'accorder, plus libre de vous dire aussi que je voudrais la recevoir comme un hommage rendu à tous ceux qui, partageant le même combat, n'en ont reçu aucun privilège, mais ont connu au contraire malheur et persécution. Il me restera alors à vous en remercier, du fond du cœur, et à vous faire publiquement, en témoignage personnel de gratitude, la même et ancienne promesse de fidélité que chaque artiste vrai, chaque jour, se fait à lui-même, dans le silence.
 

domingo, dezembro 4

FUTEBOL

Nenhum outro fenómeno, senão o futebol, na maior parte dos países, regiões e continentes, mobiliza o interesse de tanta gente, sem distinção de idades, raças, credos, estatutos sociais ou económicos.


É um fenómeno paradigmático em que o jogo – atividade de lazer – se transformou num espetáculo de massas que, não deixando de criar a ilusão do jogo, deu origem, nas sociedades contemporâneas, a um “fluxo futebolístico” no qual o que se consome é o próprio fluxo.

O futebol como fenómeno de massas, mediatizado, suscitando rivalidades e lutas de claques fanáticas, mobilizando meios financeiros vultuosos, alimentando ilusões de vitórias e alentando nacionalismos serôdios, é um fluxo que combina o “fluxo do ter”, ”da informação”, “do ver”, ”do “ soletrar”, do “viajar”.

Os sujeitos do espetáculo, do “fluxo futebolístico”, os jogadores mas também os treinadores/selecionadores, deixaram de ser os senhores da sua vontade, entregues às regras de um mercado com leis próprias; os mediadores da informação deixaram de se compadecer com a “notabilidade” dos factos e preocupam-se em estimular a capacidade de efabulação das massas; as vitórias e as derrotas deixaram de ser o “resultado do jogo” mas o acontecimento mais ou menos forjado destinado a alimentar o fluxo.



Não que tenha deixado de existir o jogo autêntico – presente no futebol amador e noutras modalidades – mas este passou à categoria de resíduo social, lugar de resistência, só, plena e pontualmente reconhecido, no plano do fluxo, quando é, ao mesmo tempo, o lugar da tragédia... a queda de uma baliza esmagando o jovem,... ou o sacrifício exultante dos amadores de uma selecção de “rugby” enfrentando uma luta desigual na qual ocuparam, no palco mediático global, o papel de resistentes.

O fluxo subjuga o jogo, que se transforma no próprio fluxo, mas não elimina as manifestações de resistência em que o jogo autêntico persiste.

O tema do futebol é fascinante, além do mais, porque nos faz ir em busca de explicações para uma paixão que, avant la lettre, Camus intuía, a partir da sua própria experiência, exercer uma influência mobilizadora das grandes massas, lugar de “alienação” mas, ao mesmo tempo, de resistência cuja influência social a pura razão dificilmente apreende.

quinta-feira, dezembro 1

1 de DEZEMBRO - DIA da INDEPENDÊNCIA

"Ao lembrar tantos portugueses, de tantas origens, que se envolveram no movimento revolucionário, o Presidente da República quer lembrar também os Portugueses de etnia cigana que, como reconheceu então o próprio Rei D. João IV, deram a vida pela nossa independência nacional.

O “cavaleiro fidalgo” Jerónimo da Costa e muitos dos duzentos e cinquenta outros ciganos que serviram nas fronteiras “procedendo na forma de traje e lugar dos naturais” tombaram por Portugal. Portugal lembra-os, presta-lhes homenagem e exprime a sua gratidão. Este dever de memória é de elementar Justiça e rompe com tanto esquecimento e discriminação de que os ciganos têm, infelizmente, sido alvo no nosso País."

