A Ly, de cuja escrita tanto gosto, lá no Divino Senão Fosse Humano, colou-me um selo (sê-lo) que não adere ao corpo da minha escrita mas que remeto para o corpo da escrita de um consagrado que podemos, muito justamente, intitular de escritor: Albert Camus. E nem sequer o Nobel que lhe foi atribuído em 1957 precisaria ser para aqui chamado.
Mas nas vésperas do 50º aniversário da atribuição desse Nobel aproveito a oportunidade para retomar duas citações acerca do tema da liberdade – que são universais mas devem ser lidas no contexto da época – e dar conta do programa de uma celebração, que vai decorrer em Paris, a 7 de Dezembro próximo, a que se seguem as famigeradas chamadas à corrente.
AS CITAÇÕES
"Gosto imenso da liberdade. E para todo o intelectual, a liberdade acaba por confundir-se com a liberdade de expressão. Mas compreendo perfeitamente que esta preocupação não está em primeiro lugar para uma grande quantidade de Europeus, porque só a justiça lhes pode dar o mínimo material de que precisamos, e que, com ou sem razão, sacrificariam de bom grado a liberdade a essa justiça elementar.
Sei estas coisas há muito tempo. Se me parecia necessário defender a conciliação entre a justiça e a liberdade, era porque aí residia em meu entender a última esperança do Ocidente. Mas essa conciliação apenas pode efectivar-se num certo clima que hoje é praticamente utópico. Será preciso sacrificar um ou outro destes valores? Que devemos pensar, neste caso?"
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"Finalmente, escolho a liberdade. Pois que, mesmo se a justiça não for realizada, a liberdade preserva o poder de protesto contra a injustiça e salva a comunidade. A justiça num mundo silencioso, a justiça dos mundos destrói a cumplicidade, nega a revolta e devolve o consentimento, mas desta vez sob a mais baixa das formas. É aqui que se vê o primado que o valor da liberdade pouco a pouco recebe. Mas o difícil é nunca perder de vista que ele deve exigir ao mesmo tempo a justiça, como foi dito. (...)
A liberdade é poder defender o que não penso, mesmo num regime ou num mundo que aprovo. É poder dar razão ao adversário."
Albert Camus, in Cadernos – [Fragmentos de finais de 1945].
A CELEBRAÇÃO
Commémoration du cinquantenaire du prix Nobel attribué à Albert Camus - Manifestation organisée par la Société des Etudes Camusiennes
Auditorium de la Mairie de Paris, Paris, France
7 Décembre 2007
A CORRENTE (com as minhas desculpas pelo eventual incómodo)
A Terceira Noite, Aguarelas de Turner, Catatau, Assimétrico, Linha de Cabotagem
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3 comentários:
Obrigada, Eduardo, ainda agora acabadinha de sair de um.
Parabéns pela tua indicação, e obrigado pela do Catatau, Eduardo! Por aqui, o reconhecimento também é mútuo: sou leitor assíduo do Absorto
um grande abraço,
Pois, também recebi o dito cujo. Apenas me faz confusão o assassinato da palavra "Prémio".Assim, estou a fazer uma pesquisa - puro divertimento e não só- para saber quem foi o autor/a deste prémio.
Parabéns pelo teu.
Saudações Alienígenas
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