Fotografia de Hélder Gonçalves
Ao escrever, tomando posição, corremos riscos. Desde logo o de mais tarde verificarmos que estávamos errados (tantas vezes! ...). Mas preciso de escrever que não gosto do discurso de Rui Rio: as suas tiradas acerca do direito de voto, que o mutilam ou condicionam, são perigosas para a liberdade. Não gosto de sentir que me podem retirar o direito de voto se, por uma circunstância qualquer, decidir abster-me de votar o que nunca, até hoje, fiz. A faceta austera dos políticos pode ser suportável quando não à custa do sacrifício da liberdade, essa exacta liberdade, abstracta, que se sobrepõe à ordem mesmo quando a escassez a ameaça encostar à parede. Lembro-me de Lorca e de tantos outros - ontem, hoje e amanhã - encostados à parede não pela injustiça dos mundos mas pelas mãos dos homens que são capazes, sem piedade nem escrúpulos, de matar outros homens. Não gostei da CPLP ter admitido a Guiné Equatorial por todas as razões que tantos já apontaram: o regime politico vigente nesse país que não preza, mais uma vez, a liberdade; a língua portuguesa que deixa de ser a marca simbólica da Comunidade - mesmo quando sabemos que nalguns países de língua oficial portuguesa mal se fala o português. Podia a CPLP sobreviver contra a opinião do Brasil e de Angola? Talvez não! Podia Portugal sobreviver à CPLP? Com certeza que sim! Como hoje se diz a propósito de tanta coisa podíamos, nós portugueses, neste caso, ser austeros utilizando a palavra simples e clara: Não!
Aditamento: depois de ter lido e ouvido, ao longo deste dia, inúmeros opiniões acerca do assunto Guiné Equatorial/CPLP, mesmo relativizando a sua importância, mantenho a opinião "ingénua" acima afirmada.
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