Da mensagem do PR no "Dia da Independência". 


terça-feira, novembro 29

A CAPITAL DO REINO


Em 29 de Novembro de 1807, após um dia chuvoso, o príncipe d. João, d. Carlota, seus filhos, a rainha d. Maria I, vários outros parentes partiram em meio ao outono lisboeta. Do rio Tejo saíram as embarcações. Seguiram, além da família real, nobres, funcionários da Corte, ministros e políticos do Reino. Cerca de 15 mil pessoas. Os franceses ao chegarem à capital portuguesa em 30/11 ficaram a ver navios, frustrados com a não captura dos governantes lusos. Tudo o que era necessário para permanecer governando foi transportado. Insistia, entrementes, uma sensação dúbia: covardia ou esperteza? D. João estava angustiado. Seu país sendo atacado, o povo morrendo e ele seguindo viagem. Desconfortos psicológicos e físicos. Tormentas nos pensamentos e nos vagalhões dos mares que chegou a atrapalhar a travessia. Escassearam os víveres. Natal, Ano Novo e Dia de Reis se passaram. Então, a terra firme finalmente chegou. Em 22 de Janeiro de 1808 os barcos atracaram na antiga primeira capital do Brasil, a ensolarada Salvador. Porém, o abatido e cheio de dúvidas d. João após 54 dias no mar pisou o solo brasileiro apenas 24 hs depois. Foi o primeiro rei europeu a fazê-lo. Revisões nos navios, um pouco de descanso. Seguiram a viagem em 26 de Fevereiro.
 Dia 7 de Março a família real chegava ao destino final, a cidade do Rio de Janeiro.

sexta-feira, novembro 25

GUERRA

Os portugueses veem a guerra como uma realidade distante. Assistimos às cenas de guerras no sofá. Não há portugueses vivos que tenham sofrido os efeitos da guerra à porta de suas casas. Não conhecemos ao vivo os horrores da guerra na nossa rua, bairro, escola, vila ou cidade. Não sofremos dos seus efeitos destruidores na nossa vida, de familiares e de amigos. Temos sido poupados à guerra dentro das nossas fronteiras e julgamo-nos imunes às suas terríveis consequências. Nem se conhecem manifestos que expressem posições coletivas de repúdio pela guerra que, aparentemente, não nos diz respeito. Assistimos resignados à devastação de comunidades, e à morte de inocentes, com palavras e sentimentos de tristeza mas com tímidos gestos de solidariedade. Podemos dizer que sentimos, mas não expressamos, em sobressalto coletivo expressivo, a nossa indignação. Julgo não ser injusto se disser que reina entre os portugueses, perante uma real ameaça de generalização da guerra, um silêncio sepulcral. O mais que se comenta é o impacto económico como se estivéssemos imunes a qualquer estilhaço da guerra ao vivo. E aguardamos que nos caia no regaço alguma vantagem.


RONALDO , UMA VEZ MAIS

Incursão futebolística. Estive a dar uma vista de olhos pelos jornais de diversos países após a vitória de Portugal no mundial de futebol. Podemos não gostar de futebol nem dos seus heróis, como é o caso de Ronaldo. Cada um é livre de gostar e de opinar acerca do que lhe aprouver. É uma das vantagem das democracias. Mas tenhamos presente a realidade no que respeita ao futebol e à nossa seleção: Ronaldo é um fenómeno improvável de popularidade a nível global.  É o que se pode comprovar com facilidade se estivermos atentos à torrente de notícias e referências que lhe são dedicadas por esse mundo fora.  




quinta-feira, novembro 24

AS TRÁGICAS INUNDAÇÕES DE NOVEMBRO DE 1967


No dia 25 de novembro de 1967, era sábado, lembro-me de sair, era já tarde/noite, do ISCEF, pouco mais de um ano após ter iniciado os estudos naquela escola. Teria ido, certamente, participar numa reunião ou, mais prosaicamente, jantar na cantina da Associação de Estudantes. Ao sair devo ter feito o caminho de casa, um quarto alugado, ao cimo da Calçada da Estrela. Chovia muito, mas não estranhei porque, ao contrário de hoje, era normal chover nesta época do ano. Não levava qualquer resguardo para a chuva, que nem me pareceu excessiva, e caminhei colado às paredes até chegar ao destino. A minha perceção da chuva que caía naquela hora não me permitiu sequer imaginar as consequências que haveria de provocar. Chovia, simplesmente. Na manhã do dia seguinte, domingo, devo ter feito o caminho oposto, corriam as notícias de inundações em diversos sítios de Lisboa e arredores, e devo ter-me dirigido ao Técnico para me juntar à gigantesca mobilização estudantil que se organizou para avançar para as zonas mais atingidas em socorro das vitimas e no apoio à reparação dos estragos. O quartel general, que me lembre, havia sido montado no Técnico e deve ter sido a primeira vez que, à margem dos poderes instalados, com autonomia e mobilizando recursos próprios, se promoveu uma ação voluntária juvenil de grande envergadura à margem da politica oficial do regime. Foi um processo organizado que enquadrou a vontade espontânea de uma multidão de jovens estudantes ávidos de participação cívica e politica. Fui numa brigada para Alhandra munidos de meios rudimentares e lembro-mo com nitidez de nos afadigarmos a limpar ruas no meio da maior destruição que se possa imaginar. Retenho na memória o ambiente de caos e de tensão pois, afinal, estávamos a participar numa ação voluntária não autorizada que, naquela época, comportava riscos pessoais. Não havia medo, mas necessidade, e vontade de ação. Os meios para o socorro eram escassos, mas o que contava, de verdade, era participar, prestar solidariedade, ver com os próprios olhos in loco o que, de súbito, nos surgiu como uma calamidade de enormes proporções. Uma pá na lama, os destroços, uma palavra de conforto e incentivo, uma força coletiva que enfrentava sem medo a situação dramática de populações desprotegidas e, afinal, um regime decadente acobertado na ignorância, na censura e na repressão. No que me respeita ficou uma experiência sem dissabores. Não poderia imaginar que estávamos nas vésperas da queda de Salazar e da emergência, em 27 de setembro de 1968, do governo de Marcelo Caetano, menos de um ano depois daquelas trágicas inundações. Afinal aquela gigantesca ação voluntária havia de contribuir, de forma relevante, para o início do processo politico que desembocou no 25 de abril de 1974.

EXORTAÇÃO APOSTÓLICA - EVANGELII GAUDIUM

227. Perante o conflito, alguns limitam-se a olhá-lo e passam adiante como se nada fosse, lavam as mãos para poder continuar com a sua vida. Outros entram de tal maneira no conflito que ficam prisioneiros, perdem o horizonte, projetam nas instituições as suas próprias confusões e insatisfações e, assim, a unidade torna-se impossível. Mas há uma terceira forma, a mais adequada, de enfrentar o conflito: é aceitar suportar o conflito, resolvê-lo e transformá-lo no elo de ligação de um novo processo. «Felizes os pacificadores».



228. Deste modo, torna-se possível desenvolver uma comunhão nas diferençasm, que pode ser facilitada só por pessoas magnânimas que têm a coragem de ultrapassar a superfície conflitual e consideram os outros na sua dignidade mais profunda. Por isso, é necessário postular um princípio que é indispensável para construir a amizade social: a unidade é superior ao conflito. A solidariedade, entendida no seu sentido mais profundo e desafiador, torna-se assim um estilo de construção da história, um âmbito vital onde os conflitos, as tensões e os opostos podem alcançar uma unidade multifacetada que gera nova vida. Não é apostar no sincretismo ou na absorção de um no outro, mas na resolução num plano superior que conserva em si as preciosas potencialidades das polaridades em contraste.


EXORTAÇÃO APOSTÓLICA - EVANGELII GAUDIUM DO PAPA FRANCISCO
24 de novembro de 2013

terça-feira, novembro 22

JOHN KENNEDY

                Em memória de John Kennedy assassinado a 22 de Novembro de 1963.



domingo, novembro 20

FUTEBOL

Uma paixão antiga. Desde criança, como milhões de crianças pelo mundo, sou um apaixonado pelo futebol. A prenda que mais me marcou na vida foi a primeira bola que meu pai me ofereceu em dia de aniversário. Uma bola de borracha com aquele cheiro tão característico.


No estádio de S. Luís, em Faro, vi jogos e treinos sem fim. Em todas as divisões possíveis e imaginárias. O futebol é um jogo fascinante. Desde logo porque é jogado com os pés, excepto o guarda redes. As mãos ficam de fora.

Ao ar livre. Faça chuva ou faça sol. O futebol sobreviverá a alguns dos seus dirigentes. A este tropel miserável de corruptores e corrompidos que invadiram o futebol profissional.


Sabem que também há o outro futebol, amador, praticado por amor ao jogo? Esse tem mais jogadores que espectadores. O espetáculo aí são os próprios jogadores protagonistas e espectadores do seu próprio jogo.

BIDEN


Este domingo, Biden se convierte en el primer presidente octogenario de Estados Unidos. (in "El Pais"). 

sexta-feira, novembro 18

RONALDO

 Incursão futebolística, Ao contrário de muitos comentadores que se ouvem por aí sou de opinião que a entrevista de Ronaldo é muito interessante que mais não seja por denunciar de forma mais ou menos direta a aquisição das SAD s e das respetivas marcas clubistas por grandes empórios financeiros situados nas arábias. Não é que o próprio não seja parte do negócio mas é corajoso colocar-se na boca do furacão que certamente sabia ir desencadear. Ele próprio é uma grande marca que obscurece a de certos clubes que por sua vez não aceitam ser criticados de dentro do negócio. A alguns portugueses cai mal que Ronaldo assuma a sua defesa atacando. Mas o mundo e a vida não estão de feição para os fracos.  Honra à sua carreira!


 

terça-feira, novembro 15

Tocam os tambores da guerra

 "Dois mísseis russos atingiram a Polónia e pelo menos duas pessoas morreram. Governo polaco já convocou reunião de emergência com comité de segurança e defesa nacional. Mais de sete milhões de habitações da Ucrânia estão sem eletricidade após novos bombardeamentos." in "Expresso"

Uma noticia verdadeira importante. Tocam os tambores da guerra!

  

AVÓS


Os meus avós paternos, Maria da Conceição Neto Graça e Dimas Eduardo Graça, com expressões firmes, serenas e determinadas, numa foto datada de 14 de Novembro de 1911, obtida em Santos, Brasil, por Joaquim Pereira, Rua 15 de Novembro, nº 8, Santos. Dimas se chamou meu pai, Dimas também meu irmão, Eduardo sou eu. Um tributo em memória dos meus avós.

domingo, novembro 13

USA

 

"O Partido Democrata vai manter o controlo da câmara alta do Congresso, o parlamento dos Estados Unidos, após Catherine Cortez Masto ter conquistado a última vaga em representação do Arizona", in "Expresso"

Tudo visto, até ao momento, nas eleições intercalares nos USA os democratas, dados como perdedores, ganham o Senado. Um sinal da vitalidade da democracia americana, ao que parece, a partir do voto dos mais jovens. 

sábado, novembro 12

PCP

"Líder do PCP atacou os socialistas como se a geringonça nunca tivesse existido e cola-o a toda a direita, incluindo o Chega. Não se despediu, mas a conferência aplaudiu-o seis minutos." In "Público".

Ouvi hoje em sucessivos noticiários da Antena 1 uma peça repetida versando o discurso de Jerónimo de Sousa na sua despedida. A proclamação da cartilha do marxismo leninismo, o ataque ao PS, a ostentação de uma imagem própria de um partido bolchevique. Uma fuga para a frente que levará certamente ao aprofundamento da insignificância politica do PCP. 

Fotografia de Hélder Gonçalves 

sexta-feira, novembro 11

KHERSON

Ouvem-se as notícias e passam imagens de celebração na Ucrânia. Antes as notícias davam conta de que a tropa russa abandonou feridos e mortos na retirada. As suas mulheres faziam-se ao caminho para os apoiar e retirar. A guerra é terrível e continua mas este é um momento que no meio de todas as incertezas abre as portas à esperança. Não são precisas muitas palavras, basta ver e ouvir. Lembrei-me do 25 de abril…


   Kiev hoje - Fotografia do El País 

quarta-feira, novembro 9

GAL COSTA - RIP

 'MEU NOME É GAL, TENHO 24 ANOS...'


Gal Costa era tudo de bom nessa época: linda, sensual, livre, jovem... e cantava muuuito. Estava gravando aqueles seus primeiros long plays, umas obras-primas... Ai, ai... Por que o tempo cisma em passar assim tão depressa?

(Um encantamento …)

segunda-feira, novembro 7

ALBERT CAMUS - Pelo aniversário do seu nascimento


Albert Camus nasceu em 7 de Novembro de 1913 em Mandovi (Argélia). No primeiro capítulo da sua obra póstuma, “O Primeiro Homem”, Camus descreve a viagem de carroça, empreendida pela família, perante o parto iminente, para uma região vinícola, perto da fronteira com a Tunísia, uma quinta a oito quilómetros de Mandovi.


O pai de Albert, Lucien August Camus, trabalhava na Argélia para uma empresa vinícola francesa mudando de residência conforme as necessidades da actividade a que se dedicava. Em “O Primeiro Homem”, Camus adopta, pela primeira vez um registo autobiográfico, podendo entender-se a verdadeira importância dos seus pais, ou talvez melhor, a importância da “ausência” deles na sua obra.

O pai morreu no hospital militar de Saint-Brieuc em 11 de Outubro de 1914 depois de ter sido ferido, em Setembro, em combate, na batalha de Marne. No 2º capítulo de “O Primeiro Homem”, intitulado “Saint-Brieuc”, Camus descreve, detalhadamente, a visita que realizou 40 anos depois da morte do pai ao cemitério onde este se encontra sepultado.

Foi então que leu na sepultura a data de nascimento do pai e descobriu ao mesmo tempo que até agora a ignorara. Em seguida, leu as duas datas, “1885-1914” e procedeu a um cálculo mental: vinte e nove anos. Surgiu-lhe de súbito uma ideia que o fez estremecer. Tinha quarenta anos. O homem sepultado sob aquela pedra, e que fora seu pai, era mais jovem do que ele. “ (*)
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Sublinhados de Leitura das Obras Completas

Introduction (**)

«Quelque chose, quelqu’un s’agitait en moi, obscurément, et voulait parler.»

Les Îles (1933)

«Pour être édifiée, l’œuvre d’art doit se servir d’abord de ces forces obscures de l’âme.»

Les Îles (1933)

[A citação seguinte, da "Introdução" às "Obras Completas", vem a propósito do capítulo intitulado «Obscur à soi-même» do romance póstumo “Premier Homme”.]

Tous ces textes qui insistent sur le caractère mystérieux de l’être et de la création datent de la même époque, après coup, l’accident du 4 janvier 1960 leur confère la valeur d’un ultime regard jeté par l’écrivain sur son œuvre et sur lui-même …Conscient de ses propres contradictions, et de la tension q’elles créent en lui, Camus n’a pas cherché à les dissimuler : sa vérité est à la fois celle du soleil et celle de la mort.

(…)

Camus lui-même a considéré son œuvre comme une interrogation , une quête, poursuivie de livre en livre sous des formes diverses, centrés sur les pouvoir et les limites de l´homme, sur sa manière d’être au monde, sur sa relation aux outres et á lui-même , sur la puissance créatrice de l’écriture.

(*) «O Primeiro Homem» Edições « Livros do Brasil » – 1994
(**) “Oeuvres complètes” – I (1931-1944) Gallimard, Introduction par Jacqueline Lévi-Valensi. (Entre comas as citações de textos do próprio Camus referidos na Introdução).
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domingo, novembro 6

Jantar de extinção do MES - 7 novembro 1981

Antecipando uma efeméride. 



 Na sequência do IV Congresso do MES, realizado a 8 de Julho de 1979, marcado pela vitória da moção intitulada «Nova Prática, Novo Programa, Outro Caminho», foi aberto o caminho para a auto-crítica em relação a algumas orientações políticas anteriores e para uma demarcação, assumida e sem regresso, do MES face à chamada «Esquerda Revolucionária».


Foi Vítor Wengorovius quem assumiu as funções de porta-voz desta ruptura que haveria de anteceder a extinção do MES, formalizada em 7 de Novembro de 1981, no emblemático jantar/festa realizado no pavilhão sobrevivente da Exposição do Mundo Português (ironias da história!).

sábado, outubro 29

BRASIL

 

Numa conferência de imprensa após o último debate com Lula da Silva para as presidenciais de domingo, Jair Bolsonaro disse não perceber a pergunta feita por um jornalista português, por “não falar espanhol nem portunhol”, In "Expresso". 

A bem das relações entre Portugal e o Brasil, do bom senso e do bom gosto, torço para que Lula ganhe as presidenciais, acima de tudo porque a sua vitória será a derrota do outro… 

quinta-feira, outubro 27

PELO ANIVERSÁRIO DO MEU FILHO MANUEL

Hoje, 27 de outubro, pelas 9,30 da manhã, trinta e dois anos atrás nasceu o meu filho Manuel. Foi um dia feliz cuja lembrança sempre nos acompanhará. Quando a realidade nos convoca a pensar no futuro os filhos são uma luz que alumia o caminho. Sejam quais forem as vicissitudes da vida que mais desejar senão a sua felicidade. Feliz aniversário com um beijo. 



terça-feira, outubro 25

BENFICA/RAFA

 

Uma incursão futebolística. Vão três selecionáveis para não me perder: Félix, Mateus e agora Rafa (este um pouco mais velho e, como disse Lucescu, dá para admirar como nunca saiu de Portugal). Após a série de jogos que permitiram o apuramento do Benfica para a fase de grupos da Liga dos Campeões avulta a qualidade singular deste jogador português de seu nome Rafa Silva. Se continuar a jogar a este nível até à hora das decisões do Eng.º Santos espero para ver se, apesar da forte concorrência, não é selecionado. Não há outro no futebol português com iguais qualidades: velocidade explosiva em movimento e em todas as direções. ( post publicado ainda Rafa não havia renunciado à seleção). 


segunda-feira, outubro 24

Holandeses, oh!

 "Os holandeses, oh!, são muito menos modernos! Têm tempo, repare neles. Que fazem? Ora bem, estes senhores vivem do trabalho daquelas senhoras. São, de resto, machos e fêmeas, umas burguesíssimas criaturas que têm o costume de vir aqui, por mitomania ou estupidez. Em suma, por excesso ou falta de imaginação. De tempos a tempos, estes senhores puxam pela faca ou pelo revólver, mas não julgue que com muito empenho. O papel exige, eis tudo, e morrem de medo, disparando os últimos cartuchos. Posto o que, acho ainda mais moralidade neles que nos outros, aqueles que matam em família, pelo desgaste. Não notou ainda que a nossa sociedade está organizada neste género de liquidação? Já ouviu falar, naturalmente, daqueles minúsculos peixes dos cursos de água brasileiros que se lançam aos milhares sobre o nadador imprudente e o limpam, em alguns instantes, a pequenas bocadas rápidas, não deixando mais que um esqueleto imaculado? Pois bem, é essa a organização deles. «Quer uma vida limpa? Como toda a gente?» Dirá que sim, naturalmente. Como dizer que não? «De acordo. Vai ficar limpinho. Aqui tem um emprego, uma família, lazeres organizados.» E os dentes minúsculos cravam-se na carne até aos ossos. Mas sou injusto. Não é a organização deles que se deve dizer. Ela é a nossa, ao fim e ao cabo: é a ver quem limpará o próximo."  

Albert Camus, in A Queda



sábado, outubro 22

MULHERES


 Bárbara Timo - © AFP

DITADURA

Cenas finais do Congresso do Partido Comunista Chinês. As ditaduras têm horror ao contraditório, não toleram as diferenças de opinião. 



"... Hu Jintao, político de 79 anos que serviu como Presidente da China entre 2003 e 2013, foi pressionado pela equipa de segurança a levantar-se do seu assento ao lado do secretário-geral do Partido, Xi Jinping, na primeira fila do Grande Palácio do Povo."

In Sapo 24 

quinta-feira, outubro 20

SEM PERDÃO

O que se está  passar na Ucrânia é uma tragédia - a guerra seja qual o tempo e o espaço dela é sempre uma tragédia. A normalização através da comunicação do deslocamento forçado de comunidades ucranianas inteiras é um aspeto dramático desta tragédia. Na história existem muitos exemplos de fenómenos semelhantes mas nunca conhecidos em tempo real. Tudo se passa diante dos nossos olhos apelando a uma complacência inaceitável com os crimes mais repugnantes. Tão próximos de nós mesmo no espaço físico, quanto mais no mediático. Sem perdão!


Fotografia de Hélder Gonçalves       

terça-feira, outubro 18

AS ALFARROBEIRAS

 “18 de Outubro(1937) .


No mês de Setembro, as alfarrobeiras exalam um cheiro a amor sobre toda a Argélia, e é como se a terra inteira repousasse depois de se ter entregado ao sol, o ventre todo molhado por uma semente com perfume a amêndoa.

No caminho de Sidi-Brahim, depois da chuva, o cheiro a amor emana das alfarrobeiras denso e sufocante, pesando com todo o seu peso de água. Depois o sol ao absorver a água toda, com as cores de novo deslumbrantes, o cheiro a amor torna-se fluido apenas sensível ao olfacto. E é como uma amante com quem andamos pela rua, após uma tarde inteira sufocante, e que nos contempla, ombro com ombro, por entre as luzes e a multidão.”

Albert Camus, in “Caderno” n.º 2 (Setembro de 1937/Abril de 1939) – Tradução de Gina de Freitas. Edição “Livros do Brasil” (A partir da “Carnets”, 1962, Éditions Gallimard).

sexta-feira, outubro 14

ITÁLIA

Os fascistas chegaram ao poder em Itália, país de todas as experimentações, e já se digladiam em suas contradições. Os italianos vão sofrer as consequências, ainda mais os imigrantes, o projeto da União Europeia periga e os democratas têm que se pôr  em guarda. 


  

https://www.ilmessaggero.it/politica/berlusconi_appunti_meloni_arrogante_cosa_c_e_scritto_nel_foglietto-6989170.html 


quinta-feira, outubro 13

Homenagem a Nuno Teotónio Pereira pelo centenário do seu nascimento

Prestar homenagem ao arquiteto Nuno Teotónio Pereira, ao qual estamos ligados por um longo percurso de lutas pela justiça e liberdade, é mais do que um dever através do qual nos perfilamos perante a sua memória, é o prazer de voltar à companhia de um resistente cuja ação sempre foi pautada por princípios e valores que partilhamos. O Nuno Teotónio Pereira é uma daquelas personalidades raras na qual se juntam um notável curriculum profissional e uma intervenção cívica, persistente e pertinente, assumida desde os tempos da oposição à ditadura. Ele é, na verdade, um dos arquitetos portugueses do século XX português que foi capaz, como poucos, de integrar, sem cedências à facilidade, as preocupações sociais e a arte de «arquitetar». Há por esse país muitas obras de sua autoria, ou coautoria, que testemunham esta simbiose. Participou de forma intensa e desinteressada nos movimentos de oposição à ditadura, oriundo da corrente dos católicos progressistas, que havia de confluir, nas vésperas do 25 de abril de 1974, com grupos de base operária e do movimento estudantil, no qual nós próprios participávamos, no Movimento de Esquerda Socialista (MES). Encontrámo-nos nas intermináveis sessões de debate que antecederam a criação formal deste partido desalinhado das correntes políticas dominantes. O Nuno Teotónio Pereira sempre foi uma das nossas referências enquanto personalidade que assumiu, com coragem cívica e pessoal, os difíceis desafios de combater a ditadura de forma aberta e frontal. Era, entre todos nós, um dos mais velhos, experientes e respeitados dirigentes mantendo sempre a verticalidade face às adversidades e uma autêntica capacidade de diálogo. Ao Nuno Teotónio Pereira devemos todos, os jovens quadros dos anos 60 e 70, uma imensidade de ensinamentos, gestos de desprendida solidariedade e humanidade que jamais poderemos retribuir com a mesma intensidade e sentido de dádiva. 
Que viva! 
Eduardo Ferro Rodrigues e Eduardo Graça (Testemunhos – Nuno Teotónio Pereira (nunoteotoniopereira.pt)

quarta-feira, outubro 12

domingo, outubro 9

O ACORDO

"Primeiro-ministro apresentou acordo de rendimentos para a legislatura, assinado com patrões e UGT um dia antes da apresentação do Orçamento do Estado. Numa cerimónia inédita, sindicatos e patrões deixaram leves críticas à forma apressada com que o processo foi conduzido mas elogiaram ministros e prometeram “empenho” num “caminho” de quatro anos. Costa sai sorridente: eis a maioria absoluta dialogante." (In "Expresso") O acordo de concertação social a médio prazo foi assinado pelo governo e os parceiros da Comissão Permanente de Concertação Social (CPCS) - integrando o que vulgarmente se designa por patrões e sindicatos - o que ao contrário do que dizem vários comentadores (notoriamente desorientados) não é inédito sempre com a ausência de assinatura da CGTP que nunca assina nada embora nos bastidores possa dizer que concorda mas que não pode assinar. Trata-se de uma grande vitória do governo de Costa digam o que disserem os criticos. As coisas são como são e neste momento crítico da vida nacional e internacional reunir forças criando consensos entre parceiros com interesses diversos e por vezes opostos é uma mais valia que qualquer governo muito gostaria de obter.(Os comentadores em cima do acontecimento mostram-se pouco preparados para as surpresas nem se tendo dado ao trabalho de ler o texto do acordo que foi tornado público e dizem disparates sem fim.) É a vida ...

sábado, outubro 8

A GUERRA

A guerra prossegue sem sinais de abrandamento antes pelo contrário parece alargar-se ameaçando ganhar novas formas. A incerteza está instalada sem poupar ninguém. O argumentário do regime de Putin justificando a guerra como parte de uma luta da Rússia contra o nazi fascismo é pura invenção propagandistica para consumo interno. Mas Putin tem aliados poderosos como a Arábia Saudita que levou a OPEP a reduzir a produção de petróleo tornando-o mais caro nos mercados. O que se trata nesta guerra diz-se em duas palavras hoje como sempre na história: totalitarismo versus democracia. A pior das democracias é sempre melhor do que qualquer totalitarismo.

terça-feira, outubro 4

5 OUTUBRO DE 1910

Às 8,30 da manhã passava pela Rua do Ouro, em triunfo, a artilharia, que era delirantemente ovacionada pelo povo. As ruas acham-se repletas de gente, que se abraça. O júbilo é indescritível! A essa hora, no Castelo de S. Jorge, que tinha a bandeira azul e branca, foi içada a bandeira republicana. O povo dirigiu-se para a Câmara Municipal, dando muitos vivas à REPÚBLICA, içando também a bandeira republicana. (…) Vê-se muita gente no castelo de S. Jorge acenando com lenços para o povo que anda na baixa. Os membros do directório foram às 8,40 para a Câmara Municipal, onde proclamaram a República com as aclamações entusiásticas do povo. O governo provisório consta será assim constituído: presidente, Teófilo Braga; interior, António José de Almeida; guerra, Coronel Barreto; marinha, Azevedo Gomes; obras públicas, António Luís Gomes, fazenda, Basílio Telles; justiça, Afonso Costa; estrangeiros, Bernardino Machado. Governador Civil, Eusébio Leão. Em quase todos os edifícios públicos estão tremulando bandeiras republicanas. A polícia faz causa comum com o povo, que percorre as ruas conduzindo bandeiras e dando vivas à República. (Transcrito de O Século, quarta feira, 5 de Outubro de 1910, publicação de última hora.) Raúl Brandão, in Memórias “O meu diário” – Volume II Perspectivas & Realidades

domingo, outubro 2

Edgar Morin

Edgar Morin. Em louvor da longevidade.
"A 101 ans, le théoricien de la complexité revient sur un siècle de vie, traversé par la guerre et la résistance, le communisme, la fraternité et l’amour, la recherche et l’écriture, mais aussi la mort, vécue enfant, d’une mère infiniment aimée. Le sociologue et philosophe, Edgar Morin, directeur de recherche émérite au CNRS et docteur honoris causa dans de nombreuses universités de par le monde, vient de publier Réveillons-nous (Denoël, 80 pages, 12 euros). A 101 ans, le théoricien de la complexité revient sur un siècle de vie, traversé par la guerre et la résistance, le communisme, la fraternité et l’amour, la recherche et l’écriture, mais aussi la mort, vécue enfant, d’une mère infiniment aimée." (In "Le Monde")

MULHERES

Dilma, uma expresidente de que não se fala, no dia das presidencias no Brasil.